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Artigos do FaCTus
Podem ver aqui os artigos que compõem cada edição, pesquisáveis e comentáveis.
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Edição #2 - Maio de 2006 |
Bolonha e as implicações nos Cursos | ||||
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O Processo de Bolonha está aí
à porta, estamos a menos de um semestre dele entrar em vigor
e ele vai trazer uma maneira diferente de enfrentar o Ensino Superior
da que estamos habituados a ver na FCT. Vai trazer os cursos em formato 3+2, Licenciatura+Mestrado e em alguns casos Mestrados Integrados (5+0). Antes consideravam-se os Bacharelato uma saída rápida de um curso, agora as Licenciaturas vão ser equivalentes aos Bacharelatos e as actuais Licenciaturas vão passar a chamar-se Mestrados, vamos passar a ter cursos mais especializados quando se se fizer os dois ciclos e Licenciaturas com mais formação de base, vamos ter que pensar novamente se queremos continuar a estudar depois do primeiro ciclo, vamos ter direito a preocupar-nos com médias de entrada no 2º ciclo, vamos ter direito a propinas no 2º ciclo não subsidiadas pelo Estado, ou seja vamos ter um segundo ciclo no Ensino Público, mais ou menos como uma visita ao Ensino Privado, mas vamos ter direito a fazer o 2º ciclo onde quiseremos e pudermos pagar. Mas nem tudo são más noticias, existem muitos casos em que as alterações de Bolonha vão favorecer os estudantes mas tudo varia de pessoa para pessoa, há casos em que é suficiente uma Licenciatura de 3 anos, outros casos em que não suficiente, há estudantes que com Bolonha vão ter uma hipótese de sair da faculdade com uma licenciatura em 3 anos, há muita coisa em aberto em relação ao tema Bolonha, coisas que só irão ter resposta no futuro, por isso o necessário é que os actuais alunos não sejam prejudicados com a transição e que tenham mais hipóteses de ter sucesso no mercado de trabalho. E a melhor maneira de um estudante ter sucesso é ter conhecimento da sua situação, por esse motivo o FaCTus tentou falar com todas as comissões pedagógicas de licenciatura que existem na faculdade, os mais atentos vão constatar que não foi possível falar com todas elas, com algumas não foi possível contactar os membros, noutros casos os outros cursos pura e simplesmente não têm comissões pedagógicas. Temos que esclarecer umas coisas relativamente a estas entrevistas, elas foram feitas antes de se conhecer os planos de transição das licenciaturas, no entanto pela altura em que lerem estas linhas as vossas comissões de curso já devem ter informações sobre os mesmos, este artigo foi elaborado com o intuito de incitar os estudantes menos atentos a analisar a sua situação e verificarem se ela não traz complicações durante o plano de transição, não com o intuito de dizer tudo o que há para dizer sobre a implementação de Bolonha num curso especifico. Se tu fores um desses casos complicados o que deves fazer em primeiro lugar é falar com a tua Comissão Pedagógica ou com o teu Coordenador de Licenciatura, qualquer um deles poder-te-á informar melhor sobre o que se vai passar no teu curso e no teu caso especifico. Uma das grandes fontes de informação sobre o Processo de Bolonha na F.C.T. é a página que Professor Lampreia mantêm em http://bolonha.fct.unl.pt/. Licenciatura em Química Aplicada Da conversa com a Rui Pinto e Vanessa Nascimento, da CPLQA, soubemos que o curso irá ser reestruturado de 5 para 3 anos, sob a forma de 1º ciclo e o 2º ciclo terá 2 anos, em que surge uma grande diversidade de mestrados. Como consequência da reestruturação do curso para 3 anos, houve a extinção de várias cadeiras, principalmente cadeiras de 4º e 5º ano da licenciatura antiga. Inicia-se agora a discussão para definir o plano de transição, cujo prazo de coexistência entre ambos os planos curriculares deverá ser, de acordo com a lei em vigor, de um ano lectivo. Para já os alunos estão na expectativa, mas pessimistas quanto ao futuro, receando sair prejudicados. A Comissão Pedagógica, em conjunto com os Professores membros, tem tentado encontrar soluções que satisfaçam as expectativas dos alunos e os objectivos do próprio processo de Bolonha. Tem tentado promover o debate entre todos os agentes envolvidos, facilitando e mediando, muitas vezes, o diálogo entre professores e alunos. Choca-lhes o silêncio negligente perpetuado pela associação de estudantes, que não tem mobilizado, informado nem unificado a voz dos estudantes, que assim perdem representatividade e força para serem agente dinâmico no decorrer deste Processo. Por outro lado, consideram que houve uma grande precipitação por parte dos órgãos dirigentes, demonstrando falta de sensibilidade e de respeito para com os problemas dos alunos. Esperam que a entrada em vigor no processo de Bolonha seja atrasada por um ano lectivo, com data de início para 2007/2008, para que haja um período interno (embora não formal) de dois anos de transição, e que permita aos alunos inscreverem-se no ano lectivo de 2006/2007 de acordo com as cadeiras dos novos planos curriculares, evitando assim, o atraso de um ano, situação muito comum aos alunos de 3ºano da licenciatura em Química Aplicada. Licenciatura em Ciências da Natureza O FaCTus foi à conversa com Pedro Castro e Rui Inácio, da comissão pedagógica de LCN, e ficámos a saber que Ciências da Natureza é um curso que se encontra com as inscrições anuais fechadas, devido ao número reduzido de inscrições há dois anos. Sendo assim, não está prevista qualquer reestruturação, sendo que os alunos que voltarem a entrar no curso, quando forem reabertas vagas, entrarão para um novo plano curricular, cuja comissão não sabe qual é. Sabem apenas que será dividido pelos dois ciclos, 3 + 2 anos. Os professores demonstram alguma apatia sobre o processo, tal como os alunos, visto lhes terem garantido que não seriam afectados por nada e que quem entrou para o currículo actual, assim continuará. Licenciatura em Conservação e Restauro Falámos também com a Micaela Viegas e a Maria Gomes, da CPLCR, que nos informaram que o curso também será reestruturado em dois ciclos, de duração 3+2 anos, mas que não sofrerá grandes alterações nas cadeiras leccionadas, portanto encontra-se tudo preparado para que quando Bolonha entrar em vigor no próximo ano lectivo, não aconteçam grandes sobressaltos. Os Professores também se encontram sem opinião sobre o processo e, do lado dos alunos, não há grande informação. Na opinião das nossas colegas, Bolonha não traz nada de novo ao curso, exceptuando um acréscimo de gastos com o curso, no que toca ao financiamento do 2º ciclo e um Estágio opcional no 7º semestre. Licenciatura em Engenharia Civil À conversa com Lígia Carvalho, da CPLEC, soubemos que o curso se manterá sem grandes alterações ao currículo, exceptuando a existência dos dois ciclos, 3+2 anos. Só os alunos até ao 3º ano é que serão afectados, sendo que está tudo preparado para entrar para o ano. Os professores não mostram ter grande opinião . Não ocorreu grande discussão com os alunos. Licenciatura em Engenharia Informática Falámos com Bruno Areal, Ricardo Silva e Luís Teixeira da CPLEI, sobre as mudanças em Informática com a introdução de Bolonha, o que descobrimos foi talvez um dos poucos cursos pensados de raíz para o sistema 3+2, em que se tentou cumprir com os propostos do tratado de Bolonha e tentando manter ao mesmo tempo as bases necessárias recomendadas pelo ACM/IEEE, prevê-se uma transição tranquila em que os alunos não sairão nem beneficiados nem prejudicados, quanto ao segundo ciclo ainda não há novidades, pelo simples motivo que ainda não está pronto, mas sabe-se que vai entrar em vigor em 2007/2008. As opiniões dos alunos tal como em todos os cursos não foram levadas muito em conta no novo curso, mas na elaboração do plano de transição as opiniões e sugestões já têm conseguido alguma coisa. No final a ideia que passa é que se tentou aproveitar as vantagens de Bolonha, tentando também descartar-se das coisas menos boas, com isso obteve-se um curso mais especializado, mas não necessariamente pior. Licenciatura em Engenharia Química Relativamente a LEQ falámos com a Marta Sofia que nos disse que a reestruturação já está completa, vai ficar Mestrado Integrado em Engenharia Química e Bioquímica, no entanto relativamente ao plano de transição ainda não tinha informações. O sentimento do estudantes relativamente à transição para Bolonha é que vão sair como mestres, o que é uma vantagem, fora isso como o novo curso é um mestrado integrado, não deve haver muito mais vantagens, há algumas questões quanto a alteração para um curso com mais bases de bioquímica, o que para alguns será positivo mas outros alunos mais antigos acham que se perde um pouco o sentimento de Engenharia Química. Vão-se efectuar sessões de esclarecimento com os alunos os informar sobre as questões da transição, no entanto a opinião é que os professores do departamento estão a fazer um bom trabalho, há no entanto alguma ambivalência em relação a Bolonha, alguns professores estão a favor, outros tem uma opinião mais reservada. Uma das preocupações com a transição para o processo de Bolonha, são as propinas do 2º ciclo outra é os alunos terem que fazer cadeiras a mais com a transição. Soubemos também que a haver envolvimento da comissão pedagógica será na transição, porque na elaboração do novo curso não houve muita interacção. Licenciatura em Engenharia Física Sobre Engenharia Física pedimos a colaboração do David Faria da CPLEF para responder às nossas perguntas, ficámos a saber que o curso reestruturado é muito similar ao curso antigo, já que agora é Mestrado Integrado em Engenharia Física. O curso ficou ligeiramente alargado, tendo em conta que a duração do curso é a mesma, ficou mais mestrado do que licenciatura. Sabe-se que como previsto os dois ciclos vão entrar em funcionamento no próximo ano lectivo, quanto ao plano de transição a decorrer no próximo ano lectivo, plano esse onde vai haver interacção entre a CP e os professores, não se prevêem situações complicadas, já que os planos curriculares são mais ou menos equivalentes, existem algumas situações pontuais mas vão ser vistas caso a caso. Os professores da licenciatura estão no geral a favor da implementação de Bolonha, no entanto alguns pensam que foi tudo feito muito á pressa. Licenciatura em Bioquímica Da Comissão Pedagógica da Licenciatura em Bioquímica contámos com a presença de Miguel Mondragão e Diana Garcia que nos responderam a algumas perguntas. Relativamente à licenciatura, ela entrou em funcionamento há dois anos, e já foi criada na altura com Bolonha em vista, por isso as alterações no curso vão ser praticamente minímas, até porque os alunos mais velhos do curso estão no 2º ano, tendo por isso uma transição para Bolonha facilitada. O 2º ciclo de Bioquímica parece já estar feito, no entanto pelos motivos acima referidos o 2º ciclo não deve entrar em vigor para os alunos actuais antes de 2007/08. No geral a transição para Bolonha de Bioquímica pelo que nos foi dito parece relativamente fácil e indolor. Os professores de Bioquímica tal como tantos outros também estão no seu geral a favor de Bolonha, com alguns a ter algumas opiniões mais reservadas. Licenciatura em Engenharia Geológica Engenharia Geológica vai passar a ser um curso 3+2, com duas vertentes no 2º Ciclo, Geotecnia e Georrecursos, falámos com o Pedro Gonçalves da CPLEG sobre Bolonha, e na altura ele não tinha muitas informações para nos dar, no entanto pode nos indicar que a transição para Bolonha irá ser complicada, já que existem alunos um bocado espalhados pelo curso. Demonstrou-se preocupação com a questão das propinas no 2º Ciclo, mas também se vê a possibilidade de sair da Faculdade com Licenciatura ao fim de 3 anos possa beneficiar aqueles alunos que estejam com mais dificuldades em acabar o curso. Licenciatura em Engenharia do Ambiente Falámos com João Martins da CPLEA sobre Bolonha e Ambiente, como já todas as pessoas sabem, Ambiente é um curso que de há dois anos para cá gosta de inovar, ter ideias novas e criar o caos nos alunos do curso. Ambiente inicialmente foi reestruturado a pensar no 4+1, no entanto isto foi o ano passado, este ano com as mudanças que houve, foi necessário rever essa reestruturação para 3+2, sabe-se que esta orientação vai ser implementada com base no Mestrado Integrado, dando a formação base nos 3 anos iniciais e oferecendo 4 Mestrados no 2º Ciclo, sendo que houve algumas fusões de cadeiras que passaram a funcionar por módulos, organizou-se também algumas cadeiras o que resultou na despromoção de anos de algumas delas, por exemplo algumas cadeiras de 4º ano passaram para o 3º ano ou ainda alterações de semestres de cadeiras. Estas constantes mexidas no curso, deixou os alunos com os cabelos em pé, quanto aos professores da licenciatura, alguns são abertamente contra o Processo de Bolonha, outros nem por isso, mas muitos disseram que houve precipitação em fazer e falta de informação. O papel da CPLEA no processo, tem sido de ajudar a esclarecer os alunos do que se vai passar, tendo já feito um plenário de esclarecimento. | ||||
Cartoon | ||||
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Critíca de música: Humble - 2Tone | |||||||
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Crítica
por: Hugo "Janado" - RádioFCT
HUMBLE
é uma banda de ska-core.
Ângelo Silva, Nuno Silva e Tito Santana com idades entre os
13 e 14 anos em 1996 formam uma banda na localidade de Moura (no
Alentejo), é assim que é
descrito o início desta banda no seu site oficial. No dia 11 de Fevereiro dirigi-me à St. Dominics International School em Cascais com mais dois amigos, para assistir a um concerto com 5 bandas, os Front Door, Trotil, EnDay, Triplet e Humble. Um dos meus amigos já há muito que me falava dos Humble, uma banda de ska-core com muita energia em palco e com música que nos obrigava a não descansar os pés enquanto eles ocupassem o palco, e não, não me refiro a correr desalmadamente para longe deste. Fui então com grandes expectativas para este concerto, pois apenas conhecia os Triplet e os Front Door. Quando o Ângelo (Voz, Guitarra) começou a tocar as primeiras notas da I Hope Youre Not Recording Me, o people começou simplesmente a dançar e a curtir a boa onda. A energia em palco era brutal, eles não paravam quietos e nós também não, saltava-se, gritava-se HEY!, dançava-se, era uma curte simplesmente brutal devido a uma atitude muito positiva em palco e aos sons contagiantes, EI!, afinal é ska.core. Soei que nem um porco de tanto curtir a boa vibe e também o mosh, como em Ma Kassoa e Chillin. Só para verem o espírito que se apoderou do povo que assistia ao concerto, a certa altura abraçaram-se de frente para o palco, enquanto curtiam todos juntos. O SOM não há cá misturadas dessas, pelo menos não quando se ouve ska-core, se fosse só ska, nunca se sabe. Acabei por adorar os Humble ao vivo, e fiquei totalmente decidido em comprar o álbum 2Tone. Três dos seus membros frequentam a nossa faculdade, o Ângelo (Voz, Guitarra), o irmão do Ângelo, o Nuno (Bateria, Voz) e o Filipe (Guitarra, Voz). Foi através do Nuno que adquiri o álbum, e desde então não me sai do leitor de cds, e é aqui que entra a crítica ao álbum. Após a excelente impressão que me deixaram no concerto na St. Dominics, as expectativas eram altas. Sou um grande fã de punk, screamo e afins, por isso, ska-core era algo novo para mim, já ouvia algum ska é certo, mas nunca me dei ao trabalho de ouvir um álbum inteiro duma banda deste tipo. Muitas vezes, as pessoas queixam-se que certas bandas gravam álbuns com músicas tão parecidas, que parecem uma faixa contínua sem músicas diferentes o suficiente para serem diferenciáveis. Ao longo das 9 faixas deste álbum tal não acontece, ok, tudo bem que o estilo gira muito à volta do ska, mas, por exemplo, duas das faixas mostram um lado mais agressivo, falo de Take My Own Soul, uma mistura muita positiva entre punk e ska, com uns palm mutings e uns grooves ska deliciosos e Gui First, com brutas guitarras e umas vocais bem transportadas do estilo ska para o mais agressivo do punk-rock. Todo o álbum é pautado por um estilo musical bem disposto e com muito boas vibrações. O maior exemplo disso é o primeiro single deste álbum, On The River, que a par de Girl compõe a dupla de músicas mais calmas do cd. Adoro a On The River, passo os dias a cantarolar o refrão, tem muita nível, muito bem construída e que deixa o people aqui do meu guêtto totalmente fora de si, digo fora de si, porque atrás das grades é difícil estar fora seja de que sítio for. A Hope Youre Not Recording Me é aquela música que muitas bandas gostariam mesmo de ter como primeiro single, simplesmente domina, para além de ficar no ouvido é realmente muito boa, é a perfeita mistura entre a rockalhada e o ska, conquista-nos logo no início com um pequeno solo de guitarra que marca logo o tom desta música, deixando antever boas coisas. A Chillin tem um início que me faz querer dançar o vira, e um fim que me faz querer saltar para o mosh. Tal como esta, a Ma Kassoa, a Think Twice e a So Long apresentam uma bela mistura de rock com ska, mostrando com facilidade a destreza por eles apresentada para misturar com sucesso as duas ondas tão diferentes. 2Tone contém ainda um pequeno bónus, na forma de uma faixa adicional. Não posso deixar de enviar um fat props aos Humble devido aos seus talentos vocais, tanto o Ângelo, que parece dar um tom jamaicano à voz nos momentos ska, e que de um momento para o outro a altera totalmente para cantar com um tom mais agressivo, como aos restantes membros que fazem back-vocals bem esgalhadas e com cenas muita manhosas, acreditem que se ouvirem o albúm vão perceber o que quero dizer, apresentam grande acerto e vozes muito boas. É de salientar ainda a bela apresentação que 2Tone tem, está mesmo impec, só pelo aspecto apetece comprar. De louvar é também a aposta que a Editora Graphonola fez nos Humble, ajudando-os a conseguir gravar um registo musical com muita qualidade e com grande apresentação.
Banda: Humble Voz e Guitarra: Ângelo Silva Baixo e Voz: Tito Guitarra e Voz: Filipe Bateria e Voz: Nuno Silva Album: Humble - 2Tone 1 Hope Youre Not Recording Me 2 Chillin 3 Ma Kassoa (The One) 4 Think Twice 5 Girl 6 So Long 7 On The River 8 Take My Own Soul 9 Gui First Site: http://humblestyle.com ou http://humble.pt.vu Hugo Janado - RádioFCT | |||||||
Editorial | ||||
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Olá, sejam bem vindos a mais um
número do FaCTus,
estamos de volta com mais notícias
para vocês. Nesta edição procurámos ajudar a esclarecer um pouco o tema Bolonha e o impacto do mesmo nas nossas vidas de estudantes universitários. Desde que este tema foi introduzido na nossa vida escolar já muito foi dito sobre o assunto, muito se pensou sobre Bolonha, no entanto agora que Bolonha está aí ao virar da esquina, pronto a entrar em funcionamento no próximo semestre, o que sabemos nós sobre Bolonha e sobre o que isso vai significar para cada um de nós nos nossos cursos e na nossa vida futura? Tentamos dizer o que se vai passar assim muito ao de leve, o resto é com cada um de vocês que está a ler estas linhas, cada caso é um caso e o vosso é um assunto que têm que analisar para que quando acabar o plano de transição, ou seja daqui a um ano, não se sintam queimados. Numa vertente mais social, fomos até à Residência Fraústo da Silva e fomos também falar com o futuro da FCT, ou seja trocado por miúdos, fomos à Cresce da FCT, e acreditem que sinto falta de ser miúdo de cresce... Dois colaboradores do FaCTus o João Martins e o Ricardo Alves foram falar com uma das pessoas mais conhecidas da FCT, a Professora Ana Sá, entrevistaram-na sobre o tema que a ela e a muitos de nós nos diz mais, Análise Matemática, podem ler aqui um pequeno excerto da entrevista. Aproveito para lembrar que durante os dias 15, 16 e 17 deste mês de Maio vão haver eleições para os orgãos da Associação de Estudantes, não se esqueçam de ir votar, a Associação de Estudantes é um organismo que representa todos os alunos da FCT, mas só os que vão votar é que decidem alguma coisa, os outros sujeitam-se. Tu és um dos que se sujeita ou um dos que decide? Vota! A Equipa do FaCTus. Nota: Devido a problemas alheios ao FaCTus não foi possivel lançar este número antes ou durante as eleições, motivo pelo qual a parte final do editorial deixa de fazer sentido, aproveitamos no entanto para desejar um bom trabalho às Listas vencedoras. Pelo facto pedimos desculpa aos nossos leitores. | ||||
Entrevista com a Professora Ana Sá | ||||
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Entrevista por: João Martins e Ricardo Alves Para muitos Ana Sá é sinónimo de Análise Matemática. A opinião geral é que é uma boa professora e boa pessoa. Quando se fala de exames, o caso muda um bocado de figura, há muitas queixas sobre se não serão difíceis demais ou se os métodos de correcção não serão um bocado agressivos. Com o objectivo de saber a opinião da Professora sobre estas e outras questões, João Martins e Ricardo Alves foram falar com ela, numa conversa muito mais extensa do que o breve excerto aqui presente. FaCTus - Gostaríamos que falasse um pouco de si, em termos de formação, do interesse em Matemática e em dar aulas. Professora Ana Sá Escolhi a matemática porque gostava de matemática. Se não, teria ido para Engenharia. Logo a seguir ao 25 de Abril o Técnico estava um bocado virado de pernas para o ar, e decidi que não seria o melhor lugar para mim. Licenciei-me em 81 e em 82 vim para a FCT. Doutorei-me em 94, em Sistemas Dinâmicos. Essa é a minha área de formação. Não tenho nenhum tipo de formação pedagógica, gosto de dar aulas, gosto de estar com os alunos. F Acha que a FCT está bem equipada para proporcionar uma boa aprendizagem? P Eu acho que os alunos desta faculdade estão muito favorecidos em relação à maior parte das faculdades públicas do país. Quando vim para cá como professora notei uma diferença fenomenal do que havia na Faculdade de Ciências. É mais recente, acho que se investe mais na óptica do aluno. Por exemplo, na Faculdade de Ciências não havia, na altura, horas fixas de atendimento aos alunos. F E em relação ao uso de suportes nas aulas de matemática, como datashow, powerpoint? P Eu sou muito melhor a dar aulas de giz e quadro. Penso que há uma maior interacção entre o professor e o aluno se eu escrever no quadro e for dizendo coisas, do que pôr coisas num acetato ou num powerpoint. Sou contra o uso desnecessário de máquinas de calcular, por exemplo. F Qual é a importância, para quem estuda as análises, das demonstrações, por exemplo? P As demonstrações que existem na sebenta são só para os mais curiosos, se é que os há, ou para aqueles que tiveram tempo de olhar para aquilo. Às vezes faço demonstrações quando os alunos me perguntam: Professora, porque é que aquilo funciona assim? F Mas nos exames aparecem sempre demonstrações P Sim, mas um aluno, em geral, nem lê o enunciado da última pergunta, o que é uma estupidez. Às vezes os exercícios nem têm nada de difícil, só porque é último e tem fama de ser difícil. F No seu entendimento, o que é necessário para ser professor de Matemática? P Aquilo que é preciso para se ser professor de qualquer coisa, é ter boa preparação na área, gostar muito do que se faz, e gostar de ensinar, senão não vale a pena. F Esse é o caso dos professores deste departamento? P Há de tudo no departamento de matemática, como há de tudo nos outros departamentos. Há os que gostam muito de ensinar, e os que a única forma de fazer investigação é na faculdade porque em Portugal há pouco por onde fugir. É normal que os professores tenham esta dupla face e até é bom, no sentido de que eu tenho que ser investigador e tenho de ser professor. Haverá, por arrasto, algumas desvantagens, como aquelas pessoas que querem fazer investigação, mas não quereriam ensinar, e não têm outro remédio. Nós, os professores, somos avaliados apenas pela investigação que fazemos, independentemente de sermos bom ou maus professores. F - Nas Análises existem muitos alunos fantasmas, ou seja, alunos inscritos na cadeira mas que não vão às aulas nem às frequências, ou chumbaram por faltas. Porque é que acontece tanto nestas disciplinas? P Acontece em todas, de certeza absoluta. As estatísticas estão todas disponíveis. Digo-lhe que entre 25 e 30% dos estudantes de análises são fantasmas. F Estará relacionado com o facto de não serem cadeiras relacionadas com os cursos, de serem cadeiras gerais, os estudantes não têm tanto interesse? P Vamos lá a ver: para mim não faz sentido nenhum uma aluno vir para uma faculdade de Engenharias ou de Ciências e não gostar de matemática, porque vai, em toda a vida, ter alguma relação com a matemática, mesmo que seja implícita! Não faz sentido nenhum um aluno vir para um curso de engenharia e achar que não vai fazer as matemáticas, ou achar que são desnecessárias. Pode achar um mal necessário, mas que vai ter que fazer. E que não há nenhum progresso em engenharia que não esteja associado a um progresso em matemática. Há sempre um intercâmbio interdisciplinar. F O ensino de matemática poderia ser diferente conforme o curso a que ela é direccionada? P É aonde vamos cair nos próximos anos, de certeza absoluta! F Porque é que ainda não aconteceu? P Por uma questão de falta de gente daqui, de professores no Departamento de Matemática, para começar, temos vinte e tal pessoas em dispensa de serviço. Pessoas que estão a fazer doutoramento e que, segundo o Estatuto da Carreira Docente, têm direito a isso. Quando eles vierem, teremos mais recursos, e eu penso que nos próximos três anos isso irá acontecer. Mas nós, do Dep. de Matemática, temos feito muitas tentativas para isso acontecer Há uns anos atrás foram enviados os apontamentos antigos de Análise 1, assinados pelo Prof. Bento (era lógico que fosse ele a tomar a iniciativa), fizemos reuniões com Mecânica, Electrotécnica, Física, não sei se Civil de resto, zero. F Não há interesse por parte dos outros departamentos, há rivalidades? P Não sei por que haveria de haver rivalidades F Em termos financeiros, de recursos P Há sempre. Isso há sempre, porque, por exemplo, o grosso do nosso trabalho é de serviço a outras licenciaturas, não à matemática. Nós temos muito poucos alunos neste momento, por variadas razões que eu espero que sejam todas passageiras. Porque não é uma questão de alergia à matemática por parte dos alunos de liceu, nem que não queiram fazer coisas relacionadas com a matemática. Há muita ignorância no campo da matemática, no sentido de que os alunos acham que não serve para nada, não gostaram dos professores que tiveram, independentemente de terem queda ou não. Não lhes é desenvolvido o gosto pela matemática. As rivalidades, entre aspas, podem ter um certo cariz político: nós temos mais recursos, temos muita gente cá dentro; há uns anos atrás gerou-se um mau relacionamento com os outros departamentos, porque o professor que esteve responsável pelo departamento de matemática não era muito sociável e, apesar de já cá não estar, existe ainda essa dificuldade de relacionamento, o departamento continua, por vezes, a ser olhado pelo que foi e não pelo que é. P Os alunos têm de saber que as coisas exigem esforço. Eu posso aprender com uma brincadeira mas há coisas que não se aprendem sem esforço. O que acontece é que os alunos chegam cá e não sabem uma série de coisas. E depois muita gente diz que eu sou muito exigente porque eles chumbam muito. Mas porque considero que quanto mais baixa a fasquia, pior para os alunos. Não é prestar bom serviço aos alunos baixar a fasquia de dificuldade. F Tem-se notado diferenças a nível do sucesso dos alunos com a adopção de diferentes métodos de avaliação. Como explica? P Em 1998, no 1º ano em que fizemos avaliação contínua em AM2, de 340 alunos passaram 275 uma percentagem espectacular, e alguns até com boas notas. E pronto pensei que tínhamos achado o melhor método. No semestre seguinte os resultados foram completamente diferentes, desceram, e no ano a seguir ainda pior. F Mas há um estigma sobre as análises matemáticas que desmotiva e de certo modo desresponsabiliza os alunos de passar à primeira. P Façam um inquérito aos alunos de primeiro ano e perguntem-lhes o que eles já sabem sobre as matemáticas. Eles responderão que não é para fazer à primeira. O que não faz sentido porque tenho vários caloiros que as fazem à primeira. São mais inteligentes que os outros? Não, têm é uma boa capacidade de trabalho que já vinha de trás. Estavam habituados a estudar com um certo ritmo e quando chegaram aqui continuaram com isso. Tinham um método. F Mas aos alunos que não têm essa capacidade é preciso incuti-la. Essa é uma das funções do professor. P Vocês têm 18 anos quando entram na faculdade. Votam. É-vos reconhecida a capacidade de decidir o querem fazer com o país. Podem conduzir. Se cometerem algum crime vão para a prisão. São cidadãos exactamente como eu. Têm as mesmas responsabilidades que eu. Não é? E com Bolonha a responsabilidade vai recair ainda mais sobre o aluno: as aulas teóricas só deveriam servir para F Em matemática qual é a vantagem de ter aulas práticas e aulas teóricas separadas? P Para mim, as aulas teóricas são o primeiro partir pedra de uma disciplina. O que acontece é que a maior parte dos alunos que vão às aulas teóricas não querem nem saber. Porque é que eu tenho que mandar calar os alunos umas 30 vezes numa aula de 50 minutos? É ridículo! O ideal seria o aluno ler na véspera das aulas a matéria que se vai dar. E depois, antes de ir para a aula prática, reler a matéria que vai aplicar. Dividi os alunos de AM2b em dois grupos: os que já fizeram AM1 e os que ainda não fizeram. A única coisa que eu disse aos que ainda não fizeram AM1 é que não podem vir fazer testes, só podem fazer exame final. Porque os que já fizeram AM1 estão muito mais preparados para conseguir num mês encaixar esta matéria do que um aluno que nem sequer sabe derivar. Os testes servem para eu dizer aos alunos, que eu acho que estão mais preparados para os fazerem, que vão passar. F Mas isso não é tirar oportunidades a quem mais precisa delas? P Não, é gerir os recursos que tenho. E dizer aos alunos que não fizeram AM1 que têm, durante o semestre, que se preparar para fazer um exame de AM2 onde lhes vão ser exigidos os conhecimentos todos de AM1. F E é lógico um aluno que não fez AM1 estar inscrito em AM2? P É completamente absurdo! F Então porque é que isso acontece? P Acontece porque o Concelho Directivo, há dois anos, decidiu que assim seria. Não há precedências para disciplinas de matemática. Para mim seria muito mais lógico ter a repetição da AM1. Mas voltando à conversa de à bocado. Pode variar os métodos. Eu já percebi que no ano em que há variação dos métodos de avaliação há uma melhoria nos resultados. Mas passados dois anos volta tudo ao mesmo. F Mas não traria resultados mais positivos haver mais momentos de avaliação. Mais testes, fichas, trabalhos para casa, ? P Se os alunos estudassem mais a sério, se soubessem estudar, porque às vezes nem sabem estudar; se isso acontecesse, metade dos nossos problemas estaria resolvida. Além disso, têm de ser eles a preparar as aulas práticas. Os alunos têm de ir com os exercícios já feitos e com as dúvidas identificadas. E quando há uma dúvida generalizada o professor salta para o quadro e começa a explicar para toda a gente. Porque o ideal é que o professor consiga passar pelos 20 e tal alunos que estão nessas turmas e em grupos pequenos explicar as suas dúvidas. F Quais são as dificuldades mais frequentes? P Por exemplo, uma coisa que a mim me faz imensa impressão: são capazes de calcular uma primitiva agora e daqui por quatro horas já não conseguem. O aleatório do conhecimento de alguns deles é um fenómeno. O conhecimento não ficou retido. F Decoram? P Qualquer coisa! Eu precisava de um curso sobre como o ser humano recebe o conhecimento para perceber esse fenómeno. Também acontece um aluno dizer, no início de um exercício, que a é 3 e no final da folha já estar a dizer que a é 2! Nem olha para o início da folha para ver que disse outra coisa. F Pode ser uma distracção P Não é distracção, porque isto é muito frequente para ser distracção. Não é sempre a mesma pessoa. F Mas o raciocínio está válido? P O que me preocupa não é se o raciocínio está certo. Fez o exercício, disse que o a e o b é não sei o quê, depois entra em total contradição com o que está lá atrás (escrito por ele, nem é por mim) e já não tem a capacidade para dizer que há aqui qualquer coisa que está mal. Estranho, não é? F E quanto à sebenta? É a mesma dos últimos anos? P - É sempre a mesma, a minha. Mas a maior parte dos alunos não lê a sebenta, vêm só os exercícios resolvidos. A sebenta está super renovada. Tem 350 páginas, mais ou menos, das quais 120 são matéria e o resto são exercícios, exercícios que saíram em exame. Isto é o resultado de eu ter perdido as minhas férias da Páscoa no ano passado. E além da sebenta têm os livros todos da bibliografia na biblioteca. Agora, os alunos têm de gastar horas. F Qual seria o tempo de estudo necessário por semana para um aluno passe à cadeira? P Eu diria que por cada hora de aula deviam ter duas horas de estudo. Isso significa estudar 10 horas por semana. F Portanto 5 horas de aulas mais 10 horas de estudo por semana. E acha isso compatível com as outras disciplinas? P O que é que vocês sabem sobre Bolonha? F Pois, isso é outra questão. Está relacionado, mas P Mas vem já aí para o ano. Por isso é que eu acho que a faculdade não é realista. Eu estou em completo desacordo que se diminuam as horas presenciais. Porque um aluno de 1º ano precisa de estar na faculdade; precisa do contacto com os outros colegas e principalmente com os professores. F E o ensino à distância, o chamado e-learnig? P O ensino à distância é uma tanga. Só faz sentido para um aluno que esteja incapacitado, em casa. Os alunos precisam do acompanhamento do professor e até deviam ter mais. Os alunos é que não gostam de ter alguém a massacrá-los. O primeiro semestre na vida académica de um aluno é o mais importante. Porque se um aluno, mesmo que não faça as disciplinas todas no 1º semestre, conseguir encontrar o seu caminho, a sua vida está mais facilitada. O pior é chegar cá e esparramar-se ao comprido. F Os alunos de primeiro ano mereciam então um acompanhamento maior? P Eu estou há um ano no Concelho Directivo. Já falei deste assunto em todos os tons. É uma das soluções para combater o insucesso dos alunos no primeiro ano. Os alunos vêm do liceu habituados a um regime. Chegam aqui e têm um regime muito mais livre. O entrar na faculdade pode eventualmente ser difícil, mas o estar cá é muito mais. Temos mais liberdade de movimento, menos aulas obrigatórias, não há comissões de pais (Graças a Deus!) F Menos responsabilidade P Se um aluno não for sensato, isto é um desastre. Mas também o semestre é mais curto: entram mais tarde e acabam na mesma altura que os mais velhos. Isto não faz sentido. Porque é que o semestre não pode ir mais longe? Alguns professores não querem porque perdem aquela liberdade de movimentos dos exames. Mas nem todas as disciplinas precisam de mais tempo. Mas o professor Jorge Lampreia concorda comigo numa coisa: Eu podia dar AM1 até ao fim de Janeiro sem isso implicar um aumento de matéria, obviamente. F Mas isso não seria incompatível com os exames das outras disciplinas? P Se for instituído que o primeiro ano tem um regime especial, não poderia haver incompatibilidades. Eu podia combinar as datas de exames com cada licenciatura em particular. F Talvez Bolonha seja a oportunidade? P Ah, o paradoxo de Bolonha Querem que vocês ao fim de três anos, o primeiro ciclo, tenham uma licenciatura, que é um bacharelato, mas enfim Mas se vocês repararem pedem-vos que tenham mais disciplinas e disciplinas mais pesadas do que até agora. Mas por outro lado, toda a gente está de acordo que os alunos chegam cada vez mais imaturos, intelectualmente, com menos experiência à faculdade. São muito infantis e querem que ao fim de 3 anos saibam mais coisas do que eventualmente nós sabíamos. F Bolonha não se adapta à realidade que estamos a viver, é isso? P O que eu acho é que não há comparação possível entre um aluno português e, por exemplo, um aluno alemão. Não estou a dizer que é mais ou menos inteligente que o outro. O que estou a dizer é que é completamente diferente; são sistemas de ensino diferentes; culturas completamente diferentes. A Inglaterra, e julgo que o resto da Europa, tem 13 anos de pré-universitário. Nós temos 12. F Mas já se fala em termos um 13º ano. P Só faz sentido se for pré-universitário, no sentido de ser quase um ano zero da universidade. Foi o que aconteceu há uns anos atrás com o 12º ano. Originalmente tinha apenas três disciplinas, depois converteu-se em mais um do secundário. Acho que isso foi um erro de todo o tamanho que não se devia repetir. Mas o combate ao insucesso não passa de certeza por se baixar o nível de exigência. Não pode passar. Isso é contornar o problema. F Acha que neste momento que a fasquia é a adequada? P Acho que sim. F Como é que constrói os testes? As perguntas têm todas o mesmo nível de dificuldade? P Cada pergunta cobre um assunto. F Pode cobrir um assunto mas ser mais fácil ou mais difícil de resolver do que outra. P Por exemplo, num exame em que eu peça muitas derivadas parciais, não preciso de as pôr todas muito complicadas. Posso pôr uma complicada e depois as outras serem muito fáceis. Porque é naquele exercício que eu quero ver se o aluno sabe derivar e nas outras eu quero ver se ele sabe o teorema da função inversa, por exemplo. Depois de fazer o exame dou-o aos professores das teóricas para eles verem o que acham e peço a um professor das práticas, em geral um que tenha pouca experiência que esteja a dar a disciplina pela primeira vez para o resolver. Esse professor discute então comigo o exame e umas vezes eu concordo com o que ele diz outras vezes não concordo. F Já experimentou a maneira de fazer os exames? Não poderá isso estar relacionado com algum do insucesso? P Se eu mudar este tipo de exame, os alunos caem-me em cima! F Mas acha que este modelo de exames é o ideal para avaliar os alunos? P Para avaliar a matéria que eu dou eu até acho que está muito bom. F Mas para avaliar aquilo que os alunos realmente sabem? P São perguntas directas. Dei o teorema da função inversa, agora aplique o teorema. Depois tenho que ver o que eles escrevem, por isso é que eu sou tão exigente a nível das justificações. Eu quero que eles construam um discurso coerente com aquela matéria. Não quero que eles cheguem ao exame e me atirem o exercício resolvido. Os alunos têm de ter um discurso coerente. Não podem saber receitas. Mas o que eu queria dizer-vos há pouco é o seguinte: muitos alunos conseguem chegar ao 5º ano sem fazer as análises. Por exemplo, no outro dia alguém me dizia: Eu tenho o curso quase acabado e ainda não fiz Análise Matemática 2. Para que é que me serve a matemática?. E eu respondi: Que porcaria de engenharias são estas em que um aluno consegue chegar ao 5º ano sem ter feito as análises? Nota: Esta é a transcrição de uma entrevista de 5 horas com a Professora Ana Sá, existe um registo de audio de duas dessas cinco horas, que oportunamente será colocado online. | ||||
Lazer | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Mobilidade - Um Problema dos FCTenses | ||||
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Viajar de Transportes Públicos na
Área Metropolitana de Lisboa chega a ser um caos e isso
afecta todos aqueles que deles dependem para chegar à FCT.
Há problemas de horários, de número de
carreiras e viaturas que servem o Campus, uma falta de Intermodalidade,
já que os horários dos Comboios e dos Autocarros
não estão articulados, entre outras
questões que têm causas e também
soluções, para as quais é preciso ter
uma visão a nível regional. Confrontados com a dificuldade de usar os Transportes Públicos, muitos FCTenses optam pelo uso do Transporte Individual, o vulgar automóvel, justificando-se com a falta de condições da actual Rede Metropolitana de Transportes Públicos e com o facto de se tornar por vezes vantajoso em termos económicos e de tempo. Por seu lado, o Estado e as empresas transportadoras "assobiam para o ar" e não resolvem os problemas, contribuindo também para que não se aproveitem as potencialidades de uma boa Rede. De facto, o Transporte Individual é mais flexível, confortável e, frequentemente, mais rápido, de exploração cada vez mais económica e, individualmente, também cada vez menos poluente. No entanto, em função do seu sucesso, torna-se cada vez mais gerador de impactos fortemente negativos, designadamente ao nível energético e ambiental, dos congestionamentos que cria, do consumo desregrado de espaço que provoca e da alta sinistralidade a que está associado e exige investimentos cada vez mais pesados em infraestruturas viárias. Por seu lado, o Transporte Público apresenta uma flexibilidade que depende da aceitação da intermodalidade, um conforto que só recentemente começou a ser assegurado, uma maior rapidez mas apenas nos corredores segregados (de metropolitanos, eléctricos e faixas bus), custos unitários baixos por unidade de capacidade oferecida mas com taxas de utilização muito variáveis, ambientalmente mais sustentável embora congestionado nas horas de ponta, ocupando pouco espaço mas, por vezes, de forma intrusiva, onde se associa a sua utilização à descida na hierarquia social e, que requer, também, investimentos muito pesados em infraestruturas rodoviárias e ferroviárias.
Mas se se optar massivamente pelo Transporte Público, Lisboa
precisará de uma Rede Metropolitana adequada e, na
perspectiva de muitos estudiosos da matéria, uma Rede destas
cá tem a vantagem de se poder utilizar três tipos
de Transportes, Rodoviário, Ferroviário e
Fluvial, o que cria um Sistema multi-modal que permite três
soluções no caso da travessia do Tejo e outras
três soluções para deslocamentos dentro
da margem norte ou da margem sul, se considerarmos que a
opção Ferroviária inclui Comboios
Suburbanos e os dois Metropolitanos, o de Lisboa e o futuro Metro do
Sul do Tejo. Para tudo isto funcionar, é necessário uma rede Ferroviária que ligue todos os Subúrbios, com a alternativa de uma rede Rodoviária paralela e simultaneamente complementar, novas ligações fluviais entre as duas margens e a mesma margem, nomeadamente uma ligação Barreiro - Almada, entre outras, e uma politica de preços que vise a criação de um Titulo de Transporte Único para toda a Rede, tornando as viagens mais baratas, horários adequados às realidades, assim como a criação de uma vasta Rede de Interfaces de vários tipos de transportes colectivos, apetrechada por uma outra rede, neste caso de Parques de Estacionamento, o que permite aos utentes deixar o Transporte Individual, não o utilizando no centro de Lisboa ou qualquer outro local.
Contas redondas e generalizando os casos, seria possível
fazer numa hora o caminho Casa-FCT e não as actuais duas
horas. E preços? Com uma verdadeira politica reguladora,
entre 30 a 40 seria possível ter um
passe válido para TODOS os transportes e não para
alguns que às vezes não são
tão práticos (quem não acha
estúpido que tendo o L123 não se pode andar no
comboio da ponte?). E tempos? Actualmente demora-se cerca de meia hora
de carro (casos gerais) e gasta-se cerca de 100 euros por mês
em gasolina (está bem que tenho um Fiat Uno que consome que
nem um cavalo, mas se pensarmos bem, não foge muito deste
valor). Com transportes adequados, a tal hora e MENOS 60 a 70 EUROS!
Mais meia hora compensará menos 60 euros? Acredito que sim,
já que não é só em termos
monetários que a Rede Metropolitana é melhor. Com
a Rede a funcionar, são menos os automóveis a
circular, são menores as emissões de CO2 para a
atmosfera, ganha o ambiente, ganhamos todos. Diminui a sinistralidade e
um sem número de vantagens que para mim fazem seriamente
ponderar a meia hora perdida e os 60 poupados. Mas este é um tema que merece ser ainda mais discutido e reflectido, já que cada caso é um caso, mas que é importante que todos pensemos que depende de todos e de cada um de nós. | ||||
Residência Fraústo da Silva, uma casa longe de casa... | ||||
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A nossa F.C.T. tem uma população
estudantil de cerca de 6000 alunos, mais aluno menos aluno, grande
parte destes estudantes vêm todos os dias de suas casas
até à Faculdade para terem a sua dose
diária de aulas, até aqui tudo bem, é
a vida da maior parte de nós. Mas e os que moram excessivamente longe da F.C.T. e, no entanto, escolheram a F.C.T. para tirar os seus cursos, por exemplo, quem vem das ilhas dos Açores e da Madeira estudar cá, não pode simplesmente vir, todos os dias, de casa para a Faculdade. Que hipóteses é que esses estudantes têm? A hipótese mais viável é, desde que respeitadas um certo número de condições, concorrer ao alojamento na Residência Fraústo da Silva, aquele edifício avermelhado do outro lado da estrada do Edifício Departamental. Existem bastantes vantagens, principalmente para alunos bolseiros, que têm na Residência uma possibilidade de estudar numa das melhores faculdades de ciências e tecnologias de Portugal, sem no entanto sobrecarregar excessivamente os rendimentos do seu agregado familiar, já que entre propinas, alimentação, transportes e estadia, uma faculdade mesmo pública está longe de ser gasto mensal leve para quem não pode suportar muito.
A Residência Fraústo da Silva, uma das
três residências da U.N.L., tem capacidade para
cerca de 200 estudantes, divididos entre quartos duplos e individuais,
e tem neste momento a sua lotação praticamente
esgotada, com alunos deslocados, bolseiros e de Erasmus. O FaCTus fez uma visita à residência e falou com Luís Nunes da Comissão de Residentes, que é um organismo composto por 9 membros, democraticamente eleitos, que faz a ponte entre os residentes e os S.A.S., sem no entanto privar qualquer aluno de os contactar directamente. Actualmente, sem qualquer vínculo oficial com os S.A.S., goza de uma boa relação com os mesmos e, segundo o que nos foi dito, está para breve a resolução desta situação, já que os S.A.S. da U.N.L. estão a ultimar a regulamentação da matéria para poder haver uma base comum no tratamento das três comissões de residentes da U.N.L.. Falámos sobre as condições na residência, que embora não sejam perfeitas, já que há sempre mais alguma coisa que se pode melhorar, são francamente boas, o que contribui para o bom ambiente que se vive na residência. Há também que referir o local sossegado onde está inserida a residência, a segurança 24 horas, a bela vista para Lisboa que se tem das áreas de convívio, o circuito de manutenção da U.N.L. que está mesmo à porta e os 5 minutos a pé até à Faculdade.
A residência conta também com áreas de
estudo e lazer, internet, que embora neste momento esteja com alguns
problemas está à beira de voltar ao normal. Tem
também festas e torneios, que servem tanto para
divertimento, como, em alguns casos, para angariar verbas para
substituir ou adquirir equipamentos em falta. Embora os S.A.S. tenham
alguma dessa responsabilidade, o facto de ser a unidade
orgânica da U.N.L. com menos dinheiro, a ser
distribuído por todos os campus, significa que por vezes
não é possível substituir equipamentos
com a devida celeridade, situações essas em que o
papel das comissões de residentes é bem
visível e bastante essencial. Em conversa com o Luís Nunes, foi-nos dito que talvez não haja mais alunos bolseiros e deslocados a concorrer à bolsa de alojamento por falta de informação, assim como algum receio em ir para uma residência, por medo de não se sentir integrado, ou por estar longe de casa, mas como foi dito pelo Luís, As pessoas da residência são como uma família, com o bom e com o mau que isso trás, e mesmo que uma pessoa venha de longe e tenha medo de se sentir deslocada, não há problema, porque o ambiente é bom e acolhedor, as relações entre residentes são boas e as condições de vida também.. Por isso se és um estudante bolseiro e/ou deslocado e achas que poderias beneficiar por ir para a residência, porque não vais falar com os S.A.S. da F.C.T., os prazos para a residência são os mesmos que para a atribuição das bolsas, aproveita esta oportunidade. | ||||
Shoutbox | |||
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