Factus FCT

Análise Crítica

por Factus FCT - quarta-feira, 18 de outubro de 2006 às 14:58
 
Texto de Opinião por: Filipa M.ª Pereira

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Alterações Climáticas na Perspectiva Sociológica Ambiental

Análise Crítica: Sobreviverá a Humanidade ao capitalismo?

Realizado por: Filipa Mª Pereira nº14274, Monte da Caparica, Outubro de 2005

Cada vez é mais difícil ficar indiferente ás alterações climáticas do nosso planeta, embora ainda não tenhamos feito nada para o evitar a larga escala. O facto dos interesses individuais de cada um se contraporem ao nosso próprio bem comum torna ainda mais difícil alterar as atitudes no nosso quotidiano.

O conhecimento científico permite-nos prever a catástrofe mas não resolve os problemas sociais que implicam as modificações e alterações de comportamentos fase á destruição do nosso mundo do qual somos inteiramente dependentes.

Embora tenhamos hoje presente que os recursos naturais são limitados e que o progresso é limitado pela própria natureza, continuamos a permitir a sua saturação, e muitas vezes só agimos em situações de desespero.

As conferências ilimitadas que têm surgido em torno deste assunto parecem não por termo á poluição e gasto de recursos naturais, são feitos relatórios, implementadas leis e pelo menos no que toca a alguns países como é o caso de Portugal, nada é feito.

Em casos de países industrializados, que são na sua maioria as grandes potências o problema torna-se mais crítico, pois são os grandes poluidores que não querem perder o seu poder económico.

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Encontra-se aqui uma necessidade extrema de mudança de mentalidades e valores, que embora sejam difíceis de ser interiorizados dificilmente saem, pois como podemos verificar os próprios são difíceis de alterar.

A cultura e as necessidades socio-económicas em que cada um está inserido pode facilitar ou dificultar as mudanças, pois elas regem as nossas acções. Deste modo tem que se detectar esses grupos sociais e tentar alterar as suas perspectivas em relação ao futuro da sua própria cultura se nada for feito até lá.

Podemos pensar porque é que certas culturas ou impérios desapareceram de um momento para o outro, que aparentemente eram bem sucedidas em termos de desenvolvimento.

Se aplicarmos as leis de Darwin a nós próprios sabemos que só os mais aptos vão conseguir sobreviver, e que o esgotamento dos recursos naturais vai acabar inevitavelmente com os poderes económicos de algumas potências se não acabar com elas.

A grande tragédia é estarmos todos interligados, pelo menos em termos ocidentais. Não temos as culturas definidas num espaço, encontram-se diluídas pelos meios de comunicação e a rápida passagem de informação através do desenvolvimento informático.

Devido a esta interligação tão coesa devíamos ser capazes de chegarmos a acordos mais rapidamente o que não acontece.

Ainda não se resolveram as nossas diferenças e a encará-las como uma simples diversidade, até porque independentemente da cultura e herança social que se tenha as necessidades básicas são iguais.

No artigo que tenho por base o próprio Presidente do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC), afirma que Estamos, de facto a arriscar a própria sobrevivência da humanidade, só isto deveria ser suficiente para mudarmos a nossa forma de agir.

Verifica-se apenas a indiferença, a falta de atenção e desinteresse pelas políticas, culpabiliza-se o sistema mas nada se faz para o alterar.

A nível local, tomando Portugal como estudo sobre o que pensam os Portugueses em relação a este problema das Alterações Climáticas, o que estão dispostos a fazer e o conhecimento que têm, foi realizado em 2003 pelo Observa um Relatório final.

O Relatório revelou que á escala da sociedade portuguesa é preferível continuar a ter os mesmos comportamentos em número mais reduzido, do que alterá-los ou simplesmente deixar de os ter, como por exemplo o uso do transporte individual.

Todas as implementações que possam afectar os rendimentos dos portugueses são rejeitadas, tais como o aumento do preço da electricidade. Deve-se á falta de consciência que temos Termoeléctricas a produzir electricidade através da queima de combustíveis fósseis e que isto não é sustentável.

Em relação ás causas os portugueses não reconhecem os factores mais contribuidores das Alterações Climáticas, mediante isto não é possível terem uma atitude alargada contra o aumento cavalgante deste problema.

Encontra-se o caso de termos politica mas não haver fiscalização, haverem projectos mas a sua aplicação ser inviável devido a falta de cooperação da sociedade.

Tudo parece gritar para uma mudança, que se mantém subjugada aos interesses individuais e desinteresse pela nossa própria sobrevivência, ou seja uma alienação dos problemas transportados para os industriais e poderes políticos presentes.


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Anexo: (Artigo)

http://gaia.org.pt/pipermail/gaia-geral/
2005-January/003725.html

[GAIA-geral] Sobreviverá a Humanidade ao capitalismo?

Pedro_Jorge_Pereira
Sexta-Feira, 28 de Janeiro de 2005 - 16:35:27 WET

Sobreviverá a Humanidade ao capitalismo?

O ponto de não-retorno no aquecimento do planeta, com perí­odos de seca, más colheitas e falta de água, poderá ser atingido mais cedo do que os 10 anos até agora previstos, revela um estudo publicado em Londres, elaborado pelo Instituto de Pesquisa sobre Polí­ticas Públicas, de Londres, pelo Centro para o Progresso Norte-Americano, de Washington, e pelo Institute Austrália, de Sydney. O relatório, intitulado «Enfrentar o desafio do clima» e elaborado por centros de estudos britânicos e norte-americanos, é dirigido aos dirigentes do mundo inteiro e a sua publicação, no diário Independente, coincide com o iní­cio da presidência da Grã-Bretanha do G-8.

Dr. Rajendra Pachauri, o presidente do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (Intergovernmental Panel on Climate Change - IPCC), afirmou, numa conferência, na Mauritânia, onde estavam presentes 114 governos, que acredita que o mundo já atingiu o ní­vel de concentrações perigosas de dióxido de carbono na atmosfera e apelou a cortes urgentes e "muito profundos" nos níveis de poluição, se a humanidade quiser "sobreviver". Recorde-se que a administração Bush colocou Pachauri no seu posto depois de a Exxon, a multinacional petrolífera que mais se opõe às políticas internacionais de alteração climática, se ter queixado do seu predecessor, considerando-o "demasiado agressivo".

Pachauri afirmou ainda que "As alterações climáticas são a sério. Temos uma pequena janela de oportunidade que se está a fechar rapidamente. Não há tempo a perder.". Depois afirmou ao The Independent que a morte generalizada de recifes de coral e o rápido degelo no Árctico o tinham levado a concluir que o ponto de perigo que o IPCC deveria impedir já tinha sido atingido. Em Novembro de 2004, um estudo realizado por cerca de 300 cientistas concluí­a que o Árctico estava a aquecer ao dobro da velocidade do resto do mundo e que a cobertura de gelo tinha diminuí­do em cerca de 20% nas últimas 3 décadas.

O gelo está 40% mais fino do que na década de 70 e poderá desaparecer pelo fim do século

Como nota final de pessimismo, recordemos que as actuais alterações climáticas são fruto da poluição emitida nos anos 60. As décadas seguintes elevaram a poluição a ní­veis cavalgantes, o que apenas nos pode fazer esperar efeitos climáticos extremos para o futuro. Estamos, de facto, a arriscar a própria sobrevivência da humanidade. A pergunta que, agora, se coloca é a seguinte: Ainda iremos a tempo de inverter esta loucura?

Temperatura poderá subir 11 graus até meados do século

O clima da Terra pode ser mais sensível do que se pensa ao aumento dos gases com efeito de estufa na atmosfera, concluem os cientistas que lançaram um projecto para testar modelos de evolução climática, através da colaboração de 90.000 mil pessoas de 140 países. Dentro de cerca de 50 anos, a temperatura média do planeta pode aumentar até 11 graus Celsius, dizem os investigadores hoje na revista "Nature", onde apresentam os primeiros resultados do projecto Climateprediction.net.

Este projecto inspirou-se no sucesso do SETI home, em que mais de um milhão de pessoas descarregaram da Internet para o seu computador um programa que permitia analisar dados captados pelo radiotelescópio de Arecibo, em busca de sinais de vida inteligente no espaço. Fazendo "download" de um programa a partir do "site" http://www.climateprediction.net, qualquer pessoa pode pôr a correr no computador uma versão do modelo climático desenvolvido pelo MetOffice britânico (o equivalente ao Instituto de Meteorologia). Cada versão tem diferentes parâmetros, que o farão evoluir de forma diferente durante o equivalente a 45 anos. Os resultados são enviados para a Universidade de Oxford.

Distribuindo estas operações de computação, os cientistas puderam testar o equivalente a quatro milhões de anos de evolução climática. Para isso, desde que o projecto foi lançado, em 2003, foram usados o equivalente a 8000 anos de um computador a fazer o processamento dos dados em permanência algo que ultrapassa a capacidade dos mais poderosos super computadores.

Baseando-se nos resultados dos primeiros 2000 modelos analisados graças à colaboração dos voluntários, os cientistas concluíram que, sem cortes significativos nas emissões de gases com efeito de estufa, a temperatura da Terra e o nível do mar vão subir, explicou David Stainforth, da Universidade de Oxford e líder do projecto, citado pela agência Reuters.

As estimativas do Painel Internacional das Alterações Climáticas das Nações Unidas apontam para que a temperatura média aumente entre 1,4 e 5,8 graus Celsius até 2100. O Climateprediction.net prevê alterações na temperatura média da Terra entre dois e 11 graus, quando as emissões de gases de estufa forem o dobro das de antes da revolução industrial. Esse momento deve ser atingido em meados do século XXI.

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"People say they don't care about politics; they're not involved or don't want to get involved, but they are. Their involvement just masquerades as indifference or inattention. It is the silent acquiescence of the millions that supports the system. When you don't oppose a system, your silence becomes approval, for it does nothing to interrupt the system.

People use all sorts of excuses for their indifference. They even appeal to God as a shorthand route for supporting the status quo. They talk about law and order. But look at the system, look at the present social "order" of society. Do you see God? Do you see law and order? There is nothing but disorder, and instead of law there is only the illusion of security. It is an illusion because it is built on a long history of injustices: racism, criminality, and the enslavement and genocide of millions. Many people say it is insane to resist the system, but actually, it is insane not to."

*/Mumia Abu-Jamal/*

Referência Bibliográfica:

SCHMIT, L.(2000). Sociologia do ambiente-genealogia de uma dupla emergência, Análise Social, ICS-UL, nº150, 175-210.
PATO, João (2003). As Alterações Climáticas no Quotidiano. Estudo Comportamental de Curta Duração, ISCTE Observa:
http://www.observa.iscte.pt/v2/docs/
Relatorio%20Final%20Alteracoes%20Climaticas.pdf


Nota da redação:
Este é o texto integral, tal como nos chegou ás mãos para esta edição, a ser lançada, na altura, em Novembro/Dezembro de 2005.