quinta-feira, 28 de março de 2024 às 14:36
Site: Moodle @ FCTUNL
Disciplina: As coisas que se escrevem (Coisas_escrevem)
Glossário: Nos Jornais, Revistas e Blogs…
"

"É muito mais fácil ensinar matemática e ciência do que artes"

(Última edição: quinta-feira, 16 de março de 2006 às 16:27)

PÚBLICO - EDIÇÃO IMPRESSA - SOCIEDADE

Director: José Manuel Fernandes

Directores-adjuntos: Nuno Pacheco e Manuel Carvalho POL nº 5823 | Terça, 7 de Março de 2006

"É muito mais fácil ensinar matemática e ciência do que artes"

Conferência da UNESCO reúne centenas de cientistas, professores e artistas. Separação dos processos cognitivo e emocional é "completamente injustificada"

Nas últimas décadas o ensino tem privilegiado o desenvolvimento das áreas cognitivas, esquecendo que "um currículo escolar que integra as artes e as humanidades é imprescindível à formação de bons cidadãos", disse ontem o cientista português António Damásio, durante a Conferência Mundial de Educação Artística, que a UNESCO promove em Lisboa até quinta-feira.

Para este investigador na área das neurociências, que interveio na sessão de abertura depois do director-geral da UNESCO, Koichiro Matsuura, e do Presidente da República, Jorge Sampaio, é necessário que a educação evolua de acordo com o princípio de que separar o processo cognitivo do emocional é "um erro".

"A divisão é completamente injustificada", defende Damásio. "A ciência e a matemática são muito importantes, mas a arte e as humanidades são imprescindíveis à imaginação e ao pensamento intuitivo que estão por trás do que é novo. As capacidades cognitivas não bastam."

Para o cientista, que diz compreender que os governos invistam na matemática e nas ciências por considerarem que isso os torna competitivos, "não devemos abdicar da educação artística só porque o tempo e os recursos são limitados".

Educar, acrescenta, envolve a mente e o cérebro.

Conceitos que estão habitualmente associados às artes - estética, belo, prazer - são na realidade "transversais". Não é por acaso, garante Damásio, que Einstein falava na beleza de uma demonstração matemática ou no facto de as equações serem "feias".

Apesar de serem muito diferentes um do outro - "o nosso processo emocional não se desenvolve com a mesma rapidez do cognitivo" -, são ambos fundamentais. "As emoções qualificam as ideias e as acções, sem elas não reflectiríamos", explica, acrescentando que a investigação actual defende que o desenvolvimento moral e ético se baseia em emoções. A poesia, a dança, o teatro ou as artes visuais podem ser usados para formar e treinar o espírito reflexivo, "o único que vale a pena ter".

A importância da imaginação

António Damásio não tem dúvidas em afirmar que "é muito mais fácil ensinar matemática e ciência do que artes", posição com que Ken Robinson, especialista britânico em educação artística e criatividade, concorda. "As artes exigem tempo e um tipo de empenho diferente", diz. "Muitas vezes os professores não estão lá para ensinar os alunos, mas para ensinar matérias. A preparação para as artes não é tão boa como a retórica sobre as artes." Robinson, que hoje vive nos Estados Unidos e é consultor do J. Paul Getty Center de Los Angeles, defendeu em Lisboa que a imaginação é tão importante para os alunos do século XXI como os números e as letras, apesar de as artes estarem quase sempre no fim da lista de prioridades do ensino escolar público.

"Temos tendência a separar as artes da ciência, quando na realidade são complementares. Os grandes cientistas são incrivelmente criativos e intuitivos. O processo científico valida, demonstra. É a imaginação que cria." Para Robinson, as artes devem ser vistas como motor de transformação do sistema de ensino: "Gastamos muito tempo e energia a tentar fazer com que o actual sistema de ensino assimile as artes, quando devíamos era pensar em formas de criar, através delas, um sistema novo." Lucinda Canelas

http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=03&d=07&uid=&id=67080&sid=7377
(

(A)moralidade pública

(Última edição: segunda-feira, 9 de janeiro de 2006 às 17:46)
Público, 9 de Janeiro de 2006

O meu parco optimismo sobre o futuro
resistiu estoicamente, toda a semana,
às notícias do Banco de Portugal, do
Tribunal de Contas, do caso Iberdrola
até soçobrar, na sexta-feira, à mais vulgar manchete
do Independente. Apetece-me meter férias como
analista, voltar a emigrar! Sexta fui confrontada
com a pior das verdades; a nossa doença, ao contrário
das soluções económicas que me parecem
familiares e de fácil implementação, exige outras
medicinas, extravasa largamente a economia e
entra num campo para mim desconhecido: a sociologia.
O problema não tem a ver com as contas
do Estado, mas com o ESTADO a que isto chegou
na gestão da coisa pública. É uma doença do foro
moral. Uma questão de civilização.
Quarta-feira ainda resisti, animadita, às revelações
do Banco de Portugal sobre o facto de estarmos
a viver o mais longo período de empobrecimento
relativo face à Europa desde a Segunda Guerra
Mundial. Permaneci incólume às quantificações
arrasadoras do relatório
do Tribunal de Contas
sobre os custos do
gigantesco flop da operação
de titularização
de dívida que salvou as
contas de 2003 mas perseguirá as contas públicas
dos anos seguintes. Falei-lhes desse risco, aqui
mesmo, antes do tempo...
Consegui mesmo fugir ao pânico perante a contabilização
feita pelo Tribunal de Contas sobre os
previsíveis custos das scuts e das variadíssimas parcerias
público privadas na saúde e companhia.
Confesso que, no relatório do TC, vi até razões
de optimismo. Apesar das desgraças e das mais de
noventa recomendações do Tribunal, o texto tem o
mérito de, por uma vez, cumprir os prazos e dizer
qualquer coisa de interessante enquanto ainda nos
lembramos do nome dos ministros responsáveis.
O antecessor de Guilherme de Oliveira Martins
nunca conseguiu semelhante proeza.
É claro que os visados têm pior memória do
que nós e já não se lembram muito bem do que
fizeram. Basta notar que Bagão Félix só admitiu
responsabilidades sobre a transferência do fundo
de pensões da CGD (o único que aparece como
devidamente provisionado) deixando todas as
operações de integração dos restantes fundos
(ANA, Imprensa Nacional, NAV, etc ), altamente
criticáveis e criticadas, na estranha condição de
filhas de pai incógnito. E todavia foram todas elas
realizadas no mesmo ano de 2004, já em finais do
ano e enquanto era ministro. Coisas
O meu cada vez mais escasso optimismo não se
abalou sequer perante o anúncio de que o Estado
tinha pedido aos privados a escolha do gestor que
gostariam de ver à frente da EDP, preparando-se
para nomear o ex-ministro António Mexia para
o lugar. Isto, além de se preparar para dar voz no
Conselho superior da empresa à Iberdrola do Dr.
Pina Moura (que é tão só a empresa espanhola
concorrente). Resisti porque Sampaio tinha feito
constar que chamara o ministro a Belém e, pensava
eu ingenuamente, iria fazer saber que vetaria
o nome do novo gestor e o novo modelo de gestão.
Pensava eu que o Presidente não se esquecera
que fora Mexia, enquanto quadro do Grupo Espírito
Santo, a aconselhar ao Estado (nos tempos do
Governo Guterres) o polémico modelo de financiamento
das scuts. Para, mais tarde, já enquanto
ministro das Obras Públicas de Santana Lopes,
acusar o dito Estado de ter embarcado num modelo
de financiamento de forma totalmente irresponsável
e sem fazer contas ao risco que assumia!
Quando confrontado com esta contradição, o então
ministro disse à RR, com uma tranquilidade
espantosa, que não via nenhuma incompatibilidade
entre os conselhos dados ao Estado por si e
a posição anti-scuts assumida enquanto ministro.
Tanto mais que o modelo de financiamento das
scuts era (sic) um modelo de financiamento como
outro qualquer e que em si mesmo não lhe levantava
nenhum problema. O Estado só não o devia ter
adoptado para além das suas possibilidades de fazer
face aos respectivos pagamentos futuros. Tudo
muito simples, muito óbvio, sem sequer perceber
de onde vinha a possível contradição e as dúvidas
éticas levantadas pelo jornalista.
Ou seja, o cidadão Mexia, embora surja num
movimento que dá pelo nome de Compromisso
Portugal, não considerou sua obrigação de consciência
alertar o cliente Estado para a sua evidente
incapacidade financeira futura. Ou seja, o
consultor Mexia agiu como o mais vulgar vendedor
de time-sharing e achou isso, enquanto cidadão,
absolutamente normal! Diz alguma coisa sobre o
seu conceito de serviço público, ou não?
Pois, no dia seguinte, soube-se que afinal Mexia
ficava mas a Iberdrola de mote próprio adiara a
ida para o Conselho Superior da EDP, evitando
engulhos ao Governo português. A confirmação
de Mexia foi tão bem acolhida pelos privados que
nem acharam necessário esperar pelo período
da cerimónia. O Banco Espírito Santo reforçou
em Bolsa a sua posição na eléctrica antes mesmo
de acabar a semana.
Quanto a Sampaio, desmentia ferozmente o
jornal que lhe apontava o mais louvável dos comportamentos.
Sampaio não queria que restassem
dúvidas: não tinha qualquer mérito no meio desfecho
positivo da história.
Há presidentes assim, que não gostam que se
goste deles e se esforçam por nos fazer acreditar
que não servem para nada! Estranha mensagem
em plena campanha
Ainda assim, o meu já escasso optimismo só esmoreceu
na sexta-feira pelo mais improvável dos
motivos: uma manchete do Independente. Confesso
que a li sem lhe dar grande crédito e sem que me
fizesse grande mossa. Era mais um escândalo: a
história de Neidi, requisitada pelo Ministério da
Justiça para uma comissão de serviço de três anos,
sem concurso, e com a agravante de parecer ter
como habilitação específica a escassa experiência
da gestão de um restaurante. Era tudo triste. Uma
daquelas falsas investigações que começa num texto
do Jornal do Fundão e cheira a esturro e dor de
cotovelo, a denúncia anónima a léguas de distância
Para cúmulo, havia um ridículo arrepiante
em todos os pormenores. O restaurante onde fora
recrutada a nova funcionária chamava-se Sr
Bacalhau, a nova sociedade gestora Coiratos
Nem Eça caricaturava tanto. Animei-me a pensar
que a coisa não podia ser bem assim. Era mau de
mais para ser verdade. Mas era
Não tardaram umas horas e surgia o telex a dar
conta da imediata exoneração dos dois protagonistas,
a senhora Neidi e o seu superior hierárquico
e recrutador. O Ministério da Justiça fazia ainda
notar que o IGFP, por si tutelado, gozava de autonomia
administrativa e financeira (sinónimo
aparente de total impunidade) permitindo ao
Dr. Aberto Costa sacudir a água do capote.
Contra isto, não há optimismo que resista! Afinal
a notícia má demais conseguia ser ainda pior. Um
organismo, que o Portal do Governo aponta como
parte integrante da administração central com
a magna tarefa de ser responsável pela gestão
financeira e patrimonial dos recursos financeiros
provenientes do Cofre Geral dos Tribunais e do
Cofre dos Conservadores, Notários e Funcionários
de Justiça e dos bens afectos ao Ministério recruta
os responsáveis assim. É para isto que serve a autonomia
administrativa e financeira concedida à
pala dos méritos da gestão quase privada a uma
míriade de institutos?
Há anos que ouvimos falar dos excedentes e da
contratação judiciosa e um a um de novos funcionários.
Tudo muito excepcional e com despachos
e justificações várias só na educação, na saúde,
nas forças de segurança, na justiça. Nós a pensarmos
no caos dos tribunais, e os recrutamentos a
serem feitos no senhor Bacalhau para uns vagos
departamentos de logística ministeriais. Enquanto
continuarmos assim não há solução para o país.
Não há Presidente interventivo que nos devolva
a auto-estima.
? Jornalista
A

A costly exercise

(Última edição: domingo, 18 de dezembro de 2005 às 11:34)

Tim Radford



The Guardian
A costly exercise

The government's drive to make research economically sustainable is costing us jobs and potential scientific discoveries, writes Tim Radford

Wednesday November 30, 2005

People who fund research operate to a double standard. They must simultaneously count the cost and gamble on the value. They have to work out the price of the science a researcher may do now and for the next two or three years, and what kind of laboratory fittings a new generation might need in 10 years' time as well. Researchers, on the other hand, are not so accountable, and cannot entirely be counted on. That is because they do what they like.

They do what they like in the most literal sense: rational people do not go into cosmology or dendrochronology or functional genomics for the money, they go into it because they are driven by a passion for the subject. They also do what they like in a capricious sense: they may take a university post or a research council grant to work on one thing, and then find themselves beginning to follow the logic of their labours in quite another direction. This, too, is on the whole no bad thing. If 55 years ago, Francis Crick and James Watson had done precisely what they were told, instead of exactly what they liked, the first of a whole procession of Nobel prizes might have gone to Berkeley, California, or Cambridge, Massachusetts but they certainly would not have gone to Cambridge, England.

All of which is the backdrop to a very sorry drama being played out in institutes funded by the Biological Sciences and Biotechnology Research Council. Two agricultural institutes are under sentence, and an estimated 500 jobs could disappear across five research stations, all in the cause of paying for hardware that nobody has thought of, and laboratories that have not yet been built, decades into the future. This is because a government that invaded Iraq without the least idea of what it might cost even six weeks into occupation, has insisted that universities and research councils factor in the full economic costs of science that nobody has yet dreamed of. So the wealth of now - the accumulated expertise of 500 thoughtful, enthusiastic or downright obsessive people - is to be discarded because the doctrine of full economic costs means that any research that survives must be sustainable.

Words such as "baby" and "bathwater" keep springing to mind. Lord May of Oxford, the famously forthright, outgoing president of the Royal Society, may have been thinking of them when he spoke out recently about the "appalling, obsessive bureaucracy" hampering British science. "Today, Crick and Watson's work on DNA would have been blocked before they had got started," he told to Robin McKie in the Observer. "Crick would have been sacked for being idle and Watson would have been told to piss off and stop messing about with his grant."

Scientists for Labour (not a body openly committed to this government's downfall, or even to its embarrassment) has already angrily said that "such swingeing cuts, particularly in the areas of food safety and public health, make a mockery of the government's frequently stated aims of increasing support for science." The Campaign for Science and Engineering (it used to be called Save British Science) is more sad than angry. The determination to put the management of both science and its infrastructure on a sound and sustainable footing is fine, says Peter Cotgreave, its director. Once this golden future is secured, research will be so much the healthier. Under successive Conservative governments, the infrastructure of science slowly collapsed.

"We won't get back into that situation in 10 or 15 years, as we did before. That's a good thing. But clearly, as we move from where we were to where we are, if you put money into mending the roof instead of paying scientists, you lose scientists," he says.

"What has happened is the budget hasn't increased fast enough to avoid pretty significant redundancies. It is not a strategy to get rid of people. These are accidental victims of a thing which in principle is a very good idea and will avoid many of the issues that we were complaining about when this government first came in."

But, he agrees, there seems to be no way of measuring the full economic cost of not doing the research that those 500 scientists might have achieved. The betting is that research in fields that are unfashionable now will be cut, but of course this is precisely what may turn out to be vital five years on. And anyway, if we live in a knowledge economy, this a bizarre way to finance it. If Britain is to become the best place in the world to do science, as the chancellor of the exchequer keeps promising, then saying goodbye to 500 scientific posts purely for accounting tidiness is not a great way to start. If the research councils want more children to take up science at school, then telling 500 scientists that they cost a bit too much may be sending the wrong signal.

And if the science bosses want future glory for British science, they won't get it by playing safe. "If Alexander Fleming had been made redundant five years earlier in a budget cut we'd never have known about penicillin," says Cotgreave.

A decana de Coimbra

(Última edição: sábado, 16 de abril de 2005 às 12:16)
A decana de Coimbra
Expresso 16.04.2005

Aos 106 anos, Maria Virgínia é a mais antiga aluna viva da Universidade de Coimbra, onde ingressou em 1917 em Físico-Química. Fundou a primeira república feminina da cidade e lembra-se bem de Salazar a tirar-lhe «chapeladas» de galanteio


1x1t.gif F2-U0581.jpg
Tive uma vida fora do vulgar. Tão extraordinária... A entoação, aristocrática, pausada, correctíssima, parece saída de uma peça de teatro de época. Maria Virgínia, que há duas semanas completou 106 anos, nasceu em 1899, no Porto, onde o pai, João Ferreira de Almeida, cursava Medicina. A mãe, Beatriz Laura, deu-a à luz em casa, na Rua da Cedofeita, na exacta morada onde outrora vivera Carolina Michaëlis, a primeira mulher a leccionar numa universidade portuguesa. E mandou o acaso que Virgínia lhe seguisse o pioneirismo. Em 1917, num Portugal 70% analfabeto, matricula-se na Universidade de Coimbra (UC) no curso de Físico-Química - é hoje a mais antiga aluna viva deste estabelecimento de ensino. Três anos depois funda, com duas colegas, a primeira Casa Independente de Raparigas, vulgo república feminina, da cidade estudantil.

«Perdoe se já não recordo tudo, a minha memória está fraquinha», desculpa-se em antecipação a anciã, desfazendo-se num risinho bem-disposto. Maria Virgínia mantém uma vivacidade inesperada para quem já conheceu três séculos. O ouvido foi sumindo mas a voz permanece firme. Quase tanto quanto as pernas, que se agitam pela sala quando decide mostrar que ainda sabe dançar um minuete, atrapalhada pelas pantufas pouco propensas a bailes. Sobe e desce as escadas, senta-se e levanta-se com agilidade, tanto mostra como toca violão como se exibe ao piano, ao mesmo tempo que canta modas tradicionais, aprendidas na mocidade.

Vive sozinha, orgulhosa na sua semi-independência apoiada em duas empregadas - uma de dia, outra à noite - e nos filhos que a acarinham como porcelana fina. É Virgínia quem atende o telefone em casa e nunca precisou de usar o 112 preso a fita-cola no portátil, que guarda junto a si. Ao seu lado reside também o álbum fotográfico, que conhece de cor. Puxa-o para ela, folheia-o e pára a admirar um retrato de família, que o tempo tornou sépia. «É este o meu pai. Foi ele que me deu uma mocidade tão especial.»

1x1t.gif F1-U0581.jpg
 
1921 - Virgínia com as colegas Olívia Antunes e Teresa Basto no Laboratório de Física da Universidade de Coimbra
 
O dedo aponta um homem alto, altivo, de farfalhuda pêra e bigode e chapéu de feltro. Acabado o curso, João Ferreira de Almeida abandona a Invicta e monta consultório e residência em São Pedro do Sul. Torna-se médico de província, que acode aos enfermos a trote de cavalo. Mais tarde, ascende a Governador Civil de Viseu (de conhecida ideologia republicana), dirigente do jornal «Povo da Beira» e director das termas locais.

É ele a figura tutelar de Maria Virgínia, que perde a mãe aos cinco anos. A orfandade materna desencadeia uma infância de carinho exacerbado - a ela e à irmã Maria Helena -, quer das tias por dever familiar quer das senhoras da sociedade local por interesse casamenteiro no viúvo. «Convivíamos com a fina flor da nobreza beirã», recorda, com uma saudade suspirada dos passeios de «landau» - carruagem com duas capotas de abrir -, puxado a cavalos, conduzido pela baronesa de Palme. Ou das partidas de ténis, em que a elasticidade dos passes era comprometida pelos vestidos compridos. Ou dos banhos no Vouga, tomados longe de olhares indiscretos numa casota de madeira no meio do rio.

Mas aos 18 anos disse ao pai que queria mais. Mais do que o piano, a arte de bem cavalgar, os dotes de sociedade, o francês irrepreensível, queria ir aprender inglês para Londres, onde vivia uma tia. Os estudos eram o escape «para fugir da chateza de mesmice daquela terra pequena». O liceu já fora feito em Viseu, no edifício que alberga hoje o Museu Grão Vasco. O progenitor, que a queria por perto, acenou-lhe com a Universidade de Coimbra. Ela concordou e escolheu Medicina. Ele recusou novamente «porque não era bom para uma mulher que quer casar e ter filhos lidar com doenças», recorda Virgínia. «Então optei por Físico-Química, porque tinha laboratório, não era só teoria. Em São Pedro, não me lembro de outra rapariga que tenha ido para o ensino superior».

1x1t.gif F3-U0581.jpg
 
Aos sete anos, com a irmã Maria Helena
 
Não admira. Em 1917, ano de ingresso da portuense na UC, apenas ali estudavam 70 mulheres - em 1.198 inscritos - e só mais dez tinham optado por «sciencias», entre as quais Maria Guardiola, que seria uma das três primeiras deputadas da Assembleia Nacional. Foi o ano das aparições de Fátima, Portugal mergulhara numa crise económica, escasseava o pão e o carvão. Começara a revolução russa, a Finlândia tornara-se independente, nasceram John F. Kennedy e Indira Gandhi, morreram Mata Hari e Rodin.

Em Coimbra, Maria Virgínia partilhava o curso e a casa de caloira - a Casa das Cruzes, nos Palácios Confusos - com Maria Teresa Basto, companheira de Viseu. Passava horas no último andar, onde a janela lhe abria a vista sobre o Mondego. António Salazar, que nesse ano tinha começado a leccionar na Universidade, como assistente de Ciências Económicas, morava perto, na Rua dos Grilos, numa casa partilhada em regime de «república» com o padre - mais tarde cardeal - Cerejeira. «Lembro-me bem quando estava à janela e o Salazar passava. Ele atirava-me cada chapelada. Ai que graça! Depois ficou célebre...», recorda Virgínia num riso envergonhado. Foi fruto desse conhecimento «fenestral» que, ao partir para Lisboa, o professor lhe pediu que guardasse a mobília de jantar. «Eu disse que sim. E aproveitei-me bem. Mais que uma vez lá ofereci jantares a amigos.»

O curso de Físico-Química revelou-se difícil. Ao longo de sete anos - cinco de currículo e dois de Escola Normal Superior, para aceder ao magistério secundário -, cadeiras como Desenho de Máquinas, Cálculo Diferencial ou Cristalografia obrigaram Maria Virgínia a decorar fórmulas sem conta dizendo-as bem alto, repetidamente, enquanto caminhava em pêndulo pela casa. Todos os anos havia novos achados: a Teoria da Relatividade Geral de Einstein e a descoberta da Estrutura Molecular ocorreram pouco antes da sua chegada a Coimbra. «Mas licenciei-me com altos valores: 16!»

1x1t.gif F4-U0581.jpg
 
Com a família paterna (o pai é o primeiro da direita)
 
Na universidade, as mulheres eram tratadas por «vossa excelência» e «senhora dona». «Os rapazes iam para ao pé de nós conversar, mas sempre com muito respeito. Éramos novinhas mas era como se fossemos já velhinhas», explica a anciã. Mas nas ruas, quando as avistavam, os mancebos gritavam de janela em janela «venham vê-las passar!», com promessas de rosas e violetas. «Éramos poucas e bonitinhas...» As mulheres não participavam nas actividades da Associação Académica nem entravam na sede. Tinham pasta de fitas, mas não vestiam capa e batina. A primeira Queima das Fitas ocorreu em 1919, andava ela no 2º ano, mas só se lembra de assistir. Respeitosamente.

A 20 de Janeiro de 1920, porém, decide imiscuir-se num universo até então só masculino. Com Maria Teresa Basto, Dionísia Camões e Elisa Vilares funda a primeira Casa Independente de Raparigas de Coimbra, no nº 28 dos Palácios Confusos. A «república» tinha regras: não era permitida a entrada a homens, a não ser acompanhados de uma senhora; era mantido um diário com a colaboração de todas - que está ainda à guarda da família; e era dever das habitantes fundar uma organização católica para estudantes universitárias - o Círculo Académico Feminino Católico.

1x1t.gif F5-U0581.jpg
 
Durante a pausa de um jogo de ténis
 
Acabado o curso, Maria Virgínia foi para professora, colocada durante um ano no Liceu Maria Amália, em Lisboa. Rumou depois ao Liceu Infanta D. Maria, em Coimbra, onde ficou até se reformar aos 75 anos. Leccionou Físico-Química, Zoologia, Mineralogia, Botânica e até Trabalhos Manuais. Teolinda Gersão esteve entre as suas «alunas encantadoras», primeiro nas manualidades, depois a Química. «Pôs-nos a fazer coisas que nos pareciam impossíveis, desde pastas para documentos, em cartão, a caixas para bolos, em papel, iguais às que os empregados faziam na Central e no Nicola. E pôs-nos a escrever cartas para delegações de turismo e câmaras municipais, pedindo postais sobre castelos, que nos mandava reproduzir em barro, como se fosse a coisa mais óbvia e natural do mundo. Lembro-me que me calhou o castelo de Leiria, o que me deixou atordoada. Para ela não havia dificuldades, e passava-nos a mensagem de que para nós também não podia haver», recorda a escritora. «E lembro-me de a ver no laboratório sem vestir a bata, com um casaco de felpuda gola de pele e de olharmos, suspensas, não para a experiência mas para ver se a gola de pele se incendiava na lamparina».

Aos 32 anos, Maria Virgínia casa com o capitão Ernesto Pestana, comandante do Quartel de Santa Clara, mais tarde Governador Civil de Coimbra. Antes fora alferes de artilharia no Corpo Expedicionário Português, que participou na I Guerra Mundial. Foi dos poucos que voltou para contar o horror da batalha de La Lys, que vitimou 327 oficiais e 7.098 praças. O gás mostarda usado pelos alemães fragilizou-lhe para sempre a saúde.

1x1t.gif F6-U0581.jpg
 
Em sua casa, ao piano
 
O militar conheceu Virgínia ao ouvi-la cantar na Sé Velha e na Igreja de Santa Cruz e dela se tornou admirador. No dia em que recebeu o sim nupcial, mandou-a ir para a janela à noite e olhar na direcção do quartel de Santa Clara. Por ela mandou colocar um soldado em cada janela com uma luminária e a homenagem viu-se em toda a Coimbra. Tiveram seis filhos, o último já tinha Virgínia 47 anos. Amamentou-os todos um ano e como a licença de parto era de apenas um mês, a criada levava-lhe o bebé à escola para a sessão alimentícia.

Dos tempos em que o marido foi Governador Civil, Virgínia recorda as festas. «Quando veio cá a Princesa Margarida, em 1959, fomos a um almoço no Estoril. Fiquei ao lado do Champalimaud. Que antipático!» Na recepção ao Presidente do Brasil, Café Filho, Salazar reconheceu-a e fez questão de ir cumprimentá-la.

Da vida ficou-lhe a pena pelas viagens que não fez. Para compensar, a filha mais nova, Maria Aldegundes, já a levou consigo a Londres e à Grécia, com a provecta idade de 80 anos. Qualquer passeio de carro lhe põe a rir os olhos. Nunca se habituou a ver partir todos os que conheceu. No momento é um choque, que depois aceita com naturalidade.

1x1t.gif F14-U0581.jpg
 
Em sua casa, em Coimbra, com a filha Ana, de 70 anos,e três dos onze bisnetos que já tem. Os netos são 13
 
Da mesma forma que passou por inúmeras rupturas históricas - o advento da República, as duas guerras mundiais, a ditadura, o 25 de Abril - sem permitir que estas deixassem marcas na sua memória. Em 1974 porém, vendo a revolução na rua, apanhou um autocarro e foi assistir a um comício do PCP para perceber o que era a Liberdade. Tinha 75 anos. Hoje, atribui a sua longevidade ao optimismo que sempre cultivou, à relativização dos problemas, aos muitos quilómetros andados a pé e à dieta. Há 20 anos que apenas come sopa, fruta e leite. Não tem colesterol e a custo a convenceram a tomar um remédio para a irrigação cerebral. Prefere pedir fotos às pessoas que conhece, escrevendo nas costas o nome respectivo em letrinha elaborada. «E assim construo a memória de todos os dias.»
F7-U0581.jpg
 
Com as colegas de Coimbra
 
1x1t.gif
1x1t.gif F8-U0581.jpg
ARQUIVO UNIVERSIDADE DE COIMBRA
 
O diploma que atesta a licenciatura de Maria Virgínia em Físico-Química, em 1922
 


F9-U0581.jpg
 
No rio Vouga
 
1x1t.gif
1x1t.gif F10-U0581.jpg
 
Em 1916, finalista do Liceu de Viseu
 


F11-U0581.jpg
 
Namoro à beira-rio: Virgínia com o noivo, Ernesto Pestana, e as futuras sogra e cunhada
 
1x1t.gif
1x1t.gif F12-U0581.jpg
 
Em 1933, com o primogénito, Nuno
 


F13-U0581.jpg
 
Ernesto, em 1917, na I Guerra Mundial
 
1x1t.gif

Texto de Raquel Moleiro
Fotografias actuais de Ana Baião

A vida em Google

(Última edição: domingo, 18 de dezembro de 2005 às 14:19)

A vida em Google



823871.jpg
Miguel poiares maduro
DN 4 Dez 2005

E se de repente alguém o googalizasse? Quem encontraria? Quem seria você para o mundo. Googalizar está na voga e significa procurar no Google (o mais conhecido motor de busca na Internet) informação sobre alguém ou alguma coisa. Antes falava-se com os tios, os primos e os amigos para descobrir se uma certa pessoa era de confiança. Hoje confia-se no Google. O nosso mundo pessoal está mais próximo do tamanho do mundo e o Google é a forma de conhecer esse mundo.

A vida está hoje na Internet. A nossa profissão revelada no site da empresa, um artigo num jornal, a participação numa conferência, alguém que fala de nós num blogue ou site de discussão, o nome que escrevemos num abaixo-assinado. Não interessa se mudámos de ideia ou de profissão, se o que dizem de nós é falso ou verdadeiro ou até se se trata de um homónimo nosso. Com o Google, isso é o que nós somos para o mundo. Talvez antes isto do que ser "Google-excluído", a nova forma de morte. Uma amiga dizia-me, recentemente, que temia tentar contactar os pais de uma amiga a quem tinha perdido o rasto porque, não conseguindo encontrar uma única referência no Google, a presumia morta.

O Google é também o local onde hoje se encontra tudo namorada, onde passar a lua-de-mel, como arranjar amante ou descobrir o amante dela e onde comprar Prozac ou Viagra (dependendo da forma como decidir lidar com o anterior). É, igualmente, a medida do que é importante. O número de sites diz-nos da importância de um tema e o número de pesquisas do quanto algo ou alguém são procurados.

Mas como define o Google o que é importante sobre nós e sobre o mundo? Ao contrário das formas tradicionais de informação, como a comunicação social, a política ou a publicidade, o Google não edita a informação. Por outras palavras, não faz juízos valorativos para seleccionar o que é mais ou menos importante. Neste sentido, o Google procura evitar a manipulação e apresenta-se como mais democrático e seguramente pós-moderno. Tal como a Wikipedia (uma enciclopédia online, cujas entradas podem ser alteradas por qualquer de nós), o Google deixa a selecção da informação a um processo livre e quase anárquico. No entanto, como os sites são frequentemente milhões e o Google não os pode mostrar todos ao mesmo tempo, adoptou dois critérios "neutrais" para hierarquizar os resultados das pesquisas.

O primeiro critério é a autodefinição. Para o Google, um site é simplesmente o que diz que é. Os autores dos sites identificam-nos com palavras-chave que permitem ao Google relacioná-los mais facilmente com certos temas e buscas com eles relacionadas. Isto permite que eu crie um site sobre mim e o indexe a palavras como belo, inteligente e sedutor. Alguém que faça uma busca sobre estes temas terá assim mais probabilidade de encontrar o meu site Infelizmente, por vezes, as pessoas são conduzidas para sites que, ao contrário do exemplo anterior (!), podem não corresponder ao desejado para o Google, Deus é uma banda musical belga que dará um concerto na Aula Magna em Dezembro

O segundo critério é puramente quantitativo a importância de um site é medida pelo número de "visitas" (hits) que ele recebe. Quanto mais consultado for um site, maior a prioridade que ele obtém nos resultados do Google. Isto criou uma indústria dedicada exclusivamente a consultas artificiais para aumentar a visibilidade de um site.

Estes critérios do Google preferem o extraordinário à normalidade, não distinguem muito o antigo do novo e são "despersonalizados" (não são determinados pelas nossas preferências mas sim pelas preferências maioritárias entre os outros). Em consequência, produzem resultados interessantes e por vezes divertidos. Se fizerem uma busca da palavra Portugal, o Google envia-os para o portal do Sapo. Não sei se é uma metáfora do estado do país (somos um sapo que espera a princesa encantada?) ou da importância da PT na economia nacional.

Mais divertido ainda é conhecer o mundo através do Google, com base nos números de sites referentes a certos temas e nas pesquisas que são feitas. De acordo com o Google, actualmente, procura-se mais o divórcio (3 milhões de sites) que o casamento (2 milhões) e os filhos gostam mais das mães (7 milhões) que dos pais (2,5 milhões). O Benfica pode ter 6 milhões de adeptos, mas para o Google é bem menos importante que o Sporting e o Porto (este último é o claro vencedor, com referên- cias em mais de 600 mil sites). E, claro, há 14 milhões de sites com a palavra amor e pouco mais de 8 milhões com a palavra sexo. Só que, quando o critério muda para o número de pesquisas, se fazem mais relacionadas com o sexo. Conclusão as pessoas falam de amor mas procuram é o sexo. Para o Google há também mais de um milhão de homens apaixonados, mas apenas pouco mais de 500 mil mulheres: devem existir muitos homens infelizes ou então são os homens que, afinal, são mais abertos na expressão das suas emoções!

Para minha enorme desilusão, as mulheres mais "pesquisadas" no Google são Paris Hilton e Britney Spears. Como não as acho belas, só pode ser pela sua inteligência, que desconheço. Entre os homens, a minha desilusão foi ainda maior para além de não me encontrar entre os eleitos, descobri que as mulheres têm preferência por homens com nomes como "50 cent" e "Bob Esponja". Mas as estatísticas das pesquisas mais comuns permitem também caracterizar certos países: no Reino Unido estão obcecados com dietas e em encontrar amigos e namorados ou namoradas perdidos (será que perdem os amigos pela mesma razão por que têm de fazer dieta?); os franceses gostam é de viajar e de top models (não consegui apurar se viajam com as top models); já o passatempo dos russos parece ser agora a decoração de interiores, enquanto os chineses parecem preferir ficar em casa a ver televisão.

Eis aquilo a que o mundo atribui mais importância de acordo com o Google. Existirá mundo para além do Google? Vale a pena pesquisar.

An Unlikely Trendsetter Made Earphones a Way of Life

(Última edição: domingo, 18 de dezembro de 2005 às 14:16)
The Saturday Profile

An Unlikely Trendsetter Made Earphones a Way of Life

Published: December 17, 2005, NYT
 

SÃO PAULO, Brazil

17fpro184.jpg
Adriana Zehbrauskas for The New York Times

I pressed the button, and suddenly we were floating. It was an incredible feeling.
- ANDREAS PAVEL

 

IN the late 1960's, Andreas Pavel and his friends gathered regularly at his house here to listen to records, from Bach to Janis Joplin, and talk politics and philosophy. In their flights of fancy, they wondered why it should not be possible to take their music with them wherever they went.

Inspired by those discussions, Mr. Pavel invented the device known today as the Walkman. But it took more than 25 years of battling the Sony Corporation and others in courts and patent offices around the world before he finally won the right to say it: Andreas Pavel invented the portable personal stereo player.

"I filed my first patent a complete innocent, thinking it would be a simple matter, 12 months or so, to establish my ownership and begin production," he said at the house where he first conceived of the device. "I never imagined that it would end up consuming so much time and taking me away from my real interests in life."

In person, Mr. Pavel seems an unlikely protagonist in such an epic struggle. He is an intellectual with a gentle, enthusiastic, earnest demeanor, more interested in ideas and the arts than in commerce, cosmopolitan by nature and upbringing.

Born in Germany, Mr. Pavel came to Brazil at age 6, when his father was recruited to work for the Matarazzo industrial group, at the time the most important one here. His mother, Ninca Bordano, an artist, had a house built for the family with a studio for her and an open-air salon with high-end audio equipment, meant for literary and musical gatherings.

Except for a period in the mid-1960's when he studied philosophy at a German university, Mr. Pavel, now 59, spent his childhood and early adulthood here in South America's largest city, "to my great advantage," he said. It was a time of creative and intellectual ferment, culminating in the Tropicalist movement, and he was delighted to be part of it.

When TV Cultura, a Brazilian station, was licensed to go on the air, Mr. Pavel was hired to be its director of educational programming. After he was forced to leave because of what he says was political pressure, he edited a "Great Thinkers" book series for Brazil's leading publishing house in another effort to "counterbalance the censorship and lack of information" then prevailing.

In the end, what drove Mr. Pavel back to Europe was his discontent with the military dictatorship then in power in Brazil. By that time, though, he had already invented the device he initially called the stereobelt, which he saw more as a means to "add a soundtrack to real life" than an item to be mass marketed.

"Oh, it was purely aesthetic," he said when asked his motivation in creating a portable personal stereo player. "It took years to discover that I had made a discovery and that I could file a patent."

MR. PAVEL still remembers when and where he was the first time he tested his invention and which piece of music he chose for his experiment.

It was February 1972, he was in Switzerland with his girlfriend, and the cassette they heard playing on their headphones was "Push Push," a collaboration between the jazz flutist Herbie Mann and the blues-rock guitarist Duane Allman.

"I was in the woods in St. Moritz, in the mountains," he recalled. "The snow was falling down. I pressed the button, and suddenly we were floating. It was an incredible feeling, to realize that I now had the means to multiply the aesthetic potential of any situation."

Over the next few years, he took his invention to one audio company after another - Grundig, Philips, Yamaha and ITT among them - to see if there was interest in manufacturing his device. But everywhere he went, he said, he met with rejection or ridicule.

"They all said they didn't think people would be so crazy as to run around with headphones, that this is just a gadget, a useless gadget of a crazy nut," he said.

In New York, where he moved in 1974, and then in Milan, where he relocated in 1976, "people would look at me sometimes on a bus, and you could see they were asking themselves, why is this crazy man running around with headphones?"

Ignoring the doors slammed in his face, Mr. Pavel filed a patent in March 1977 in Milan. Over the next year and a half, he took the same step in the United States, Germany, England and Japan.

Sony started selling the Walkman in 1979, and in 1980 began negotiating with Mr. Pavel, who was seeking a royalty fee. The company agreed in 1986 to a limited fee arrangement covering sales only in Germany, and then for only a few models.

So in 1989 he began new proceedings, this time in British courts, that dragged on and on, eating up his limited financial resources.

At one point, Mr. Pavel said, he owed his lawyer hundreds of thousands of dollars and was being followed by private detectives and countersued by Sony. "They had frozen all my assets, I couldn't use checks or credit cards," and the outlook for him was grim.

In 1996, the case was dismissed, leaving Mr. Pavel with more than $3 million in court costs to pay.

But he persisted, warning Sony that he would file new suits in every country where he had patented his invention, and in 2003, after another round of negotiations, the company agreed to settle out of court.

Mr. Pavel declined to say how much Sony was obliged to pay him, citing a confidentiality clause. But European press accounts said Mr. Pavel had received a cash settlement for damages in the low eight figures and was now also receiving royalties on some Walkman sales.

THESE days, Mr. Pavel divides his time between Italy and Brazil, and once again considers himself primarily a philosopher. But he is also using some of his money to develop an invention he calls a dreamkit, which he describes as a "hand-held, personal, multimedia, sense-extension device," and to indulge his unflagging interest in music.

Recently, he has been promoting the career of Altamiro Carrilho, a flutist whom he regards as the greatest living Brazilian musician. He is also financing a project that he describes as the complete discography of every record ever released in Brazil.

Some of his friends have suggested he might have a case against the manufacturers of MP3 players, reasoning that those devices are a direct descendant of the Walkman. Mr. Pavel said that while he saw a kinship, he was not eager to take on another long legal battle.

"I have known other inventors in similar predicaments and most of them become that story, which is the most tragic, sad and melancholic thing that can happen," he said. "Somebody becomes a lawsuit, he loses all interest in other things and deals only with the lawsuit. Nobody ever said I was obsessed. I kept my other interests alive, in philosophy and music and literature."

"I didn't have time to pursue them, but now I have reconquered my time," he continued. "So, no, I'm not interested anymore in patents or legal fights or anything like that. I don't want to be reduced to the label of being the inventor of the Walkman."

And in This Corner ... The 'High-Tech Heretic'!

(Última edição: terça-feira, 20 de dezembro de 2005 às 00:42)
And in This Corner ... The 'High-Tech Heretic'!

This is the e-interview that every educator will want to read! Clifford Stoll is the author of High-Tech Heretic: Why Computers Don't Belong in the Classroom and Other Reflections by a Computer Contrarian. He is also an MSNBC commentator, a Berkeley astronomer, an Internet pioneer, and a "full time, stay-at-home dad." Stoll shares with Education World readers his controversial thoughts about computers in the classroom.

Education World: The premise of your book High-Tech Heretic: Why Computers Don't Belong in the Classroom and Other Reflections by a Computer Contrarian is that computers don't belong in schools--

Clifford Stoll: Part of the premise.

EW: A good part of your book focuses on the idea that computers don't belong in classrooms. Education World is a Web site that, among other things, helps teachers integrate computers into their curriculum. I'm interested in why you think we shouldn't be doing that.

Stoll: Your teachers believe in using computers in the classroom?

EW: Many of them. Others are required to use computers in their classrooms, and they want to do it in the best way possible.

Stoll: What about the old-line teachers who don't want to use computers, who are being pushed aside and marginalized because of the techno-hucksters' view of what should go on in classrooms?

EW: Teachers are charged with preparing students for the future. Don't students need to learn how to use computers?

Stoll: In my visits to schools, I don't find children who are ill at ease behind a computer screen. I do find lots of kids who cannot read analytically, who do not read books, who cannot write legibly, who cannot assemble a 250-word essay. But I do not see many kids who can't use a computer. Do you think children don't have enough exposure to electronic messages? Children have too much exposure to electronic messages. Is the problem that they don't watch enough TV? That they don't get enough media? The problem is that they get too much media already! ... If I ask a student to tell me about Huckleberry Finn, I want that student to read the book. If he simply goes to the computer and finds information about Huckleberry Finn, what has he learned? Computers provide kids with information. They don't help them learn.

EW: But don't kids always look for the easy way out? Before computers, we used Cliffs Notes. Don't good teachers make sure that students--

Stoll: Where did you get your Ph.D.? I got mine honestly. I didn't use Cliffs Notes.

stoll.jpg EW: In your book, you talk about a student "watching a monarch chrysalis in a field of milkweed." What about the students who might never see a field of milkweed? Can't technology expose children to things they would not ordinarily experience?

Stoll: You mean the "city kids who haven't seen a cow" argument? Do you really think those children exist who don't know what a cow looks like? Do you think kids look at a frog on a Budweiser billboard and don't know what it is? Computers cannot provide experiences. Think about the things you've "experienced" on a computer. Then think about the things you've experienced in real life. How do they compare? ... How much does a field trip cost? $100? $200? How much does a computer lab cost? Thousands of dollars? How many field trips can you take for that amount of money?

EW: What about those kids in inner city schools who, even if they go on those field trips, will need computer skills to compete in the job market?

Stoll: I live very near an inner city school, and I can tell you that the main problem in inner city schools is horrible discipline. In what way is that helped by a large computer budget? Often, computers in inner city schools are wrecked or stolen very quickly anyway. Even if the computers can be secured, the schools cannot. If the computers aren't wrecked by the kids, they're stolen by the neighbors. If the computers themselves aren't stolen, the cables are. In a nearby city high school, only about 5 of 35 computers in the computer lab are working. Educational technologists like to sit in their offices and dream of computers in idealized city schools, but that's not what really happens.

EW: In most classrooms, teachers need to work with individual students or with small groups of students. During those times, isn't it more valuable for other students to be working at the computer than to be doing traditional seat work?

Stoll: Working on the computer is seat work. The children aren't moving. They aren't doing anything active. They're sitting in their seats.

EW: They're doing more than simply filling in information on a work sheet.

Stoll: There is no reason for any student to use a work sheet in his or her entire school career.

cliff.jpg EW: Don't computers have any value, in any classroom?

Stoll: It would be bad enough if computers simply didn't add to a child's education. The problem is that the use of computers subtracts from the student-to-teacher contact hours. It directs attention away from the student-teacher relationship and directs it toward the student-computer relationship. It teaches students to focus on getting information rather than on exploring and creating. Which is more interactive-- a student and a teacher or a student and a computer? ... Suppose we wanted to create a nation without social skills? Can you think of a better way to do that than to tell students, "Don't interact with the teacher. Interact with a computer?" Suppose we wanted to create a nation that can't read? Can you think of a better way to do that than to say to students, "Don't get your information from a book. Look it up on the Web?" If we wanted to discourage students from exploration, what better way than to search for answers on a computer?

"Suppose we wanted to create a nation that can't read? Can you think of a better way to do that than to say to students, 'Don't get your information from a book. Look it up on the Web?'"

EW: So you believe that computer use actually detracts from the educational process?

Stoll: There's a cost to bringing computers into a school. And I'm not talking about just the initial costs-- which can be substantial-- or the upkeep-- which can be many times the initial cost. The real cost is what you are not going to be teaching. ... I've talked to a former kindergarten teacher who stopped teaching because the school replaced sandboxes with computers. You can't have sand or dirt or peanut butter and jelly sandwiches in a classroom with computers. I've talked to a second-grade teacher who can't have real magnets in her classroom because they erase the software that goes with the seven computers in her room. So instead she has a software program about magnets, and kids learn about magnets on the computer. Which will help kids learn about magnets better-- real magnets or a computer program that simulates magnets? ... I go into a lot of schools and usually the first thing the principal does is bring me into the computer lab. The first question I always ask is, "What did this room use to be?" Often the answer I get is, "Oh, this was the music room, but we don't teach music anymore," or "This was the art room, but we don't teach much art anymore," or "This used to be the library, but now it's the media center. We keep the books in the closet. If a student wants one, we can probably find it."

EW: Problems existed in schools long before computers. Why blame them all on computers?

Stoll: The central issue is What problem is solved by bringing computers into the classroom? Do they provide a higher quality of education? Let me tell you what I see as the main problems in public schools, and you tell me how those problems can be solved by computers.

  • Overcrowding: Can that be solved by computers? At the very best, computers have no effect on the problem-- except to make the room more crowded.
  • Hyperkinetic kids: Can they be helped by computers? No! They're only getting more media, more stimulation, more of what caused the problem in the first place.
  • Poor attention toward the teacher: Can directing students' attention toward a computer increase students' attention to the teacher?
  • Poor attitude toward scholastics: Is it "scholastics" to download information from a computer?
The one thing that computers do extraordinarily well is bring information to kids. Computers give kids access to vast amounts of information.

EW: Don't computers have a place in the classroom, then, if merely as a source of information?

Stoll: Is a lack of information a problem in schools? I've never once had a teacher say to me "I don't have enough information." Teachers say they don't have enough time. The problem in classrooms is not a lack of information. It's too much information.

EW: Where do you think the money that's being spent on technology should be spent?

Stoll: The money should be spent on reducing class size, on providing teachers with more prep time, on improving school grounds so that students have the ability to study nature in nature, on providing lessons in the humanities and in other technologies, such as plumbing, woodworking, auto mechanics, home economics. ... Why are there so many pilot projects specific to computers, while so many other things go unfunded? I say this in my book, but I'll say it again. Imagine you have two millionaires and each one is donating $1 million to a local school. The first millionaire says, "You have to spend the money on technology." The second millionaire says, "You can spend the money on whatever you need." Which donation will benefit the kids more?

EW: Can't the computer be looked at as just one more tool for teachers?

Stoll: Saying the computer is just a tool makes it seem too neutral. It ignores how this tool changes our educational system. I have no doubt that though we're teaching our children how to use computers, we're also teaching them that when you have a problem, the first thing you should do is turn to a computer to solve it.

High-Tech Heretic: Why Computers Don't Belong in the Classroom and Other Reflections by a Computer Contrarian, written by Clifford Stoll, is published by Doubleday, 1540 Broadway, New York, NY 10036.

Linda Starr
Education World®
Copyright © 2005 Education World

Arthur C Clarke e os satélites

(Última edição: segunda-feira, 31 de outubro de 2005 às 09:35)
Arthur C Clarke e os satélites

AS “PALAVRAS VENENO” DO SEMANÁRIO EXPRESSO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA

(Última edição: domingo, 29 de maio de 2005 às 23:11)

AS PALAVRAS VENENO DO SEMANÁRIO EXPRESSO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA

A % de TRABALHADORES NA ADMINISTRAÇÃO PUBLICA EM PORTUGAL REPRESENTA APENAS />58% DA MÉDIA DOS PAISES DA UNIÃO EUROPEIA

O semanário Expresso de 5 de Maio 2005, caracterizou a situação da Administração Pública em Portugal nos seguintes termos: retrato ainda mais negro, crescimento imparável, o prometido emagrecimento da Função Pública não teve quaisquer resultados, etc., ou seja, utilizou termos que na ciência da comunicação se chamam palavras veneno com o intuito de provocar sentimentos negativos no leitor relativamente à Administração Pública e aos seus trabalhadores.

...

B

Bartoon, A Igreja e os padres homosexuais

(Última edição: quarta-feira, 30 de novembro de 2005 às 20:49)
a

Bill Gates diz que dentro de 5 anos 40 a 50% lerão a imprensa online

(Última edição: domingo, 30 de outubro de 2005 às 18:03)
Bill Gates diz que dentro de 5 anos 40 a 50% lerão a imprensa online

BILL GATES EM MEDRÕES

(Última edição: domingo, 5 de fevereiro de 2006 às 22:48)
PÚBLICO DOMINGO, 5 FEV 2006

António Barreto

No dia em que Bill Gates se
passeou por Lisboa, um
canal de televisão, não
recordo qual, decidiu fazer
uma breve reportagem em Trás-os-
Montes. Não sei se foi de propósito ou
por coincidência, mas foi apropriado. Os
jornalistas apresentaram-se em Medrões,
aldeia e freguesia do concelho de Santa
Marta de Penaguião, distrito de Vila Real.
Visitaram a escola primária que recebe,
pelo que se percebeu, duas a três dezenas
de crianças da localidade e da vizinhança.
Trata-se de escola tipicamente rural. Uma
senhora, mãe ou professora, informa que
a escola tem já banda larga. Mas os alunos
têm de se deslocar a pé, alguns a dois ou
três quilómetros, pois não há transporte
público, nem sequer municipal. Por
aqueles lados, para que se saiba, quando
faz frio... faz frio! E quando chove... chove!
A escola não tem facilidades para tomar
refeições, pelo que as crianças têm de ir a
casa almoçar e voltar para as aulas da tarde.
Para muitos, quatro percursos por dia,
cinco a dez quilómetros entre caminhos de
montanha e estrada nacional com curvas
e carros. O abastecimento de água faz-se a
partir de um poço, pelo que os alunos, por
precaução, levam consigo umas garrafas
de água potável. Soubemos também que
a escola, perto da estrada, não tem vedação
nem protecção. Segundo informa
a cidadã, quando sai uma bola fora do
recreio e cai na estrada, os miúdos, com
a imprevidência habitual, correm a apanhá-
la. Mas, motivo de orgulho, a escola
tem banda larga!

O PRESIDENTE DA CÂMARA DE SANTA
Marta de Penaguião foi interrogado sobre
o assunto. O homem falava com uma
arrogância inusitada. Não via riscos nenhuns
na ausência de vedação. Quanto
à água, nunca tinha havido problema.
Acrescentou que se esse era motivo de
reivindicação, não havia problemas, a
Câmara ia trazer água da companhia. E
asseverou que não haveria transportes
camarários, pois que a tanto não era obrigado!
A lei, disse, só obriga a assegurar
transportes em distâncias superiores a
três quilómetros. Sobre a possibilidade
de organização de uma cantina ou sala de
refeições, garantiu, com fastio, que havia
planos. Apesar de incomodado com estas
perguntas descabidas e estes problemas
menores, o autarca não escondia a sua satisfação
pela oportunidade de falar para a
televisão e mostrar a sua rústica soberba.
E tinha banda larga!

ENTRETANTO, NA CAPITAL, BILL GAtes
dava brilho ao carrossel organizado pelo
governo em volta dele. Deram-lhe uma
grã-cruz. Fez discursos e deu entrevistas.
Recebeu o presidente da União Europeia
Durão Barroso (disse bem, recebeu), que
não quis faltar ao beija-mão. Fez uma conferência.
Deu uma aula a jovens seleccionados.
Presidiu a um Fórum global. E, em
cerimónia pública, acolheu oito ministros
oito e um Primeiro-ministro um, com os
quais assinou dezoito protocolos de cooperação
dezoito. Por via destes, a sua
empresa vai associar-se à modernização
da Administração Pública, dos serviços
fiscais, da educação, da ciência e de tudo
o resto. Os beneficiados serão um milhão
de jovens um.

APESAR DE SABER QUE A BANDA
larga acontecerá de qualquer maneira,
com ou sem governo, o mesmo sucedendo
com os computadores e a informática em
geral, não nego a eventual bondade destes
planos. Ou antes: espero para ver. Se
resultarem, fico encantado. O que choca
é o frenesim do Governo, a sua obsessão
com a propaganda. Como já toda a gente
percebeu, tivemos, a coincidir com as eleições
presidenciais e com os respectivos
desaires governamentais, um turbilhão
de iniciativas e de cerimónias de pura
publicidade. Uma empresa que vai construir...
Um grupo que pensa fazer... Uma
multinacional que está disposta a encarar
a hipótese... Pessoas que querem fazer
coisas, como agora se diz... Boas ou más,
as promessas sucederam-se. Sempre com
ministros a correr e o primeiro-ministro
a saltar. Acordos de princípio, intenções,
ideias que ainda não são projectos,
projectos que ainda não são programas,
propósitos, promessas de investimento,
tudo serve para inaugurar, assinar e organizar
eventos solenes. Energia, ciência,
computadores, imobiliário, vacinas, móveis,
tudo contribui para montar o circo
do governo. A maior parte dos projectos
está incompleta, é ainda incerta, falta saber
quanto investimento vem e quanto o
governo oferece, mas nada disso incomoda.
Pormenores... Certo é que, deste modo,
podem fazer-se ainda, para cada projecto,
mais duas ou três inaugurações.

O EVENTO BILL GATES SUPEROU
evidentemente tudo e todos. Sempre era
o homem mais rico do planeta. Uma das
multinacionais mais poderosas do mundo.
O maior filantropo da história. Só me
pergunto qual seria o outro país europeu
que se submeteria a este circo e se envolveria
nesta cerimónia de propaganda
própria de atrasados.

ENTRETANTO, EM MEDRÕES, A EScola
primária tem banda larga, não tem
vedação, água, cantina ou transporte
para as crianças. A escola rural de Medrões
já não é típica de Portugal, o que
não justifica o estado em que se encontra.
As escolas rurais estão a desaparecer a
ritmo acelerado. Muitas vezes, em pior
situação estão as escolas dos subúrbios
das grandes cidades. O desenvolvimento
desigual é assim, sempre foi. Há sectores
e áreas de actividade onde as vanguardas
avançam e melhoram, deixando para trás
os atrasados, os mais pobres ou os mais
isolados. Sabemos que é assim e espera-se
que os adiantados sirvam de estímulo para
que os outros, por cópia e emulação, sigam
o exemplo. Isto é o que vem nos livros
e o que a realidade nos diz todos os dias.
Mas não deixa de ser chocante que as autoridades,
os responsáveis pelas políticas
públicas, se entreguem sistematicamente,
com volúpia e exibicionismo, a preferir o
vistoso e a investir no que parece moderno.
E que sejam as próprias autoridades
a cavar o foço da desigualdade.

COM OU SEM BANDA LARGA, UM PAÍS
deveria ter bem mais orgulho nas suas
escolas aquecidas no Inverno, nos seus
transportes escolares, na água potável
nas escolas, nas cantinas para estudantes.
Para já não falar de alunos que tenham
positiva em matemática, que aprendam
português e que saibam escrever. Ou que
não passem quatro horas por dia diante da
televisão e três na Internet. Ao apetrechar
as escolas de equipamentos e materiais
pedagógicos indispensáveis, o governo e
as autarquias estão apenas e exclusivamente
a cumprir o seu dever. Nada mais.
E não o cumprem quando não fornecem
água quente, aquecimento, transportes
ou cantinas. Nada mais simples. Por que
deveríamos ficar excitados quando as
autoridades dão foros de generosidade
e de visão estratégica aos seus próprios
actos de cumprimento do dever? E por
que são tratados de pessimistas todos os
que justamente mostram que as mesmas
autoridades não cumprem deveres bem
mais simples, mas menos vistosos?

O ESTADO E AS AUTARQUIAS NÃO
cumprem os seus deveres quando deixam
as médias dos exames de Matemática, Português,
Física e outras baixar a medíocres
profundezas. E não cumprem os seus deveres
quando não conseguem examinar
e reformar os programas, os professores
e os métodos de ensino da matemática.
Como os não cumprem quando deixaram
desenvolver-se um enorme e monstruoso
universo, o dos manuais escolares, onde
proliferam erros e disparates. Ah! Como
eu desejaria viver num país que se sentisse
orgulhoso das suas escolas confortáveis,
das suas crianças a falar e escrever
um português decente, dos seus jovens
a perceber o essencial da Matemática e
dos seus manuais escolares rigorosos e
adequados! Quanto eu gostaria que o meu
país não ficasse deste modo encandeado
com as lentejoulas e o pechisbeque! Como
seria bom que o governo do meu país cumprisse,
em silêncio, o seu dever! ?

Blackboard vs....

(Última edição: quarta-feira, 7 de dezembro de 2005 às 16:45)

Blackboard vs....

Last weeks news that Blackboard was buying WebCT, its top competitor for course management systems, caught many academics by surprise. Now that they have had a little time to think about it, campus technology administrators and faculty members who use the systems (and alternatives) offer a variety of views on what the merger means.

Some analyze the combination from the perspective that some big company (or a few companies) will dominate the course management industry. Clearly now that company is Blackboard, which in its expanded form will be doing business with thousands of colleges. To the companys fans, the combination of forces will lead to improvements and allow for more innovation. Others fear the loss of competition will take away the pressure that has led Blackboard to improve its customer support in recent years (and encourage it to jack up prices).

And many are skeptical of Blackboards pledges to continue to offer and support WebCT products. Thats not because they necessarily distrust Blackboard, but because of a pattern in which such promises are frequently made by technology companies, post-merger, and abandoned a few months later. Many chief information officials, from different types of institutions, when asked privately about Blackboards promises to keep both companys services, said, Yeah, right or If you believe that one, I have a bridge to sell you, or variations on that theme. None had specific information that questioned Blackboards claims, but all felt that they had been burned in the past, and werent going to believe anything just now.

Still other campus computing officials said that all the attention being given to the purchase of WebCT by Blackboard obscured the more significant trend in course management: the rise of open source competition. While open source advocates acknowledge that Blackboard is very much atop the market, they cite a number of leading colleges and universities that are going the open source route. And they think the merger may encourage others to follow suit.

The Blackboard Behemoth

Scott E. Siddall, assistant provost and director of instructional technology at Denison University, said that when he first heard about BlackCT, (as many are calling the growing Blackboard, even though it is keeping its name), I thought that things are not going to get any better. Since then, hes been trying to decide if that judgment was too harsh.

Denison is a Blackboard customer, and Siddall said that the concept of its products is good, and is popular with most faculty members. And Siddall said that he hoped the merger would allow for economies of scale and improvements on which Blackboard might now be able to focus. Siddall, who is a leader of the chief information officer group at Educause, said that the improvement he most wants to see is in customer support.

Right now, at this moment, I have a kid taking a test in Blackboard and he cant store, and we cant figure out the problem, and I know that if we call Blackboard, were not going to be able to help that student. We call and we dont get answers, Siddall said.

Tim Kaar, an instructor in Web design and multimedia at Elgin Community College, said he worried about the impact the merger would have on pricing. Kaar was on an Elgin committee that considered options for course management. He said that he liked Blackboard products, but not its prices. The college ended up going with Desire2Learn, a smaller Canadian company that is making some inroads in the American market.

Kaar said he worried about the impact of the merger on prices."The megaplayers in the software industry, when they dominate, their pricing model becomes: Lets pick the client up by their ankles and shake and see what comes out of their pockets, he said.

Other college officials are much more optimistic about the expanded Blackboard. Stephen G. Landry, chief information officer at Seton Hall University, said Blackboard did have real problems with customer service a few years ago. They were a small start-up company and they expanded their customer base much more rapidly than they were able to expand their support staff, he said. But Landry said that he considers Blackboard very responsive now and that there has been marked improvement in the last 18 months.

Landry, who recently applied to join a Blackboard advisory committee, said that he thought part of the skepticism among his colleagues was cultural and was unfair. Theres a lot of suspicion of corporations in higher education. We tend to be non-corporate in our world and to think that automatically something like this is going to be bad for everybody, he said. But corporations merge all the time, and products improve and prices drop and if they dont drop, someone else comes into the market.

Phyllis C. Self, special assistant for distance education at Virginia Commonwealth University, called herself a very satisfied customer of Blackboard. While there are problems from time to time, she said, What software product works perfectly? She said that the merger could be either positive or negative. She saw the potential for improved services and products and also the potential for worse service and higher costs.

She said it all depends on how the two companies are combined. Self cautioned against assuming that the merger would be either good or bad just because a giant is being created. Bigger is not always better, just as big does not need to be bad, she said.

In an interview Friday, Matthew Pittinsky, chairman of Blackboard, said that the combined company would indeed be better. He said that Blackboard was committed to taking the strengths of both companies for use in the future, and he cited service responsiveness as one of WebCTs strengths. (On the topic of Blackboards record in that area, he acknowledged past problems, but said that the company had made great improvements in customer support, and that he believed any lingering complaints were a legacy of a few years ago.")

Pittinsky was unequivocal in saying that WebCT customers should not fear that their services will disappear. We are absolutely committed, he said. It would make zero sense for us to do otherwise than to continue to market and support both products.

The Open Source Challenge

While many CIOs were focused on the fallout from Blackboards absorption of WebCT, other experts on technology in academe said that the real shift going on is away from corporate provided course management altogether.

While Blackboard may dwarf all the open source alternatives, two of them Moodle and Sakai have strong support, and Sakai is attracting the participation of a number of institutions that are influential in higher education generally and in technology specifically. In open source, all the course management software is available free and colleges can modify it and brand it however they want. Sakai was founded by Indiana University, the Massachusetts Institute of Technology, Stanford University and the University of Michigan. In less than two years, it has quickly expanded to reach 80 colleges and universities, including community colleges and institutions abroad. Today, Sakai will announce the creation of a foundation to give the project a permanent infrastructure.

When the University of California at Merced, the newest UC campus, started operations this fall, it was using only Sakai to support its courses. We didnt want to create a vendors system, said Richard M. Kogut, chief information officer at Merced.

Until open source came along, he said, institutions had a buy or build decision, but open source has advantages of both in that a college can start off with a good base, avoid paying high fees, and then customize it. The danger of an informal collaboration like open source, he said, is that it wont last. But Kogut said that the strong backing Sakai has from top universities convinced him of the projects stability, and that Sakai is speedier than established companies at dealing with problems.

Kogut was formerly at Georgetown University, which uses Blackboard, generally to good reviews, he said. But things happened on Blackboards schedule and bugs got fixed when they got fixed, he said. Sakais team members at various campuses, he said, have been incredible in quickly fixing any problems, even though there is not the traditional contractual relationship of vendor and customer.

The sense of community is very important to Sakai proponents. The Foothill-De Anza Community College District, generally considered a leader among community colleges, joined Sakai early, not only to use the technology, but to contribute software it has created. Vivian Sinou, dean of learning technology at Foothill College, said that when she first heard about Sakai, she was dubious that a bunch of research universities would focus on software from a teaching perspective. But she was quickly won over, is now on the board, and is helping other community colleges get involved.

The whole emphasis is on collaboration and learning environments, she said, so the tools being developed by the research universities have value for her college, and the tools being developed by Foothills development team are being used elsewhere. Sinou noted with pride that a Sakai learning tool Foothill had developed would soon be used at the University of South Africa, which recently joined Sakai.

At the same time, prominent research universities that were not initially involved in Sakai are now taking a look. Rice University, a WebCT client, is currently doing a pilot project with Sakai with the goal of shifting to open source soon.

One of the big drivers to look at Sakai was the fact that with an open source, you can take that product in the direction that is your interest, said Carlos Solis, manager of educational technologies at Rice. You dont need to rely on a commercial vendor to integrate things that arent offered. Solis said, for example, that WebCTs software has disappointed Rice faculty members with its multimedia capabilities, and they like being able to take Sakai software and just adapt it.

Joseph Hardin, chair of the Sakai board and director of the Collaborative Technologies Laboratory at the University of Michigan, said that flexibility is a big part of Sakais growth. Anybody can take it and use it and revise it and redistribute it any way that they want to, he said. So you get software that you can do whatever you want with.

Of course to do what you want with it, you need to have people who know how to customize software and then you need a staff to support that software, and that makes things tricky at some colleges. Kaar, of Elgin Community College, has worked with Moogle and likes it, but he said that when he was on the committee looking at course management options, one reality was knowing that the college didnt have the money to hire more people. We would have had to hire additional people, and getting new hires requires an act of God.

Or as EduBlogr put it, on behalf of those who are in the classroom and might like open source: We are not the customers. We are the users. The customers are our bosses and their bosses, the VPs who sign the POs. Relatively few institutions especially small and medium-sized institutions can afford open source. Pay $75,000 a year for software licenses, or hire 1.5 FTE system administration/programmer-analysts at $60,000 to support open source. Even I can do that math.

One possible outcome as a result is that more colleges may be using open source and Blackboard at the same time. Both Hardin of Sakai and Pittinsky of Blackboard said that they wanted to work together. Pittinsky said that it was too early to tell how significant [Sakai] is going to be, but he stressed that Blackboard and open source are not mutually exclusive, and that he anticipated that some colleges would want to use Blackboard campuswide, but have Sakai applications used in certain disciplinary areas, and Pittinsky said that he applauded such an approach.

But there are also clearly tensions between open source and big corporations. Pittinsky noted that Blackboard had applied and been rejected for membership in Sakais program for corporate partners. Hardin said that Blackboard never met the eligibility requirements of having systems that support Sakai services.

Other companies may also come into play for open source institutions. David Wiley, an assistant professor of instructional technology and director of the Center for Open and Sustainable Learning at Utah State University, said that he was concerned that the RFP process favors large companies like Blackboard. While smaller companies are starting to offer support for open source, colleges would need to compare an open source proposal and such a business proposal against a single plan from Blackboard.

Wiley thinks this is too bad because hes not a fan of mergers, which leave you with half the performance for twice the price.

But he also cautioned against believing that open source, Blackboard, or any software could improve teaching. A mediocre instructor can go on being mediocre in Sakai, he said. Where he sees the advantage of an open source approach is for the professor who wants to be creative with technology and for colleges that encourage faculty members to be creative in that way. In the Blackboard world, if you have an original idea, you can request that they do it, and wait and see, he said. In the Sakai world, if you have an original idea, you may well be able to hire a computer science undergraduate to do it for you right away.

Scott Jaschik

Blatant copying' in coursework

(Última edição: quinta-feira, 3 de novembro de 2005 às 10:28)
Last Updated: Wednesday, 2 November 2005, 13:08 GMT o.gif
dot_629.gif
'Blatant copying' in coursework
student writing
Examiners wondered how much was students' own work
Examiners say they detected "blatant copying of material from the internet" in some of this year's coursework for GCSE English.

Staff at the AQA exam board are said to have been surprised at some of the more obvious examples.

They also said some schools gave students so much help it amounted to "a kind of mass plagiarism".

Another board, Edexcel, said teacher guidance stretched or even went beyond what was acceptable.

Disqualification

The Qualifications and Curriculum Authority (QCA) watchdog is shortly to publish the results of a two-year inquiry into cheating in school exams.

o.gif
start_quote_rb.gif Often moderators would find several paragraphs beginning with exactly the same sentences, and paragraphs would be arranged in identical order end_quote_rb.gif
Examiners' report
Coursework is expected to be one of the main areas identified as a problem.

The AQA examiners' report deals with the version of the board's English syllabus taken by most candidates this June - more than 424,000 in all.

It said there had been considerable publicity about the availability of essays on the net.

Moderators - who check samples of the coursework which has been marked internally by schools - "found some quite serious instances of blatant copying of material".

They warned that candidates found to have cheated would always be reported and in serious cases most probably would be disqualified.

"Moderators have expressed some surprise at the more obvious examples they have seen," the report said.

The style of some written pieces was so different from the rest of the candidates' work they wondered how teachers had failed to challenge it, especially as they knew the candidates much better than the moderator.

'Scaffolding'

In some schools many candidates responded to a set text in such similar ways it was hard to tell them apart.

"Often moderators would find several paragraphs beginning with exactly the same sentences, and paragraphs would be arranged in identical order."

Schools are allowed to use "scaffolding" - giving students an outline of the structure, to marshal their thoughts.

"Scaffolding is undoubtedly an effective strategy for helping students to structure writing," the examiners said.

"But a distinction has to be made between using scaffolding as a teaching tool for individual learners and using it en masse with classes for a single task which is going to be submitted for assessment."

They felt that in many cases it restricted candidates rather than helping them.

"In the most severe cases, moderators found themselves having to make judgements about whether there was so much scaffolding and so little of the candidate's work that it was a kind of mass plagiarism."

'Teaching by numbers'

AQA's staff were not alone in having concerns.

At Edexcel, examiners said there were very few examples of blatant plagiarism, though it was "still very much an issue".

They added: "More insidiously worrying is the growth of what one moderator described as 'teaching by numbers' and there were other references to 'over reliance on teacher notes' and 'similar responses within a centre'.

"In such cases teacher guidance to candidates stretches what is acceptable to the limit (and beyond) by providing over detailed essay plans, which specify what should go in each paragraph, including the points to be made and the quotations to be used," their report said.

Among other things this made external moderation very difficult, if not impossible, "because it is unclear what work is the pupil's own".

Edexcel's design and technology examiners saw more instances this year of candidates writing "unsuitable and inappropriate comments about their teachers and the exam in general".

They added: "This must be discouraged as it can be, and in some cases, it is, very offensive."

C

Clima sofre a pior alteração dos últimos cinco mil anos

(Última edição: quarta-feira, 30 de novembro de 2005 às 19:38)
Clima sofre a pior alteração dos últimos cinco mil anos


rita carvalho, DN 30 Nov 2005

A Europa está a sofrer as piores alterações do clima dos últimos cinco mil anos. As consequências estão à vista 10% dos glaciares alpinos desapareceram em 2003 e os anos mais quentes de que há memória registaram-se em 1998, 2002, 2003 e 2004. Um relatório da Agência Europeia do Ambiente, divulgado ontem, faz um diagnóstico cinzento e não traça cenários risonhos. Portugal não é excepção: por cá os "progressos são pouco animadores", refere o documento.

O desaparecimento dos glaciares no Norte, a expansão dos desertos a Sul e a necessidade de concentrar a população no centro do continente, são alguns corolários do aquecimento global do planeta, que aumenta ao ritmo que crescem as emissões para a atmosfera de gases com efeito de estufa. As mudanças no clima já provocaram a subida de 0.95º C da temperatura média da Europa e prevê-se que, devido a isto, o homem se confronte, num futuro recente, com condições climatéricas com as quais nunca lidou.

Este diagnóstico consta do relatório "O Ambiente na Europa - situação e perspectivas 2005" e faz das alterações climáticas o principal desafio ambiental do futuro. Mas outras questões se colocam, como a perda de biodiversidade, os problemas dos recursos hídricos, da poluição atmosférica, dos ecossistemas marinhos e da desertificação dos solos. A pressão do homem sobre o território é cada vez maior e o aumento das zonas urbanas e edificadas implica a destruição dos recursos naturais.

"Alterámos a composição da atmosfera. Por isso estes dados que reflectem as consequências deste facto não são surpreendentes", considera Filipe Duarte Santos, cientista especialista em alterações climáticas. E explica desde os tempos da revolução industrial, os componentes de dióxido de carbono existentes na atmosfera aumentaram 30%. A libertação destes gases poluentes deve-se à queima dos combustíveis fósseis (petróleo e seus derivados), motivada pelo aumento do tráfego automóvel. A destruição das grandes áreas florestais também contribui para a concentração de gases, pois diminui a acção de sumidouro de dióxido de carbono das árvores. Os efeitos das alterações do clima estão à vista e tenderão a agravar-se, diz o cientista. O aumento de intensidade e capacidade destrutiva dos ciclones tropicais, a manifestação de fenómenos climáticos extremos, como as grandes secas no Sul e as cheias torrenciais no Norte, já fazem parte do presente e vão acentuar-se no futuro.

positivo. Mas nem tudo é mau. O relatório mostra que a implementação da legislação europeia no domínio do ambiente já está a ter resultados positivos, embora alguns efeitos só sejam visíveis ao fim de 10 ou 20 anos. "Conseguimos despoluir as águas e a atmosfera, eliminámos gradualmente algumas substâncias que destroem a camada de ozono e duplicámos as taxas de reciclagem de resíduos. Temos veículos menos poluentes", refere o documento.

À medida que os temas ambientais ganham destaque na agenda política, a sensibilização dos cidadãos cresce e, com ela, a exigência junto dos governantes. As sondagens eurobarómetro indicam que mais de 70% dos europeus desejam que os decisores políticos atribuam igual importância às políticas ambientais, económicas e sociais.

A alteração das regras da fiscalidade é uma medida concreta urgente, pois é uma das formas mais úteis de operar mudanças comportamentais. "Precisamos de reduzir os impostos sobre o trabalho e o investimento", defendeu a directora da Agência Europeia.

Coming Soon to TV Land: The Internet, Actually

(Última edição: domingo, 8 de janeiro de 2006 às 21:41)

Coming Soon to TV Land: The Internet, Actually

07vide583.jpg

Published: January 7, 2006, NYT
 

LAS VEGAS, Jan. 6 - What would a world with television coming through the Internet be like?

Skip to next paragraph
davidpogue_ces.gif
New York Times technology reviewer David Pogue is at the 2006 Consumer Electronics Show, posting blog entries and daily video updates.

Instead of tuning into programs preset and determined by the broadcast network or cable or satellite TV provider, viewers would be able to search the Internet and choose from hundreds of thousands of programs sent to them from high-speed connections.

At the International Consumer Electronics Show here this week, a future dominated by Internet Protocol TV, or IPTV, seemed possible, maybe even inevitable.

Giants like Yahoo and Google turned their attentions to offering new Internet programming. Hardware companies like Intel introduced chips and platforms that can push videos sent via an Internet connection to living room screens. And Microsoft looked for alliances that would allow its software to dominate living rooms as well as the home office.

"At one level it's clear that the dam has broken," said Paul Otellini, chief executive of Intel. "There's an inevitable move to use the Internet as a distribution medium, and that's not going to stop."

The rapid emergence of the consumer electronics and computer companies as Internet video providers is certain to challenge the control of the cable, telephone and satellite companies, which seek to dominate the distribution of digital content to the home. Competition has intensified as more consumers have upgraded to digital televisions.

Indeed, the easy availability of on-demand content over the Internet is certain to accelerate consumer expectations that they will have more control over digital video content, both to watch programs when they want as well as to move video programs to different types of displays in different rooms of the home.

"Appointment-based television is dead," said William Randolph Hearst III, a partner at Kleiner Perkins Caufield & Byers, the Silicon Valley venture capital firm. "The cable industry is really in danger of becoming commoditized."

Mr. Hearst sits on the board of Akimbo, a provider of an Internet service that permits users to download video content via the Internet to a set-top box digital video player. This week, Akimbo announced its first mainstream content deal to enable its customers to download Hollywood movies for later viewing on their televisions.

In the battle for the living room, cable, satellite, and increasingly, phone companies are trying to defend their turf by offering more choice through an array of content in video-on-demand programs.

But fending off the Internet's openness will be a struggle, one that the online companies themselves lost years ago.

At the onset of the dot-com era, large online service companies like AOL, Compuserve and MSN tried to lock customers into electronic walled gardens of digital information.

But it quickly became apparent that no single company could compete with the vast variety of information and entertainment sources provided on the Web.

The same phenomenon may well overtake traditional TV providers. Potentially, IPTV could replace the 100- or 500-channel world of the cable and satellite companies with millions of hybrid combinations that increasingly blend video, text from the Web, and even video-game-style interactivity.

Though still new, IPTV is already commercially available in limited areas both in the United States and internationally. To date, the new digital Internet content is hard to find and of uneven quality. Moreover, the consumer electronics industry is still struggling to complete copy protection agreements with Hollywood and other content providers.

But the advantage of IPTV is that it can potentially be deployed at lower cost than current cable television systems and can offer consumers features like the ability to record several programs simultaneously without having to add costly additional tuners. (And IPTV can potentially record many streams if bandwidth is available.)

A prototype of one feature of the Microsoft IPTV service, known in the industry as a matrix channel, allows several baseball games to be viewed simultaneously along with textual information like player statistics.

Internet search is also likely to play a defining role in shaping IPTV, according to executives attending the consumer electronics show.

Both Yahoo and Google announced plans to distribute video at the show, and Yahoo showed a new application intended to be used with a high-definition television to ease the search for video content, stream digital video and permit users to keep their personal information and files in sync whether they are viewing a PC, TV or mobile phone.


Proponents stress that the open- video Internet is still in its infancy and the battle may not be completely joined until a new generation of faster Internet connections reach the home. This is because to stream digital video requires about 1.5 megabits of bandwidth to send conventional NTSC video and from 6 to 8 megabits to send high-definition video.

Currently broadband data rates in the United States reach just 1.5 megabits or less, but those speeds are beginning to rise after years of delay as D.S.L. and cable companies upgrade their plant and equipment with fiber optic lines.

There are powerful companies that are now anxious to reach homes without being subjected to special content arrangements with D.S.L., cable and satellite providers.

They are companies like Apple, Google, Intel, Microsoft, Yahoo, and others, with all of them beginning to make available an ever-widening array of video content that looks more like a world of five million channels rather than 50 or even 500.

On Thursday, Intel introduced its new ViiV computer design that is intended to bring the abilities of the personal computer to the living room. ViiV is a set of computer hardware and software technologies that will go inside computers and set-top boxes.

Several hundred consumer electronics and computer companies announced plans to build ViiV-based systems, and Mr. Otellini said that more than 100 companies, including AOL, ESPN, MTV, NBC and Turner Broadcasting, would offer digital content for ViiV-based systems.

In his presentation at the consumer show Wednesday, Bill Gates, the Microsoft chairman, said that its home television Media Center version of Windows would be available for the new ViiV computers.

The logjam that has prevented such digital content delivery deals has been broken, Mr. Gates said, because the consumer electronics industry has now begun to reach so-called managed-content copyright protection agreements with Hollywood.

Moreover, many industry executives expect Steven P. Jobs to extend iTunes video service of Apple Computer from his company's portable iPods into the living room, possibly as early as next week at the company's annual MacWorld Exhibition in San Francisco.

Microsoft is also cooperating with two of the largest telephone service providers. After spending more than a decade courting the cable industry, with a plan that was originally called Cablesoft, Microsoft shifted allies and is now introducing its technology with telephone service providers.

Last fall, both AT&T, formerly SBC, and Verizon began limited introductions of Microsoft's version of IPTV.

Still, critics charge that the telephone companies are intentionally crippling the Internet capabilities of their services to appear much like traditional closed cable offerings.

"They're trying to construct their own separate world to keep their walled garden," said Robert Frankston, a personal computer industry pioneer and former Microsoft researcher.

The growing tension has begun to show in the objections of existing D.S.L. and cable providers that are threatening to create surcharges for Internet content providers as well as the prospect of the deployment of a two-tiered Internet in which favored customers would in effect have special high-performance lanes reserved for their use.

"They believe that if you control the user interface you make more money than if you are a dumb pipe," said Rob Glaser, chief executive of RealNetworks, the Internet music and video service provider.

Microsoft executives defend the way in which the telephone companies are deploying the company's IPTV technology, saying that if consumers are exposed to the chaos and uneven quality of the open Internet, it is likely to undermine the development of the new services.

"You need to begin with something that is easy to use and not overwhelming," said Christine A. Heckart, marketing general manager for Microsoft's TV division. "If we do this well you will have an experience much like TV today, only better."

She acknowledges that today's Internet generation may be far more receptive to a more interactive experience than traditional TV and eager not to be fenced in by their television service providers.

Microsoft has an early lead in offering IPTV technology both to the industry and to consumers, but at the electronics show this year Intel showed significant independence and introduced its own software features including digital video recording abilities with its ViiV platform.

Both companies, however, are trying to change the nature of television by making it possible for small start-ups to compete with giant networks by making available content that has never before been able to reach a global audience.

One such company is International Television Networks Inc. of Laguna Niguel, Calif. It recently struck an agreement with the National Lacrosse League to broadcast all of the league's games as well as customized player descriptions.

The company has adopted a strategy of making video content available for specialized markets, which was previously not possible using traditional television broadcasting technology.

"I can do everything a cable company can do," said David Koenig, the company's founder and chief technology officer, "but I will have 100,000 channels."



davidpogue_ces.gif
New York Times technology reviewer David Pogue is at the 2006 Consumer Electronics Show, posting blog entries and daily video updates.


D

Data, Music, Video: Raising a Curtain on Future Gadgetry

(Última edição: segunda-feira, 2 de janeiro de 2006 às 22:15)


Data, Music, Video: Raising a Curtain on Future Gadgetry

Published: January 2, 2006, NYT
 

The flat-panel televisions will be getting bigger, the MP3 players and cellphones will be getting smaller. And almost everything will be getting cheaper.

02electronics.1841.jpg

A new control pad from Elan operates any number of items in the home, from the TV to the drapes.

But the biggest trend expected at the International Consumer Electronics Show, which begins this week in Las Vegas, is that these machines will be communicating with one another. The theme of this year's show might best be described as Convergence: This Time We Mean It.

For more than a decade, manufacturers of consumer electronics like televisions and audio gear have talked about blending their products with personal computers, so that consumers can enjoy a seamless stream of data, video and music anywhere. It has not happened, because the two industries do not have compatible technology standards and the requisite high-speed Internet connections have not been widespread enough.

This year all that changes, say executives who will be introducing new products at the show. They say that consumers will finally be able to sling images and sound wirelessly around a room or an entire house. The major electronics makers will be showing TV's with computer capabilities and phones that will play video and music, as well as the next generation of digital recording and storage devices.

While technological convergence may now be possible, some fear the industries have not yet made connecting all those devices simple enough for the average user.

"There is still a lot of confusion around the connected home," said Van L. Baker, a market analyst with Gartner, a technology research and consulting firm. "Reducing it will be the challenge to keeping the momentum going."

Getting consumers past the confusion of how to link, say, a PC to a TV will be the next big hurdle.

The show comes after a very good year for consumer electronics. Plasma and liquid-crystal display televisions, MP3 players and digital cameras with five or more megapixels of resolution have been big sellers.

"We don't see any reason that this will slow down anytime soon," Mr. Baker said. "The transition of entertainment from analog to digital, of time-shifting and place-shifting, is just getting under way."

Attendees of the electronics show, the biggest trade show in the country, will be scrambling to get a first glimpse at some of the products that will fuel the growth of the industry, which represents $126 billion in annual sales. The annual exhibition is off limits to the general public, but it is expected to attract 130,000 executives, dealers, journalists and investors.

More than 2,500 exhibitors, a record, spread across 1.6 million square feet, another record, will try to grab their attention. This year, 6 percent of the exhibitors will be from China, illustrating that nation's significance as a major player in the industry. Among foreign attendees, China will rank third, behind Canada and Taiwan.

The show is more than just a display of new technological toys. It is also a forum for industry executives to forge alliances and present new business strategies.

Bill Gates, the chairman of Microsoft, will give his vision of the future in a speech Wednesday evening. Sir Howard Stringer, the chairman and chief executive of Sony, will take his turn Thursday morning. On Friday morning Terry Semel, the chairman and chief executive of Yahoo, will speak, followed later that day by Larry Page, a co-founder of Google.

Intel plans a major announcement about its new Viiv (rhymes with drive) multimedia platform, which will power PC's built to deliver digital entertainment. Intel hopes that Viiv will transform the home computer in the same way that its Centrino platform transformed the laptop into a mobile communications device. Paul S. Otellini, the chief executive of Intel, will give a speech Thursday evening outlining Intel's road map.

Manufacturers are expecting another record year in 2006, but with continuing declines in prices. Across a broad swath of categories like cameras and audio and DVD players, consumers will pay less and get more features. Even in the flat-panel TV industry, prices dropped as much as 40 percent in 2005. This trend will translate into slower revenue growth in 2006.

As for new areas of growth, analysts are predicting big sales of game consoles in 2006 as Sony introduces its PlayStation 3 and Nintendo brings out its Revolution console. Both devices, like the new Microsoft Xbox 360, can be used as the central node for a wirelessly networked home.

Electronics companies will also be introducing new home media servers and TV's that can receive digital content wirelessly from a PC or via an HDMI cable (for high-definition multimedia interface). Another hot topic at the show will be IPTV, or Internet protocol television, which sends programming over the Internet through a broadband connection.

Then there are the companies, like Elan Home Systems, that want to get right in the middle and sell devices to control all the networked appliances. Elan will be at the show introducing a control pad for everything in your house, from electronic devices to the drapes.

While major players in the electronics industry continue to squabble over the format of the next generation of DVD's - Blu-ray vs. HD-DVD - both factions will be showing products that consumers can buy this year. The new players will be expensive, some costing more than $1,000. Still, the industry expects to sell about a half-million of the new players in 2006, mostly as components in PC's rather than as stand-alone devices.

In the audio sector, companies are seeking ways to take advantage of the popularity and dominance of the Apple iPod. Several manufacturers are planning to announce products that will work with the iPod to move music to devices around the house.

Another big trend, said Steve Tirado, chief executive of Silicon Image, a semiconductor maker, is bigger storage devices. "People want a place to consolidate their digital media."

Ross Rubin, the director for industry analysis at NPD, a market research firm, said that apart from home networking systems, some new technologies would make their way to consumer markets this year.

Canon and Toshiba will both present televisions with surface-conduction electron-emitter displays. The technology produces crisper pictures than can be offered by existing flat-panel televisions, the manufacturers say. The sets will go on sale later this year.

Other Asian TV manufacturers will also demonstrate sets built with new organic light-emitting diodes that use less energy and could one day be cheaper to produce than liquid-crystal display panels.

Another notable product development to be seen at the show is the miniaturization of cathode-ray tube technology to fit into flat-panel televisions, allowing what could be the best-quality picture yet. "They will be very high end, very expensive," said Mr. Rubin. But like that of so many products at the show, the price will eventually go down.

Descoberto o autor de biografia falsa na enciclopédia on-line Wikipédia

(Última edição: terça-feira, 13 de dezembro de 2005 às 12:04)
O falsário pede desculpa e diz que tudo não passou de uma brincadeira
Descoberto o autor de biografia falsa na enciclopédia on-line Wikipédia
13.12.2005 - 10h41   :Ana Domingos (PÚBLICO) 

Foi identificado o autor da biografia falsa na Wikipédia, uma enciclopédia on-line que, até este incidente, aceitava contribuições de qualquer cibernauta anónimo, mas que agora já só aceita entradas de colaboradores registados. O falsificador, Brian Chase, norte-americano do estado do Tennessee, apresentou desculpas formais, disse que tudo fez parte de uma brincadeira destinada a um colega seu e que não lhe passou pela cabeça que alguém levasse a sério a dita enciclopédia on-line.

A vítima da biografia falseada, Jonh Seigenthaler, de 78 anos, que nos anos 60 foi assessor do procurador-geral dos EUA, Robert Kennedy, descobriu que, durante 132 dias, constavam factos falsos na entrada com o seu nome da Wikipédia. Nomeadamente, que estaria envolvido nos assassinatos de Jonh e Robert Kennedy e que teria vivido na União Soviética de 1971 a 1984. A denúncia rebentou com uma notícia assinada pelo próprio a 29 de Novembro no diário USA Today, jornal em que trabalhou como colunista e responsável da página de opinião.

O falsificador, Brian Chase, de 38 anos e gerente de uma pequena empresa de estafetas em Nashville, no estado do Tennessee, escreveu uma carta a Seigenthaler desculpando-se pelo incidente. Explicou que tudo fez parte de uma brincadeira destinada a um colega, com quem costumava discutir sobre os Seigenthaler, família homónima autóctone de Nashville.

"Não pensei duas vezes quando falseei a entrada, porque pensei que ninguém a tomaria a sério por mais que dois segundos", declara Chase na sua carta, que termina com o aviso da sua demissão da empresa.

Seigenthaler aceitou o pedido de desculpas e apelou ao chefe de Chase para que este não aceite o seu pedido de demissão. "Ainda bem que este aspecto do problema ficou resolvido", declarou Seigenthaler ao USA Today. No entanto, este revela alguma preocupação que "qualquer a biografia na Wikipédia seja afectada por este tipo de coisas - imagine o que poderá acontecer com Hilary Clinton... Tenho receio que o resultado disto seja termos o governo a regulamentar a Internet".

Em resposta ao incidente, a Wikipédia fez alterações de fundo à sua política de funcionamento, pelo que agora só colaboradores registados poderão acrescentar entradas. Deste modo, os responsáveis da Wikipédia prevêem que o numero de artigos diminuirá de milhares para aproximadamente 1500, mas que esse facto aumentará significativamente a qualidade do que é escrito.

A Wikipédia é um dos principais projectos da nova fase de desenvolvimento da Internet, chamada Web 2.0, que visa mudar o formato da World Wide Web estabelecida nos anos 90. Neste novo formato, a Internet possui maior liberdade de partilha e utilização dos seus conteúdos. Isto traduz-se numa comunicação mais aberta entre os diversos utilizadores, típica dos formatos que hoje se conhecem dos weblogs (plataformas de fácil publicação de conteúdos utilizáveis por qualquer pessoa) e dos wikis (páginas que podem ser editadas por qualquer utilizador).

Brian Chase tem agora entrada biográfica na Wikipédia como o "intrujão da Wikipédia".

Destruir para criar

(Última edição: segunda-feira, 11 de abril de 2005 às 23:48)
DN, 11 de Abril de 2005

José Correia Guedes

Professor da Católica

Destruir para criar

Mudança. No futuro, todas as chamadas fixas irão migrar para a Internet e serão suportadas inteiramente por software, dispensando a necessidade de infra- -estrutura dedicada como acontece actualmente. As telecomuni-cações fixas serão um serviço de Internet inteiramente gratuito, tal como é hoje o e-mail e os web-browsers

Grandes transformações económicas, com impacto generalizado no bem-estar da sociedade, conseguiram-se sempre à custa de rupturas com interesses instalados. Foi assim na aurora da revolução industrial, com a introdução do conceito de fábrica no sentido moderno, e é hoje com as novas tecnologias e processos de negócio assentes na Internet.

Há 300 anos atrás a actividade têxtil na Inglaterra baseava-se no sistema de produção domiciliária - o chamado putting-out. Negociantes de têxtil distribuíam pelas famílias das vilas e aldeias matérias-primas para serem tratadas e transformadas nos seus próprios lares, recolhendo, posteriormente, o produto já processado para venda ao consumidor final. Este sistema era extremamente popular. Os trabalhadores gostavam da ausência de supervisão e da possibilidade de poder definir os próprios ritmos de trabalho. Em termos económicos o sistema fazia sentido porque os bens de capital exigidos no processo de transformação eram modestos e não permitiam economias de escala. Para quê juntar toda a produção num local único, sob o mesmo tecto, se daí não decorriam ganhos de eficiência significativos?

Foi a introdução da máquina a vapor - e dos equipamentos complementares que exploravam a energia e a força libertada pela máquina a vapor - que alterou a situação. A máquina a vapor deu uma vantagem decisiva ao modelo de produção centrado numa fábrica e assente na produção em massa. Os produtores domiciliários resistiram enquanto puderam, vituperando a nova tecnologia como uma invenção do diabo, e os novos industriais como piratas do bem-estar alheio. Data desta altura o movimento dos luditas bandos de homens armados assaltavam à noite as fábricas para destruir as máquinas, numa cruzada pela defesa do seu modo de vida. Para os novos industriais, a reacção hostil da população tornou difícil encontrar mão-de-obra disposta a trabalhar nas fábricas. A solução foi procurar entre os mais desfavorecidos e com mais dificuldade em recusar uma oferta de trabalho: crianças, muitas vezes recrutadas dos orfanatos e de asilos para pobres, e mulheres, especialmente as novas e solteiras.

Hoje, é a Internet uma das principais ameaça aos interesses estabelecidos. A indústria discográfica foi uma das suas primeiras vítimas. Empresas como a Napster e depois a KaZaA, com os seus modelos inovadores de partilha de ficheiros, tornaram obsoleto o sistema tradicional de produção e comercialização de música. Os incumbentes usaram todos os meios ao seu alcance para neutralizar os novos piratas; conseguiram, finalmente, fechar a Napster por sentença judicial. Tarde de mais o génio já estava fora da lâmpada. Os gigantes discográficos de uma outra era atrás já tinham sido, irremediavelmente, ultrapassados pela história. Hoje é a Apple com o ipod o modelo de negócio triunfante na distribuição de conteúdos musicais. Paga um montante simbólico por um single (começou por ser 1 dólar) e pode ouvi-la quantas vezes quiser, quando quiser, onde quiser. Há poucas semanas atrás, o Financial Times relatava que a venda de singles descarregados pela Net ultrapassou pela primeira vez a venda de CD por canais tradicionais.

Outro teatro de operações em que a Internet começa a criar carnificina entre os incumbentes é o das telecomunicações fixas. Niklas Zennstrom e Janus Friis, dois jovens escandinavos, depois de fundarem a KaZaA, criaram a Skype, uma incarnação da Napster para o sector das telecomunicações. Enquanto a Napster oferecia a possibilidade de ouvir música de uma forma gratuita, a Skype oferece a possibilidade de fazer chamadas telefónicas sem pagar. Ao contrário de Napster, porém, a Skype tem uma base legal sólida. O modelo da Skype, tal como anteriormente o da Napster, assenta em tecnologia peer-to-peer redes informais de computadores pessoais interligados por conexões de banda larga, via Internet, que permitem a circulação de conteúdos digitais, sejam eles ficheiros musicais ou ficheiros de voz. Enquanto chamadas de voz entre utilizadores de Skype são grátis, chamadas entre utilizadores de Skype e não utilizadores importam um custo, pois utilizam as linhas telefónicas dos operadores incumbentes. Para aderir basta instalar o software num computador pessoal ligado em banda larga à Internet e com sistema operativo Windows. Para já, os utilizadores são maioritariamente empresas, mais sensíveis ao argumento de redução de custos. No entanto, os fundadores da Skype acreditam que no futuro todas as chamadas fixas irão migrar para a Internet e serão suportadas inteiramente por software, dispensando a necessidade de infra-estrutura dedicada como acontece actualmente. As telecomunicações fixas serão um serviço de Internet inteiramente gratuito, tal como é hoje o e-mail e os web-browsers . Se este visionários têm razão, as grandes empresas de telecomunicações fixas irão pelo mesmo caminho de definhamento que as suas congéneres do sector discográfico foram na última década e que a produção têxtil de base domiciliária foi há 300 anos.
E

Economia, emprego e factor cultural

(Última edição: segunda-feira, 11 de abril de 2005 às 23:46)
Adelino Torres, Professor  do ISEG
DN, 11 de Abril de 2005


Cultura. Se, de facto, a economia é importante, é duvidoso que, por si só, resolva os problemas da organização da sociedade contemporâ-nea. Os dilemas culturais colocados pela evolução vertiginosa da ciência, da tecnologia e das ideias oferecem desafios urgentes a que apenas pode responder uma sociedade educada

A propósito da crise fala-se muito de economia e de finanças e pouco desse outro pilar do desenvolvimento que é a "cultura", aqui tomada no sentido amplo do termo.

 Se, de facto, a economia é importante, é duvidoso que, por si só, resolva os problemas da organização da sociedade contemporânea. Os dilemas culturais colocados pela evolução vertiginosa da ciência, da tecnologia e das ideias oferecem desafios urgentes a que apenas pode responder uma sociedade educada.

 É por isso que um ensino exclusivamente orientado por uma óptica utilitarista estática, que não esteja, em particular, assente na investigação fundamental, revelar-se-á a prazo inoperante e mesmo factor de retrocesso se, como é previsível num sistema dinâmico, os mercados evoluírem, os objectivos mudarem e o tipo de empregabilidade se transformar radicalmente.

 Desde logo a educação não pode ter uma visão estreita virada para satisfazer apenas as "necessidades da economia" tal como por vezes a vemos, porque é grande o risco de muitas profissões ficarem rapidamente obsoletas e não corresponderem às "necessidades" da sociedade, do mercado e do Estado.

 Sem negligenciar uma determinada especialização e qualificação profissional, importa que se prepare antes de mais a juventude para a mudança, a qual implica abertura de espírito, curiosidade, autonomia, pensamento crítico e criativo. Em resumo tudo o que pressupõe cultura e competitividade.

 Também a "formação ao longo da vida" só é plenamente realizável se as pessoas tiverem ao menos um determinado nível de literacia (no sentido de "cultura geral") articulada com a faculdade de mudar. Essa literacia condiciona em larga medida a atitude e a capacidade dos agentes económicos no âmbito da "actualização de competência".

 Se assim for, limitar-se a avaliar a educação de um ponto de vista exclusivamente "prático" ou utilitarista (satisfazer as necessidades imediatas do mercado em nome de um "realismo" discutível) é uma aporia que pouco resolverá. Como alguém disse (Filipe Botton), não basta agir por reacção, é necessário fazê-lo por antecipação. O imediatismo não é bom conselheiro nem dará resposta aos problemas das empresas e menos ainda aos do país.

 Por outro lado, a cultura excede largamente o que a escola ensina. Na sociedade civil os meios audiovisuais, imprensa, TV, clubes desportivos, associações, partidos, internet etc. têm grande influência, infelizmente nem sempre com os melhores resultados. Por exemplo, certos canais de televisão confundem demasiadas vezes "popular" com rasca e "cultura" com obscuridade. É preciso desmistificar, sem demagogia, a trindade fatídica que, no espírito do cidadão médio, mistura cultura com obscuridade e com tédio, afastando-o em vez de o atrair, diminuindo-o em lugar de o fazer melhor.

 Em televisão há certamente cultura nos populares e pedagógicos programas do brasileiro Jô Soares, infinitamente superiores em humor e inteligência a programas portugueses congéneres, cujo conteúdo pode frequentemente ser classificado como "dissolvente" e anticultural, onde impera o snobismo, a mentalidade paroquial e as personagens patéticas tiradas de uma farsa tonta.

 Por seu turno os clubes desportivos poderiam aproveitar as suas "claques" para favorecer a civilidade e educação da juventude e não para promover tribos de desordeiros; enquanto que os partidos políticos ganhariam em dar às juventudes partidárias uma formação pluridisciplinar séria, em seminários de Verão, a fim de não favorecer a promoção de clientelas de oportunistas incultos sem sentido da causa pública.

 Com estas e outras melhorias, ajudar-se-ia mais seguramente a qualidade dos recursos humanos, a produtividade e a economia do que em descarregar sistematicamente as culpas todas sobre o ensino e a universidade onde finalmente não se trabalha tão mal como alguns dizem...

Em Portugal compensa ser licenciado

(Última edição: sábado, 29 de outubro de 2005 às 16:37)
Expresso, 29 de Outubro de 2005

Ensino artístico é fundamental, António Damásio

(Última edição: quarta-feira, 15 de março de 2006 às 17:06)

Ensino artístico é fundamental

2006/03/06 | 13:04

E não deve ser secundarizado face à Matemática e outras ciências, diz António Damásio

O neurocientista António Damásio considerou hoje que o ensino artístico é fundamental para o desenvolvimento de bons cidadãos e que o seu papel não deve ser secundarizado nas escolas face à Matemática e outras ciências exactas, noticia a agência Lusa.

O investigador radicado nos Estados Unidos, falava na Conferência Mundial de Educação Artística, que hoje se iniciou no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, onde durante quatro dias cerca de 700 participantes de 150 países vão estar reunidos para debater a educação artística a convite da UNESCO.

«O teatro, a literatura, a poesia e outras artes criam emoções inesquecíveis e a sua aprendizagem é muito importante na criatividade, no desenvolvimento de capacidades ligadas à inovação», argumentou o investigador durante a primeira conferência deste encontro.

Director do Instituto do Cérebro e da Criartividade da Universidade da Califórnia, António Damásio é professor de psicologia, neurociência e neurologia.

Na sua intervenção, intitulada «Cérebro, Arte e Educação», o cientista alertou que, no mundo actual da globalização e grande velocidade de informação, as aptidões cognitivas das novas gerações desenvolvem-se muito mais rapidamente do que as suas capacidades emocionais e estas últimas são essenciais para a formação de cidadãos.

«Sabemos hoje que as crianças afectadas nos seus sistemas emocionais não vão conseguir aprender as convenções sociais em adultos», disse, acrescentando que a sociedade não deve subalternizar o plano cognitivo ao plano emocional.

António Damásio considerou «preocupante» o desfasamento entre o desenvolvimento do lado cognitivo, normalmente mais valorizado porque é associado à razão, e o lado emocional entre as crianças e jovens nas sociedades actuais e as suas consequências futuras.

http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=654294&div_id=291

Estou profundamente preocupado com a economia portuguesa

(Última edição: sábado, 16 de abril de 2005 às 12:17)
DN Segunda-feira, 11 de Abril de 2005
Entrevista a Miguel Beleza


A economia entrou uma fase dita de "reestruturação" com um desfecho ainda incerto. Concorda com esta análise de alguns economistas?

Eu gostava de acreditar que as medidas e o programa a apresentar pelo Governo irão ter como resultado a recuperação do crescimento potencial da economia. Mas estou profundamente preocupado. Não estou muito optimista em relação ao futuro. O que faz crescer o País é o sector privado, mas nos últimos anos observamos um comportamento do sector privado que se reflecte num crescimento potencial muito baixo.

Não vê dinamismo, entusiasmo, é isso?

Tenho dificuldade em ver... Não estou a criticar ninguém, porque acho ridículo criticar os empresários. Agora, de facto, vejo pouca garra... desde há muitos anos que crescemos muito pouco.

Mas qual a origem desta situação? Baixos níveis de confiança, formação dos empresários, efeitos da subsidiação estatal?

Não é fácil explicar. Existem muitos factores que ajudam a compreender o fenómeno... de entre os quais, com certeza, uma política fiscal e orçamental errada. Uma das explicações podem ainda ser encontradas no enorme boom de consumo e de algum investimento no final dos anos 90, justificadas pelas baixas taxas de juro. Um ciclo que tinha de terminar. Aliás, é o colapso da procura interna a principal razão por que o País entrou em recessão económica. Mas admito que isto explique apenas uma parte da equação...

Talvez a insuficiência das reformas estruturais...

Não vejo as tais reformas estruturais... Fala-se na necessidade de inovação, formação, educação, mas tudo isto não é para amanhã e a urgência era ontem.

Não há prescrições para a economia a curto prazo?

Não conheço.

Alguns economistas falam dos efeitos nefastos do famoso "discurso da tanga" de Durão Barroso...

Não acredito que os agentes económicos vão em histórias, mas de facto vejo pouca "garra".

As últimas previsões da Comissão Europeia indicam uma estimativa de crescimento de 1,6% para a zona euro. qual o significado para Portugal?

Significa uma má notícia. Para Portugal a revisão em baixa da estimativa do crescimento foi ainda mais drástica. Os principais mercados do País na UE vão crescer pouco e teremos mais um factor negativo a acrescentar, que terão como resultado um fraco crescimento da economia portuguesa...

Repercussões nas exportações, turismo...

Temos, basicamente, dois problemas. Portugal tem perdido quotas de mercado e competitividade. Em 2004, a economia terá crescido 1,0% e a procura interna cerca de 2,0%. As exportações nem se portaram muito mal, o problema é que as importações aumentaram muito. Isto sugere que um pequeno impulso na procura interna provoca uma enorme repercussão nas importações. Ou seja, as empresas portuguesas são pouco competitivas. Isto, a par da queda do crescimento potencial da economia, é um problema grave.

Os dados recentes demonstram que o crescimento potencial da economia está num ponto muito baixo...

Neste momento, está à volta de 1,6% do PIB, quando Portugal deveria aspirar a um crescimento potencial bem acima de 3, 4%... Estamos a ter sucessivos crescimentos baixos, e o impulso da procura interna não se repercute no aumento do produto e não tem, naturalmente, repercussões no aumento do emprego. Isto para mim é, neste momento, o maior problema do País.

Até quando teremos estas dificuldades?

Não é fácil responder... Mas podemos ter este problema durante alguns anos.

Posso arriscar mais uns quatro, cinco anos?

Talvez nem tanto, mas... dois, três anos. Tenho alguma esperança na recuperação da competitividade e acredito que as reformas estruturais anunciadas pelos últimos governos, e em particular pelo actual, acabem por produzir algum efeito, num prazo razoável.

As importações estão a provocar um novo disparo no endividamento externo, após uma redução em 2003. Não existe solução para estancar esta tendência?

Enquanto a competitividade não melhorar, teremos esse problema. Preocupa-me que a um crescimento moderado da economia em 2004 reflectiu-se de imediato num aumento muito forte do endividamento externo. É um sintoma do tal crescimento potencial fraco. Mas graças à nossa presença na zona euro, o endividamento externo é um problema solúvel.

Como não bastasse, o contínuo aumento dos preços internacionais do barril do petróleo poderá ter graves reflexos na economia portuguesa...

Isso é um problema muito sério, mais sério do que prevíamos... Para a economia portuguesa é particularmente difícil, dado o alto grau de dependência do petróleo. Significa o empobrecimento do País...

F

Finding Design in Nature

(Última edição: quarta-feira, 30 de novembro de 2005 às 22:10)
July 7, 2005
Finding Design in Nature

By CHRISTOPH SCHONBORN
Vienna

EVER since 1996, when Pope John Paul II said that evolution (a term he did not define) was "more than just a hypothesis," defenders of neo-Darwinian dogma have often invoked the supposed acceptance - or at least acquiescence - of the Roman Catholic Church when they defend their theory as somehow compatible with Christian faith.

But this is not true. The Catholic Church, while leaving to science many details about the history of life on earth, proclaims that by the light of reason the human intellect can readily and clearly discern purpose and design in the natural world, including the world of living things.

Evolution in the sense of common ancestry might be true, but evolution in the neo-Darwinian sense - an unguided, unplanned process of random variation and natural selection - is not. Any system of thought that denies or seeks to explain away the overwhelming evidence for design in biology is ideology, not science.

Consider the real teaching of our beloved John Paul. While his rather vague and unimportant 1996 letter about evolution is always and everywhere cited, we see no one discussing these comments from a 1985 general audience that represents his robust teaching on nature:

"All the observations concerning the development of life lead to a similar conclusion. The evolution of living beings, of which science seeks to determine the stages and to discern the mechanism, presents an internal finality which arouses admiration. This finality which directs beings in a direction for which they are not responsible or in charge, obliges one to suppose a Mind which is its inventor, its creator."

He went on: "To all these indications of the existence of God the Creator, some oppose the power of chance or of the proper mechanisms of matter. To speak of chance for a universe which presents such a complex organization in its elements and such marvelous finality in its life would be equivalent to giving up the search for an explanation of the world as it appears to us. In fact, this would be equivalent to admitting effects without a cause. It would be to abdicate human intelligence, which would thus refuse to think and to seek a solution for its problems."

Note that in this quotation the word "finality" is a philosophical term synonymous with final cause, purpose or design. In comments at another general audience a year later, John Paul concludes, "It is clear that the truth of faith about creation is radically opposed to the theories of materialistic philosophy. These view the cosmos as the result of an evolution of matter reducible to pure chance and necessity."

Naturally, the authoritative Catechism of the Catholic Church agrees: "Human intelligence is surely already capable of finding a response to the question of origins. The existence of God the Creator can be known with certainty through his works, by the light of human reason." It adds: "We believe that God created the world according to his wisdom. It is not the product of any necessity whatever, nor of blind fate or chance."

In an unfortunate new twist on this old controversy, neo-Darwinists recently have sought to portray our new pope, Benedict XVI, as a satisfied evolutionist. They have quoted a sentence about common ancestry from a 2004 document of the International Theological Commission, pointed out that Benedict was at the time head of the commission, and concluded that the Catholic Church has no problem with the notion of "evolution" as used by mainstream biologists - that is, synonymous with neo-Darwinism.

The commission's document, however, reaffirms the perennial teaching of the Catholic Church about the reality of design in nature. Commenting on the widespread abuse of John Paul's 1996 letter on evolution, the commission cautions that "the letter cannot be read as a blanket approbation of all theories of evolution, including those of a neo-Darwinian provenance which explicitly deny to divine providence any truly causal role in the development of life in the universe."

Furthermore, according to the commission, "An unguided evolutionary process - one that falls outside the bounds of divine providence - simply cannot exist."

Indeed, in the homily at his installation just a few weeks ago, Benedict proclaimed: "We are not some casual and meaningless product of evolution. Each of us is the result of a thought of God. Each of us is willed, each of us is loved, each of us is necessary."

Throughout history the church has defended the truths of faith given by Jesus Christ. But in the modern era, the Catholic Church is in the odd position of standing in firm defense of reason as well. In the 19th century, the First Vatican Council taught a world newly enthralled by the "death of God" that by the use of reason alone mankind could come to know the reality of the Uncaused Cause, the First Mover, the God of the philosophers.

Now at the beginning of the 21st century, faced with scientific claims like neo-Darwinism and the multiverse hypothesis in cosmology invented to avoid the overwhelming evidence for purpose and design found in modern science, the Catholic Church will again defend human reason by proclaiming that the immanent design evident in nature is real. Scientific theories that try to explain away the appearance of design as the result of "chance and necessity" are not scientific at all, but, as John Paul put it, an abdication of human intelligence.

Christoph Schnborn, the Roman Catholic cardinal archbishop of Vienna, was the lead editor of the official 1992 Catechism of the Catholic Church.


Copyright 2005 The New York Times Company

Francis Wheen's top 10 modern delusions

(Última edição: domingo, 29 de janeiro de 2006 às 17:47)
Francis Wheen's top 10 modern delusions

http://books.guardian.co.uk/top10s/top10/0,6109,1140156,00.html


Francis Wheen is a journalist and author of several books, including a highly acclaimed biography of Karl Marx. His collected journalism, Hoo-Hahs and Passing Frenzies, won the George Orwell prize in 2003.
Francis Wheen's new book, How Mumbo-Jumbo Conquered the World: A Short History of Modern Delusions, is published by Fourth Estate.

Buy How Mumbo-Jumbo Conquered the World at Amazon.co.uk

1. "God is on our side"
George W Bush thinks so, as do Tony Blair and Osama bin Laden and an alarmingly high percentage of other important figures in today's world. After September 11 2001 Blair claimed that religion was the solution not the problem, since "Jews, Muslims and Christians are all children of Abraham" - unaware that the example of Abraham was also cited by Mohammed Atta, hijacker of the one of the planes that shattered the New York skyline. RH Tawney wrote in Religion and the Rise of Capitalism that "modern social theory, like modern political theory, developed only when society was given a naturalistic instead of a religious explanation". In which case modern social and political theory would now seem to be dead.

2. The market is rational
Financial sophisticates in the 21st century smile at the madness of the South Sea Bubble or the absurdity of the Dutch tulip craze. Yet only a few years ago they scrambled and jostled to buy shares in dotcom companies which had no earnings at all nor any prospect of ever turning a profit. To justify this apparent insanity, they maintained that such a revolutionary business as the internet required a new business model in which balance sheets were irrelevant. In short, they thought they had repealed the laws of financial gravity - until they came crashing down to earth.

3. There is no such thing as reality
Hence the inverted commas which postmodernists invariably place round the word. They see everything from history to quantum physics as a text, subject to the "infinite play of signification". But if all notions of truth and falsity cease to have any validity, how can one combat bogus ideas - or indeed outright lies? There is, for instance, a mass of carefully empirical research on the Nazi extermination of the Jews. As Professor Richard Evans points out, "To regard it as fictional, unreal or no nearer to historical reality than, say, the work of the 'revisionists' who deny that Auschwitz ever happened at all, is simply wrong. Here is an issue where evidence really counts, and can be used to establish the essential facts. Auschwitz was not a discourse."

4. We mustn't be "judgmental"
In 2002 the Guardian revealed that Christian fundamentalists had taken control of a state-funded school in Gateshead and were striving to "show the superiority" of creationist beliefs in their classes. When Jenny Tonge MP asked Tony Blair if he was happy that the Book of Genesis was now being promoted as the most reliable biology textbook, he replied: "Yes. . . In the end a more diverse school system will deliver better results for our children." This is the enfeebling consequence of unthinking cultural and intellectual relativism. If some schools start teaching that the moon is made of Swiss cheese or that the stars are God's daisy chain, no doubt that too will be officially welcomed as a healthy sign of educational diversity.

5. Laissez-faire capitalism is the prerequisite for trade and prosperity
The International Monetary Fund may say so, as it imposes Thatcher-style solutions all over the world, but its own figures tell a different story. Its report on The World Economy in the 20th Century", published in 2000, includes a graph - printed very small, perhaps in the hope that no one would notice - which shows that the pre-Thatcherite period between 1950 and 1973 was by far the most successful of the century. This was an era characterised by capital controls, fixed exchange rates, strong trade unions, a large public sector and a general acceptance of government's role in demand management. The average annual growth in "per capita real GDP" throughout the world was 2.9% - precisely twice as high as the average rate in the two decades since then.

6. Astrology and similar delusions are "harmless fun"
Those who say this never explain what is either funny or harmless in promoting a con-trick which preys on ignorance and anxiety. Yet even the Observer, Britain's most venerable and enlightened Sunday newspaper, now has a horoscope page.

7. Thin air is solid
Charles Leadbeater's book Living on Thin Air (1999), a starry-eyed guide to the "weightless economy", was described by Peter Mandelson as "a blueprint for what a radical modernising project will entail in years to come". The dustjacket also carried a tribute from Tony Blair, hailing Leadbeater as "an extraordinarily interesting thinker" whose book "raises criticial questions for Britain's future". Three years later, after the pricking of the dotcom bubble, industry secretary Patricia Hewitt admitted that "industrial policy in [Labour's] first term of office was mistaken, placing too much emphasis on the dotcom economy at the expense of Britain's manufacturing base...The idea of Living on Thin Air was so much hot air." Tactfully, she forgot to mention that the chief hot-air salesman had been her own leader.

8. Sentimental hysteria is a sign of emotional maturity
The psychotherapist Susie Orbach interpreted the 'floral revolution' outside Kensington Palace after Princess Diana's death as proof that we were "growing up as a nation". Will Hutton, radical social democrat and republican, said that the collective genuflection before a dead aristocrat showed that the British were "freeing ourselves from the reins of the past". The assumption is that emotional populism represents a new kind of collective politics. In fact, it is nothing more than narcissism in disguise.

9. America's economic success is entirely due to private enterprise
In the 19th century, the American government promoted the formation of a national economy, the building of railroads and the development of the telegraph. More recently, the internet was created by the Pentagon. American agriculture is heavily subsidised and protected, as are the steel industry and many other sectors of the world's biggest "free-market economy". At times of economic slowdown, even under presidents who denigrate the role of government, the US will increase its deficit to finance expansionary fiscal and monetary policies. But its leaders get very cross indeed if any developing country tries to follow this example.

10. "It could be you. . ."
This was the advertising slogan for the National Lottery, that monument to imbecility, which was introduced (fittingly enough) by John Major. And millions of British adults apparently believed it, even though the odds on winning the jackpot are 13m to one. It could be you. . . but it bloody well won't be.
I

Inédito: GNR entrou no campus do Monte da Caparica

(Última edição: quarta-feira, 2 de novembro de 2005 às 22:35)
Exclusivo CMtrf.gif


2005-10-02 - 13:00:00

Inédito: GNR entrou no campus do Monte da Caparica


Festa do caloiro na Nova acaba com bastonadas

Jorge Godinho
A carga policial teve lugar dentro da Faculdade de Ciências e Tecnologia, onde decorria uma festa
A carga policial teve lugar dentro da Faculdade de Ciências e Tecnologia, onde decorria uma festa
Era a festa de encerramento da Semana do Caloiro na Faculdade de Ciências e Tecnologia, no Monte da Caparica. Havia música alta e cerveja a rodos. Pelas 5h00, dois grupos de rapazes envolveram-se em desacatos. Houve chapadas e pontapés. Pouco tempo depois, o Pelotão de Intervenção Rápida da GNR entrou no campus universitário. Ninguém escapou às bastonadas. Levaram os desordeiros e os outros. Pelo menos cinco estudantes, com hematomas e lesões, foram assistidos no Hospital Garcia de Orta, em Almada. Revoltados, os pais dos jovens feridos, decididos a apresentar queixa, lembram que, mesmo antes do 25 de Abril, não foi dada autorização à polícia para entrar nas universidades.

px.gif
O Gustavo, aluno do 4.º ano de Engenharia Civil, foi atingido por um bastão no joelho. Por sorte, disse, não lhe partiram qualquer osso, mas não tem tanta certeza sobre o estado do menisco. Tal como ele, foram assistidos no Garcia de Orta outros quatro jovens, entre os quais uma rapariga, magoada no nariz.

Eles [o Pelotão de Intervenção Rápida] entraram e arrearam em tudo o que viam à frente. Dois ou três colegas meus foram atingidos nas pernas e na cara. O Gustavo, embora longe do local onde começara a briga, apanhou por tabela. Foi o caos, quem estava na festa saltou o gradeamento e tentou a fuga, adiantou, afirmando-se surpreendido com o facto de a GNR ter chegado poucos minutos após o início dos desacatos. Tinham escudos e bastões e vi que pelo menos um segurava uma caçadeira.

NÃO IMPEDIRAM A ENTRADA

O quartanista de Engenharia Civil, habitué das festas na FCT, disse nunca ter presenciado uma acção policial tão violenta, muito menos dentro do espaço universitário. Em todas as festas há um ou outro desentendimento, mas passa depressa. Não é preciso que venha a polícia.

Duas patrulhas do posto da GNR da Trafaria contactado por vizinhos da FCT incomodados com o volume da música tinham estado antes no recinto, sem desenvolver outra acção além da troca de palavras com os jovens, universitários ou não, pois na festa entrou quem pagou. Mas, à terceira chamada, apareceu o Pelotão de Intervenção Rápida (PIR) da GNR de Almada.

Fonte daquela força de segurança admitiu a entrada dos militares da GNR na faculdade, alegando que a direcção da mesma não tentou impedi-los.

Quanto à mobilização do PIR, um corpo especializado na manutenção da ordem pública, deveu-se à presença de milhares de pessoas no local. Por outro lado, segundo o responsável, os militares do posto da GNR da Trafaria tinham antes sido insultados por alguns convivas, exaltados e sob efeito do álcool, que também tentaram agredi-los.

A mesma fonte admitiu que foram desferidas algumas bastonadas, afirmando contudo desconhecer que tivessem causado ferimentos que requeressem tratamento no hospital. Da acção do PIR não resultou qualquer detenção.

UNIVERSIDADE NEGA AUTORIZAÇÃO DE INTERVENÇÃO

O reitor da Universidade Nova de Lisboa (UNL), Leopoldo Guimarães, garantiu ao CM que não houve autorização quer da reitoria quer da direcção da faculdade para a entrada do corpo policial nas instalações da Faculdade de Ciências e Tecnologia. Leopoldo Guimarães acentuou que a GNR não pode entrar no recinto sem a autorização prévia dos dirigentes e responsáveis da faculdade e universidade, pelo que considera a actuação do Pelotão de Intervenção Rápida da GNR uma invasão abusiva.

O reitor da UNL afirmou que a festa dos caloiros foi devidamente autorizada pelos órgãos de gestão da Faculdade. Mostrando-se agastado com a intervenção policial, Leopoldo Guimarães anunciou que vai ser elaborado um inquérito, que será levado até às últimas consequências.

Ao fim de 30 anos na Universidade Nova, disse, foi a primeira vez que aconteceu uma invasão deste tipo, lamentando que a carga policial tenha originado feridos.

Quem sofreu na pele algumas investidas policiais contra estudantes foi o fiscalista Saldanha Sanches, que entrou para a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa em 1963. As causas são muito diversas, não tem nada a ver com as bastonadas que levávamos antes do 25 de Abril, apenas é um reviver na forma.

Saldanha Sanches considera que actualmente não há razões para que a polícia não entre numa universidade, se for necessária a sua presença. Isto porque, afirma, as universidades são locais de investigação e de trabalho e se numa festa os estudantes se embebedam e há excessos, a polícia deve actuar como actua em discotecas ou boîtes.

LICENÇAS E EXPLICAÇÕES AO MINISTÉRIO

A Associação de Estudantes da FCT da Universidade Nova de Lisboa, que organizou a festa final da Semana do Caloiro, tenciona pedir explicações ao Ministério da Administração Interna acerca da carga policial ontem verificada dentro do espaço universitário.

Alguma vez se viu uma coisa assim: polícia especial no campus a bater nos alunos que estão a participar numa celebração?, questiona, indignado, João Pina, presidente da Associação de Estudantes (AE) da FCT.

João Pina reconheceu que faltava à AE a licença de ruído, necessária em situações como a descrita, com a música em volume muito elevado, garantindo, contudo, que podia apresentar a autorização camarária. Não naquela altura, porém. Quem tinha a chave do sítio onde a licença tinha sido guardada não estava lá no momento, mas eu garanti à GNR que apresentaria a autorização no dia seguinte, afirmou o dirigente.

O argumento não colheu junto dos militares. Disseram-me que a música tinha de acabar às 4h00 e eu assim fiz. Pouco depois, garante, quando os jovens desmobilizavam, dois grupos envolveram-se em briga. E os elementos do Pelotão de Intervenção Rápida começaram.




» Comentários

Domingo, 2 Outubro


- Iscspiana
Há aqui comentários absurdos! Não sou aluna da FCT mas estive na festa e vi muita gente simplesmente a divertir-se sem qualquer problema. Pagamos 200cts/ano e temos direiro ao divertimento não? Quem não esteve lá, não viu os seguranças a levarem da GNR pois não?! E outra coisa: a FCT fica praticamente num descampado... o que terá dito a população à volta do Técnico na 6a com o Arraial? 3ºmundo é o que é!

- Ricardo Pereira
Eu só gostava de saber uma coisa! Aonde é que anda o corpo de intervenção quando realmente é preciso? Assaltos, roubos violência nas ruas e polícia nem vê-la! E foram meter-se na fct aonde estavam todos simplesmente a divertir-se sem fazer mal a ninguém! E ainda dizem estes senhores da autoridade que merecem respeito? Respeitaram aqueles que estavam na festa?

- Milton- aluno da UNL/FCT
Eu estive lá e tenho vergonha de pertencer a um país onde a polícia agride indiscriminadamente pessoas que estão apenas a divertir-se. Já os "cidadaos" que estão para aí a "opinar" deviam era levar com umas valentes bastonadas na cabeça para ver se de uma vez por todas conseguem formular opiniões devidamente fundamentadas.

- André - FCTense
Como aluno da FCT e como cidadão português, venho por este meio mostrar o meu pesar ao estado deste pais quando se dá porrada a estudantes e palmadinhas nas costas a traficantes. Estive na festa, sai antes do sucedido, mas eram 4h e todos se divertiam sem nenhum problema! Queria também dizer que na festa não existiam só estudantes, quem paga-se o bilhete tinha direito a entrar! A polícia pagou?

- João Silva - aluno 19199
Não percebo porque é que esta notícia gera uma discussão sobre propinas. 900 anuais isolados, são problema para muito poucas pessoas. Agora, o que é um problema são 900 anuais + alimentação + transportes todos os meses. E não acho que ter dinheiro para a festa tenha que ver com o caso. A bebida/festa é acessória, logo deve ser paga. A educação é essencial, logo NÃO DEVE SER PAGA. Tenho dito.

- paulo-setubal
Coitadinhos dos estudantes, andam sempre a reclamar que são caras os propinas, ando eu a pagar impostos para eles estudarem e depois quando é para gastar em álcool com fartura nunca falta dinheiro... por isso o país vai de mal a pior. É esta a geração que um dia vai governar o país.... Tenham dó e respeitem os outros, inclusive a as F. de Segurança.

- Jerónimo Cunha
Peço a todos os que aqui deixam comentários PARA NÃO COMENTAREM O QUE NÃO SABEM, culpar os estudantes é fácil mas antes de abrirem a boca pensem no que vão dizer. Li comentários de pessoas que nada sabem altamente vergonhosos. Foi grave o que se passou e culpa da GNR que não teve a melhor atitude, abuso de autoridade foi o que se passou, e falo com conhecimento de causa.

- Henrique Braz Falcão Ferreira - Aluno nº13450 da FCT/UNL
Além disso, a partir do momento que for crime apanhar uma bebedeira, punido com uma carga policial, não tenhamos hipocrisias, todas as pessoas que estão a louvar a acção da polícia já tinham levado porrada. Não digo que não tenha havido quem tenha insultado polícias. Digo que eles carregaram sobre os 99% que não tinham.

- Nuno
O q se passou na 6ª foi um autêntico atentado à classe estudantil, agredir gratuitamente, onde já se viu...

- Manuel Pimenta nº17433 FCT-UNL
Para q de facto o barulho chegasse aos prédios circundantes, teria de ser insuportável para os presentes e é tb de reprovar a chamada da GNR em primeiro lugar. A sua intervenção tendo em conta a existência de licença é de condenar. E a sua postura claramente agressiva para com tudo e todos é de investigar em profundidade, pq ninguém ker ouvir a desculpa da nação: a geração rasca...

- Manuel Pimenta nº17433 FCT-UNL
É normal a presença de indíviduos estranhos à faculdade tendo em conta q esta festa é de acesso não-restrito, e esses mesmo indivíduos mtas vezes são de postura "duvidosa", dado o facto de estarmos situados na Margem Sul, no Monte da Caparica, e os desacatos por eles provocados são uma constante nas festas da faculdade, e os seguranças, Q CONHECEM OS ALUNOS E OS NAO ALUNOS, sabem o q fazer!

- aluna fct
A polícia entrou no campus por voltas das 2h00, o que altera muito a razão porque entraram na FCT. Sobre a actuação dos polícias acho indignável, os alunos não são nenhuns criminosos a ponto de serem agredidos! Tenham esta "atitude" nos sítios certos! (Almada)

- Manuel Pimenta nº17433 FCT-UNL
Antes demais gostaria de referir q estive na festa em questão mas retirei-me antes da tão falada invasão policial. Ora não foi o meu espanto qdo vários colegas meus me ligaram a relatar o q se tinha passado.

- Rui
Invasão de propriedade não consentido e abuso de autoridade, estes foram os únicos crimes praticados naquela noite, naquele sítio. Só se enganaram nos criminosos.

- Luís Barros
O P.I.R., o que gosta mesmo, é de ir desancar no pessoal, e ainda vejo aqui comentários de pessoas, que parecem definitivamente retrógadas, a chamar "coitadinhos" num tom sarcástico. Um dia, foram ao café, jogo de futebol na tv, há confusão no café, qual não é o espanto quando vêem parar uma carrinha carregada "deles" e levam por tabela, já viram que azar só queriam relaxar... coitadinhos.

- Fox
Kem n esteve presente pk escreve? O ke se passou foi uma vergonha. O barulho n se ouvia nos extremos do campus qt + fora da faculdade. Polícia pk? Keriam acabar com a festa? Já tinham conseguido! Keriam bater? Pk numa faculdade onde só se encontravam jovens a divertirem-se? A faculdade tinha mt seguranças e ke já se encontravam a separar as pessoas da confusão, seguranças ke acabaram por levar tb.

- aluna fct
Uma vergonha é o que se pode dizer em relação ao que aconteceu!

- Joao Trindade
Eu acho inadmissivel a polícia ter invadido uma faculdade e batido nos estudantes. Tantas mortes, tantas brigas que há na rua e onde é que eles andam? Mas para bater nos estudantes não pensam 2 vezes. Esta justiça vai de mal a pior.

- Tiago Lamelas
Como explicam, que antes de kualker acção policial , já estavam destacados para o local vários carros patrulhas e a polícia de intervenção rápida? Axo muito difícil o motivo ter sido o ruído, pois a festa é feita no centro do campus e a habitação mais perto deve estar a 700m (eu não ouvi barulho nenhum no parque de estacionamento).

- aluno fct
Acho piada aos comentários que dizem que a culpa é dos estudantes! São pessoas frustadas que não sabem sequer o que é a FCT. Não sabem onde fica (assim saberiam que a habitação mais próxima fica no mínimo a + de 1000m) e não sabem o seu prestigio. Não percebo o problema de haver álcool numa festa. Podemos aproveitar antes de exames e trabalhos?

Internet encyclopaedias go head to head

(Última edição: sexta-feira, 16 de dezembro de 2005 às 23:23)

Nature 438, 900-901 (15 December 2005) | doi:10.1038/438900a

Special Report Internet encyclopaedias go head to head

Jim Giles

Abstract

Jimmy Wales' Wikipedia comes close to Britannica in terms of the accuracy of its science entries, a Nature investigation finds.

One of the extraordinary stories of the Internet age is that of Wikipedia, a free online encyclopaedia that anyone can edit. This radical and rapidly growing publication, which includes close to 4 million entries, is now a much-used resource. But it is also controversial: if anyone can edit entries, how do users know if Wikipedia is as accurate as established sources such as Encyclopaedia Britannica?

Unfortunately we are unable to provide accessible alternative text for this. If you require assistance to access this image, or to obtain a text description, please contact npg@nature.com

AP PHOTO/M. PROBST

Several recent cases have highlighted the potential problems. One article was revealed as falsely suggesting that a former assistant to US Senator Robert Kennedy may have been involved in his assassination. And podcasting pioneer Adam Curry has been accused of editing the entry on podcasting to remove references to competitors' work. Curry says he merely thought he was making the entry more accurate.

However, an expert-led investigation carried out by Nature the first to use peer review to compare Wikipedia and Britannica's coverage of science suggests that such high-profile examples are the exception rather than the rule.

The exercise revealed numerous errors in both encyclopaedias, but among 42 entries tested, the difference in accuracy was not particularly great: the average science entry in Wikipedia contained around four inaccuracies; Britannica, about three.

Considering how Wikipedia articles are written, that result might seem surprising. A solar physicist could, for example, work on the entry on the Sun, but would have the same status as a contributor without an academic background. Disputes about content are usually resolved by discussion among users.

But Jimmy Wales, co-founder of Wikipedia and president of the encyclopaedia's parent organization, the Wikimedia Foundation of St Petersburg, Florida, says the finding shows the potential of Wikipedia. "I'm pleased," he says. "Our goal is to get to Britannica quality, or better."

Wikipedia is growing fast. The encyclopaedia has added 3.7 million articles in 200 languages since it was founded in 2001. The English version has more than 45,000 registered users, and added about 1,500 new articles every day of October 2005. Wikipedia has become the 37th most visited website, according to Alexa, a web ranking service.

But critics have raised concerns about the site's increasing influence, questioning whether multiple, unpaid editors can match paid professionals for accuracy. Writing in the online magazine TCS last year, former Britannica editor Robert McHenry declared one Wikipedia entry on US founding father Alexander Hamilton as "what might be expected of a high-school student". Opening up the editing process to all, regardless of expertise, means that reliability can never be ensured, he concluded.

Yet Nature's investigation suggests that Britannica's advantage may not be great, at least when it comes to science entries. In the study, entries were chosen from the websites of Wikipedia and Encyclopaedia Britannica on a broad range of scientific disciplines and sent to a relevant expert for peer review. Each reviewer examined the entry on a single subject from the two encyclopaedias; they were not told which article came from which encyclopaedia. A total of 42 usable reviews were returned out of 50 sent out, and were then examined by Nature's news team.

Only eight serious errors, such as misinterpretations of important concepts, were detected in the pairs of articles reviewed, four from each encyclopaedia. But reviewers also found many factual errors, omissions or misleading statements: 162 and 123 in Wikipedia and Britannica, respectively.

Unfortunately we are unable to provide accessible alternative text for this. If you require assistance to access this image, or to obtain a text description, please contact npg@nature.com

D. I. FRANKE/WIKIMEDIA FDN

Kurt Jansson (left), president of Wikimedia Deutschland, displays a list of 10,000 Wikipedia authors; Wikipedia's entry on global warming has been a source of contention for its contributors.

Editors at Britannica would not discuss the findings, but say their own studies of Wikipedia have uncovered numerous flaws. "We have nothing against Wikipedia," says Tom Panelas, director of corporate communications at the company's headquarters in Chicago. "But it is not the case that errors creep in on an occasional basis or that a couple of articles are poorly written. There are lots of articles in that condition. They need a good editor."

Several Nature reviewers agreed with Panelas' point on readability, commenting that the Wikipedia article they reviewed was poorly structured and confusing. This criticism is common among information scientists, who also point to other problems with article quality, such as undue prominence given to controversial scientific theories. But Michael Twidale, an information scientist at the University of Illinois at Urbana-Champaign, says that Wikipedia's strongest suit is the speed at which it can updated, a factor not considered by Nature's reviewers.

"People will find it shocking to see how many errors there are in Britannica," Twidale adds. "Print encyclopaedias are often set up as the gold standards of information quality against which the failings of faster or cheaper resources can be compared. These findings remind us that we have an 18-carat standard, not a 24-carat one."

The most error-strewn article, that on Dmitry Mendeleev, co-creator of the periodic table, illustrates this. Michael Gordin, a science historian at Princeton University who wrote a 2004 book on Mendeleev, identified 19 errors in Wikipedia and 8 in Britannica. These range from minor mistakes, such as describing Mendeleev as the 14th child in his family when he was the 13th, to more significant inaccuracies. Wikipedia, for example, incorrectly describes how Mendeleev's work relates to that of British chemist John Dalton. "Who wrote this stuff?" asked another reviewer. "Do they bother to check with experts?"

But to improve Wikipedia, Wales is not so much interested in checking articles with experts as getting them to write the articles in the first place.

As well as comparing the two encyclopaedias, Nature surveyed more than 1,000 Nature authors and found that although more than 70% had heard of Wikipedia and 17% of those consulted it on a weekly basis, less than 10% help to update it. The steady trickle of scientists who have contributed to articles describe the experience as rewarding, if occasionally frustrating (see 'Challenges of being a Wikipedian').

Greater involvement by scientists would lead to a "multiplier effect", says Wales. Most entries are edited by enthusiasts, and the addition of a researcher can boost article quality hugely. "Experts can help write specifics in a nuanced way," he says.

Wales also plans to introduce a 'stable' version of each entry. Once an article reaches a specific quality threshold it will be tagged as stable. Further edits will be made to a separate 'live' version that would replace the stable version when deemed to be a significant improvement. One method for determining that threshold, where users rate article quality, will be trialled early next year.

Additional research by Declan Butler, Jenny Hogan, Michael Hopkin, Mark Peplow and Tom Simonite.

J

José Sócrates confirma demissão do coordenador do Plano Tecnológico

(Última edição: sexta-feira, 18 de novembro de 2005 às 08:03)
José Sócrates confirma demissão do coordenador do Plano Tecnológico vazio.gif
17.11.2005 - 19h23   Lusa, PUBLICO.PT 

O primeiro-ministro, José Sócrates, confirmou hoje a demissão de José Tavares da coordenação do Plano Tecnológico, mas escusou-se a adiantar as razões que levaram à sua saída.

"O ministro da Economia comunicou-me que o coordenador do plano tecnológico apresentou hoje a demissão. Agora, o ministro vai nomear novo coordenador", declarou o primeiro-ministro.

Esta manhã, o Diário Económico noticiou que José Tavares, responsável da Unidade de Coordenação do Plano Tecnológico, apresentou a demissão por discordar com a forma como o processo tem sido conduzido pelo Governo. Segundo o diário, o coordenador, nomeado em Junho pelo ministro da Economia, mostrou-se descontente com a indefinição do Executivo quanto às medidas a incluir no plano, que deveria ter sido formalmente apresentado no final de Outubro.

Sem adiantar as razões que ditaram a demissão do coordenador, José Sócrates sublinhou que o "importante é que o plano tecnológico está em marcha há muito meses. Não esperámos por um documento" para avançar, afirmou o primeiro-ministro, lembrando a introdução do ensino de inglês no 1º ciclo, o programa de novas oportunidades ou os incentivos fiscais às empresas que apostem na inovação.

Ainda de acordo com o Diário Económico, José Tavares estaria também desagradado com a gestão do processo por parte do ministro da Ciência e Ensino Superior, Mariano Gago, que coordena algumas das principais medidas que fazem parte do plano, como é o caso da expansão da banda larga e a qualificação profissional.

Numa primeira reacção, o ministro da Presidência desmentiu qualquer conflito de competências no seio do Governo, garantindo que o Plano Tecnológico, que continuará sedeado no Ministério da Economia e Inovação.

Oposição lembra uma das principais bandeiras do Governo

O argumento não calou as críticas da oposição, que esta tarde exigiram no Parlamento explicações do ministro da Economia, Manuel Pinho, lembrando que o plano tecnológico foi uma das principais bandeiras do Governo.

Para Luís Marques Guedes, líder parlamentar do PSD, a demissão de José Tavares constitui "um rombo grande no relançamento da economia", que considera estar "completamente ausente" da política governativa.

Usando os mesmos argumentos, o CDS-PP apresentou um requerimento para ouvir, na Comissão de Economia e Finanças, José Tavares, bem como os dois ministros envolvidos no processo.

Já para o deputado comunista António Filipe "o plano tecnológico começa mal, porque nem sequer começa", sustentando que a política económica do Governo não faz menções a esse plano.

Por seu lado, o Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, acusou o Governo de se "atrapalhar a si próprio" neste domínio e desafiou o primeiro-ministro a assumir a coordenação desta pasta.

A direcção do grupo parlamentar do PS escusou-se a fazer qualquer comentário sobre este assunto.

K

Keats claimed physics destroyed beauty. Keats was being a prat

(Última edição: domingo, 18 de dezembro de 2005 às 14:18)
Keats claimed physics destroyed beauty. Keats was being a prat

Britain produced some of the world's great physicists but few schoolchildren want to study the subject now. Simon Singh explains why we should worry

Tuesday November 22, 2005
The Guardian


We are nearing the end of the "World Year of Physics", otherwise known as Einstein Year, as it is the centenary of his annus mirabilis in which he made three incredible breakthroughs, including special relativity. In fact, it was 100 years ago yesterday that he published the most famous equation in the history of physics: E=mc2.

But instead of celebrating, physicists are in mourning after a report showed a dramatic decline in the number of pupils studying physics at school. The number taking A-level physics has dropped by 38% over the past 15 years, a catastrophic meltdown that is set to continue over the next few years. The report warns that a shortage of physics teachers and a lack of interest from pupils could mean the end of physics in state schools. Thereafter, physics would be restricted to only those students who could afford to go to posh schools.

Britain was the home of Isaac Newton, Michael Faraday and Paul Dirac, and Brits made world-class contributions to understanding gravity, quantum physics and electromagnetism - and yet the British physicist is now facing extinction. But so what? Physicists are not as cuddly as pandas, so who cares if we disappear?

You should care, and this is why. First, physicists reveal the beauty of the universe. E=mc2 provides us with an incredible insight into how the universe works, showing us that energy (E) and mass (m) can be converted into each other, so that a tiny amount of mass can be destroyed to create a vast amount of energy. That is how the Sun shines. Four million tonnes of the Sun literally vanishes every second, only to reappear in the form of sunshine - energy that lights up our lives.

John Keats talked of "unweaving the rainbow", suggesting that Newton destroyed the beauty of nature by analysing light with a prism and splitting it into different colours. Keats was being a prat. Physicists also smile when we see rainbows, but our emotional reaction is doubled by our understanding of the deep physics relating to the prismatic effects of raindrops. Similarly, physicists appreciate sunsets more than anybody else, because we can enjoy the myriad colours and at the same time grasp the nuclear physics that created the energy that created the photons that travelled for millions of years to the surface of the Sun, which then travelled eight minutes through space to Earth, which were then scattered by the atmosphere to create the colourful sunset. Understanding physics only enhances the beauty of nature.

If you want a concrete return, then physics can deliver that too. E=mc2 underpins the nuclear power industry, which could provide more energy in the future. If nuclear power replaced fossil fuels, we would pump less carbon into the atmosphere and thereby halt global warming. If, instead, you want clean energy via solar cells or wind turbines, then an understanding of solid state physics or the physics of fluids will get you several steps closer to an economically viable solution. Either way, physics provides the best hope of saving the planet.

Also, it should not be forgotten that A-level physicists have a direct impact on the economy, because some of us become the inventors, innovators and engineers that create high-quality jobs and major exports. The people behind Google and Microsoft and Apple did physics at high school, as opposed to majoring in psychology or media studies.

So, without British physicists, our country will not win any more Nobel prizes in physics, we will not do our part in fixing global warming - and UK plc will go down the drain. And yet nobody in power really cares. Physics in British schools has been going downhill for a couple of decades, but both Labour and Conservative governments seem to have taken no notice. After all, nobody is going to die because A-level physics is going out of fashion. There are no photo opportunities in being seen with a physicist.

Personally, the desperate state of British physics education was brought home to me when I reflected on why my parents migrated to this country in 1950. They came here so that their children had the guarantee of a good education. However, today India produces more mathematicians than the whole of the European Union.

A budding boffin in Bangalore probably stands more chance of having good mathematics and physics teachers than the equivalent bright young spark condemned to a British science education. A British politician in 1950 would have laughed at the thought of Indian schools ever being better than British schools, but last year's Physics Olympiad shows how things have changed. In this international competition for schools students, India won two gold medals, two silvers and a bronze, whereas Britain won only two bronzes.

With Britain's negligent attitude to physics education, we do not deserve to be celebrating the centenary of Einstein's annus mirabilis. Instead, perhaps we should be marking 2005 as the 50th anniversary of his death, which would be in keeping with the moribund status of A-level physics

· Simon Singh has a PhD in particle physics. He is the author of Big Bang, a history of cosmology.

Do you know your Newton from your neutrons?

1. A metal plate is heated to 200C with a bunsen burner. It subsequently cools by emitting what kind of radiation?
a) Ultraviolet waves b) Gamma rays c) Infrared rays d) Radio waves

2. You're in the back of a stationary car with a helium balloon. When the car accelerates, which way does the balloon move?
a) Forwards b) Backwards c) Up d) It doesn't move

3. What two properties of a particle does Heisenberg's uncertainty principle say you can't measure at the same time?
a) Energy and mass b) Position and momentum c) Position and mass d) Momentum and velocity

4. A skater is spinning on a spot with her arms outstretched. What happens when she pulls her arms in?
a) Nothing b) She changes direction c) She spins more slowly d) She spins more quickly

5. A big wooden ball and a small ball bearing sit at the top of a slope. When they are released, which reaches the bottom first?
a) The wooden ball b) The ball bearing c) They both get there at the same time d) Depends on the masses of the balls and the angle of the slope

6. If the Sun were to disappear right now, how long would it be before we noticed?
a) Straight away b) About 8 minutes c) Just over an hour d) Almost a day

· Answers: 1c, 2a, 3b, 4d, 5c, 6b Alok Jha

Kids Gone Wild

(Última edição: terça-feira, 29 de novembro de 2005 às 12:13)
The Nation

Kids Gone Wild

27warner.583.gif
Chip Wass
Published: NYT, November 27, 2005

CHILDREN should be seen and not heard" may be due for a comeback. After decades of indulgence, American society seems to have reached some kind of tipping point, as far as tolerance for wild and woolly kid behavior is concerned.

Party Gone Bad: Blame the Parents (November 24, 2005)

Are children ruder now than in the past? Do parents care?

Last month, an Associated Press-Ipsos poll found that nearly 70 percent of Americans said they believed that people are ruder now than they were 20 or 30 years ago, and that children are among the worst offenders. (As annoyances, they tied with obnoxious cellphone users.)

The conservative child psychologist John Rosemond recently denounced in his syndicated column the increasing presence of "disruptive urchins" who "obviously have yet to have been taught the basic rudiments of public behavior," as he related the wretched experience of dining in a four-star restaurant in the company of one child roller skating around his table and another watching a movie on a portable DVD player.

In 2002, only 9 percent of adults were able to say that the children they saw in public were "respectful toward adults," according to surveys done then by Public Agenda, a nonpartisan and nonprofit public opinion research group. In 2004, more than one in three teachers told Public Agenda pollsters they had seriously considered leaving their profession or knew a colleague who had left because of "intolerable" student behavior.

Even Madonna - her "Papa Don't Preach" years long past - has joined the throng, proclaiming herself a proud "disciplinarian" in a recent issue of the British magazine Harpers & Queen and bragging that, as a mom, she takes a tough line on homework, tidiness and chores: "If you leave your clothes on the floor, they're gone when you come home."

Jo Frost, ABC's superstar "Supernanny," would be proud.

Whether children are actually any worse behaved now than they ever have been before is, of course, debatable. Children have always been considered, basically, savages. The question, from the late 17th century onwards, has been whether they come by it naturally or are shaped by the brutality of society.

But what seems to have changed recently, according to childrearing experts, is parental behavior - particularly among the most status-conscious and ambitious - along with the kinds of behavior parents expect from their kids. The pressure to do well is up. The demand to do good is down, way down, particularly if it's the kind of do-gooding that doesn't show up on a college application.

Once upon a time, parenting was largely about training children to take their proper place in their community, which, in large measure, meant learning to play by the rules and cooperate, said Alvin Rosenfeld, a child psychiatrist and co-author, with Nicole Wise, of "The OverScheduled Child: Avoiding the Hyperparenting Trap."

"There was a time when there was a certain code of conduct by which you viewed the character of a person," he said, "and you needed that code of conduct to have your place in the community."

Rude behavior, particularly toward adults, was something for which children had to be chastised, even punished. That has also now changed, said Dan Kindlon, a Harvard University child psychologist and author of "Too Much of a Good Thing: Raising Children of Character in an Indulgent Age."

Most parents, Dr. Kindlon said, would like their children to be polite, considerate and well behaved. But they're too tired, worn down by work and personally needy to take up the task of teaching them proper behavior at home.

"We use kids like Prozac," he said. "People don't necessarily feel great about their spouse or their job but the kids are the bright spot in their day. They don't want to muck up that one moment by getting yelled at. They don't want to hurt. They don't want to feel bad. They want to get satisfaction from their kids. They're so precious to us - maybe more than to any generation previously. What gets thrown out the window is limits. It's a lot easier to pick their towel up off the floor than to get them away from the PlayStation to do it."

(Page 2 of 2)

Parenting today is also largely about training children to compete - in school and on the soccer field - and the kinds of attributes they need to be competitive are precisely those that help break down society's civility.

Are children ruder now than in the past? Do parents care?

Parents who want their children to succeed more than anything, Dr. Kindlon said, teach them to value and prioritize achievement above all else - including other people.

"We're insane about achievement," he said. "Schoolwork is up 50 percent since 1981, and we're so obsessed with our kids getting into the right school, getting the right grades, we let a lot of things slide. Kids don't do chores at home anymore because there isn't time."

And other adults, even those who should have authority, are afraid to get involved. "Nobody feels entitled to discipline other people's kids anymore," Dr. Kindlon said. "They don't feel they have the right if they see a kid doing something wrong to step in."

Educators feel helpless, too: Nearly 8 in 10 teachers, according to the 2004 Public Agenda report, said their students were quick to remind them that they had rights or that their parents could sue if they were too harshly disciplined. More than half said they ended up being soft on discipline "because they can't count on parents or schools to support them."

And that, Dr. Rosenfeld said, strikes at the heart of the problem. "Parents are out of control," he said. "We always want to blame the kids, but if there's something wrong with their incivility, it's the way their parents model for them."

There's also the chance, said Wendy Mogel, a clinical psychologist whose 2001 book, "The Blessing of a Skinned Knee," has earned her a cult following, that when children are rude, obnoxious and outrageously behaved, they're trying to tell parents something - something they've got to shout in order for them to hear.

"These kids are so extremely stressed from the academic load they're carrying and how cloistered they are and how they have to live under the watchful eye of their parents," Dr. Mogel said. "They have no kid space."

Paradoxically, she said, parental over-involvement in their children's lives today often hides a very basic kind of indifference to their children's real need, simply to be kids. "There are all these blurry boundaries," she said. "They need to do fifth-grade-level math in third grade and have every pleasure and indulgence of adulthood in childhood and they act like kids and we get mad."

If stress and strain, self-centeredness and competition are the pathogens underlying the rash of rudeness perceived to be endemic among children in America today, then the cure, some experts said, has to be systemic and not topical. Stop blaming the children, they said. Stop focusing on the surface level of behavior and start curing instead the social, educational and parental ills that feed it.

This may mean less "quality" time with children and more time getting them to do things they don't want to do, like sitting for meals, making polite conversation and - Madonna was right - picking their clothes up off the floor.


Judith Warner is the author, most recently, of "Perfect Madness: Motherhood in the Age of Anxiety." She is also the host of "The Judith Warner Show" on XM satellite radio.

L

Law professor bans laptops in class, over student protest

(Última edição: segunda-feira, 3 de abril de 2006 às 00:03)

Law professor bans laptops in class, over student protest

 http://www.usatoday.com/tech/news/2006-03-21-professor-laptop-ban_x.htm

Posted 3/21/2006 7:44 PM

 

MEMPHIS (AP) A group of University of Memphis law students are passing a petition against a professor who banned laptop computers from her classroom because she considers them a distraction in lectures.

On March 6, Professor June Entman warned her first-year law students by e-mail to bring pens and paper to take notes in class.

"My main concern was they were focusing on trying to transcribe every word that was I saying, rather than thinking and analyzing," Entman said Monday. "The computers interfere with making eye contact. You've got this picket fence between you and the students."

The move didn't sit well with the students, who have begun collecting signatures against the move and tried to file a complaint with the American Bar Association. The complaint, based on an ABA rule for technology at law schools, was dismissed.

"Our major concern is the snowball effect," said law school student Jennifer Bellott. "If you open the door for one professor, you open the door for every other professor to do the same thing."

"If we continue without laptops, I'm out of here. I'm gone; I won't be able to keep up," said student Cory Winsett, who said his hand-written notes are incomplete and less organized.

Law School Dean James Smoot said the decision was up to the professor, but the conflict has caused faculty to consider technology issues as the school prepares to move to a more advanced downtown facility in coming years.

Copyright 2006 The Associated Press. All rights reserved. This material may not be published, broadcast, rewritten or redistributed.

Los riesgos de Wikipedia

(Última edição: sábado, 4 de fevereiro de 2006 às 16:37)
Na Nación, http://www.lanacion.com.ar/edicionimpresa/suplementos/enfoques/nota.asp?nota_id=775943

Texto recomendado por João Cruz

Publicado en la ed. impresa: Enfoques
Domingo 29 de enero de 2006

Debate

Los riesgos de Wikipedia

Aunque rescata el papel de Internet como herramienta de conocimiento si es bien utilizada, el autor se suma al debate sobre la enciclopedia on line y advierte que la falta de rigurosidad en sus contenidos puede conducir a peligrosos equívocos

Un debate está agitando el mundo de Internet, y es el debate sobre la Wikipedia.

Para los que no lo sepan, se trata de una enciclopedia on line escrita directamente por el público. No sé hasta qué punto una redacción central controla las contribuciones que llegan de todas las partes del mundo, pero es verdad que cuando he tenido la ocasión de consultarla sobre argumentos que conocía (para controlar una fecha o el título de un libro), la he encontrado siempre bastante bien hecha y bien informada. Claro que eso de estar abierta a la colaboración de cualquiera presenta sus riesgos, y ha sucedido que a algunas personas se les atribuyera cosas que no han hecho e incluso acciones reprobables. Naturalmente, protestaron y el artículo se corrigió.

La Wikipedia tiene también otra propiedad: cualquiera puede corregir un artículo que considera equivocado. Hice la prueba con el artículo que me concierne: contenía un dato biográfico impreciso, lo corregí y desde entonces el artículo ya no contiene ese error. Además, en el resumen de uno de mis libros estaba la que yo consideraba una interpretación incorrecta, dado que se decía que yo "desarrollo" una cierta idea de Nietzsche mientras que, de hecho, la contesto. Corregí "develops" con "argues against", y también esta corrección fue aceptada.

El asunto no me tranquiliza en absoluto. Cualquiera, el día de mañana, podría intervenir otra vez sobre este artículo y atribuirme (por espíritu de burla, por maldad, por estupidez) lo contrario de lo que he dicho o hecho. Además, dado que en Internet circula todavía un texto donde se dice que yo sería Luther Blissett, el conocido falsificador (e incluso años después de que los autores del truco llevaran a cabo su buen coming out y se presentaran con nombre y apellido), podría ser yo tan socarrón como para dedicarme a contaminar los artículos que conciernen a autores que me resultan antipáticos, atribuyéndoles falsos escritos, episodios pedófilos, o vínculos con los Hijos de Satanás.

¿Quién controla en la Wikipedia no sólo los textos sino también sus correcciones? ¿O actúa una suerte de compensación estadística, por la cual una noticia falsa antes o después se localiza? El caso de la Wikipedia es, por otra parte, poco preocupante con respecto a otro de los problemas cruciales de Internet. Junto a sitios absolutamente dignos de confianza, hechos por personas competentes, existen sitios de lo más engañosos, elaborados por incompetentes, desequilibrados o incluso por criminales nazis, y no todos los usuarios de la red son capaces de establecer si un sitio es fidedigno o no.

El asunto tiene una repercusión educativa dramática, porque a estas alturas sabemos ya que escolares y estudiantes suelen evitar consultar libros de texto y enciclopedias y van directamente a sacar noticias de Internet, tanto que desde hace tiempo sostengo que la nueva y fundamental asignatura que hay que enseñar en el colegio debería ser una técnica de selección de las noticias de la red; el problema es que se trata de una asignatura difícil de enseñar porque a menudo los profesores están en una condición de indefensión equivalente a la de sus alumnos.

Muchos educadores se quejan, además, de que los chicos, si tienen que escribir el texto de un trabajo o incluso de una tesina universitaria, copian lo que encuentran en Internet. Cuando copian de un sitio poco creíble, deberíamos suponer que el profesor se da cuenta de que están diciendo pavadas, pero es obvio que sobre algunos temas muy especializados es difícil establecer inmediatamente si el estudiante dice algo falso. Supongamos que un estudiante elija hacer una tesina sobre un autor muy pero muy marginal, que el profesor conoce de segunda mano, y se le atribuya una determinada obra. ¿Sería capaz el docente de decir que ese autor nunca ha escrito ese libro? Lo podría hacer sólo si por cada texto que recibe (y a veces pueden ser decenas y decenas de trabajos) consigue llevar a cabo un cuidadoso control sobre las fuentes.

No sólo eso: el estudiante puede presentar un trabajo que parece correcto (y lo es) pero que está directamente copiado de Internet mediante "copia y pega". Soy propenso a no considerar trágico este fenómeno porque también copiar bien es un arte que no es fácil, y un estudiante que copia bien tiene derecho a una buena nota. Por otra parte, también cuando no existía Internet, los estudiantes podían copiar de un libro hallado en la biblioteca y el asunto no cambiaba (salvo que implicaba más esfuerzo manual). Y, por último, un buen docente se da cuenta siempre cuando se copia un texto sin criterio y se huele el truco (repito, si se copia con discernimiento, hay que quitarse el sombrero).

Ahora bien, considero que existe una forma muy eficaz de aprovechar pedagógicamente los defectos de Internet. Planteen ustedes como ejercicio en clase, trabajo para casa o tesina universitaria, el siguiente tema: "Encontrar sobre el argumento X una serie de elaboraciones completamente infundadas que estén a disposición en Internet, y explicar por qué no son dignas de crédito". He aquí una investigación que requiere capacidad crítica y habilidad para comparar fuentes distintas, que ejercitaría a los estudiantes en el arte del discernimiento.

Por Umberto Eco
© LA NACION y L´Espresso


Traducción: Helena Lozano Miralles

Link corto: http://www.lanacion.com.ar/775943

483503.jpg
Umberto Eco

M

MAIS VALE VERDES DO QUE MORTOS

(Última edição: sábado, 11 de fevereiro de 2006 às 19:15)
16:00 (JPP)

MAIS VALE VERDES DO QUE MORTOS

Pacheco Pereira, Público, 8 Fev 2006

Eu pensei que as coisas estavam melhores do que o que estão, mas, mais uma vez, se percebe como há apenas uma fina película entre a civilização e a barbárie. Película que estamos a deixar romper com a maior das displicências. Devia desconfiar que é assim porque os sinais estão por todo o lado. Mas a gente acredita, quer acreditar, que algumas dezenas de anos de democracia consolidada (na maioria da Europa) e duas centenas de anos desde a revolução americana e francesa tinham consolidado a liberdade como princípio. Mas não é, não é suficiente, como se vê.

Estamos em guerra e estamos a perder. Estamos a perder, antes de tudo, porque ainda não percebemos que estamos em guerra. A retórica olimpiana, de um mundo "multicultural", de uma "comunidade internacional" eficaz, assente na lei e na Realpolitik moderada, ofusca-nos e impede-nos de ver o que está à nossa frente. Muitos sublimam as fraquezas, transformando-as num arremedo de "diplomacia" que não é senão contemporização e complacência, outros têm medo e estão dispostos à servidão, outros minimizam o que acontece para não quebrar o mundo ideal em que vivem.

Estamos a perder por dentro, o que é pior. A crise das caricaturas dinamarquesas é disso o melhor sinal. Mortos e feridos, atentados, violências, destruição de embaixadas, expulsão de estrangeiros, muitos deles os dadores de solidariedade, intolerância exaltada e absoluta, e nós, os visados, arrastamo-nos pela culpa. A UE gaguejou, no limite do pedido de desculpas, e Portugal, pela voz do ministro dos Negócios Estrangeiros, foi ainda mais longe do que o pedido de desculpas, condenou os caricaturistas e calou-se face à violência absurda e orquestrada que passa por ser "a rua árabe".

A comunicação social que costuma ser hiper-sensível à questão da liberdade de expressão, muitas vezes de forma puramente gratuita e corporativa, para encobrir os seus abusos, está numa de "respeito", de "contexto", de "bom senso", de "bom gosto". Encontram-se mil e um pretextos e mil e uma desculpas para se não ser claro: é o jornal dinamarquês que é dúplice e se recusou a caricaturar Cristo, é o jornal dinamarquês que é racista e antiárabe e encomendou as caricaturas de forma provocatória, é Sousa Lara, Abecasis, e as cenas à volta do filme sobre a Virgem Maria, é o abaixo-assinado contra a caricatura de António do Papa com o preservativo no nariz, é tudo e mais alguma coisa. Estamos a falar do mesmo? Quero lá saber se o jornal dinamarquês é respeitável, equilibrado, sensato, equidistante do islão e da cristandade, quero lá saber se o New York Times não passou as caricaturas, ou se a SIC e a RTP as mostraram veladas e à distância! O que eu quero saber é que se o valor da liberdade, e da sua forma especial, o da liberdade de expressão, não está em causa nestes eventos, então não sei o que é a liberdade.

Pergunta-se (sinistra pergunta nos dias de hoje, que mal se formula culpabiliza os dinamarqueses): é a liberdade de expressão absoluta? Não, não é. Tem limites na lei na democracia, tem regras mínimas, para proteger outras liberdades e outros direitos. Regras mínimas, aliás habitualmente violadas sem consequência, para proteger a dignidade dos indivíduos, a sua intimidade, a sua personalidade, o seu direito de não ser caluniado. Mas são regras para os indivíduos, não são nem para religiões, nem comunidades, nem crenças, nem para a "blasfémia". Mesmo assim, o abuso destes limites é comum, justificado pelo "interesse público", e é raríssimo ver a comunicação social a discutir tão voluntariamente os seus limites no "bom senso" e no "bom gosto", quanto mais no "respeito" e muito menos no "contexto". Ainda bem, vivemos com esta realidade, não é perfeita, mas é melhor do que o seu contrário. Por isso repito a mesma pergunta: é a liberdade de expressão absoluta neste caso? É. Ou é absoluta ou não é.

De novo, insisto, não quero saber se houve intenção de ofender (e depois?), de fazer propaganda anti-islão (e depois?), de ser simplista na representação do "martírio" (e depois?), de rebaixar Maomé (e depois?) de associar o islão ao terrorismo (e depois? É proibido?). É acaso proibido representar Deus-pai como um velho lúbrico como faz Vilhena e Crumb, e Cristo como um alegre imbecil como fizeram os Monty Python? É que se não é para defender este direito de se exprimir no limite das nossas crenças, a liberdade não serve para nada. É que também convém não esquecer que a nossa liberdade foi conquistada exactamente aqui, contra a intolerância religiosa. A essência da liberdade, tal como a entendemos, é a liberdade do outro, de escrever, desenhar, pintar, representar, filmar aquilo com que não concordamos, aquilo que consideramos ofensivo, de mau gosto, insensato, mesmo vil e nojento. Esta é a nossa concepção de liberdade, a liberdade de dissídio, do dissent, que, como tudo no mundo, não nasceu da natureza mas de uma história cultural, política e civilizacional que cada um escolhe e deseja como quer. E eu quero esta, porque não tenho nada a aprender sobre a liberdade com a Síria e o Irão, com o Egipto e a Arábia Saudita, com o Hamas e o Hezbollah, com a "rua árabe", nem com aqueles que se "indignam" contra os desmandos do "Ocidente, porque são contra os EUA, ou contra a guerra no Afeganistão e no Iraque, contra Israel, e estão órfãos do mundo a preto e branco do comunismo, nas suas várias versões, mesmo as de Toni Negri e do Le Monde Diplomatique.

A maior das falácias é achar que é a religião que está no centro destes eventos (e se fosse? O que é que mudava?), mas claramente uma recusa política da democracia e uma recusa cultural da tolerância, da liberdade, das diferenças, e uma recusa social e cultural em viver em sociedades em que as mulheres não façam parte do património dos homens. Estes não são problemas que devamos interiorizar como sendo nossa culpa, são problemas do mundo árabe e persa, são problemas do islão. Enquanto as sociedades maioritariamente muçulmanas se recusarem a separar o Estado da religião, a tolerar as outras religiões e em particular o agnosticismo e o ateísmo, a tratar de outro modo as mulheres, estes problemas são problemas de poder e de conflito, uma guerra nas formas novas que tem hoje.


Esta é a chantagem que nos é feita e a que estamos a ceder. E se no fim disto tudo eu pedir ao PÚBLICO que ilustre o meu artigo com uma das caricaturas, uma das que penso ser absolutamente defensável como caricatura, a de Maomé com o turbante-bomba, o que é que acontece? É uma provocação gratuita? Não é, é a ilustração ideal para o que digo, não só pela imagem como sobre tudo o que ela suscita. Mas já se levantam todos os problemas, de autocensura, de risco, de pensar duas vezes. Nunca se sabe se alguém pega no PÚBLICO e o associa aos outros jornais "blasfemos" e me dita uma fatwa. É pouco provável, mas convém pensar duas vezes. E é nesse pensar duas vezes que está a autocensura, e a censura, e a efectiva diminuição das nossas liberdades.

Voltamos aos tempos de "mais vale vermelhos do que mortos", revistos agora para outra cor, para "mais vale verdes do que mortos". Ficam os muçulmanos ofendidos? Não deviam, porque têm sempre uma maneira de responder a esta situação: serem os primeiros a manifestar-se pela liberdade dos dinamarqueses, pelo seu direito de caricaturarem o profeta, como muitos cristãos marchariam, como cidadãos, pelo direito de se caricaturar a Igreja, o Papa e Deus, em nome da liberdade que prezam no "reino de César".

(No Público de hoje.)

MAIS VALE VERDES DO QUE MORTOS

(Última edição: sábado, 11 de fevereiro de 2006 às 19:16)
16:00 (JPP)

MAIS VALE VERDES DO QUE MORTOS

Pacheco Pereira, Público, 8 Fev 2006

Eu pensei que as coisas estavam melhores do que o que estão, mas, mais uma vez, se percebe como há apenas uma fina película entre a civilização e a barbárie. Película que estamos a deixar romper com a maior das displicências. Devia desconfiar que é assim porque os sinais estão por todo o lado. Mas a gente acredita, quer acreditar, que algumas dezenas de anos de democracia consolidada (na maioria da Europa) e duas centenas de anos desde a revolução americana e francesa tinham consolidado a liberdade como princípio. Mas não é, não é suficiente, como se vê.

Estamos em guerra e estamos a perder. Estamos a perder, antes de tudo, porque ainda não percebemos que estamos em guerra. A retórica olimpiana, de um mundo "multicultural", de uma "comunidade internacional" eficaz, assente na lei e na Realpolitik moderada, ofusca-nos e impede-nos de ver o que está à nossa frente. Muitos sublimam as fraquezas, transformando-as num arremedo de "diplomacia" que não é senão contemporização e complacência, outros têm medo e estão dispostos à servidão, outros minimizam o que acontece para não quebrar o mundo ideal em que vivem.

Estamos a perder por dentro, o que é pior. A crise das caricaturas dinamarquesas é disso o melhor sinal. Mortos e feridos, atentados, violências, destruição de embaixadas, expulsão de estrangeiros, muitos deles os dadores de solidariedade, intolerância exaltada e absoluta, e nós, os visados, arrastamo-nos pela culpa. A UE gaguejou, no limite do pedido de desculpas, e Portugal, pela voz do ministro dos Negócios Estrangeiros, foi ainda mais longe do que o pedido de desculpas, condenou os caricaturistas e calou-se face à violência absurda e orquestrada que passa por ser "a rua árabe".

A comunicação social que costuma ser hiper-sensível à questão da liberdade de expressão, muitas vezes de forma puramente gratuita e corporativa, para encobrir os seus abusos, está numa de "respeito", de "contexto", de "bom senso", de "bom gosto". Encontram-se mil e um pretextos e mil e uma desculpas para se não ser claro: é o jornal dinamarquês que é dúplice e se recusou a caricaturar Cristo, é o jornal dinamarquês que é racista e antiárabe e encomendou as caricaturas de forma provocatória, é Sousa Lara, Abecasis, e as cenas à volta do filme sobre a Virgem Maria, é o abaixo-assinado contra a caricatura de António do Papa com o preservativo no nariz, é tudo e mais alguma coisa. Estamos a falar do mesmo? Quero lá saber se o jornal dinamarquês é respeitável, equilibrado, sensato, equidistante do islão e da cristandade, quero lá saber se o New York Times não passou as caricaturas, ou se a SIC e a RTP as mostraram veladas e à distância! O que eu quero saber é que se o valor da liberdade, e da sua forma especial, o da liberdade de expressão, não está em causa nestes eventos, então não sei o que é a liberdade.

Pergunta-se (sinistra pergunta nos dias de hoje, que mal se formula culpabiliza os dinamarqueses): é a liberdade de expressão absoluta? Não, não é. Tem limites na lei na democracia, tem regras mínimas, para proteger outras liberdades e outros direitos. Regras mínimas, aliás habitualmente violadas sem consequência, para proteger a dignidade dos indivíduos, a sua intimidade, a sua personalidade, o seu direito de não ser caluniado. Mas são regras para os indivíduos, não são nem para religiões, nem comunidades, nem crenças, nem para a "blasfémia". Mesmo assim, o abuso destes limites é comum, justificado pelo "interesse público", e é raríssimo ver a comunicação social a discutir tão voluntariamente os seus limites no "bom senso" e no "bom gosto", quanto mais no "respeito" e muito menos no "contexto". Ainda bem, vivemos com esta realidade, não é perfeita, mas é melhor do que o seu contrário. Por isso repito a mesma pergunta: é a liberdade de expressão absoluta neste caso? É. Ou é absoluta ou não é.

De novo, insisto, não quero saber se houve intenção de ofender (e depois?), de fazer propaganda anti-islão (e depois?), de ser simplista na representação do "martírio" (e depois?), de rebaixar Maomé (e depois?) de associar o islão ao terrorismo (e depois? É proibido?). É acaso proibido representar Deus-pai como um velho lúbrico como faz Vilhena e Crumb, e Cristo como um alegre imbecil como fizeram os Monty Python? É que se não é para defender este direito de se exprimir no limite das nossas crenças, a liberdade não serve para nada. É que também convém não esquecer que a nossa liberdade foi conquistada exactamente aqui, contra a intolerância religiosa. A essência da liberdade, tal como a entendemos, é a liberdade do outro, de escrever, desenhar, pintar, representar, filmar aquilo com que não concordamos, aquilo que consideramos ofensivo, de mau gosto, insensato, mesmo vil e nojento. Esta é a nossa concepção de liberdade, a liberdade de dissídio, do dissent, que, como tudo no mundo, não nasceu da natureza mas de uma história cultural, política e civilizacional que cada um escolhe e deseja como quer. E eu quero esta, porque não tenho nada a aprender sobre a liberdade com a Síria e o Irão, com o Egipto e a Arábia Saudita, com o Hamas e o Hezbollah, com a "rua árabe", nem com aqueles que se "indignam" contra os desmandos do "Ocidente, porque são contra os EUA, ou contra a guerra no Afeganistão e no Iraque, contra Israel, e estão órfãos do mundo a preto e branco do comunismo, nas suas várias versões, mesmo as de Toni Negri e do Le Monde Diplomatique.

A maior das falácias é achar que é a religião que está no centro destes eventos (e se fosse? O que é que mudava?), mas claramente uma recusa política da democracia e uma recusa cultural da tolerância, da liberdade, das diferenças, e uma recusa social e cultural em viver em sociedades em que as mulheres não façam parte do património dos homens. Estes não são problemas que devamos interiorizar como sendo nossa culpa, são problemas do mundo árabe e persa, são problemas do islão. Enquanto as sociedades maioritariamente muçulmanas se recusarem a separar o Estado da religião, a tolerar as outras religiões e em particular o agnosticismo e o ateísmo, a tratar de outro modo as mulheres, estes problemas são problemas de poder e de conflito, uma guerra nas formas novas que tem hoje.


Esta é a chantagem que nos é feita e a que estamos a ceder. E se no fim disto tudo eu pedir ao PÚBLICO que ilustre o meu artigo com uma das caricaturas, uma das que penso ser absolutamente defensável como caricatura, a de Maomé com o turbante-bomba, o que é que acontece? É uma provocação gratuita? Não é, é a ilustração ideal para o que digo, não só pela imagem como sobre tudo o que ela suscita. Mas já se levantam todos os problemas, de autocensura, de risco, de pensar duas vezes. Nunca se sabe se alguém pega no PÚBLICO e o associa aos outros jornais "blasfemos" e me dita uma fatwa. É pouco provável, mas convém pensar duas vezes. E é nesse pensar duas vezes que está a autocensura, e a censura, e a efectiva diminuição das nossas liberdades.

Voltamos aos tempos de "mais vale vermelhos do que mortos", revistos agora para outra cor, para "mais vale verdes do que mortos". Ficam os muçulmanos ofendidos? Não deviam, porque têm sempre uma maneira de responder a esta situação: serem os primeiros a manifestar-se pela liberdade dos dinamarqueses, pelo seu direito de caricaturarem o profeta, como muitos cristãos marchariam, como cidadãos, pelo direito de se caricaturar a Igreja, o Papa e Deus, em nome da liberdade que prezam no "reino de César".

(No Público de hoje.)

Maria de Lurdes Rodrigues, A Ministra de que os professores não gostam

(Última edição: domingo, 18 de dezembro de 2005 às 22:26)
Maria de Lurdes Rodrigues, A Ministra de que os professores não gostam

MEMÓRIAS FELIZES DE ILUSTRES ALEXANDRINOS

(Última edição: domingo, 5 de fevereiro de 2006 às 23:35)
Público, 5 Fev 2006

Quatro ilustres ex-alunos do Alexandre Herculano
estiveram ontem a desfiar as suas recordações e afectos
do centenário liceu portuense. Histórias carregadas
de humor e ternura que contagiaram a sala.
POR NUNO CORVACHO

MEMÓRIAS FELIZES DE ILUSTRES ALEXANDRINOS

Estamos todos muito mais
novos! o comentário de Rui
Vilar, ao dirigir-se àquela plateia
cheia de gente para cima
dos sessenta anos e preparada
para contar e ouvir contar
histórias do passado, podia ser
tomado por um exercício de ironia,
não fosse o caso de todos
eles terem ali rejuvenescido
de verdade. Não há, de facto,
outro nome a dar àquilo que
aconteceu ontem à tarde no
anfiteatro do liceu portuense
Alexandre Herculano, que
por estes dias comemora o
seu centésimo aniversário: o
bruá cúmplice das vozes, os
suspiros de contentamento, os
risos a abrirem-se num leque
furtivo e um inconfundível
desassossego juvenil a tomar
definitivamente conta da sala.
Como se aquele anfiteatro de cidadãos
grisalhos e respeitáveis,
ali reunido para comemorar a
memória da escola onde cada
um deles passara os seus irrepetíveis
anos de adolescência,
se tivesse magicamente transformado
numa sala de aula e
um qualquer professor estivesse
a ponto de reaparecer a
qualquer momento para repor
a ordem.
Alguns já lá não deviam estar
desde o tempo em que haviam
completado os seus estudos, décadas
atrás. Decerto já teriam
contado melancolicamente as
rugas e cabelos brancos uns
dos outros mas verificado
com ternura que a cintilação
nos olhares continuava igual.
Agora, porém, havia ali um
motivo especial para os circunstantes
redobrarem de
atenção. Estavam ali quatro
ilustres ex-alunos que tinham
sido chamados a desfiar as suas
memórias afectivas: além
do presidente da Fundação
Gulbenkian, Rui Vilar (que
disse ter andado no liceu de
49 a 56 do século passado), o
empresário Belmiro de Azevedo
(que lá entrou há 57 anos), o
cientista Sobrinho Simões (aluno
entre 57 e 64) e o economista
António Borges (o mais novo,
que saiu do liceu em 1967).
Já lá vão quase cinquenta
anos, mas Sobrinho Simões
lembra-se bem do dia em que
o pai o largou à porta do Alexandre
Herculano e lhe disse:
E agora desenrasca-te!. Ainda
habituado à pequena escola
33-A da Rua de Costa Cabral,
o rapazinho de dez anos logo
ficou impressionado com a
extensão dos corredores, a
altura das paredes e sobretudo
o tamanho dos colegas. A D.
Maria da Graça, que foi a minha
professora na instrução
primária, tratava-nos por tu.
Ali, no liceu, éramos tratados
por senhores. Ora isso foi um
salto enorme!.
Rui Vilar também não foi indiferente
àquele casarão enorme
e solene da Avenida de Camilo
e ao impacte dos cartazes
dissuasores que algum espírito
salazarista colocara em pontos
estratégicos do liceu com frases
tão edificantes como No barulho
ninguém se entende, é por
isso que na revolução ninguém
se respeita ou Se soubesses
o que custa mandar, gostarias
de obedecer toda a vida. Belmiro
de Azevedo chegou a ser
por um curto período chefe de
quina na Mocidade Portugue-
sa, mas, logo que pôde, meteuse
em actividades de xadrez
como desculpa para não usar
a farda. Já Vilar, animado da
mesma intenção, optou por se
inscrever em aulas de rádio,
tendo andado um ano inteiro
para construir um aparelho,
sem o conseguir.
Mas nenhum deles deixa de
reivindicar memórias estruturantes
do Alexandre Herculano.
Belmiro de Azevedo, por
exemplo, disse ter cimentado
por lá a ética de tolerância
zero que lhe conforma a vida
zero erros, zero mentiras e
ganho o gosto pela Matemática
que, para ele, é um instrumento
tão natural como andar de
bicicleta. António Borges vai
mais longe, ao considerar-se
apaixonado pela ciência dos
números, em grande parte por
influência de um professor, e
já não tanto pela parte musical,
cujas aulas de canto coral
eram um verdadeiro fiasco.
Rui Vilar recordou a influência
de Óscar Lopes (que, apesar
de comunista, nos deu a ler
a Pátria Portuguesa, de Júlio
Dantas, por ser um livro bem
escrito), a tertúlia Caminho,
que ele próprio e alguns colegas
fundaram e onde se discutiram
temas tão sisudos como a Música
de Beethoven e a Poesia
Romântica e Simbolista, bem
como as sessões do cineclube
liceal em que pela primeira vez
se viram filmes de Jacques Tati
e do neo-realismo italiano.
Para Sobrinho Simões, a
rigidez curricular do ensino
ministrado à época e a
prevalência da memorização
não foram obstáculo a que os
professores tivessem também
sabido motivar os alunos no
gosto pelo conhecimento. Se a
semente ficar, pode ser que se
cumpra a profecia avançada no
início da sessão pelo presidente
da Assembleia de Escola, José
Luís Sarmento: Que daqui
a cinquenta anos possa um
sucessor meu ter a honra de
se dirigir a uma assembleia de
alexandrinos tão ilustre e tão
rica de exemplos como esta.
Quem sabe não estarão hoje
nas nossas salas de aula os
cientistas, empreendedores,
artistas, estadistas e filantropos
do futuro?

Tive um extraordinário professor de Matemática, um homem já com uma
certa idade, discreto e humilde. Despertava o interesse e fez com que eu
me apaixonasse pela Matemática. Se não fosse ele, eu teria de certeza
seguido uma carreira diferente.
No meu tempo, não havia raparigas no liceu. O ambiente era mais
sossegado. Havia menos concorrência. É que nestas idades elas são mais
produtivas...
ANTÓNIO BORGES
ECONOMISTA

Havia um rapaz gordo, simpático, o Vieira, que tinha um rosto
permanentemente sorridente. A certa altura, o Sena Esteves, que era o
professor de Química, achou que o miúdo estava a gozar com ele e deulhe
uma lambada. No dia seguinte, depois de se ter apercebido do erro,
deu-lhe um chocolatezinho com uma medalha e pediu-lhe desculpa.
Houve uma vez em que eu trepei pelo cano da água até à sala onde estava
a decorrer um exame de Desenho. Consegui fazer o teste no lugar de um
aluno que estava em dificuldades e ele acabou por ganhar o prémio.
BELMIRO DE AZEVEDO
PRESIDENTE DO GRUPO SONAE

Tínhamos um professor de Inglês, o José Luís Afonso, que passava a vida
a trabalhar nos seus dicionários e misturava permanentemente as duas
línguas. Stop talking, meninos!, dizia ele.
Em 53/54, cinco alunas começaram a frequentar o liceu que até então
era só de rapazes. Tinham um recreio em espaço próprio que logo foi
baptizado de gineceu. Aquelas raparigas inevitavelmente provocaram
por ali terramotos sentimentais...
RUI VILAR
PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO GULBENKIAN

Nós éramos miúdos e, no início do liceu, éramos confrontados com coisas
que não conseguíamos interpretar muito bem. O meu colega Zé Marcelino
veio uma vez ter comigo para me dizer: Já sei donde é que vêm as crianças!.
Donde?, perguntei eu. Do rabo, disse ele.
Eu era muito mau a Canto Coral. E fiz uma prova tão ordinária que o
professor até pensou que eu tinha feito de propósito. De maneira
que ele acabou por me pôr juntamente com o coro. Mas, quando
percebeu o desastre que eu era, disse-me logo: Bem, tu agora estás aí,
mas ficas calado!.
SOBRINHO SIMÕES
INVESTIGADOR NA ÁREA DA MEDICINA

MIT students pull prank on conference

(Última edição: quarta-feira, 20 de abril de 2005 às 10:02)
Skip to main content
logo.gif
ns.logo.standalone.gif
1.gif
1.gif
Science & Space
1.gif
1.gif

MIT students pull prank on conference

Computer-generated gibberish submitted, accepted

Thursday, April 14, 2005 Posted: 7:29 PM EDT (2329 GMT)

1.gif
1.gif

CAMBRIDGE, Massachusetts (Reuters) -- In a victory for pranksters at the Massachusetts Institute of Technology, a bunch of computer-generated gibberish masquerading as an academic paper has been accepted at a scientific conference.

Jeremy Stribling said Thursday that he and two fellow MIT graduate students questioned the standards of some academic conferences, so they wrote a computer program to generate research papers complete with "context-free grammar," charts and diagrams.

The trio submitted two of the randomly assembled papers to the World Multi-Conference on Systemics, Cybernetics and Informatics (WMSCI), scheduled to be held July 10-13 in Orlando, Florida.

To their surprise, one of the papers -- "Rooter: A Methodology for the Typical Unification of Access Points and Redundancy" -- was accepted for presentation.

The prank recalled a 1996 hoax in which New York University physicist Alan Sokal succeeded in getting an entire paper with a mix of truths, falsehoods, non sequiturs and otherwise meaningless mumbo-jumbo published in the quarterly journal Social Text, published by Duke University Press.

Stribling said he and his colleagues only learned about the Social Text affair after submitting their paper.

"Rooter" features such mind-bending gems as: "the model for our heuristic consists of four independent components: simulated annealing, active networks, flexible modalities, and the study of reinforcement learning" and "We implemented our scatter/gather I/O server in Simula-67, augmented with opportunistically pipelined extensions."

Stribling said the trio targeted WMSCI because it is notorious within the field of computer science for sending copious e-mails that solicit admissions to the conference.

The idea of a fake submission was to counter "fake conferences...which exist only to make money," explained Stribling and his cohorts' website, "SCIgen - An Automatic CS Paper Generator."

"Our aim is to maximize amusement, rather than coherence," it said. The website allows users to "Generate a Random Paper" themselves, with fields for inserting "optional author names."

"Contrarily, the lookaside buffer might not be the panacea..."

Nagib Callaos, a conference organizer, said the paper was one of a small number accepted on a "non-reviewed" basis -- meaning that reviewers had not yet given their feedback by the acceptance deadline.

"We thought that it might be unfair to refuse a paper that was not refused by any of its three selected reviewers," Callaos wrote in an e-mail. "The author of a non-reviewed paper has complete responsibility of the content of their paper."

However, Callaos said conference organizers were reviewing their acceptance procedures in light of the hoax.

Asked whether he would disinvite the MIT students, Callos replied, "Bogus papers should not be included in the conference program."

Stribling said conference organizers had not yet formally rescinded their invitation to present the paper.

The students were soliciting cash donations so they could attend the conference and give what Stribling billed as a "completely randomly-generated talk, delivered entirely with a straight face."

They exceeded their goal, with $2,311.09 cents from 165 donors.



Copyright 2005 Reuters. All rights reserved.This material may not be published, broadcast, rewritten, or redistributed.

1.gif1.gif1.gif
1.gif
N

Números e ideias feitas, João Ferreira do Amaral

(Última edição: sábado, 29 de outubro de 2005 às 16:34)
Expresso, 29 de Outubro de 2005
O

O desafio da educação, MARIA DE LURDES RODRIGUES

(Última edição: sexta-feira, 18 de novembro de 2005 às 09:04)
O desafio da educação, MARIA DE LURDES RODRIGUES

Público, 18 de Novembro de 2005

d

O maior desafio que se coloca hoje a Portugal é a necessidade de alteração da qualidade e do nível de exigência nas nossas escolas. Do último relatório da OCDE sobre a educação este é o gráfico que mais impressiona. Ele revela Portugal isolado no quadrante superior esquerdo, numa situação única, não comparável com nenhum outro país.
[ver quadro em cima]
No espaço económico mais desenvolvido, Portugal tem a maior percentagem de jovens dos 20 aos 24 anos com baixos níveis de escolarização e que abandonaram o sistema de ensino, e simultaneamente é um dos países com mais baixa percentagem de jovens da mesma idade a estudar. Esta singularidade resulta de, todos os anos, milhares de jovens abandonarem a escola sem a escolaridade obrigatória ou com o ensino secundário incompleto. O gráfico permite ver a dimensão do problema da educação no nosso país e da urgência de uma intervenção sem hesitações.
No mercado de trabalho, aos adultos de outras gerações com baixas qualificações por falta de oportunidade de acesso à escola, juntam-se todos os anos jovens nascidos depois do 25 de Abril para quem o acesso à escola não se transformou numa verdadeira oportunidade. Isto, apesar de nos últimos anos o país estar a fazer um enorme esforço de investimento na educação, esforço maior ainda se considerarmos que o número de alunos tem vindo a diminuir e o investimento em educação tem aumentado sempre, em valores absolutos e em valores relativos, passando em 10 anos de 3,5 para 6,0 mil milhões de euros.
Portugal tem revelado genuína vontade de melhorar o sistema de ensino: aumento do número de professores para o apoio a alunos com necessidades especiais de aprendizagem (professor para cada 4 alunos); melhoria do estatuto sócioeconómico e profissional dos docentes, bem como das condições de progressão na carreira (cerca de 45% dos professores estão nos últimos escalões da carreira auferindo entre 2000 e os 2800 euros); investimentos significativos na valorização profissional através da formação
contínua e especializada de professores (nos últimos seis anos investiram-se mais de 300 milhões de euros na formação contínua de professores, sendo muito largas as ofertas formativas e as oportunidades de formação).
No nosso país, a despesa por aluno, tendo em conta o PIB per capita, é a maior dos países da UE, quer dizer, que sendo Portugal um dos países mais pobres faz um investimento equivalente a países mais ricos.
Todavia, a este esforço financeiro não tem correspondido uma melhoria dos resultados. As séries estatísticas revelam que nos últimos dez anos as taxas de insucesso se mantêm em níveis muito elevados:
anualmente15 por cento dos alunos abandonam o ensino básico sem o concluir e, ao nível do secundário 35 por cento dos alunos abandonam no 10.º ano e 50 por cento no 12.º ano. Apesar da melhoria do rácio
do número de alunos por professor, do aumento dos apoios educativos e da valorização das competências e qualificações dos professores, o insucesso persiste e ao nível dos resultados obtidos não se registam
melhorias correspondentes.
Vários relatórios nacionais e internacionais têm apontado para a existência de problemas de diferente natureza:
1) Ao nível sistémico e organizacional são apontados o excessivo centralismo do sistema de ensino e défice de autonomia das escolas, o défice de actividades de acompanhamento e enquadramento de alunos, o défice de envolvimento e trabalho de docentes ao nível do estabelecimento, o défice de acompanhamento e supervisão de aulas e do correspondente controlo da qualidade do ensino.
2) Ao nível sócio-económico é apontado o quadro de enorme desigualdade social, a extrema heterogeneidade dos alunos e das escolas nesta matéria, bem como o défice de acesso a recursos sócio-educativos e culturais dos nossos alunos.
3) Ao nível do desenvolvimento curricular são apontadas questões relacionadas com a excessiva dimensão e desajuste de programas e instrumentos de ensino e aprendizagem e ausência de articulação entre as condições de ensino e os mecanismos de controlo externo, designadamente os exames nacionais.
É muito importante que no interior das escolas, mas não só, se abra um debate sobre estas questões. Que os relatórios de avaliação e documentos de diagnóstico sejam efectivamente lidos e divulgados para que possamos todos reflexivamente encontrar e concretizar soluções.
A escola a tempo inteiro e o enriquecimento curricular e extracurricular do primeiro ciclo, a reorganização da rede de escolas e a melhoria das instalações, a ocupação plena dos tempos escolares, a valorização das competências científicas dos professores, a melhoria das condições de trabalho e de ensino, a valorização da gestão e da autonomia das escolas, colocam a escola no centro da política educativa. Este é o desafio do país e o compromisso do Governo para a legislatura, por isso todos os dias têm de ser ganhos para inverter a situação.

■ Ministra da Educação

O mestre dos silêncios, Miguel Sousa Tavares

(Última edição: sábado, 5 de novembro de 2005 às 07:32)
O mestre dos silêncios, Público, 4 Nov 2005

Mário Soares como ele
próprio não se cansa de
recordar, a título de prova
de vida passou estes dez
últimos anos sem resguardo algum: fez
uma fundação, foi deputado europeu,
publicou dez livros (!), viajou, fez conferências,
palestras, presidiu a comissões,
desfilou contra a Guerra do Iraque.
Puf! suspira Cavaco Silva, com desdém,
ao relembrar as andanças do seu rival
, um político profissional no seu pior!
Ele, Cavaco, fez o inverso: tratou de acabar
a sua vida académica tranquilamente, publicou
um livro, após sair do governo e onde
inventariou as reformas de uma década,
que jura ter feito, mas que, curiosamente,
são hoje universalmente reconhecidas
como as mais urgentes ainda por fazer, e
reservou-se para ocasionais aparições públicas,
sempre devidamente publicitadas
pelos inúmeros homens-de-mão que deixou
semeados pela imprensa e sempre recebidas
pela pátria como verdadeiros textos de
referência, senão mesmo de culto.
Soares falou tanto nestes dez anos que
não nos lembramos de coisa alguma marcante
que tenha dito. Cavaco falou tão pouco
que, para a história, ficou apenas aquela
frase dos tempos de governação de Santana
Lopes de que a boa moeda deve afastar a
má. Foi um pensamento profundo e corajoso:
antes dele, ninguém ainda tinha
pensado numa coisa dessas e
ninguém ainda se tinha atrevido
a questionar os méritos
governativos de Santana Lopes
e do seu extraordinário séquito.
Disse também outra coisa (hoje
convenientemente apagada dos
registos pelos seus fiéis), estava
a sua amiga Manuela Ferreira
Leite a tentar controlar o despesismo
público e os défices
suicidários do Estado: disse que
o que era preciso eram políticas
keynesianas, de contraciclo e
acrescidas despesas públicas.
Há dez anos que todos sabíamos
que Cavaco voltaria
a candidatar-se à Presidência
da República, assim que Jorge
Sampaio desimpedisse o
caminho porque, tirando
o inevitável holocausto de 95,
contra o mesmo Sampaio, e a
que não tinha maneira de se
furtar, ele sempre foi homem
dos combates com vitória
assegurada à partida. Este
seu novo e ridículo tabu com
as presidenciais, este patético
arrastamento da notícia formal
da candidatura, quando já tudo
estava pensado ao pormenor e ele ainda
fingia estar em reflexão, só serviu para
demonstrar duas coisas: uma, que Cavaco
conhece e usa todos os truques da política,
que afecta desdenhar; outro, que entre os
seus truques preferidos está a gestão do
silêncio, até ao limite do possível.
Não há lugar mais político do que a
Presidência da República. É um lugar destinado
exclusivamente a fazer política, não
a governar ou a fazer obra. É por isso que
a candidatura de Cavaco Silva gera tanto
desconforto, tanta desconfiança e tanta
insegurança em tanta gente: porque quem
se candidata ao cargo se afirma, pessoal e
estruturalmente, contra a própria natureza
dele e, por conseguinte, nos deixa a tentar
adivinhar que agenda secreta será a sua,
uma vez na Presidência.
Sempre foi assim, também, nos seus dez
anos de governo. Cavaco Silva sempre desprezou
as ideias políticas, o debate, a ideologia,
a agenda, a definição de um horizonte
ou de um projecto para Portugal. Quando
questionado, respondia com os 1400 quilómetros
de estradas novas, os 210.000 carros
comprados, as 600.000 criancinhas nascidas
durante os seus anos de esplendor. Nunca
aceitou debates, nunca perdeu tempo com
o Parlamento, nunca se submeteu a entrevistas
difíceis. Quando precisava de cuidar
da imagem ou da mensagem, reservava-se
para entrevistas exclusivas na televisão pública
com o seu conselheiro de imagem ou
com a sua adida de imprensa. Assim criou
o mito do homem infalível, demasiado ocupado
a resolver os problemas do país para
se desgastar em explicações avulsas ou na
inútil encenação democrática.

Para essas tarefas menores, Cavaco
contou sempre com um fiel exército de
guardas da revolução, que hoje reemergem
outra vez à superfície, tal como,
diga-se em abono da verdade, reemergem
os cortesãos de Soares. Uma das especialidades
de Cavaco Silva foi sempre a de dar
homens por si. Se Cavaco nunca teve uma
ideologia nem sentiu necessidade de a ter,
o cavaquismo teve-a.
Para quem já esqueceu ou finge ter
esquecido, convém relembrar o que era a
substância intelectual e política do cavaquismo.
O mesmo Cavaco Silva que hoje
se afirma contra a partidarização do aparelho
do Estado, foi o primeiro-ministro que
inaugurou a moda recente de distribuir
todos os cargos públicos (excepto os das
forças de bloqueio, que se lamentava
de não conseguir controlar) pelos fiéis
do partido e do chefe, enquanto ele, como
escreveu o seu fiel António Pinto Leite,
afectava dedicar-se unicamente ao culto
solitário e obsessivo do interesse nacional.
Enquanto o próprio Cavaco Silva se
vangloriava de ter devolvido Portugal ao
mundo e se gabava de ter feito de Portugal
um oásis de progresso no meio da decadência
do mundo, os seus fiéis ocupavam,
sem pudor nem temor, todos e cada um dos
cargos do Estado, das empresas públicas,
das sinecuras regionais. Na RTP, totalmente
governamentalizada, Roberto Leal,
vestido de minhoca branca, pulava e saltava,
cantando o refrão nós já temos Cavaco
e maioria antes mesmo das eleições.
E o ministro Fernando Nogueira, então
número dois e delfim do cavaquismo,
explicava candidamente que não havia
ocupação alguma do aparelho de Estado,
já que ele não conhecia um génio, uma
pessoa invulgarmente dotada, que não
esteja ocupada. Ele, por exemplo, estava
apenas muito empenhado em dar a sua
contribuição individual para um projecto
colectivo protagonizado pelo Professor
Cavaco Silva... numa unidade ideológica
que causa inveja aos adversários. Porque
tudo se resumia a essa tarefa patriótica
da unidade ideológica e serviço ao chefe,
como ensinava aos deputados do PSD o
líder parlamentar da maioria de então,
Montalvão Machado: Uma das prioridades
dos deputados sociais-democratas
deve ser a promoção da imagem de Cavaco
Silva. Eram os tempos, recordo, em que
o primeiro-ministro, Cavaco Silva, abria
o telejornal da RTP, então estação única e
pública, para declarar: Estou em condições
de dizer aos portugueses que o preço
da gasolina vai baixar quatro escudos por
litro. E eram os tempos, também, em que
o mesmo primeiro-ministro propunha
uma Lei do Segredo de Estado, felizmente
abandonada, em que os aumentos de
preço dos combustíveis, dos impostos,
das taxas de juro e outros rendimentos
do Estado, bem como a contracção de
empréstimos por parte da República
ou das Regiões Autónomas, passariam
a constituir matéria abrangida pelo segredo
de Estado. Assim ia a democracia,
nos gloriosos tempos de então.
E é por isso que, lembrando-me de coisas
de então, agora que, segundo as sondagens,
Cavaco Silva se prepara para ser meu Presidente
da República nos próximos dez anos,
eu acho que chegou a altura de lhe exigir
o fim do silêncio conveniente. Gostaria de
saber o que pensa ele de Portugal: da justiça,
da educação, da desordem territorial,
da reforma da administração pública,
da regionalização, do aborto, da Ota e do
TGV. E o que pensa do mundo: do Iraque, do
combate ao terrorismo, das relações com os
regimes corruptos de África, da imigração,
da adesão da Turquia à Europa, da deslocalização
de empresas, da futura guerra
contra o Irão. Numa palavra, gostaria de
saber que ideias tem ele, o não-político,
sobre a política. Será pedir de mais a quem
quer ser Presidente da República?

P.S. Nos tempos do Grande Ceausescu,
andava em reportagem pela Roménia
e pedi uma entrevista ao ministro
dos Estrangeiros. Responderam-me que
as perguntas só por escrito, previamente,
e as respostas só por escrito, posteriormente.
O mesmo sistema acaba agora de ser
instaurado na Câmara do Porto pelo dr.
Rui Rio. Gostavam muito da maneira de
fazer política dele, não gostavam? Pois
agora aprendam! ■ Jornalista

O que a vida me ensinou, José Manuel de Mello

(Última edição: sábado, 16 de abril de 2005 às 12:27)
  Expresso
16.04.2005

O que a vida me ensinou, José Manuel de Mello
 
Empresário, 78 anos
 
Nasceu rico e em pequeno queria ser «playboy». Retirado da vida activa empresarial, dedica-se à produção de vinho no Alentejo. Na memória de muitos continua a ser o patrão da CUF ou da Lisnave, embora os seus interesses estejam, agora, na Brisa e nas clínicas de saúde.Portugal incomoda-o.Um debate na Assembleia da República deixa-o mal disposto, Quando assim é, pega num avião e sai, a ver se refresca

Alterar tamanho Reduzir Ampliar
1x1t.gif F1-U0481.jpg
LUIZ CARVALHO
No 25 de Abril não fui derrotado, fui confiscado. Tomei conhecimento do que se estava a passar à noite, quando começou o «Grândola, Vila Morena». Passei dois dias no escritório a tentar criar núcleos de resistência no meio empresarial, ainda com a esperança que a coisa não acabasse da forma tão ordinária como acabou. Reuni muita gente. Não tinha ilusões de que o Partido Comunista, mas não só, estava a aproveitar-se e estava por trás de tudo quanto se tinha passado. Vivemos horas e horas com outros empresários a ver se criávamos uma coesão para fazer frente, ou para resistir, ou para encaminhar noutro sentido. Em certa medida isso foi conseguido. Não quero dizer que a CIP tenha nascido destas reuniões, mas tiveram muita influência.

Senti que era um mundo que acabava e um mundo que começava. Daí a minha desilusão quando digo que nunca imaginei que a coisa fosse tão ordinária. Quando digo ordinária, quero dizer com falta de categoria, má qualidade como acabou por ser, com toda a manipulação que houve, nitidamente destrutiva. Faz-me impressão ver pessoas, algumas altamente colocadas na hierarquia do Estado, e que desde essa data fazem parte do sistema. O sistema continua a existir e todos se autoprotegem. Até varrem da memória aquilo em que estiveram envolvidos e hoje aparecem a dar lições e conselhos.

Depois do 25 de Abril fui para o estrangeiro com uma equipa para continuar a trabalhar, sujeitos aos mesmos sacrifícios de não saber se conseguíamos realizar o fim do mês para comer o pão. Pus a minha família na Suíça, junto de amigos. Não tinha dinheiro para lhes dar a educação... mas, enfim, isso tudo já lá vai. O ódio é uma coisa que não move nada. Não faz nada de construtivo. Quando olho para o Parlamento, uma das coisas que me impressiona é a aparência de ódio e inveja que surgem ali. Acho que o amor constrói tudo.

1x1t.gif F2-U0481.jpg
LUIZ CARVALHO
Sou firmemente crédulo na democracia. Sempre fui. Desde muito novo que andei por fora. Vivi muito. Viajei muito. Comecei a minha vida profissional como funcionário da CUF a vender adubos no Médio Oriente. Estive instalado perto de um ano em Chipre e andava muito pelo Norte da Europa. Depois comecei a ocupar-me da navegação. Tinha uma visão do que era a vida nas democracias estabilizadas do Norte da Europa. Para mim, essa vivência era natural, era intrínseca. Levava-me a concluir que a realidade portuguesa era uma realidade a prazo. Não tinha dúvidas nenhumas sobre isso. Tive a esperança, por ingenuidade, por credulidade, que adviria uma evolução no sentido de nos aproximarmos das regras do Norte da Europa. Pensava numa transição suave. Nunca achei que as revoluções resolvam seja o que for. Às vezes são necessárias, mas sempre pensei que houvesse inteligência bastante para fazer uma evolução.

Não me sinto particularmente orgulhoso de um dia, no Brasil, depois do 25 de Abril, ter virado a cara a Marcello Caetano, quando ele apareceu no mesmo restaurante onde eu estava. Veio para me falar e eu virei a cara. Arrependi-me de ter feito isso. Na altura culpabilizava-o muito de ter permitido que as coisas chegassem ao ponto de justificarem a parte rasca do 25 de Abril. Tive grandes esperanças quando Marcello Caetano foi para o Governo. Cheguei a manifestar-lhe essas esperanças, mas também a minha desilusão. Não sei se na altura em que ele chegou ao poder ainda era possível fazer diferente, mas achava que ele devia tê-lo feito. O problema colonial estava posto em cima da mesa. O livro de Spínola foi publicado por uma editora que estava no meu grupo, mas não sei se foi a parte mais positiva, ou que contribuiu para alguma coisa. Até pelo posterior comportamento de Spínola.

Gosto de viajar. Gosto principalmente de sair deste ambiente asfixiante que acho que é o do meu país, por provincianismo, por falta de objectividade. Acho que o português é o mais provinciano que há. Somos periféricos. O português é essencialmente pouco evoluído. Vive longe da realidade. Tem uma posição quase de espectador permanente. Mesmo todas as ligações com o mar, que é um dos meios de comunicação mais antigos, não tiveram em nós grande influência. Somos burgessos. Somos pequeninos. Temos uma atitude meio saloia. Sinto-me incomodado com o país. Basta assistir a uma sessão da Assembleia da República. Fico mal disposto durante oito dias. A primeira coisa que faço é pegar num avião e sair daqui, para ver se refresco. Porque aquilo é tudo menos um parlamento como devia ser. Incomoda-me a falta de nível, a forma como são discutidos os problemas, onde se debate tudo, menos o essencial. Quanto aos governos, também não temos um grande currículo nos últimos tempos. Desde o Cavaco Silva, que não fugiu, a partir daí nunca mais houve nenhum primeiro-ministro que não tivesse fugido, ou que tivesse acabado o seu mandato. O Cavaco Silva não terá fugido, mas lá que não pretendeu continuar, isso sem dúvida nenhuma.

Custam-me estes processos da Casa Pia, que se prolongam. Custam-me os noticiários, onde a parte essencial não é transmitida. Custa-me a queda da ponte de Entre-os-rios. Ninguém sabe quem é o culpado, mas houve vítimas. Custa-me passar pelo Terreiro do Paço e ver uma obra que não sei se está a fazer-se ou não, e quem é que decidiu. Custam-me estas guerras do túnel do Marquês. E ninguém põe nada em causa. Então, o país? E nós? Estamos a sofrer com isto, lá porque falta o relatório, ou falta a vírgula.

O AR DE PORTUGAL É ATERRORIZADOR

É raro passar um mês seguido em Portugal. Gosto de ir para Londres ou para os EUA. Também gosto de ir a Espanha. O que me atrai na ideia de viajar é o que se respira de ar diferente. Acho que este ar aqui é aterrorizador. Não percebo a capitalização da desgraça que se faz na televisão, cujos noticiários demoram quase uma hora. Não acabam, sequer, com uma história engraçada, positiva, como a televisão inglesa. A louca procura das audiências faz sempre repisar o negativo. Não é que ache que o negativo não deva ser posto ao de cima, para estarmos todos conscientes, mas tudo tem limites.

A minha primeira grande viagem foi a acompanhar o meu pai, mal tinha acabado a II Guerra Mundial, quando ele foi tratar de reequipar a CUF. Durante o período da guerra tinha sido impossível renovar o equipamento das fábricas e os navios estavam velhos. Lembro-me de chegar a Paris e ver senhas de racionamento, que era uma coisa que aqui não se conhecia. Recordo-me de ver Londres destruída. Em Bruxelas e em toda a parte da Bélgica vi as pessoas com fome. Aqui nunca imaginámos essas coisas. A minha família nunca foi profundamente germanófila, embora tivesse um bocadinho o estigma da Guerra Civil de Espanha, em que se envolveu. O meu avô ajudou de várias formas o lado nacionalista, que acabaria por sair vencedor. Em minha casa fizeram-se muitas camisolas para levar a Espanha. O meu pai tinha a carta de pesados e foi em comboios a guiar o camião para levar produtos. O meu avô e a minha família sempre foram gente que acreditaram na autoridade e na ordem. A opinião que corria lá em casa era essa. Mas não se pode deixar de contextualizar isto no tempo em que foi. Impressiona-me esta necessidade de pedir desculpa, como o Papa veio pedir desculpa, ou o Presidente Chissano, que já não é presidente, mas que foi ao Norte e disse que falta aos portugueses pedirem desculpa. Pedirem desculpa de quê? Foi um contexto. Foi uma época, e nessa época era como era. Não éramos diferentes dos outros. Que se capitalize hoje isso por razões políticas ou outras, é um completo exagero.

Os meus pais eram pouco autoritários. Talvez mais disciplinadores. A minha mãe, filha única de Alfredo da Silva, era de formação e educação muito germânica. Tinha um grande respeito pela vida empresarial do pai e incutia-nos essa visão de que o que valia era o trabalho que se fazia nas empresas. Acima de tudo importava o trabalho, criar empresas, criar iniciativas. Mais tarde o meu pai sucedeu ao meu avô e também seguiu a mesma linha, de uma formação de que o que vale é o trabalho e criar riqueza. Para além de, na maioria dos casos, ser a forma de sustentação da família. O trabalho é próprio do homem, o homem que não trabalha não pode ser feliz. Trabalhar é quase tão importante como lavar os dentes e fazer a barba.

Em pequeno, eu dizia que quando fosse grande queria ser «playboy». Sempre gostei de fazer desporto, de andar à vela. Era rico, já tinha herdado, e sempre pensei em comprar um barco à vela para dar a volta ao Mundo. Quando a minha mãe me chamou à realidade, me informou que o meu pai estava gravemente doente e lhe respondi que estava a pensar ir, durante um ano, dar a volta ao Mundo, ela disse-me para nem pensar nisso. A minha obrigação era trabalhar nas empresas que o meu avô tinha criado e o meu pai continuado. Assim foi. Já tinha sinalizado o barco. Foi o sinal à viola e agarrei-me à rabiça. Já nem penso nisso de dar a volta ao Mundo.

TENHO MENOS CERTEZAS E MAIS DÚVIDAS

 

Quando a minha mãe me confrontou com aquele desafio, não tinha remédio. Não tinha alternativa. Se estava preparado, ou não, era aquilo que tinha de fazer. Preparei-me. Mudei de perspectiva. Subconscientemente estava convencido de que era esse o meu caminho.

Não posso dizer que o dinheiro não seja importantíssimo, mas não é isso que me move. Nasci num berço de oiro e por isso sempre tive dinheiro. Em todo o caso, depois do 25 de Abril passei por muitos maus bocados, durante um ano ou dois. Soube adaptar-me a viver «à rasca» para chegar ao fim do mês. O dinheiro é importantíssimo para quem não o tem, por isso é quase uma barbaridade estar a dizer uma coisa destas.

A vida ensinou-me que não sei nada. Cada vez tenho menos certezas e cada vez tenho mais dúvidas. Mas acho que a vida vale a pena ser vivida. Acredito muito no evangelho dos talentos. Quem os tem, tem a obrigação de os fazer render.

Texto de Valdemar Cruz


Once a Booming Market, Educational Software for the PC Takes a Nose Dive

(Última edição: segunda-feira, 29 de agosto de 2005 às 15:32)

Once a Booming Market, Educational Software for the PC Takes a Nose Dive

/>/>
Published: August 22, 2005

SAN FRANCISCO, Aug. 21 - Edward Vazquez Jr., 6, has numerous educational tools at his disposal. He learns math from flashcards and the alphabet from a popular electronic gadget called the LeapPad. But when it comes to instruction, the family's personal computer sits dormant.

22soft.cartoon.jpg
Riverdeep

Sales of PC titles like Reader Rabbit are a third of what they were in 2000.

22software.chart.jpg

"He has a lot of toys for learning - not the computer," said his father, Edward Vazquez, 28, a waiter in San Francisco. One reason, Mr. Vazquez said, is "you don't see a lot of that software."

That statement would have been unthinkable a few years ago. In 2000, sales of educational software for home computers reached $498 million, and it was conventional wisdom among investors and educators that learning programs for PC's would be a booming growth market.

Yet in less than five years, that entire market has come undone. By 2004, sales of educational software - a category that includes programs teaching math, reading and other subjects as well as reference works like encyclopedias - had plummeted to $152 million, according to the NPD Group, a market research concern.

"Nobody would have thought those were the golden days," Warren Buckleitner, editor of Children's Technology Review, said of the late 1990's. "Now we're looking back and we're saying, 'Wow, what happened?' "

What happened was an explosion of new, often free technologies competing to entertain and teach children. Young children have long been a primary audience for computer learning games. But with free games and learning sites now available all over the Internet, parents are finding that they do not need to buy software that can teach the A B C's. And the spread of broadband connections has made playing online games far easier.

The preschool and elementary school set is also moving toward portable gadgets like the LeapPad made by LeapFrog Enterprises, and other electronic toys from makers like Fisher-Price and VTech. Older students, industry analysts said, are less likely to buy educational software when reference material and encyclopedias are free online.

And there is the pass-along effect. Simple programs for toddlers and young children are often handed down among brothers and sisters because the titles and curriculums do not change much over the years.

Other industry analysts and executives said that parents' frustration at installing new programs and the nearly universal availability of computers in classrooms have made using home PC's for learning less appealing.

Danisha Floyd, 22, said her 5-year-old son, Edgar, uses a LeapPad and does not have a computer at home. "He uses computers at school," she said.

Alan Zack, product director for Encore Software, a Los Angeles company that makes and distributes educational programs, said, "Kids come home and they don't want to get on the computer."

Basically, said Chris Swenson, an education software analyst for NPD, "the PC has lost its luster as the center for learning at an early age."

The result in business terms has been a downward spiral. Only 222 educational programs for PC's sold more than 10,000 copies in 2004, down from 447 in 2001, according to NPD. As sales began to decrease, retailers devoted less and less shelf space to these titles, making recovery for the industry more difficult.

To regain their footing, some companies are starting to create programs that can connect to the Internet and cater to parents' interest in measuring their children's academic progress.

One reason for hope is that parents are spending more on educational tools and services than ever. Kirsten Edwards, an education software industry analyst with ThinkEquity Partners, a research firm, noted that overall spending on teaching tools and toys had increased. Spending on tutors, she said, rose to $4 billion in 2004, from $3.4 billion a year earlier.

Yet educational software is getting an ever smaller share of that consumer dollar. It is among the lowest-priced of any software category; in 2004 the average price for an educational program was $18, compared with $23 for the average computer game, according to NPD.

Once a Booming Market, Educational Software for the PC Takes a Nose Dive

(Page 2 of 2)

The fate of the Learning Company, once one of the biggest names in the educational software business - with well-known titles like Reader Rabbit and Carmen Sandiego - underscores the industry's rapid decline.

Skip to next paragraph
22soft.jessica.jpg
Peter DaSilva for The New York Times

Jessica Lindl of Riverdeep, which makes educational software, said future versions would give parents feedback on their children's progress.

In 1998, the company was acquired by Mattel for $3.8 billion, an indication of the expectations for the industry's growth. Quickly, though, the market faltered. In 2001, the company's educational titles were acquired for $40 million by Riverdeep, an Irish education software company. Today, Riverdeep, which has an office in San Francisco, continues to sell Learning Company brands. But it is trying to remake them to cater to new consumer interests.

Last week, it released repackaged versions of Reader Rabbit and Carmen Sandiego, among other titles, that include in the boxes an old-fashioned tool: flashcards intended to complement what students learn on the computer.

Jessica Lindl, vice president for marketing at Riverdeep, said the flashcards are lead-ins to more extensive changes in the software next year. Future versions, she said, will help assess a student's needs and give parents feedback on the child's progress. In future versions of the reading program Reader Rabbit, for example, children who do not master a level will get repeated lessons.

People used to buy educational technology for technology's sake, Ms. Lindl said. "What needs to happen now is there needs to be returns, or results, for the purchase."

One company, Topics Entertainment, of Renton, Wash., is aiming at parents who want to increase student achievement. Programs in its Success line are packaged in clean white boxes without cute cartoon characters, though the programs, which teach math, reading and other classroom subjects, are meant for students in grade school.

Even getting the programs into the stores can be a big challenge. Max Cowsert, director of product development for Topics Entertainment, said that retailers like Best Buy had reduced the shelf space they allot to educational software, and some video game retailers had eliminated the category altogether. "It's not going to continue to slide at this rate," Mr. Cowsert said. "It has to stop declining, or we'll disappear."

Educational software makers in the consumer market are not alone in their struggles. Those making software for schools have suffered too, executives and analysts said, from cutbacks in school budgets. Overall spending on software by K-12 schools was $2.3 billion in 2004, up 2 percent from a year earlier but down from $3.4 billion in 2001, according to ThinkEquity Partners.

Nonetheless, some say that children's software can make a comeback. Mr. Buckleitner, an occasional contributor to the Circuits section of The New York Times, says there is still a future for teaching tools for the PC, especially as high-speed Internet access permits the delivery of richer content.

As for the drop in sales, he said, "it's like a forest fire has burned through," making the scorched earth ready for future growth.

Os elementos fundamentais da cultura portugues, Jorge Dias

(Última edição: segunda-feira, 7 de novembro de 2005 às 12:58)

OS ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DA CULTURA PORTUGUESA

Jorge Dias

No estado actual dos nossos conhecimentos não é possível desenvolver satisfatoriamente o tema que me foi designado neste Colóquio. Estabelecer os elementos fundamentais duma cultura representa o fim máximo a que a etnologia (antropologia cultural) se propõe; é, digamos, a cúpula dum edifício que ainda está nos alicerces. A vastidão e a complexidade do assunto não permitiram sequer que nestes escassos meses se pudesse traçar uma visão panorâmica da cultura portuguesa com a solidez científica indispensável. Pode dizer-se que tal tema é a tarefa de toda a vida daqueles que se lhe dediquem. O mérito desta tentativa não será mais do que quebrar o encanto de penetrar num mundo que a todos atrai, mas onde ninguém ousa afoitamente entrar, pelos perigos que encerra. São de molde a assustar qualquer um os juizos precipitados ou superficiais, de sobejo conhecidos, emitidos por vários jongleurs do espírito, que pretendem classificar um povo salientando só algumas características, muitas vezes bem pouco típicas, que mais se poderiam classificar anedóticas, quando não malevolentes.

Se definir os elementos culturais duma sociedade tribal demanda já um longo trabalho de análise e boas qualidades de observação, interpretação e síntese, o que não será estabelecer as bases culturais permanentes dum povo estratificado e com oito séculos de história? Aliás, não está mesmo demonstrada a permanência de características através do tempo, nem que a tradição cultural apresente a estabilidade rígida que muitos lhe atribuem. A herança cultural dum povo é fatalmente afectada por influências do exterior (aculturações) e por transformações de estrutura determinadas pela sua própria evolução'. Além disso, todos nós conhecemos a diversidade cultural das várias regiões naturais da nação portuguesa, agravada ainda pelas diferenças culturais próprias dos estratos sociais que a formam.

Posto isto, pode parecer que o problema se apresenta sem solução. É, contudo, indubitável que os vários povos mostram dife renças sensíveis entre si, que, embora difíceis de definir, nos garantem não ser em vão o esforço de o tentar. Creio mesmo que virá um dia em que o progresso dos estudos etnológicos permitirá uma síntese perfeita e cientificamente fundamentada do que é culturalmente especifico do povo português. Mas para isso é necessário abandonar as intuições mais ou menos brilhantes e os juizos superficiais ou aprioristicos e seguir um caminho penoso de análises sucessivas e de interpretações e sínteses parciais, até se poder alcançar esse fim superior que todos nos propomos.

Perante a dificuldade deste tema, cheguei a pensar fugir-lhe, limitando-me a apresentar aqui um método de estudo da personalidade-base e dos elementos fundamentais da cultura portuguesa. Era mais fácil, e seria talvez mais útil, começar por indicar o caminho que a investigação devia seguir perante a heterogeneidade cultural que se verifica no espaço (sincrónica) e no tempo (diacrónica), complicada ainda pela heterogeneidade vertical dos vários estratos sociais. Porém, embora venha em breve a publicar esse tentame metodológico, não quero iludir a dificuldade e vou-me esforçar por estabelecer, pelo menos, alguns dos elementos fundamentais da cultura portuguesa.

Quando nos referimos à cultura dum povo civilizado, formado por um conjunto de áreas culturais distintas e de classes estratificadas, não nos podemos necessariamente deter nas formas e instituições, e temos antes de lhe procurar o conteúdo espiritual. Só ele deixa compreender a evolução cultural do povo, porque só esse conteúdo espiritual pode ter carácter de permanência através das transformações morfológicas e ideológicas que se vão sucedendo no tempo. A única constante dum povo é o seu fundo temperamental, e não os múltiplos aspectos que a cultura reveste, porque é ele que os selecciona e transforma de acordo com a sua sensibilidade específica. Porém, nem sempre existe uma constante temperamental-base nas nações de composição heterogénea. Às vezes não há mais do que várias mentalidades em conflito real ou latente, que, com o decorrer da história, vão tomando alternadamente a orientação do conjunto. Convém compreender como tal fenómeno se passa, pois, muitas vezes, podem tomar-se como características dum povo aspectos culturais duma só região. Também pode suceder que tomemos por cultura nacional as características duma classe que deixou de ser a expressão superior de todo o povo, para ser simplesmente uma autocracia que impõe a esse povo normas de conduta e cuja cultura não corresponde à personalidade-base da nação.

Há povos em que a homogeneidade das partes que os constituem e a colaboração extensiva de indivíduos de todas as classes, por um elevado nível de instrução geral, tornam particularmente fácil o estudo da sua cultura. Estão neste caso, por exemplo, as nações escandinavas e a Holanda. Noutros casos, as diferenças regionais muito acentuadas impediram ou dificultaram a unificação, que só se fez tardiamente ou por imposição mais ou menos forçada duma dessas regiões sobre as outras. São estes, por exemplo, os casos da Itália e da Alemanha, onde ainda hoje se mantêm dialectos e formas de cultura superior que são simplesmente regionais. De qualquer maneira, a unificação das nações com regiões culturais heterogéneas tem de se apoiar num poderoso elemento polarizador das energias nacionais. A maior parte das vezes esse elemento é político e resulta da imposição, mais ou menos violenta, dos padrões de cultura duma província às outras que com ela formam um conjunto nacional. Na Alemanha foi a Prússia e em Espanha Castela que desempenharam esse papel unificador. Portugal, porém, apresenta uma curiosa particularidade de unificação. Embora a origem da Nação se deva também à política, à vontade dum príncipe, que naturalmente se aproveitou de certas aspirações de independência latentes nas populações de Entre Douro e Minho, a unificação e a permanência da Nação deve-se ao mar. Foi a grande força atractiva do Atlântico que amontoou no litoral a maior densidade da população portuguesa do Norte, criando como que um vácuo para o interior. Desde Caminha a Lisboa estabeleceram-se inúmeras amarras que defenderam Portugal da força centrípeta de Castela. Mas foi sobretudo o estuário do Tejo, esse forte abraço do mar com a terra, que definitivamente presidiu aos destinos de Portugal. Não houve o domínio duma região sobre outras, antes se encontraram todas num ponto natural de convergência. É por isso que, ao contrário de Berlim ou de Madrid, capitais no centro das regiões dominadoras, Lisboa, na foz do Tejo, está mais apoiada no mar do que na terra. Além disso, Lisboa pode dizer-se formada por habitantes oriundos de todas as provincias do País, quase que sem predomínio de qualquer delas. A este facto deve Portugal certa homogeneidade cultural permanente. Contudo, não devemos esquecer que, a par da cultura nacional, existem ainda hoje regiões naturais muito definidas, com culturas próprias bem caracterizadas, fruto, não só de condições ambientais diferentes, como de ascendência cultural e possivelmente étnica diversas'. Convém recordar que muitas características atribuídas aos Portugueses não passam de meros aspectos culturais duma só região. Se existe uma cultura com longa tradição, também é certo que são poucos os que nela participam, pois, por razões de educação e instrução, a maior parte da população recebe sobretudo a cultura tradicional da sua região.

A cultura nacional é um curioso fenómeno do espírito colectivo e resulta da combinação de muitos elementos. No momento em que na combinação entrem elementos novos, ou faltem outros, o composto que daí resulta já não pode ser o mesmo. Passa-se isto quase como num composto químico formado de elementos simples. O resultado não é a soma de todos eles, mas um corpo novo, com características próprias. Quer isto dizer que, se a cultura de um povo encerra em si, transformados, todos os elementos que a constituem (culturas locais), nem por isso esses elementos, tomados separadamente, permitem compreender o conjunto. Igualmente a perda de uma das partes ou a anexação de uma parcela nova acaba por afectar, com o tempo, as características da cultura nacional.

No caso especial português, a cultura superior não é também um somatório das diferentes culturas regionais, mas uma integração destas, de que resultou uma coisa nova em que elas estão contidas, embora transformadas por uma espécie de fenómeno de sublimação espiritual. Enquanto a cultura local tem carácter quase ecológico e resulta do conflito entre a vontade do homem, o ambiente e a tradição, a cultura superior transpõe esse conflito para o plano espiritual, porque o elemento ambiente natural é substituído pela história. Os factores mesológicos continuam a actuar, mas de maneira menos visível e, em parte, já contidos nas culturas regionais, que dão o seu contributo para a cultura superior. É possivel que, se um dia o nível de instrução e de educação for tão elevado que todo o povo participe mais intimamente na cultura nacional, desapareçam as culturas regionais, completamente absorvidas e sublimadas pelo espírito geral. Mas tal hipótese não se pode verificar, por enquanto, e temos de proceder cuidadosamente à análise das partes, sem cair no erro de as tomar pelo todo. A tendência a generalizar é um perigo frequente. Em Portugal muita gente julga os Espanhóis pelos centos de galegos que aí vivem e trabalham. Contudo, esses espanhóis são quase todos da Galiza, uma das provincias que mais se afastam da personalidade-base espanhola. É possível que tal erro de apreciação se repita noutros países em relação aos Portugueses. Os Brasileiros, os Americanos, os Franceses e os Marroquinos devem ter dos Portugueses uma ideia que corresponde principalmente ao Minhoto, ou ao Transmontano, ou ao Beirão, ou ao Açoriano, ou ao Algarvio, etc., e não ao Português-base.

Se para os estudos dos elementos fundamentais da cultura portuguesa tal distinção é menos importante, já se não dá o mesmo ao querer estudar as aculturações portuguesas fora do País. Para tais estudos convém conhecer em primeiro lugar as origens dessa colonização e fazer a análise cuidadosa da cultura da região donde provieram os colonizadores. Embora a Reconquista se tivesse feito do norte para o sul, e muitos territórios fossem repovoados com gente do Norte, ou esta se tivesse misturado em proporções várias com as populações existentes, isso não impediu que se formassem regiões culturais distintas. Contribuiu para isso não só o substrato cultural anterior, como a acção dos agentes naturais, diferentes nas várias regiões. Se os factores mesológicos são insuficientes para explicar os fenómenos culturais, nem por isso podemos negar a sua acção profunda.

Como o carácter deste trabalho não permite entrar nos estudos regionais - degraus necessários para quem quiser chegar ao cimo donde se domina o conjunto -, teremos de abordar directamente a essência do problema e deixar para outra ocasião esse importante assunto.

A cultura portuguesa tem carácter essencialmente expansivo, determinado em parte por uma situação geográfica que lhe confe riu a missão de estreitar os laços entre os continentes e os homens. Este carácter expansivo tem raízes bem fundas no tempo, se quisermos lembrar a cultura dolménica, que, segundo grandes autoridades, teve como centro de difusão o litoral português nortenho'. Porém, a expansão portuguesa, ao contrário da espanhola, é mais marítima e exploradora do que conquistadora. Desde muito cedo existem notícias de navegadores portugueses e, entre as medidas de fomento comercial-maritimo, distingue-se a criação da bolsa de mercadores, que veio a ser a primeira companhia de seguros marítimos mútuos (Companhia das Naus [século XIV]) .

A força atractiva do Atlântico, esse grande mar povoado de tempestades e de mistérios, foi a alma da Nação e foi com ele que se escreveu a história de Portugal. Como disse um professor alemão, a literatura portuguesa medieval já está cheia de motivos marítimos que se podiam procurar em vão em qualquer outra literatura latina'. De facto, antes de se empreenderem as grandes viagens oceânicas já o motivo marítimo impressionava a sensibilidade portuguesa. Porém, só mais tarde, depois de se ter levado a cabo a grande tarefa que a história universal nos tinha destinado, é que a arte portuguesa atingiu o seu máximo como glorificação das empresas marítimas. Os quatro pilares do génio criador português: Os Lusíadas, os Jerónimos, o Políptico de Nuno Gonçalves e os Tentos de Manuel Coelho, são quatro formas de expressão, verdadeiramente superiores e originais, dum povo que durante mais de um século esquadrinhou todos os mares e se extasiou perante as naturezas mais variadas e exóticas.

Se a situação geográfica contribuiu indiscutivelmente para o carácter expansivo da cultura portuguesa, ela só não basta para explicar tudo. Além dela, temos de considerar a feição psíquica portuguesa e a maneira como esta actuou perante as circunstâncias.

A personalidade psicossocial do povo português é complexa e envolve antinomias profundas, que se podem talvez explicar pe las diferentes tendências das populações que formaram o País. Da mesma maneira que Portugal representa o ponto de encontro natural das linhas de navegação entre a Europa, a África e a América, a sua população é constituída pela fusão de elementos étnicos do Norte e do Sul. Apesar da relativa homogeneidade da população actual, no Norte do País abundam elementos da Europa Setentrional e Central (celtas e germanos), enquanto no Sul predominam os elementos do Sul da Europa e do Norte de África (mediterrâneos e berberes).

Situado no extremo sudoeste da Europa, a poucos passos da África, o País estava destinado a ser ponto de passagem e de encontro das mais variadas raças, umas vindas dos confins do Mediterrâneo, como os Fenícios, que lhe demandaram os portos, outras cio extremo setentrião, como os Normandos, que lhe invadiram as costas. Mas as influências destes foram superficiais e só se fizeram sentir no litoral. Foram mais importantes as invasões celtas, sobretudo a partir do século VI a. C. Estes povos, senhores da técnica do ferro e da superioridade militar e económica que daquela derivava, acabaram por se fundir com a raça autóctone. Os Lusitanos, que resultaram desta fusão, eram um povo rude, sóbrio e espantosamente resistente e aguerrido. Era tal o amor da independência que os Romanos, quando quiseram conquistar a Península Ibérica, viram fracassar umas atrás das outras as tentativas para os dominar. Só ao fim de mais de um século, com a vinda de Augusto à Península, foi possível a subjugação deste povo, considerado um dos mais indómitos daquele tempo. Viriato ficou na história como um dos grandes heróis lusitanos e as suas campanhas chegaram a atingir o Norte de África, com a expedição de Kaukeno. Mas o Império Romano acabou por dominar inteiramente e, durante uns séculos, reinou a paz romana. Quando os povos germânicos, aproveitando-se da fraqueza do velho império, começam a invadi-lo em bandos sucessivos, modifica-se novamente a estrutura étnica e cultural das populações que correspondem ao Portugal actual. Logo nos começos do século V os Suevos distribuem terras entre si e se fixam na actual província de Entre Douro e Minho. Estes povos, saídos poucos anos antes do coração da Baviera, trouxeram com as mulheres e os filhos os usos e costumes e as técnicas agrárias do seu pais'. A pouco e pouco fundem-se também com as populações anteriores, formando um reino que tinha Braga por capital. O reino dos Suevos não pode resistir às investidas dos Visigodos, seus irmãos de sangue, mas mais práticos nas artes da guerra e da política. Os Visigodos acabam por se assenhorear de toda a Península, durante o século VI, formando um grande reino cristão. Porém, logo nos princípios do século VIII, os Árabes, movidos por um vivo impulso religioso, lançam-se na Península e conquistam-na com rapidez vertiginosa. Todavia, à medida que ganham em extensão, vão perdendo em ímpeto e, ao fim de alguns anos, o núcleo de resistência cristã, formado nas Astúrias, começa a repelir o inimigo. Vão-se assim formando novos reinos cristãos, entre os quais Portugal.

Portugal nasce desta luta contra os Mouros. É uma guerra política e religiosa. Enquanto se reconquista o solo da Pátria expulsa-se o inimigo da Fé. Atrás do conquistador vai logo o lavrador e constrói-se o templo. A espada que luta precisa de se apoiar no pão dos campos e na fé em Deus. Em 1249 acabava a luta porque não havia mais terra a conquistar, tinha-se chegado ao extremo sul da faixa portuguesa. Nesta ocasião já se tinha repovoado grande parte dos territórios e, além de muitas capelas românicas, já se erguiam as Sés de Braga, Porto, Coimbra, Lisboa e Évora. Era chegado o momento de ir mais além. Não no espaço, que não havia, mas na organização interna do País. Os reis que se seguem cuidam das letras, da justiça, e promovem medidas de fomento agrícola e de alcance marítimo. Em 1290 fundam-se os Estudos Gerais, o embrião da Universidade portuguesa. Nos fins do século XIII Portugal já exportava cereais. Parecia que tinham terminado as lutas e inquietações e que ia começar a vida próspera, pacifica e apagada dum pequeno povo à beira-mar. Mas não; os vizinhos Espanhóis começavam a cobiçar Portugal. Surgem novamente lutas e incertezas, que terminam pela vitória decisiva dos portugueses em 1385, no campo de Aljubarrota. Esta afirmação da força nacional parece ter despertado novas energias, e surge a ideia de ir contra o antigo inimigo de tantos séculos. Portugal já possuía então embarcações que lhe permitiam uma expedição militar ao Norte de África e, em 1415, os Portugueses conquistam Ceuta aos Mouros. Era o começo da fase de expansão marítima. Em 1418-19 descobre-se a ilha da Madeira, a seguir os Açores, depois vai-se explorando a costa africana com o propósito de chegar à índia pelo mar, ao mesmo tempo que se mandam exploradores por terra. Desde então, até aos nossos dias, toda a cultura portuguesa está impregnada de influências marítimas e ultramarinas.

A história de Portugal teve um período extraordinariamente glorioso, que definitivamente passou. Uma das nações mais pequenas da Europa foi senhora de um dos maiores impérios de todos os tempos e teve a maior armada da época. Embora Portugal ainda enfileire entre as grandes nações com territórios ultramarinos, todos nós sabemos que os destinos do mundo saíram há muito das suas mãos. A mesma sorte coube ultimamente a nações consideradas colossosos invencíveis. A grandeza e a decadência das nações tanto se devem à evolução íntima do seu povo como ao jogo dos acontecimentos. Às vezes, o que foram virtudes numa época podem ser defeitos noutra, e uma mutação de culturas pode alterar inteiramente os destinos às nações. O próprio temperamento português explica muitas das feições da sua história, mas há causas exteriores que também nos dão a chave de culpas que lhe são injustamente atribuídas. Se o carvão e o aço, que constituíram a base da última fase da civilização ocidental, existissem no nosso subsolo, é natural que tivéssemos desempenhado um papel bem diferente daquele a que fomos obrigados. Mas um país que deu madeiras e pano para caravelas e foi farto de pão para uma população de menos de 2 milhões de habitantes pode não ter riquezas nem abundância para alimentar uma população que cresce vertiginosamente.

Vamos agora tentar definir as constantes culturais deste povo, já velho de tantos séculos, comparando as características culturais de nossos dias com aquelas que a história nos fornece, em função da sua personalidade-base.

O Português é um misto de sonhador e de homem de acção, ou, melhor, é um sonhador activo, a que não falta certo fundo prático e realista'. A actividade portuguesa não tem raizes na vontade fria, mas alimenta-se da imaginação, do sonho, porque o Português é mais idealista, emotivo e imaginativo do que homem de reflexão. Compartilha com o Espanhol o desprezo fidalgo pelo interesse mesquinho, pelo utilitarismo puro e pelo conforto, assim como o gosto paradoxal pela ostentação de riqueza e pelo luxo. Mas não tem, como aquele, um forte ideal abstracto, nem acentuada tendência mística. O Português é, sobretudo, profundamente humano, sensível, amoroso e bondoso, sem ser fraco. Não gosta de fazer sofrer e evita conflitos, mas, ferido no seu orgunho, pode ser violento e cruel. A religiosidade apresenta o mesmo fundo humano peculiar ao Português. Não tem o carácter abstracto, místico ou trágico próprio da espanhola, mas possui uma forte crença no milagre e nas soluções milagrosas.

Há no Português uma enorme capacidade de adaptação a todas as coisas, ideias e seres, sem que isso implique perda de ca rácter. Foi esta faceta que lhe permitiu manter sempre a atitude de tolerância e que imprimiu à colonização portuguesa um carácter especial inconfundível: assimilação por adaptação. O Português tem vivo sentimento da natureza e um fundo poético e contemplativo estático diferente do dos outros povos latinos. Falta-lhe também a exuberância e a alegria espontânea e ruidosa dos povos mediterrâneos. É mais inibido que os outros meridionais pelo grande sentimento do ridículo e medo da opinião alheia. É, como os Espanhóis, fortemente individualista, mas possui grande fundo de solidariedade humana. O Português não tem muito humor, mas um forte espírito crítico e trocista e uma ironia pungente.

A mentalidade complexa que resulta da combinação de factores diferentes e, às vezes, opostos dá lugar a um estado de alma sui generis que o Português denomina saudade. Esta saudade é um estranho sentimento de ansiedade que parece resultar da combinação de três tipos mentais distintos: o lírico sonhador - mais aparentado com o temperamento céltico -, o fáustico de tipo germânico e o fatalístico de tipo oriental. Por isso, a saudade é umas vezes um sentimento poético de fundo amoroso ou religioso, que pode tomar a forma panteista de dissolução na natureza, ou se compraz na repetição obstinada das mesmas imagens ou sentimentos. Outras vezes é a ânsia permanente da distância, de outros mundos, de outras vidas. A saudade é então a força activa, a obstinação que leva à realização das maiores empresas; é a saudade fáustica. Porém, nas épocas de abatimento e de desgraça, a saudade toma uma forma especial, em que o espírito se alimenta morbidamente das glórias passadas e cai no fatalismo de tipo oriental, que tem como expressão magnífica o fado, canção citadina, cujo nome provém do étimo latino fatu (destino, fadário, fatalidade).

Este temperamento paradoxal explica os períodos de grande apogeu e de grande decadência da história portuguesa. Ao contrá rio do que muitos disseram, o Português não degenerou; as virtudes e os defeitos mantiveram-se os mesmos através dos séculos, simplesmente as suas reacções é que variam conforme as circunstâncias históricas. No momento em que o Português é chamado a desempenhar qualquer papel importante, põe em jogo todas as suas qualidades de acção, abnegação, sacrifício e coragem e cumpre como poucos. Mas se o chamam a desempenhar um papel medíocre, que não satisfaz a sua imaginação, esmorece e só caminha na medida em que a conservação da existência o impele. Não sabe viver sem sonho e sem glória.

Esta maneira de ser torna particularmente difícil a tarefa dos governantes, sobretudo em períodos históricos em que as circunstâncias não permitem desempenhar uma acção que lhes agrade e desencadeie as energias.

Nas épocas extraordinárias, quando acontecimentos históricos puseram à prova o valor do povo, ou lhe abriram perspecti vas novas, que o encheram de esperança, então brotaram por si, naturalmente, as melhores obras do seu génio. Porém, nos períodos de estagnamento nasce a apatia do espírito, a relutância contra a mediania, a crítica acerba contra o que não está àquela altura a que se aspira, ou cai-se na saudade negativa, espécie de profunda melancolia.

Percorrendo a história, podemos facilmente verificar como estas características apontadas se repetem em diferentes épocas, explicando certas acções e demonstrando a constância de alguns elementos fundamentais da cultura portuguesa.

Em todas as épocas se verifica o temperamento expansivo e dinâmico do Português. Sem ir à cultura dolménica, desde as épocas mais remotas, nos tempos em que a actividade era a guerra, os Lusitanos foram a expressão mais acabada da luta permanente e sem tréguas, que se prolongou pela Idade Média nas lutas da Reconquista contra os Mouros, para se transformar, finalmente, nas viagens de descobrimentos e de colonização. É também sintomático os Portugueses terem participado em grande parte das guerras europeias, mesmo quando não tinham interesses directamente ligados a tais conflitos. Até a série de revoluções fratricidas do século XIX e princípios do século XX provam o fundo de permanente inquietação e actividade. Porém, essa actividade traz sempre consigo um cunho de ideal. Quase nunca se verifica a acção precedida de cálculo interesseiro e frio. Embora não lhe falte, por vezes, um fundo prático e utilitário, o grande móbil é sempre de tipo ideal. Nas lutas da Reconquista não se procura só reaver o solo que os Muçulmanos tinham conquistado: lutava-se por um ideal religioso e expulsava-se o inimigo da Fé. A grande empresa marítima visa, é certo, a descoberta do caminho da índia e os negócios das especiarias, mas, além de se pretender dilatar o Império, pretende-se dilatar a Fé. A última ideia justificava a primeira, e não o inverso. Nunca soubemos separar o sonho da realidade, ao contrário do Inglês, que procede friamente, orientado pelo seu sentido prático. A maior desgraça da nossa história, a infeliz campanha de Alcácer Quibir, em que desapareceu D. Sebastião com a élite militar do seu tempo, não passou dum grande sonho vivido, de trágicas consequências. Mas a história está cheia de curiosos episódios, como o do Magriço e o dos Doze de Inglaterra, que vão defender em torneio umas damas ultrajadas por cavaleiros ingleses, a comprovar o fundo de sonhador activo do Português. Além disso, o desprezo pelo interesse mesquinho e o gosto pela ostentação e pelo luxo nunca nos permitiram o aproveitamento eficaz das grandes fontes de riqueza exploradas. Os tesouros passavam pelas nossas mãos e iam-se acumular nos povos mais práticos e bem dotados para capitalizar, como os Holandeses e os Ingleses. Soubemos traficar, mas faltou-nos sempre o sentido capitalista. No século XVI, quando Lisboa era o grande empério do mundo, sob o brilho do luxo já se ocultava a miséria. Gil Vicente descreve os fidalgos cobertos de rendas e brocados, com a sua coorte de lacaios, mas sem dinheiro para comer. O gosto pelas jóias, pela pompa, pelo luxo, é uma constante da nossa cultura. Desde as estações proto-históricas do Noroeste, tão ricas em magníficos exemplares de jóias de ouro, e, depois, nos períodos áureos, de que podemos citar a embaixada de Tristão da Cunha ao papa e as magnificências do reinado de D. João V, até aos nossos dias, tudo confirma o gosto pela ostentação e pelo espavento. Contudo, poucos povos têm menos necessidade de conforto do que o português. Ao contrário dos povos burgueses do Norte e Centro da Europa, o nosso luxo não é um requinte que resulte do conforto, é-lhe quase que oposto; é mero produto da imaginação, e não dos sentidos. Ainda hoje temos as camas mais duras da Europa, e as ruas estão repletas de automóveis de luxo. São poucas as casas ricas com aquecimento e muitas delas não têm uma sala de estar. Mas essas mesmas casas têm salas de visitas ou até salões de baile cheios de porcelanas da Índia e da China. As pessoas modestas, cujas casas são despidas do mínimo conforto, andam nas ruas vestidas com elegância ou com luxo. Um pequeno empregado do comércio, de pouca ilustração e educação, faz mais figura na rua do que um intelectual alemão ou suíço, de boa família e com recursos. Da mesma maneira, qualquer empregadita, que mal ganha para se alimentar, anda vestida impecavelmente e pela última moda. É tal a importância que se atribui ao exterior que, mesmo no Verão e no campo, as pessoas da classe média não se atrevem a tirar o casaco e a gravata. Só nos últimos anos, por influência do cinema e do desporto, isso vai sucedendo. Mas não se concebe que, por exemplo, um estudante universitário aparecesse nas ruas de calção.

Outra constante da cultura portuguesa é o profundo sentimento humano, que assenta no temperamento afectivo, amoroso e bondoso. Para o Português o coração é a medida de todas as coisas.

O sentimento amoroso é muito forte em todas as classes sociais e, fora o aspecto grosseiro, que se compraz em anedotas eró ticas, são inúmeros os exemplos de grande e profunda dedicação, acompanhada de gestos de verdadeiro sacrifício. Não só a história como a literatura nos dão a prova irrefutável da permanência desta característica através dos tempos. O exemplo mais curioso foi a grande paixão de D. Pedro por D. Inês de Castro, que nem a morte conseguiu extinguir e que ainda hoje serve de motivo poético e impressiona as sensibilidades. Na literatura basta lembrar a poesia medieval, tão sentida e original, em que com frequência se canta o amor da mulher pelo homem. A lírica de Camões, esse grande amoroso, dá-nos exemplos da mais bela e mais repassada emoção. As cartas de Soror Mariana Alcoforado, palpitantes de paixão veemen. te, os sonetos de Florbela Espanca, as poe. sias de João de Deus e muitos outros, sem esquecer a riquíssima poesia popular, parti cularmente impregnada de sentimento amoroso, são outras tantas afirmações desta constante da alma portuguesa.

Mas, além de forma puramente amorosa, a afectividade portuguesa revela-se em relação aos parentes, aos amigos e aos vizi nhos. O Português não gosta de ver sofrer e desagradam-lhe os fins demasiado trágicos. Daí talvez a pobreza do género dramática da nossa literatura e as soluções felizes que Gil Vicente soube dar a casos de traiçãc conjugal, que em Lope de Vega ou Calderón acabam em vingança sangrenta 9. Ainda hoje o público gosta dos filmes de happy ending. Outro aspecto curioso dessa característica são as touradas portuguesas, em que o touro não morre e vem embolado, para não ferir os cavalos nem matar os homens. O espectáculo perdeu a intensidade dramática que tem em Espanha, mas ganhou em beleza, pela valorização do toureio, e mantém a nota viril da coragem física com as pegas, em que os homens medem forças com o touro, que é dominado a pulso. Cabe aqui acrescentar que em Portugal não existe a pena de morte, certamente como consequência dessa maneira de ser.

Como representantes do sentimento humano na literatura, temos, por exemplo, Augusto Gil, João de Deus, Júlio Dinis, Trindade Coelho e António Nobre. É este sentimento que explica muitas atitudes desconhecidas noutros países e tão frequentes em Portugal, como a do filho a quem oferecem uma boa situação no estrangeiro e que renuncia por ver umas lágrimas nos olhos da mãe; prefere arruinar as suas esperanças à ideia de a fazer sofrer. É também ele que determina um sem-número de casamentos injustificáveis, em que o homem se sacrifica para evitar o desgosto a uma rapariga com quem namorou algum tempo. Quando vê o sofrimento que provoca a ideia do rompimento, decide-se a casar e aguentar toda a vida uma situação que não foi determinada pela íntima necessidade.

Contudo o Português não é fraco nem covarde. Detesta as soluções trágicas e não é vingativo, mas o seu temperamento brioso leva-o com excessiva frequência a terríveis lutas sangrentas. Quando o ferem na sua sensibilidade e se sente ultrajado, ou perante um ponto de honra, é capaz de reacções de extraordinária violência. São testemunho disso os jornais diários, que relatam rixas tremendas entre amigos e vizinhos. Antigamente, e hoje mais raramente, pela repressão que o Estado tem criado, as lutas entre aldeias vizinhas tomavam aspectos de batalhas campais. Mas, tirando o crime passional, são raros os casos de homicídio perverso. Não se conhecem vampiros, como no Norte da Europa, nem os assassinos que cortam as mulheres aos pedaços e os queimam ou deitam aos rios, como em outros países sucede.

A própria religião tem o mesmo cunho humano, acolhedor e tranquilo. Não se erguem nas aldeias portuguesas essas igrejas enormes e solenes, tão características da paisagem espanhola, que na sua imponência apagam a nota humana. A igreja portuguesa, ora caiada e sorridente entre ramadas, ora singela e sóbria na pureza do granito, é simplesmente a casa do Senhor. É sempre um templo acolhedor, habitado por santos bons e humanos. Não se vêem os Cristos lívidos e torturados de Espanha. A sensibilidade portuguesa não suporta essa visão trágica e dolorosa.

A prova mais evidente deste sentimento humano e terreno da nossa religiosidade verifica-se na extraordinária expansão do estilo românico, com o seu arco singelo bem apoiado na terra, e na falta de assimilação do estilo gótico. Nunca sentimos esse profundo arroubo místico, essa ânsia de ascensão que caracteriza o gótico. O nosso espírito assimilou mal um estilo cuja expressão nos era estranha. Em todos os monumentos arquitectónicos caracteristicamente portugueses perdura uma certa espessura dos pilares, uma nítida tendência para a profundidade e para a horizontalidade, contrária à ânsia de verticalidade ascensional do gótico. O espírito português é avesso às grandes abstracções, às grandes ideias que ultrapassam o sentido humano. A prova disso está na falta de grandes filósofos e de grandes místicos. Nem compartilha do racionalismo mediterrâneo, da luminosidade greco-latina, nem da abstracção francesa, de grandes linhas puras, nem do arrebatamento místico espanhol. Em vez das grandes catedrais góticas da França e da Espanha, ou dos templos clássicos da Renascença italiana, que não sentia, o Português acabou por criar um estilo próprio, onde a sua religiosidade típica melhor se exprime: o manuelino.

Foi no clima de exaltação dos descobrimentos marítimos que os elementos psíquicos dispares da população portuguesa se fundiram e alcançaram as suas expressões mais elevadas. O Atlântico atraíra sempre com a sua magia um certo fundo sonhador e vago das populações costeiras, enquanto as do interior se agarravam fortemente à solidez do solo conquistado. Nas cantigas de amigo perpassava já o perfume dos ventos do mar, enquanto nas pequenas igrejas românicas, fortemente fincadas no chão, se exprimia a solidez rústica duma crença firmemente enraizada na terra. Mas o Atlântico venceu. Os Portugueses lançam-se na grande aventura e desviam a civilização do Mediterrâneo para o Atlântico, mudando o curso à história universal. O velho do Restelo era o homem da terra em face da loucura marítima. Porém, solidário como nos tempos da Reconquista, quando ficava a cultivar as terras recém-conquistadas, o camponês também não falhou a colonizar as terras recém-descobertas. Apesar de a população metropolitana ser insignificante, a Madeira e os Açores começam a ser colonizados em 1425 e 1439, isto é, 6 e 12 anos logo após o seu descobrimento. Por fim descobre-se o caminho marítimo para a índia e toma-se posse oficial do Brasil 'o. O profundo sentimento da natureza, já patente na Lírica Medieval e na Menina e Moça, robustece-se em contacto com os grandes horizontes abertos, com as tempestades e com os mundos exóticos, povoados de animais e de gentes estranhas ". Os Lusíadas, que entusiasmaram Humboldt pelo seu enorme encanto ao descrever os fenómenos marítimos, são o grande poema do mar. Sente-se nele o deslumbramento do poeta e de toda a geração o que precedeu:
Digam agora os sábios da Escritura Que segredos são estes da Natura...
Perante a grandeza e os mistérios da natureza, que os Portugueses vão a pouco e pouco descobrindo, nasce uma atitude espe cial, não destituída dum certo fundo místico-naturalista, com tintas de panteismo. Não panteísmo filosófico, mas sentimental. O Deus que se adorava continuava a ser o mesmo, dentro da ortodoxia católica, mas o mundo por Ele criado era muito mais variado e rico. É então que surgem os Jerónimos como expressão arquitectónica máxima da religiosidade portuguesa. A grande novidade era a decoração naturalista, inspirada em motivos do mar e na exuberância da vegetação exótica. O antigo sentimento da natureza, que só encontra até então expressão poética, transporta-se agora para a forma plástica. Os templos enchem-se de elementos da natureza, impregnados de sentido religioso, de evocações de mundos longínquos e estranhos e dos mistérios do mar. Era natural que esse povo de marinheiros quisesse decorar os seus templos com as belezas do mundo recém-descoberto. Ainda hoje os pescadores rudes do Norte de Portugal costumam levar como ex-votos ao santo da sua devoção miniaturas de navios ou quadros alegóricos de qualquer naufrágio ou perigo de que escapam. Porém, se na decoração há novidade arquitectónica, a sensibilidade portuguesa manteve-se presa ao atavismo românico, na solidez das proporções e no arco redondo. A sua religiosidade rude e simples sente confiança num templo fortemente apoiado na terra, onde paira uma obscuridade doce que repousa o espírito.

O manuelino é, pela sua decoração, uma espécie de estilo barroco, razão por que Eugénio d'Ors diz que o barroco nasceu em Portugal '2. Contudo, no manuelino e, mais tarde, no nosso barroco falta por completo o movimento musical que se verifica noutros países, sobretudo na Áustria e nos arredores alpinos. Se o movimento é uma das características mais salientes do barroco, temos de ver que esse movimento toma entre nós uma feição especial que o afasta inteiramente do pais das valsas. É um movimento parado, uma espécie de imóvel « perpetuum mobile», como diz Santiago Kastner ao referir-se aos ostinati dos compositores portugueses ". De facto, a actividade portuguesa é de tipo flsico, embora seja determinada pela imaginação, mas há qualquer coisa de estático na emoção portuguesa. O fundo contemplativo da alma lusitana compraz-se na repetição ou na imobilidade da imagem.

Uma das características mais importantes da saudade é precisamente essa fixidez da imaginação, que, por intensidade, se pode tornar em ideia motora e conduzir à acção. A poesia medieval impressiona tanto pela imobilidade dos pequeninos quadros, que se repetem, que até houve quem lhe procurasse uma origem oriental". Além disso, a literatura portuguesa manteve até hoje o carácter lírico. A vocação para o género épico e dramático foi sempre menor, e até mesmo Os Lusíadas valem muito pelo seu fundo lírico. Os romances actuais são, da mesma maneira, falhos de acção, parados. Mas na música repete-se exactamente o mesmo fenómeno. Em quase todos os compositores se verifica a imobilidade, o apego a meia dúzia de desenhos musicais fixos, às sequências obstinadas. Falta-nos a animação própria dos Espanhóis e a predisposição para encadeamento de movimentos, frequente noutros povos. Diz Santiago Kastner a propósito de Duarte Lobo que este «logrou expressividade penetrante, que deriva antes da atitude contemplativa e do ensinamento do que do afã de dramatização estilizada e porventura excessiva» .

Não será isto, afinal, uma constante da alma portuguesa, que se revela particularmente neste compositor? O «ostinatismo» que se verifica na música erudita portuguesa, e que, parece, veio influenciar a música europeia da época, é um dos aspectos do temperamento português, que se pode notar em outras manifestações artísticas. O manuelino ´esse mesmo ostianismo tão português como marítimo, feito de ondas e de espuma e de vago apelo da distância. Onde há movimento mais imóvel que o das ondas a rolar os seixos das praias?

É possível que o fundo histórico da imobilidade e do «ostinatismo» da música erudita portuguesa sejam os intervalos paralelos e isométricos das canções corais alentejanas e minhotas, que na sua essência representam também a ideia do ostinato, mas a sua verdadeira origem deve estar na alma contemplativa e obstinada dos Portugueses. Foi a própria obstinação que tornou possível a realização dum sonho que parecia superior às forças daqueles que o realizaram. O manuelino, afinal, é a expressão arquitectónica desse sonho materializado; é, como disse Reinaldo dos Santos, a «arte dos Descobrimentos '°.

O «ostinatismo» tem, como a saudade, mais que uma face. Se por trás dele existe uma ideia grande pode ser fértil em resultados, pela sua enorme capacidade de penetração, de movimento em profundidade. Mas, sem esse amparo, tem o perigo de conduzir à imobilidade mental, ou ao movimento aparente e sem sentido, porque lhe alta a força de coesão social, que leva o 'ortuguês a ultrapassar o seu individualismo e a colaborar. De facto, o Português tem um forte sentimento de individualismo, que se não deve confundir com o de personalidade. Enquanto a personalidade anglo-saxónica ou germânica não colide geralmente com os interesses sociais e só preza a sua liberdade íntima, o Português, da mesma maneira que o Espanhol, tem uma forte ânsia de liberdade individual, que muitas vezes é anti-social. A tendência a opor-se a tudo que se lhe não apresente com carácter humano obriga-o a lutar contra as leis ou organizações gerais. Detesta o impessoal e o abstracto e põe acima de tudo as relações humanas. 0 seu fundo humano torna-o extraordinariamente solidário com os vizinhos, e em poucas regiões da Europa existirá ainda vivo como em Portugal o espírito comunitário e de auxílio mútuo`. Mas qualquer organização geral que limite as liberdades individuais produz imediatamente um movimento de reacção em que todos são solidários. Um pequeno exemplo anedótico verifica-se no costume de os automobilistas fazerem sinais com os faróis a todos os carros com que se cruzam, sempre que tenham visto a polícia das estradas, para os porem de sobreaviso. A policia, como representante da lei geral, é considerada como inimigo, e logo surge a reacção.

Da mesma maneira o funcionário, até quando veste uma farda e obriga a cumprir a lei, tem idêntica dificuldade em represen tar um papel impessoal. Esta tipica feição portuguesa dá origem a uma das burocracias mais rígidas que até hoje conheci na Europa. O funcionário menor agarra-se desesperadamente à letra da lei, sem tentar compreender-lhe o espírito. Qualquer caso menos corrente já o não quer resolver e atira-o para o seu superior hierárquico. Sente-se mal e pouco à vontade metido naquela camisa de forças, que o impede de ser ele próprio e de se apoiar no seu instinto humano. A própria tristeza e má vontade que, em geral, traz estampadas no rosto devem ser a consequência do violento esforço de adaptação a funções para as quais não sente vocação. Esta tendência a sobrepor a simpatia humana às prescrições gerais da lei fez com que durante muito tempo a vida social e pública girasse à volta do empenho ou do pedido de qualquer amigo. Pedia-se para passar nos exames, para ficar livre do serviço militar, para conseguir um emprego, para ganhar uma questão, enfim, para todas as dificuldades da vida. Hoje em dia tal hábito tradicional tem sido contrariado e já quase não existe. Porém, este fundo de simpatia que regula as relações entre os Portugueses está tão entranhado que até no comércio, onde o interesse se devia sobrepor a tudo, ele se verifica. Disse-me um vendedor alemão, que viveu muitos anos em Portugal, que para fazer negócio no nosso país era indispensável conquistar a simpatia do comprador. Uma vez isto conseguido, tinha-se a certeza de obter a preferência. Pelo contrário, noutros países, a única maneira de vender é oferecer maiores vantagens materiais, independentemente de toda a amizade pessoal.

É a sobreposição dos valores humanos ao lucro e ao utilitário que explica muitos capítulos da nossa história e que deixa compreender muitas formas da sociedade actual. Tal mentalidade é a negação do espírito capitalista. No campo, sobretudo, é ainda viva a mentalidade patriarcal, onde a mesa está pronta para quem se quiser sentar e onde se não nega o pão e o caldo ao mendigo que passa. De dinheiro podem ser avaros, mas não fazem as contas ao que é da sua lavoura. Chegam a vender coisas mais baratas do que elas lhes custam. Porém, nas próprias empresas comerciais e industriais existem ainda muitos casos de absoluta falta de racionalização. O Português gosta de fazer projectos vagos, castelos no ar que não pensa realizar. Mas no seu intimo alberga uma certa esperança de que' as coisas aconteçam milagrosamente. Esta forte crença no milagre, cujo aspecto mais grosseiro é a enorme popularidade do jogo da lotaria, chega a tomar aspectos curiosos, dos quais sobressai o sebastianismo. Todos esperavam que o rei D. Sebastião, morto em África, surgisse numa manhã de nevoeiro montado no seu cavalo de guerra. A crença viva é decididamente uma força, mas, quando toma aspectos irracionais e supersticiosos, pode ser uma fraqueza. Um dos aspectos maus e muito correntes é a crença na sorte: «Fulano tem sorte» e «eu não tenho sorte» servem para diminuir as qualidades dos outros e justificar a própria incapacidade.

A imaginação sonhadora, a antipatia pela limitação que a razão impõe e a crença milagreira levam-no com frequência a situa ções perigosas, de que se salva pela invulgar capacidade de improvisação de que é dotado. Quando se aproxima a catástrofe, abrem-se-lhe os olhos da razão, e então é capaz de desenvolver tal energia e com tal eficiência que a isso é que se poderia chamar milagre. O facto de se repetirem tais situações deve explicar-se pela confiança que o Português tem na facilidade das soluções da última hora. Nesses momentos a sua inteligência viva, a enorme capacidade de adaptação a todas as circunstâncias e o jeito para tudo permitem-lhe dominar as situações com êxito.

É ainda essa enorme capacidade de adaptação uma das constantes da alma portuguesa. O Português adapta-se a climas, a profissões, a culturas, a idiomas e a gentes de maneira verdadeiramente excepcional. 0 Português foi sempre poliglota. Já os nossos clássicos escreveram quase todos em mais de uma língua, e mesmo as pessoas de pouca ilustração aprendem e sabem com frequência falar um idioma estrangeiro. Mas a capacidade de adaptação é geral; podia ilustrar-se com inúmeros exemplos. É, porém, curioso que o Português se adapta a outro ambiente cultural tão bem que parece ter sido assimilado; mas volta para Portugal e em pouco tempo já não se distingue dos outros. Enquanto o Inglês fica sempre inglês em toda a parte, e o Alemão, quando deixa de o ser, dificilmente volta a tornar-se alemão, o Português assimilou completamente o provérbio que diz: «Em Roma sê romano.» Mas só enquanto está em Roma.

A capacidade de adaptação, a simpatia humana e o temperamento amoroso são a chave da colonização portuguesa. O Portu guês assimilou adaptando-se. Nunca sentiu repugnância por outras raças e foi sempre relativamente tolerante com as culturas e religiões alheias. A miscigenação portuguesa não tem só uma explicação sensual, embora a caracterize uma forte sexualidade. Ainda hoje o Português tem decidida inclinação por mulheres doutras raças e é capaz de mostrar grande afeição ou profundo amor. É célebre o amor de Camões por uma escrava, cantado em versos sentidos. Mas o Português não gosta só de certas raças, gosta de quase todas. Um dia, ao folhear um livro de registo de portugueses no consulado de Berlim, fiquei espantado com o elevado número de casamentos de portugueses com alemãs, e já tenho encontrado, mesmo em aldeias primitivas, mulheres francesas, espanholas e italianas (estas residentes no Brasil) casadas com antigos emigrantes.

O Português é menos exuberante, ruidoso e expansivo que os outros meridionais. Um só espanhol, numa carruagem de com boio, abafa com a sua voz a de todos os portugueses. Além disso, o Português é inibido por um forte sentimento do ridiculo. Como é muito sensível e dotado da faculdade de se aperceber do que vai nos outros, receia ser vítima da ironia e da crítica trocista, tão comum em Portugal. De facto, a ironia, muito mais do que o humor, tem fundas raizes na cultura portuguesa; desde as cantigas de escárnio e maldizer da Idade Média até à ironia de Eça de Queirós há toda uma gama de coloridos. Temos a ironia benévola de Gil Vicente, a mordente de Nicolau Tolentino e de Bocage e a ironia pungente ou sarcástica de Fialho e de Camilo. Mas o próprio povo, com as suas certeiras alcunhas e apelidos, ou com os apodos tópicos, ou com os cantares ao desafio, etc., mostra a terrível arma de que é dotado. Por isso, a sensibilidade, que é um dos grandes elementos positivos da mentalidade portuguesa, é também um dos grandes elementos da sua fraqueza. O sentimento do ridículo e o medo da opinião alheia abafam nele muitos impulsos generosos, deformam a sua naturalidade e impedem-no de se entregar livremente aos prazeres simples e à alegria espontânea. Nas classes populares tal sentimento é moderado, mas nas outras classes é tão saliente que se tornam com frequência ridículos pelo medo de o parecer. Tal sentimento complica-se pela consciência das glórias passadas, pelo desprezo paradoxal pelos valores burgueses e pela admiração pelas realizações alheias. O Português, muito intimamente, é incapaz de ambicionar para a sua pátria o bem-estar e a prosperidade que, por exemplo, o Suíço conseguiu pelo esforço pertinaz e constante. É certo que o Português se envergonha perante um suíço, pelo elevado nível de vida que aquele soube conquistar, mas se fosse ele o suíço, envergonhar-se-ia da mesma maneira, por ter conseguido um bem-estar sem glória.

É um povo paradoxal e difícil de governar. Os seus defeitos podem ser as suas virtudes e as suas virtudes os seus defeitos, conforme a égide do momento.

Os mitos

(Última edição: terça-feira, 20 de dezembro de 2005 às 23:18)

Os mitos


Público, 20 de Dezembro de 2005


Jesus não nasceu a 25 de Dezembro, não foi dado à luz numa gruta, não havia burro ou vaca a assistir, os magos não eram reis nem eram três, não houve pastores a adorá-lo, não fugiu para o Egipto. As histórias de Natal estão cheias de pormenores que têm apenas uma intencionalidade teológica. Apenas? Não fossem essas histórias e onde estaria a dimensão do maravilhoso no Natal?


Por António Marujo


No cristianismo, o ponto de partida está na encarnação do Verbo. Aqui, não é apenas o homem a procurar Deus, mas é Deus que vem em pessoa falar de si ao homem e mostrar-lhe o caminho por onde é possível atingi-lo.

(João Paulo II, Carta apostólica Tertio Millenio Adveniente, sobre o início do terceiro milénio)


Nenhuma das histórias é verdade? A vinda dos magos do oriente, a acção da estrela, a conversa dos magos com Herodes, que pôs em alvoroço a cidade de Jerusalém, a adoração dos magos, o prazo de dois anos entre a vinda dos magos e a matança dos inocentes, a ida de Jesus, Maria e José para o exílio no Egipto, onde permanecem dois anos, é uma narrativa midráchica, artificial.

O padre Joaquim Carreira das Neves, biblista, sintetizava deste modo, a 6 de Outubro deste ano, na sua última lição pública, o modo como a exegese bíblica contemporânea olha para as narrativas da infância de Jesus contidas nos evangelhos. Midráchica designa uma narrativa maravilhosa para referir um facto de fé.

Nessa intervenção, que será em breve publicada na revista Didaskalia, da Universidade Católica, Carreira das Neves acrescentava: É anti-racional que Herodes tenha mandado matar as crianças de Belém e arredores, precisamente dois anos depois do aparecimento dos magos. A ser verdade, e não obstante os crimes do rei, Flávio Josefo [historiador do século I, autor de Antiguidades  Judaicas] não deixaria de apresentar este crime como o maior de todos os crimes.

Não há que enganar: as narrativas da infância de Jesus apenas contidas nos Evangelhos de Mateus e Lucas, e mesmo assim com elementos contraditórios
entre ambas servem propósitos bem determinados: pretendem ser uma teologia ou catequese em que cada evangelista escolhe a melhor pedagogia e linguagem para o anúncio do mesmo salvador a destinatários diferentes, escreve frei Lopes Morgado (Entrai, Pastores, Entrai, catálogo da exposição de presépios de Dezembro de 2002, em Évora). Ou, na expressão de Carreira das Neves (Jesus Cristo História e Mistério, ed. Franciscana), esses relatos que datam dos anos 75 a 85 pretendem informar não sobre a história do nascimento e da infância de Jesus, mas sobre a modalidade do ser dessa criança. Porque surgiram então tais relatos? Muitos dos mitos ligados ao Natal devem-se às histórias dos evangelhos apócrifos (reunidos na Biblioteca de Nag Hammadi, que acaba de ser editada em Portugal pela Esquilo). Esses textos, dos séculos III e IV, que ajudam a entender o gnosticismo cristão daquela época, retratam um Jesus que faz milagres desde bebé, que se zanga facilmente ou, pelo contrário, é capaz de ajudar intensa e miraculosamente
fazendo brotar água, por exemplo.

Uma espécie de um ser humano que se quer mais divino que o divino. Os dois evangelistas da infância Mateus e Lucas traduzem a mentalidade cristã do final do primeiro século, como explica ainda Charles Perrot (Narrativas da
Infância de Jesus, ed. Difusora Bíblica). Mas o seu maravilhoso, escreve France Queré (Os Evangelhos Apócrifos, ed. Estampa), tem a intenção de mostrar que o nascimento de Jesus dá um corpo sensível à devoção, começa-se a amar a Deus como a uma pessoa. O cristianismo insere-se na história, porque Deus se
tornou humano. E Jesus, o Deus que se torna homem, é o libertador para os tempos novos, um novo Moisés.

Overhaul of Linux License Could Have Broad Impact

(Última edição: quarta-feira, 30 de novembro de 2005 às 10:35)

Overhaul of Linux License Could Have Broad Impact

Published: NYT, November 30, 2005
 

The rules governing the use of most free software programs will be revised for the first time in 15 years, in an open process that begins today.

Free software, once regarded as a tiny counterculture in computing, has become a mainstream technology in recent years, led by the rising popularity of programs like the GNU Linux operating system.

Industry analysts estimate that the value of hardware and software that use the Linux operating system is $40 billion. And Linux has become a competitive alternative to Microsoft's Windows, especially in corporate data centers.

So the overhaul of the General Public License, which covers Linux and many other free software programs, is an issue of far greater significance today than before.

"The big boys, corporations and governments, have far more reason to be interested and concerned this time," said Eben Moglen, general counsel to the Free Software Foundation, which holds the license, commonly known as the G.P.L.

The process will also be closely watched for how the new G.P.L. will take account of software patents, which have exploded among proprietary software developers since 1991, the last time the license was revised.

A document that describes the principles and timeline for updating the G.P.L., as well as the process for public comment and resolving issues, was to be posted today at www.gplv3.fsf.org. A first draft will be presented at a conference at the Massachusetts Institute of Technology, scheduled for Jan. 16 and 17.

A second draft is expected by summer. If a third draft is required, it should be completed by the fall of 2006. The process, Mr. Moglen said, could involve comments from thousands of corporations and individuals, but the Free Software Foundation will make the final judgments.

The revision process promises to be intriguing because of the man behind the G.P.L., Richard Stallman, the founder of the Free Software Foundation.

The G.P.L., according to Mr. Stallman, is an effort to use copyright law to protect what he calls the "four basic freedoms of software" - the unrestricted right to use, study, copy and modify software. The license also requires that any modifications be redistributed with the same unrestricted rights.

Mr. Stallman is renowned as both a brilliant computer programmer and a person of emphatic views on matters of software. At the Artificial Intelligence Lab at M.I.T. in the 1980's, Mr. Stallman began writing a free version of the proprietary Unix operating system, which he called GNU, and he distributed his work free.

Mr. Stallman, working as a lone craftsman, wrote a huge amount of code for the operating system and software tools for building it. But he had not gotten around to designing the "kernel" of the free operating system - the core of the program, controlling a computer's most basic functions.

In 1991, Linus Torvalds, a university student in Finland, wrote a kernel and wrapped much of the GNU code around it. The completed operating system attracted a following of programmers, working collaboratively to debug and improve the program. The operating system became known as Linux, and the networked style of work was called open source.

In Mr. Stallman's view, proprietary software is an unwarranted restriction on the freedom of information. The revision of the G.P.L., he said, is "part of something bigger - part of the long-term effort to liberate cyberspace." Software patents, he said, are "utterly insane."

For Microsoft's part, Steven A. Ballmer, its chief executive, has called the G.P.L. a "cancer."

Yet in his way, Mr. Stallman is also quite pragmatic. Proprietary software applications can run on Linux without restrictions, which is important for the survival of Linux as a viable alternative to commercial operating systems.

Mr. Stallman also acknowledged that patent rights are a sticky issue for free software, because any attempt in the G.P.L. to counteract the spread of patented software could backfire by making it difficult for free and proprietary software to run on the same computer.

"Patents are a serious issue we have to address, but we have limited leverage," he said. "Sometimes, if you push too hard, you end up pushing yourself back instead of hurting your adversary."

P

PetroCollapse

(Última edição: sábado, 15 de abril de 2006 às 13:46)

Home

PetroCollapse New York Conference
October 5, 2005

Remarks by James Howard Kunstler
Author of The Long Emergency

In the waning months of 2005, our failure to face the problems before us as a society is a wondrous thing to behold. Never before in American history have the public and its leaders shown such a lack of resolve, or even interest, in circumstances that will change forever how we live.

Even the greatest convulsion in our national experience, the Civil War, was preceded by years of talk, if not action. But in 2005 we barely have enough talk about what is happening to add up to a public conversation. We're too busy following Paris Hilton and Michael Jackson, or the NASCAR rankings, or the exploits of Donald Trump. We're immersed in a national personality freak show soap opera, with a side order of sports 24-7.

Our failure to pay attention to what is important is unprecedented, even supernatural.

This is true even at the supposedly highest level. The news section of last Sunday's New York Times did not contain one story about oil or gas - a week after Hurricane Rita destroyed or damaged hundreds of drilling rigs and production platforms in the Gulf of Mexico - which any thought person can see leading directly to a winter of hardship for many Americans who can barely afford to heat their homes - and the information about the damage around the Gulf was still just then coming in.

What is important?

We've entered a permanent world-wide energy crisis. The implications are enormous. It could put us out-of-business as a cohesive society.

We face a crisis in finance, which will be a consequence of the energy predicament as well as a broad and deep lapse in our standards, values, and behavior in financial affairs.

We face a crisis in practical living arrangements as the infrastructure of suburbia becomes hopelessly unaffordable to run. How will fill our gas tanks to make those long commutes? How will we heat the 3500 square foot homes that people are already in? How will we run the yellow school bus fleets? How will we heat the schools?

What will happen to the economy connected with the easy motoring utopia - the building of ever more McHouses, WalMarts, office parks, and Pizza Huts? Over the past thirty days, with gasoline prices ratcheting above $3 a gallon, individuals all over America are deciding not to buy that new house in Partridge Acres, 34 miles from Dallas (or Minneapolis, or Denver, or Boston). Those individual choices will soon add up, and an economy addicted to that activity will be in trouble.

The housing bubble has virtually become our economy. Subtract it from everything else and there's not much left besides haircutting, fried chicken, and open heart surgery.

And, of course, as the housing bubble deflates, the magical mortgage machinery spinning off a fabulous stream of hallucinated credit, to be re-packaged as tradable debt, will also stop flowing into the finance sector.

We face a series of ramifying, self-reinforcing, terrifying breaks from business-as-usual, and we are not prepared. We are not talking about it in the traditional forums - only in the wilderness of the internet.

Mostly we face a crisis of clear thinking which will lead to further crises of authority and legitimacy - of who can be trusted to hold this project of civilization together.

Americans were once a brave and forward-looking people, willing to face the facts, willing to work hard, to acknowledge the common good and contribute to it, willing to make difficult choices. We've become a nation of overfed clowns and crybabies, afraid of the truth, indifferent to the common good, hardly even a common culture, selfish, belligerent, narcissistic whiners seeking every means possible to live outside a reality-based community.

These are the consequences of a value system that puts comfort, convenience, and leisure above all other considerations. These are not enough to hold a civilization together. We've signed off on all other values since the end of World War Two. Our great victory over manifest evil half a century ago was such a triumph that we have effectively - and incrementally - excused ourselves from all other duties, obligations and responsibilities.

Which is exactly why we have come to refer to ourselves as consumers. That's what we call ourselves on TV, in the newspapers, in the legislatures. Consumers. What a degrading label for people who used to be citizens.

Consumers have no duties, obligations, or responsibilities to anything besides their own desire to eat more Cheez Doodles and drink more beer. Think about yourself that way for twenty or thirty years and it will affect the collective spirit very negatively. And our behavior. The biggest losers, of course, end up being the generations of human beings who will follow us, because in the course of mutating into consumers, preoccupied with our Cheez Doodle consumption, we gave up on the common good, which means that we gave up on the future, and the people who will dwell in it.

There are a few other impediments to our collective thinking which obstruct a coherent public discussion of the events facing us which I call the Long Emergency. They can be described with precision.

Because the creation of suburbia was the greatest misallocation of resources in the history of the world, it has entailed a powerful psychology of previous investment - meaning, that we have put so much of our collective wealth into a particular infrastructure for daily life, that we can't imagine changing it, or reforming it, or letting go of it. The psychology of previous investment is exactly what makes this way of life non-negotiable.

Another obstacle to clear thinking I refer to as the Las Vegas-i-zation of the American mind. The ethos of gambling is based on a particular idea: the belief that it is possible to get something for nothing. The psychology of unearned riches. This idea has now insidiously crept out of the casinos and spread far-and-wide and lodged itself in every corner of our lives. It's there in the interest-only, no down payment, quarter million-dollar mortgages given to people with no record of ever paying back a loan. It's there in the grade inflation of the ivy league colleges where everybody gets As and Bs regardless of performance. It's in the rap videos of young men flashing 10,000-dollar watches acquired by making up nursery rhymes about gangster life - and in the taboos that prevent us from even talking about that. It's in the suburbanite's sense of entitlement to a supposedly non-negotiable easy motoring existence.

The idea that it's possible to get something for nothing is alive and rampant among those who think we can run the interstate highway system and Walt Disney World on bio-diesel or solar power.

People who believe that it is possible to get something for nothing have trouble living in a reality-based community.

This is even true of the well-intentioned lady in my neighborhood who drives a Ford Expedition with the War Is Not the Answer bumper sticker on it. The truth, for her, is that War IS the Answer. She needs to get down with that. She needs to prepare to send her children to be blown up in Asia.

The Las Vegas-i-zation of the American mind is a pernicious idea in itself, but it is compounded by another mental problem, which I call the Jiminy Cricket syndrome. Jiminy Cricket was Pinocchio's little sidekick in the Walt Disney Cartoon feature. The idea is that when you wish upon a star, your dreams come true. It's a nice sentiment for children, perhaps, but not really suited to adults who have to live in a reality-based community, especially in difficult times.

The idea - that when you wish upon a star, your dreams come true - obviously comes from the immersive environment of advertising and the movies, which is to say, an immersive environment of make-believe, of pretend. Trouble is, the world-wide energy crisis is not make-believe, and we can't pretend our way through it, and those of us who are adults cannot afford to think like children, no matter how comforting it is.

Combine when you wish upon a star, your dreams come true with the belief that it is possible to get something for nothing, and the psychology of previous investment and you get a powerful recipe for mass delusional thinking.
As our society comes under increasing stress, we're liable to see increased delusional thinking, as worried people retreat further into make-believe and pretend.

The desperate defense of our supposedly non-negotiable way of life may lead to delusional politics that we have never seen before in this land. An angry and grievance-filled public may turn to political maniacs to preserve their entitlements to the easy motoring utopia - even while reality negotiates things for us.

I maintain that we may see leaders far more dangerous in our future than George W. Bush.

The last thing that this group needs is to get sidetracked in paranoid conspiracy politics, such as the idea that Dick Cheney orchestrated the World Trade Center attacks, which I regard as just another form of make-believe.

This is what we have to overcome to face the reality-based challenges of our time.

At the bottom of the Peak Oil issue is the fear that we're not going to make it.

The Long Emergency looming before us is going to produce a lot of losers. Economic losers. People who will lose jobs, vocations, incomes, possessions, assets - and never get them back. Social losers. People who will lose position, power, advantage. And just plain losers, people who will lose their health and their lives.

There are no magic remedies for what we face, but there are intelligent responses that we can marshal individually and collectively. We will have to do what circumstances require of us.

We are faced with the necessity to downscale, re-scale, right-size, and reorganize all the fundamental activities of daily life: the way we grow food; the way we conduct everyday commerce and the manufacture of things that we need; the way we school our children; the size, shape, and scale of our towns and cities.

These are huge tasks. How can we bring a reality-based spirit to them?

I have a suggestion. Let's start with one down-to-earth project that we can take on with confidence, something we have a reasonable shot at accomplishing, and fairly quickly, something that will address our energy problems directly and will make a difference for the better. Let's get started rebuilding the passenger railroad system in our country.
Nothing else we might do would make such a substantial impact on our outlandish oil consumption.

We have a railroad system that the Bulgarians would be ashamed of.

The fact that we are not talking about this shows how deeply unserious we are - especially the Democratic party. I am a registered Democrat. Where is my party on this issue? Where was John Kerry? Where are Senators Hillary Clinton and Charles Schumer? We should demand that they get serious about rebuilding the public transit of America - not next month or next year but tomorrow, starting at the crack of dawn.

Any person or any group who finds themselves in trouble has to begin somewhere. They have to take a step that will prove to themselves that they are not helpless, that they are capable of accomplishing something, and accomplishing that first thing will build the confidence to move on to the next step.

That's how people save themselves, how they reconnect with reality-based virtue.

We were once such a people. We were brave, resourceful, generous, and earnest. The last thing we believed was the idea that it was possible to get something for nothing. That we were entitled to a particular outcome in life, apart from the choices we made and how we acted. We can recover those forsaken elements of our collective character. We can be guided, as Abraham Lincoln said, by the better angels of our nature.

We lived in a beautiful country with vibrant towns and cities, and a gorgeous, productive rural landscape, and we were sufficiently rewarded by them so we did feel driven to seek refuge in make-believe all the livelong day. When we wanted to accomplish something we set out to do it, to make it happen, not merely to wish for it. We knew the difference between wishing and doing - which is probably the most important thing that adult human beings can know.

I hope we can get back to being that kind of people. This effort here today is a good start.

Please sir, can we have some more?

(Última edição: sábado, 5 de novembro de 2005 às 15:42)
Please sir, can we have some more?

Virtual learning environments are getting kids excited about education. Teesside pupils have developed an appetite for a piece of software called Moodle - and grades have improved as a result. Irene Krechowiecka reports

Tuesday October 4, 2005
The Guardian

When Darren Smith returned to work at Egglescliffe school in Teesside after a couple of months' absence, his pupils were pleased to see him, of course, but their most pressing question was would they be able to continue using Moodle? While Smith had been off sick he'd kept in touch with exam classes, setting and marking work remotely, courtesy of this brilliant piece of software. Brilliant because it's simple to use, is designed for educators by educators, has an ever growing range of powerful features and, perhaps most important of all, is open source (free).
"When I realised I'd be off for a while I decided using a virtual learning environment (VLE) would enable me to keep working with pupils. Moodle appealed because I could use it straight away without going through lots of sales. The pupils responded really well, with many spending considerable time out of school working through materials again and re-reading comments I'd made on their work. The results were good that year - in the GCSE class everyone got C or above and there had been several borderline students."

Teachers can use Moodle to publish course materials, set up discussions, send messages, hand out and mark assignments, create self-marking tests, and have live chats or one-to-one private discussions with their pupils. Students can access their courses from any internet-linked computer and everything anyone does is logged - even if they tell you they spent hours struggling with a task, there's a foolproof way of checking.

Smith was worried that pupils might find this intrusive but that's not so: "They see it as being of benefit. Moodle has now spread across the school, and resources and homework for most subjects can be accessed on line. Parents often worry that, when children say they're using the internet for homework, they're really playing games, but the Moodle logs show that's not the case."

The word, Moodle, is an acronym for modular object-oriented dynamic learning environment. But for its Australian creator, Martin Dougiamas, it's also a verb that describes "an enjoyable tinkering that leads to insight and creativity".

When Dougiamas started work on Moodle he imagined it would largely be used by higher education. So he's been surprised to find the biggest user group around the world are secondary schools. "They've turned out to be a vocal bunch and have driven a lot of the recent changes, which is great. Change, collaboration and learning from each other are very much features of any open source community. Software works better when it's free, a concept that can be hard to grasp if you're used to paying for it."

He's passionate about the idea of Moodle remaining free: "It feels wrong to put a cost on educational software. Not only does it open up experimentation and contributions from the community, but software costs nothing to replicate once you have written it. I prefer to find other ways to fund development."

The ethos of collaboration has spread to Moodle content, too. Darren Smith has made all the ICT courses he's created for years 7, 8 and 9 freely available for download from www.e-subjects.co.uk. These zipped files can be dropped into Moodle and Smith hopes that, as other teachers edit and change his work, they will likewise share, creating a repository of high-quality teaching materials.

Teachers involved in the new DiDA ICT qualification will soon be able to drop the free materials being developed by North West Grid for Learning into Moodle. The DiDA-delivered materials use technologies such as 3D Game Based Learning and chromakey video. To register an interest use the "contact us" section at http:// dida.nwlg.org.

In a virtual world it's easy to blur the distinction between who is the learner and who is the teacher; several schools have experimented by allowing pupils editing rights so they can work alongside teachers, creating and designing courses. At Perins school in Hampshire, Moodle courses are being developed by a team of students (gurus) and teachers (specialists). The gurus come from years 7 -11, and are led by year 10 and 11 ICT students.

Gideon Williams, head of ICT, says there is no problem with giving pupils full editing rights. "Students think it's a fantastic way to learn, and they provide great insight for the teachers because they know what works for them as pupils. We want to encourage independent learning and thinking, and Moodle is an excellent tool for this."

Amy Johnson, a year 11 guru, says she's really enjoyed working with teachers on the project: "We all learnt a lot about what lessons need to include and what students like in their lessons. Moodle gives everyone a chance to get their say about how and what they want to learn."

Colin Charde, the school's head of English, was suspicious at first. "I expected it to be another bandwagon, something I would forget about after the training, but it's not. It enhances teaching and learning and has become an invaluable tool."

Simplicity

Part of Moodle's appeal is its simplicity. It doesn't have special pages for editing purposes - as you're viewing a page you can make changes to it by turning the editing function on. Anyone who can create an email with an attachment has the skills to start using Moodle. As you delve into its potential there's more you'll want to learn, but it's extremely intuitive. The contextual help is excellent and the busy global message boards on the main Moodle site (http://moodle.org) provide answers to everything. For those who prefer their help notes as hard copy, Jason Cole's Using Moodle (O'Reilly Community Press) is a comprehensive guide. Buy it from www.helpusgettobett.com and you'll be helping the UK Moodle community's effort to pay for a stand at the Bett show.

Creating courses, no matter how intuitive the interface, is time-consuming. For those who want an easy introduction to the power of a VLE, Moodle offers some quick wins that save teachers time and extend their reach. Setting up message boards or chat sessions to support homework and revision takes little effort and is an effective way of providing out-of-lesson support - pupils often end up helping each other, with the teacher keeping an eye on what's happening.

At Parrs Wood in Manchester, Moodle was initially used to deliver personal development courses at key stage 3. Deputy head Jo MacKinnon chose Moodle because it was so user-friendly, quick to set up and adaptable. "We started using it to provide skills-based activities which students could work on in our independent learning centre when staff were absent. It proved effective and a growing number of teachers now use it for a range of subjects.

"This term we've moved to using it for all staff communication and the feedback from teachers has been very positive."

Parrs Wood also provides support to other schools interested in exploring Moodle through the Specialist Schools Trust ICT register (www.ict-register.net).
Q

Quem nos liberta desta cruz?

(Última edição: segunda-feira, 12 de dezembro de 2005 às 21:54)

Quem nos liberta desta cruz?

Expresso, 10 de Dezembro de 2005

«Esta religião, baseada num incontrolável relativismo é o 'eduquês'.»

DEPOIS de muito se discutir a famosa questão dos crucifixos nas salas de aula (onde apenas resistia em 20 escolas, por todo o país), talvez seja altura de discutir algo verdadeiramente importante para a educação dos nossos filhos. Porque é uma cruz bem mais pesada do que qualquer crucifixo o ataque sistemático que vem sendo feito ao conhecimento científico, ao saber e aos valores.

Vejamos um exemplo esclarecedor: está numa comunicação de João Filipe de Matos, um dos dirigentes do Centro de Investigação em Educação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e director da sua «Revista de Educação». Este académico, responsável pela formação de professores, parte de um princípio claro, recorrendo a uma citação: «nas sociedades capitalistas, a escola justifica e produz desigualdades».

Por isso, defende que - e cito para que não restem dúvidas - «a disciplina de matemática deve ser urgentemente eliminada dos currículos do ensino básico». Matos prefere que se ensine - volto a citar - «educação matemática». Ou seja, o professor tem uma religião e quer impô-la. E o seu primeiro mandamento é que nada se deve ensinar, salvo ensinar a aprender.

O mesmo responsável dá exemplos delirantes. Se o casal Silva quer ir do Campo Grande ao Parque das Nações, com os seus dois filhos, e a viagem de autocarro custa um euro por bilhete, quanto irá pagar?

Ora a resposta normal seria quatro euros. Mas isso é matemática antiga, cheia de mitos a que Matos quer pôr um fim. Ao cabo de vários argumentos sociais, ecológicos e políticos, Matos acha que quatro é muito, porque deveria haver desconto.

EU SEI que para a maioria dos leitores o professor Matos parece fruto da minha imaginação. Mas não é. Existe e, como ele, existem inúmeros seguidores desta religião que, um pouco por todo o Ministério da Educação, alastra as suas influências. Não só em Portugal, mas à volta do mundo. Esta espécie de religião, baseada num incontrolável relativismo, assentou arraiais na política da educação e criou o seu próprio credo - o «eduquês».

Graças a ela, os nossos filhos sofrem com reformas atrás de reformas. Cada vez sabem menos e, paradoxalmente, cada vez gastam mais tempo na escola.

Graças a esta religião, de que o prof. João Filipe Matos é um dos mais distintos hierofantas, os valores, a sabedoria e o conhecimento são constantemente postos em causa, como se fosse possível educar sem regras, mas apenas com excepções. A viagem do casal Silva ao Campo Grande é esclarecedora do seu incontrolável relativismo: 4x1 nem sempre são quatro; a resposta certa depende do ponto de vista do observador. E qual é o ponto de vista do prof. Matos? Lembrem-se da citação inicial: nas sociedades capitalistas, a escola justifica e produz desigualdades. Ele quer-nos todos iguais, autómatos de um sistema comandado pelas suas ideias sobre o mundo e a vida. Do seu lugar da academia, o prof. Matos forma os professores dos nossos filhos. E todos nós acabamos a carregar a cruz que é a desgraça do seu ensino. Quem nos liberta desta cruz?

hmonteiro@mail.expresso.pt


Do crucifixo à cruzada contra as ciências da educação

(Direito de resposta)

Os meios de comunicação social desempenham um papel fundamental na nossa sociedade informando, esclarecendo, questionando, perturbando. O sarcasmo é um recurso fundamental do jornalista e do comentador, que procura ironizar, estremar e até deformar uma situação, para a tornar cómica e objecto de desprezo dos respectivos leitores. No entanto, há um ponto para além do qual o exercício do humor deixa de ser saudável e passa a ser mistificador, ofensivo e socialmente inaceitável.

É o que se passa com a prosa de Henrique Monteiro, na sua coluna no Expresso de 10.Dez.2005. Esta coluna dedica-se a caricaturar as posições de João Filipe Matos, que, de resto, falsamente apresenta como um dos dirigentes do centro de investigação em educação, entidade em que este docente não assume qualquer cargo de responsabilidade. Interpretando a seu gosto a escrita académica marcada por uma linguagem própria e por categorias necessariamente diversas das do senso comum , não é difícil ao comentador encontrar múltiplos pontos de admiração e até de escândalo nas palavras deste docente, que é livre de ter as suas opiniões e perspectivas próprias sobre os problemas educativos e sociais.

Gostaria, no entanto, de deixar claro que no Departamento de Educação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa defende-se a importância de um ensino da Matemática de qualidade, alicerçado em programas e políticas educativas que valorizem esta disciplina como um elemento fundamental do património cultural de todos nós e numa formação de professores contemplando as vertentes científica, educacional e prática, preocupações que naturalmente estendemos a todas as disciplinas científicas. Defende-se e pratica-se igualmente um ensino e uma formação de professores marcada por valores de respeito pela verdade, pelo rigor, pela cultura, pela diferença, pela dignidade e pela atenção aos interesses e necessidades dos educandos.

Henrique Monteiro nem consegue ser original. Limita-se a repetir a lengalenga de uns tantos outros que, sem perceber grande coisa do que falam (o que sabe ele sobre o ensino da Matemática nas escolas?), se limitam a procurar nas instituições de formação de professores um bode expiatório para os problemas de que, reconhecidamente, padece a educação em Portugal. Não deixa de ser curioso vê-lo a esgrimir o fantasma da religião e seguir, ele próprio, a lógica de cruzada, procurando queimar o inimigo na praça pública com base num libelo acusatório sumário, que no fundo se resume ao estafado fantasma do eduquês.

Um Subdirector pode ter os acessos de mau humor que entender mas não deve ser confundido com o órgão de comunicação social onde escreve. Estamos, por isso, à disposição do Expresso, como temos estado de outros órgãos de comunicação social, para dar a conhecer o nosso trabalho, as nossas posições sobre a educação, as nossas preocupações e projectos. Os jornalistas e comentadores inteligentes percebem que os problemas da educação são sobretudo reflexo dos problemas da sociedade e das políticas educativas e não o resultado da aplicação das teorias dos investigadores cujo impacto na cena educativa é de resto muito desigual. Por isso mesmo, mais vale procurar contar com o contributo de quem estuda as questões da educação para compreender e enfrentar estes problemas do que prosseguir a campanha primária e inútil que só desvaloriza aqueles que nela se envolvem.

João Pedro da Ponte

Presidente do Departamento de Educação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

Coordenador Científico do Centro de Investigação em Educação


A qualidade da formação dos professores, como a dos médicos, engenheiros ou jornalistas, é um problema sempre em aberto e a merecer questionamento. A Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa é uma das instituições que ao longo dos anos tem prestado esse serviço a um nível que reputamos de valor mas que caberá a outros reconhecer e qualificar.

Os maus resultados que observamos no Ensino em Portugal são inquestionáveis e alguma responsabilidade pode ser atribuída às instituições de formação de professores, como a muitos outros factores que recentemente temos visto discutidos publicamente. Não é abonatório de um jornal de referência a invocação primária de um Grande Satã como a causa única de um qualquer problema.

Mais grave do que a ligeireza do artigo parece ser a inconsciência por parte do autor da peça sobre o que é a Universidade. As palavras referenciadas são retiradas de um texto de cariz universitário onde, por definição de Universidade, o autor pôde exprimir livremente a sua teoria, por bizarra ou incompreensível que possa parecer.

O método do jornalista é o da crucificação das ideias na praça pública. O passo seguinte é queimar a publicação e se a fogueira for suficiente podemos incluir o autor. Esta percepção sobre a Universidade, tão tradicionalmente Inquisitorial e tão vivamente expressa pelo Subdirector do Expresso é uma das razões do persistente atraso cultural e intelectual de Portugal (mas não será decerto a única). O Expresso presta assim um serviço inestimável à atávica burrice nacional mas ainda assim mostra o cuidado que se deve ter quando se escreve sobre cruzes.

Nota : ao autor e leitores interessados posso recomendar a edição de 27 de Abril de 2000 do jornal New York Times, onde na primeira página se pode ler o artigo The New, Flexible Math meets Parental Rebellion. Facilmente se compreende que o problema não é local, não é novo, não é simples, e que se pode tratar jornalisticamente a um nível muito mais elevado.

Nuno M. Guimarães

Presidente do Conselho Científico e Directivo

Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

Quem nos liberta desta cruz? Resposta de João Filipe Matos

(Última edição: terça-feira, 27 de dezembro de 2005 às 00:01)
Quem nos liberta desta cruz? Resposta de João Filipe Matos
R

Remarks in Hudson

(Última edição: sábado, 15 de abril de 2006 às 13:50)

Remarks in Hudson, NY

http://www.kunstler.com/


January 8, 2005
James Howard Kunstler

My last three books were concerned with the physical arrangement of life in our nation, in particular suburban sprawl, the most destructive development pattern the world has ever seen, and perhaps the greatest misallocation of resources the world has ever known.
The world - and of course the US - now faces an epochal predicament: the global oil production peak and the arc of depletion that follows. We are unprepared for this crisis of industrial civilization. We are sleepwalking into the future.

The global peak oil production event will change everything about how we live. It will challenge all of our assumptions. It will compel us to do things differently - whether we like it or not.

Nobody knows for sure when the absolute peak year of global oil production will occur. You can only tell for sure in the "rear-view mirror," seeing the data after the fact. The US oil production peak in 1970 was not really recognized until the numbers came in over the next couple of years. By 1973 it was pretty clear that US oil production was in decline - the numbers were there for anyone to see, because the US oil industry was fairly transparent. They had to report their production to regulatory agencies. And low and behold American production was going down - despite the fact that we were selling more cars and more suburban houses. Of course we had been making up for falling production by increasing our oil imports.

1973 was the yea r of the Yom Kippur War. With encouragement from the old Soviet Union, Syria and Egypt ganged up on Israel and after a rough start, Israel kicked their asses. The Islamic world was very ticked off - especially at the assistance that the US had given Israel in airlifted military equipment. So a lot of pressure was brought to bear on the leaders of the Arab oil states to punish the US and we got the famous OPEC embargo of 1973.

But it was more than that. The OPEC embargo was effective precisely because it was now recognized by everybody that the US had passed its all time oil production peak. We no longer had surplus capacity. We weren't the swing producer anymore, OPEC was. We were pumping flat-out just to stay in place, and depending on imports to make up for the rest.

That was a tectonic shift in world economics.

That's exactly when OPEC seized pricing control of the oil markets. We had a very rough decade. 20 percent interest rates. "Stagflation." High unemployment. Stock market in the toilet.

We had a second oil crisis in 1979 when the shah of Iran was overthrown. The 1970s closed on a note of desperation. Everything we did in America was tied to oil and foreigners were jerking our economy around, and it led the worst recession since the 1930s.

But we got over it and a lot of Americans drew the false conclusion that the these oil crises were a shuck and jive on the part of business and Arab oil sheiks.

How did we get over it? The oil crises of the 70s prompted a frantic era of drilling, and the last great oil discoveries came on line in the 1980s - chiefly the North Sea fields of England and Norway, and the Alaska fields of the North Slope and Prudhoe Bay. They literally saved the west's ass for 20 years. In fact, so much oil flowed out of them that the markets were glutted, and by the era of Bill Clinton, oil prices were headed down to as low as $10 a barrel.

It was all an illusion. The North Sea and Alaska are now well into depletion - they were drilled with the newest technology and - guess what - we depleted them more efficiently! England is now becoming a new oil importer again after a 20 year fiesta. The implications are very grim.

Now, some of the most knowledgeable geologists in the world believe we have reached the global oil production peak. Unlike the US oil industry, the foreign producers do not give out their production data so transparently. We may never actually see any reliable figures. The global production peak may only show up in the strange behavior of the markets.

The global peak is liable to manifest as a "bumpy plateau." Prices will wobble. Markets will wobble - as the oil markets have been doing the past year. International friction will increase, especially around the places where the oil is - and two-thirds of the world's remaining oil is in the states around the Persian Gulf where, every week, a half dozen US soldiers and many more Iraqis are getting blown up, beheaded, or shot.

The "bumpy plateau" is where all kind of market signals and political signals are telling you that "something is happening, Mr. Jones, but you don't know what it is." We'll only know in the rear-view mirror.

As of the past 12 months, Saudi Arabia seems to have lost the ability to function as 'swing producer.' The swing producer is the one with a lot of excess supply, who can just open the valves and let more oil out on the world markets, which inevitably drives the price down. Saudi Arabia has kept saying they would produce a million more barrels a day, but there's no evidence that they really have.

Well, the good news is that Saudi Arabia and OPEC can no longer set the price of oil. The bad news is that nobody can. When there is no production surplus in the world, that's a pretty good sign that the world is at peak.

Princeton Geologist Kenneth Deffeyes says that peak production will occur in 2005. We're there. Others, like Colin Campbell, former chief geologist for Shell Oil, put it more conservatively as between now and 2007. But by any measure of rational planning or policy-making, these differences are insignificant.

The meaning of the oil peak and its enormous implications are generally misunderstood even by those who have heard about it - and this includes the mainstream corporate media and the Americans who make plans or policy.

The world does not have to run out of oil or natural gas for severe instabilities, network breakdowns, and systems failures to occur. All that is necessary is for world production capacity to reach its absolute limit - a point at which no increased production is possible and the long arc of depletion commences, with oil production then falling by a few percentages steadily every year thereafter. That's the global oil peak: the end of absolute increased production and beginning of absolute declining production.

And, of course, as global oil production begins to steadily decline, year after year, the world population is only going to keep growing - at least for a while - and demand for oil will remain very robust. The demand line of the graph will pass the production line, and in doing so will set in motion all kinds of problems in the systems we rely on for daily life.

One huge implication of the oil peak is that industrial societies will never again enjoy the 2 to 7 percent annual economic growth that has been considered healthy for over 100 years. This amounts to the industrialized nations of the world finding themselves in a permanent depression.

Long before the oil actually depletes we will endure world-shaking political disturbances and economic disruptions. We will see globalism-in-reverse. Globalism was never an 'ism,' by the way. It was not a belief system. It was a manifestation of the 20-year-final-blowout of cheap oil. Like all economic distortions, it produced economic perversions. It allowed gigantic, predatory organisms like WalMart to spawn and reproduce at the expense of more cellular fine-grained economic communities.

The end of globalism will be hastened by international competition over the world's richest oil-producing regions.

We are already seeing the first military adventures over oil as the US attempts to pacify the Middle East in order to assure future supplies. This is by no means a project we can feel confident about. The Iraq war has only been the overture to more desperate contests ahead. Bear in mind that the most rapidly industrializing nation in the world, China, is geographically closer to Caspian Region and the Middle East than we are. The Chinese can walk into these regions, and someday they just might.

In any case, and apart from the likelihood of military mischief, as the world passes the petroleum peak the global oil markets will destabilize and the industrial nations will have enormous problems with both price and supply. The effect on currencies and international finance will, of course, be equally severe.

Some of you may be aware that the US faces an imminent crisis with natural gas, at least as threatening as the problems we face over oil. By natural gas I mean methane, the stuff we run our furnaces and kitchen stoves on.
Over the past two decades - in response to the OPEC embargoes of the 70s and the Chernobyl and Three Mile Island emergencies of the 80s -- we have so excessively shifted our electric power generation to dependence on natural gas that no amount of drilling can keep up with current demand. The situation is very ominous now.
The United States, indeed North America, including Canada and Mexico, is technically way past peak production in natural gas and there is a special problem with gas that you don't have with oil: you tend to get your gas from the continent you are on. It comes out of the ground and is distributed around the continent in a pipeline network.
If you have to get your natural gas from another continent, it has to be compressed at low temperature, transported in special ships with pressurized tanks, and delivered to special terminals where it is re-gasified. All this is tremendously more expensive than what we do now. Moreover, there are very few natural gas port terminals in the US and nobody wants them built anywhere near them because they are dangerous. They can blow up.
We have been making up for our shortfall in gas in recent years by buying a lot of gas from Canada. The NAFTA treaty compels them to sell us their gas, and they are technically in depletion too. They're not happy about this.
About half the houses in America are heated with natural gas. Nobody know what we are going to do when the depletion arc gets steeper.
Oh, another problem with gas. The wells run dry just like this (snap!). Unlike oil wells, which go from gusher to steady stream to declining stream, gas wells either put out gas or they stop. And there's no warning when they are close to running out. Because, the gas is coming out of the ground under its own pressure. As the gas wells of North America continue to deplete, we will have little warning

Right here I am compelled to inform you that the prospects for alternative fuels are poor. We suffer from a kind of Jiminy Cricket syndrome in this country. We believe that if you wish for something, it will come true. Right now a lot of people - including people who ought to know better - are wishing for some miracle technology to save our collective ass.

There is not going to be a hydrogen economy. The hydrogen economy is a fantasy. It is not going to happen. We may be able to run a very few things on hydrogen - but we are not going to replace the entire US automobile fleet with hydrogen fuel cell cars.

" Getting hydrogen
" Transport

Nor will we replace the current car fleet with electric cars or natural gas cars. We're just going to use cars a lot less. Fewer trips. Cars will be a diminished presence in our lives.
Not to mention the political problem that kicks in when car ownership and driving becomes incrementally a more elite activity. The mass motoring society worked because it was so profoundly democratic. Practically anybody in America could participate, from the lowliest shlub mopping the floor at Pizza Hut to Bill Gates. What happens when it is no longer so democratic? And what is the tipping point at which it becomes a matter of political resentment: 12 percent? 23 percent? 38 percent?

Wind power and solar electric will not produce significant amounts of power within the context of the way we live now.

Ethanol and bio-deisel are a joke. They require more energy to produce than they give back. You know how you get ethanol: you produce massive amounts of corn using huge oil and gas 'inputs' of fertilizer and pesticide and then you use a lot more energy to turn the corn into ethanol. It's a joke.

No combination of alternative fuel systems currently known will allow us to run what we are running, the way we're running it, or even a substantial fraction of it.

The future is therefore telling us very loudly that we will have to change the way we live in this country. The implications are clear: we will have to downscale and re-scale virtually everything we do.

The downscaling of America is a tremendous and inescapable project. It is the master ecological project of our time. We will have to do it whether we like it or not. We are not prepared.

Downscaling America doesn't mean we become a lesser people. It means that the scale at which we conduct the work of American daily life will have to be adjusted to fit the requirements of a post-globalist, post-cheap-oil age.

We are going to have to live a lot more locally and a lot more intensively on that local level. Industrial agriculture, as represented by the Archer Daniels Midland / soda pop and cheez doodle model of doing things, will not survive the end of the cheap oil economy.
The implication of this is enormous. Successful human ecologies in the near future will have to be supported by intensively farmed agricultural hinterlands. Places that can't do this will fail. Say goodbye to Phoenix and Las Vegas.

I'm not optimistic about most of our big cities. They are going to have to contract severely. They achieved their current scale during the most exuberant years of the cheap oil fiesta, and they will have enormous problems remaining viable afterward.
Any mega-structure, whether it is a skyscraper or a landscraper - buildings that depend on huge amounts of natural gas and electricity - may not be usable a decade or two in the future.

What goes for the scale of places will be equally true for the scale of social organization. All large-scale enterprises, including many types of corporations and governments will function very poorly in the post-cheap oil world. Do not make assumptions based on things like national chain retail continuing to exist as it has.

Wal Mart is finished. [More below]

Many of my friends and colleagues live in fear of the federal government turning into Big Brother tyranny. I'm skeptical Once the permanent global energy crisis really gets underway, the federal government will be lucky if it can answer the phones. Same thing for Microsoft or even the Hannaford supermarket chain.

All indications are that American life will have to be reconstituted along the lines of traditional towns, villages, and cities much reduced in their current scale. These will be the most successful places once we are gripped by the profound challenge of a permanent reduced energy supply.

The land development industry as we have known it is going to vanish in the years ahead. The production home-builders, as they like to call themselves. The strip mall developers. The fried food shack developers. Say goodbye to all that.

We are entering a period of economic hardship and declining incomes. The increment of new development will be very small, probably the individual building lot.
The suburbs as are going to tank spectacularly. We are going to see an unprecedented loss of equity value and, of course, basic usefulness. We are going to see an amazing distress sale of properties, with few buyers. We're going to see a fight over the table scraps of the 20th century. We'll be lucky if the immense failure of suburbia doesn't result in an extreme political orgy of grievance and scapegoating.

The action in the years ahead will be in renovating existing towns and villages, and connecting them with regions of productive agriculture. Where the big cities are concerned, there is simply no historical precedent for the downscaling they will require. The possibilities for social and political distress ought to be obvious, though. The process is liable to be painful and disorderly.

The post cheap oil future will be much more about staying where you are than about being mobile. And, unless we rebuild a US passenger railroad network,a lot of people will not be going anywhere. Today, we have a passenger railroad system that the Bulgarians would be ashamed of.

Don't make too many plans to design parking structures. The post cheap oil world is not going to be about parking, either.

But it will be about the design and assembly and reconstituting of places that are worth caring about and worth being in. When you have to stay where you are and live locally, you will pay a lot more attention to the quality of your surroundings, especially if you are not moving through the landscape at 50 miles-per-hour.

Some regions of the country will do better than others. The sunbelt will suffer in exact proportion to the degree that it prospered artificially during the cheap oil blowout of the late 20th century. I predict that the Southwest will become substantially depopulated, since they will be short of water as well as gasoline and natural gas. I'm not optimistic about the Southeast either, for different reasons. I think it will be subject to substantial levels of violence as the grievances of the formerly middle class boil over and combine with the delusions of Pentecostal Christian extremism.

All regions of the nation will be affected by the vicissitudes of this Long Emergency, but I think New England and the Upper Midwest have somewhat better prospects. I regard them as less likely to fall into lawlessness, anarchy, or despotism, and more likely to salvage the bits and pieces of our best social traditions and keep them in operation at some level.

There is a fair chance that the nation will disaggregate into autonomous regions before the 21st century is over, as a practical matter if not officially. Life will be very local.

These challenges are immense. We will have to rebuild local networks of economic and social relations that we allowed to be systematically dismantled over the past fifty years. In the process, our communities may be able to reconstitute themselves.

The economy of the mid 21st century may center on agriculture. Not information. Not the digital manipulation of pictures, not services like selling cheeseburgers and entertaining tourists. Farming. Food production. The transition to this will be traumatic, given the destructive land-use practices of our time, and the staggering loss of knowledge. We will be lucky if we can feed ourselves.

The age of the 3000-mile-caesar salad will soon be over. Food production based on massive petroleum inputs, on intensive irrigation, on gigantic factory farms in just a few parts of the nation, and dependent on cheap trucking will not continue. We will have to produce at least some of our food closer to home. We will have to do it with fewer fossil-fuel-based fertilizers and pesticides on smaller-scaled farms. Farming will have to be much more labor-intensive than it is now. We will see the return of an entire vanished social class - the homegrown American farm laboring class.

N

We are going to have to reorganize everyday commerce in this nation from the ground up. The whole system of continental-scale big box discount and chain store shopping is headed for extinction, and sooner than you might think. It will go down fast and hard. Americans will be astonished when it happens.

Operations like WalMart have enjoyed economies of scale that were attained because of very special and anomalous historical circumstances: a half century of relative peace between great powers. And cheap oil - absolutely reliable supplies of it, since the OPEC disruptions of the 1970s.

WalMart and its imitators will not survive the oil market disruptions to come. Not even for a little while. WalMart will not survive when its merchandise supply chains to Asia are interrupted by military contests over oil or internal conflict in the nations that have been supplying us with ultra-cheap manufactured goods. WalMart's "warehouse on wheels" will not be able to operate in a non-cheap oil economy

It will only take mild-to-moderate disruptions in the supply and price of gas to put WalMart and all operations like it out of business. And it will happen. As that occurs, America will have to make other arrangements for the distribution and sale of ordinary products.

It will have to be reorganized at the regional and the local scale. It will have to be based on moving merchandise shorter distances at multiple increments and probably by multiple modes of transport. It is almost certain to result in higher costs for the things we buy, and fewer choices of things. We are not going to rebuild the cheap oil manufacturing facilities of the 20th century.

We will have to recreate the lost infrastructures of local and regional commerce, and it will have to be multi-layered. These were the people that WalMart systematically put out of business over the last thirty years. The wholesalers, the jobbers, the small-retailers. They were economic participants in their communities; they made decisions that had to take the needs of their communities into account. they were employers who employed their neighbors. They were a substantial part of the middle-class of every community in America and all of them together played civic roles in our communities as the caretakers of institutions - the people who sat on the library boards, and the hospital boards, and bought the balls and bats and uniforms for the little league teams.
We got rid of them in order to save nine bucks on a hair dryer. We threw away uncountable millions of dollars worth of civic amenity in order to shop at the Big Box discount stores. That was some bargain.
This will all change. The future is telling us to prepare to do business locally again. It will not be a hyper-turbo-consumer economy. That will be over with. But we will still make things, and buy and sell things.

A lot of the knowledge needed to do local retail has been lost, because in the past the ownership of local retail businesses was often done by families. The knowledge and skills for doing it was transmitted from one generation to the next. It will not be so easy to get that back. But we have to do it.

Education is another system that will probably have to change. Our centralized schools are too big and too dependent on fleets of buses. Children will have to live closer to the schools they attend. School will have to be reorganized on a neighborhood basis, at a much smaller scale, in smaller buildings -- and they will not look like medium security prisons.

The psychology of previous investment is a huge obstacle to the reform of education. We poured fifty years of our national wealth into gigantic sprawling centralized schools - but that investment itself does not guarantee that these schools will be able to function in a future that works very differently.
In the years ahead college will no longer be just another "consumer product." Fewer people will go to them. They will probably revert to their former status as elite institutions, whether we like it or not. Many of them will close altogether.

Change is coming whether we like it or not; whether we are prepared for it or not. If we don't begin right away to make better choices then we will face political, social, and economic disorders that will shake this nation to its foundation.

I hope you will go back to your offices and classrooms and workplaces with these ideas in mind and think about what your roles will be in this challenging future. Good luck. Prepare for a different America, perhaps a better America. And prepare to be good neighbors.

End

S

Snared in the Web of a Wikipedia Liar

(Última edição: domingo, 4 de dezembro de 2005 às 16:26)
Rewriting History

Snared in the Web of a Wikipedia Liar

04seelye.jpg
Carl Mydans/Time Life Pictures -- Getty Images

FALSE WITNESS How true are "facts" online?

Published: December 4, 2005, NYT
 

ACCORDING to Wikipedia, the online encyclopedia, John Seigenthaler Sr. is 78 years old and the former editor of The Tennessean in Nashville. But is that information, or anything else in Mr. Seigenthaler's biography, true?

The question arises because Mr. Seigenthaler recently read about himself on Wikipedia and was shocked to learn that he "was thought to have been directly involved in the Kennedy assassinations of both John and his brother Bobby."

"Nothing was ever proven," the biography added.

Mr. Seigenthaler discovered that the false information had been on the site for several months and that an unknown number of people had read it, and possibly posted it on or linked it to other sites.

If any assassination was going on, Mr. Seigenthaler (who is 78 and did edit The Tennessean) wrote last week in an op-ed article in USA Today, it was of his character.

The case triggered extensive debate on the Internet over the value and reliability of Wikipedia, and more broadly, over the nature of online information.

Wikipedia is a kind of collective brain, a repository of knowledge, maintained on servers in various countries and built by anyone in the world with a computer and an Internet connection who wants to share knowledge about a subject. Literally hundreds of thousands of people have written Wikipedia entries.

Mistakes are expected to be caught and corrected by later contributors and users.

The whole nonprofit enterprise began in January 2001, the brainchild of Jimmy Wales, 39, a former futures and options trader who lives in St. Petersburg, Fla. He said he had hoped to advance the promise of the Internet as a place for sharing information.

It has, by most measures, been a spectacular success. Wikipedia is now the biggest encyclopedia in the history of the world. As of Friday, it was receiving 2.5 billion page views a month, and offering at least 1,000 articles in 82 languages. The number of articles, already close to two million, is growing by 7 percent a month. And Mr. Wales said that traffic doubles every four months.

Still, the question of Wikipedia, as of so much of what you find online, is: Can you trust it?

And beyond reliability, there is the question of accountability. Mr. Seigenthaler, after discovering that he had been defamed, found that his "biographer" was anonymous. He learned that the writer was a customer of BellSouth Internet, but that federal privacy laws shield the identity of Internet customers, even if they disseminate defamatory material. And the laws protect online corporations from libel suits.

He could have filed a lawsuit against BellSouth, he wrote, but only a subpoena would compel BellSouth to reveal the name.

In the end, Mr. Seigenthaler decided against going to court, instead alerting the public, through his article, "that Wikipedia is a flawed and irresponsible research tool."

Mr. Wales said in an interview that he was troubled by the Seigenthaler episode, and noted that Wikipedia was essentially in the same boat. "We have constant problems where we have people who are trying to repeatedly abuse our sites," he said.

Still, he said, he was trying to make Wikipedia less vulnerable to tampering. He said he was starting a review mechanism by which readers and experts could rate the value of various articles. The reviews, which he said he expected to start in January, would show the site's strengths and weaknesses and perhaps reveal patterns to help them address the problems.

In addition, he said, Wikipedia may start blocking unregistered users from creating new pages, though they would still be able to edit them.

The real problem, he said, was the volume of new material coming in; it is so overwhelming that screeners cannot keep up with it.

All of this struck close to home for librarians and researchers. On an electronic mailing list for them, J. Stephen Bolhafner, a news researcher at The St. Louis Post-Dispatch, wrote, "The best defense of the Wikipedia, frankly, is to point out how much bad information is available from supposedly reliable sources."


(Page 2 of 2)

Jessica Baumgart, a news researcher at Harvard University, wrote that there were librarians voluntarily working behind the scenes to check information on Wikipedia. "But, honestly," she added, "in some ways, we're just as fallible as everyone else in some areas because our own knowledge is limited and we can't possibly fact-check everything."

In an interview, she said that her rule of thumb was to double-check everything and to consider Wikipedia as only one source.

"Instead of figuring out how to 'fix' Wikipedia - something that cannot be done to our satisfaction," wrote Derek Willis, a research database manager at The Washington Post, who was speaking for himself and not The Post, "we should focus our energies on educating the Wikipedia users among our colleagues."

Some cyberexperts said Wikipedia already had a good system of checks and balances. Lawrence Lessig, a law professor at Stanford and an expert in the laws of cyberspace, said that contrary to popular belief, true defamation was easily pursued through the courts because almost everything on the Internet was traceable and subpoenas were not that hard to obtain. (For real anonymity, he advised, use a pay phone.)

"People will be defamed," he said. "But that's the way free speech is. Think about the gossip world. It spreads. There's no way to correct it, period. Wikipedia is not immune from that kind of maliciousness, but it is, relative to other features of life, more easily corrected."

Indeed, Esther Dyson, editor of Release 1.0 and a longtime Internet analyst, said Wikipedia may, in that sense, be better than real life.

"The Internet has done a lot more for truth by making things easier to discuss," she said. "Transparency and sunlight are better than a single point of view that can't be questioned."

For Mr. Seigenthaler, whose biography on Wikipedia has since been corrected, the lesson is simple: "We live in a universe of new media with phenomenal opportunities for worldwide communications and research, but populated by volunteer vandals with poison-pen intellects."

Software 'cannot stop cheating'

(Última edição: quinta-feira, 24 de novembro de 2005 às 09:39)
Last Updated: Tuesday, 22 November 2005, 17:12 GMT o.gif
dot_629.gif

http://news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/education/4460702.stm

Software 'cannot stop cheating'
Keyboard
The exam watchdog has warned of plagiarism using the internet
Technological solutions alone will not be enough to prevent children using the internet to cheat in their coursework, a government adviser has said.

Professor Jean Underwood of Nottingham Trent University says it is up to teachers and parents to show that plagiarism is inappropriate.

The government has asked Professor Underwood to provide technical advice on how to detect internet cheating.

It has commissioned a review of GCSE coursework in each subject.

The move comes after report by the Qualifications and Curriculum Authority said downloading essays from the internet "could not be controlled".

Internet search

Professor Underwood, an expert in the impact of new technologies on teaching and learning, said less repetitive and more creative questioning would reduce the scope for cheating.

o.gif
COURSEWORK CHEATING
_41046794_revision203.jpg
start_quote_rb.gif The availability of the internet is a powerful aid to learning but carries a new generation of risks of plagiarism. end_quote_rb.gif
QCA report on coursework
inline_dashed_line.gif

She said the parameters of her study were still to be defined, but she wanted to help find solutions "so that everyone is reassured that coursework is valid, relevant and secure".

Rules should be made clearer, Professor Underwood said.

"We all reject websites which sell essays, but where does that leave us when there are so many help books to get pupils through their GCSEs? Where is the line?"

And parents need to understand that by doing work for their children, or telling them what to include, they are not allowing them to learn effective research - an important skill for later life.

"If a parent helps their child to carry out an efficient internet search, I personally do not see anything wrong in that," she said.

"But downloading five papers from the internet would be a borderline crossed."

She said the government has recognised there is concern and will put down guidelines around February next year.

But it was "all our jobs to collectively show that cheating should not happen".

Teachers have voiced concerns that there are inconsistent guidelines across exam boards regarding how much guidance teachers should give to pupils.

They are also concerned that providing templates and checklists for work leads to "cloned essays" which are difficult to tell apart.

"Templates are worrying, if they lead to the pupil not understanding the material," Professor Underwood said.

The NASUWT teachers' union said it was important to keep the issue of plagiarism in proportion.

But it welcomed the idea of clearer guidelines, but said policing every line of work for plagiarism would "place an impossible burden upon teachers".

Coursework is marked internally within schools, while exam boards call in samples of the work for external checks, known as "moderation".

o.gif
start_quote_rb.gif The internet is a wonderful thing with the power to change lives - but there will always be a downside end_quote_rb.gif
Professor Jean Underwood

At GCSE level, it varies from 20% of the overall qualification in double science, to 60% in art and design.

At A-level it can be from nothing to 30%, or 60% in the case of art and design.

Education Secretary Ruth Kelly said coursework should only be used where it is the most appropriate assessment method.

The QCA's report found coursework was a valuable tool to stimulate pupils' own learning, but that the value placed on it by teachers varied between subjects.

Technical solutions

Professor Underwood said technology could help ameliorate the problem but was "no quick fix".

She said software already existed to help schools ascertain whether work was the pupil's own.

"It can even be as simple as typing a phrase into Google."

"If a phrase has been plagiarised, sites will bring it up."

"Software is already out there that schools can use, from the Joint Information Systems Committee."

Exam board Edexcel and the Joint Council for Qualifications said they were working with the Plagiarism Advisory Service with a view to rolling out plagiarism detection software.

A JCQ spokesperson said it would reduce the potential to use or re-use work produced by other people.

Professor Underwood said some software could check as well as mark work. But she said some clever students would find ways round such programmes.

"One method used is to translate phrases in papers into a different language and then back into English with a translation tool," she said.

She said that tackling firms providing essays for sale or download would not guarantee children could not access essays, as hackers could still make them available for sale.

"We need to think smart on an academic and technological level," she said

"The internet is a wonderful thing with the power to change lives - but there will always be a downside."

Students Ace State Tests, but Earn D's From U.S.

(Última edição: domingo, 27 de novembro de 2005 às 22:38)

Students Ace State Tests, but Earn D's From U.S.

Published: NYT, November 26, 2005
 

After Tennessee tested its eighth-grade students in math this year, state officials at a jubilant news conference called the results a "cause for celebration." Eighty-seven percent of students performed at or above the proficiency level.

But when the federal government made public the findings of its own tests last month, the results were startlingly different: only 21 percent of Tennessee's eighth graders were considered proficient in math.

Such discrepancies have intensified the national debate over testing and accountability, with some educators saying that numerous states have created easy exams to avoid the sanctions that President Bush's centerpiece education law, No Child Left Behind, imposes on consistently low-scoring schools.

A comparison of state test results against the latest National Assessment of Educational Progress, a federal test mandated by the No Child Left Behind law, shows that wide discrepancies between the state and federal findings were commonplace.

In Mississippi, 89 percent of fourth graders performed at or above proficiency on state reading tests, while only 18 percent of fourth graders demonstrated proficiency on the federal test. Oklahoma, North Carolina, Alabama, Georgia, Alaska, Texas and more than a dozen other states all showed students doing far better on their own reading and math tests than on the federal one.

The chasm is significant because of the compromises behind the No Child Left Behind law. The law requires states to participate in the National Assessment - known to educators as NAEP (pronounced nape) - the most important federal measure of student proficiency.

But in a bow to states' rights, states are allowed to use their own tests in meeting the law's central mandate - that schools increase the percentage of students demonstrating proficiency each year. The law requires 100 percent of the nation's students to reach proficiency - as each state defines it - by 2014.

States set the stringency of their own tests as well as the number of questions students must answer correctly to be labeled proficient. And because states that fail to raise scores over time face serious sanctions, there is little incentive to make the exams difficult, some educators say.

"Under No Child Left Behind, the states get to set the proficiency bar wherever they like, and unfortunately most are setting it quite low," said Michael J. Petrilli, a vice president of the Thomas B. Fordham Foundation, which generally supports the federal law.

"They're telling the public in their states that huge numbers of students are proficient, but the NAEP results show that's not the case," Mr. Petrilli said.

Other educators and experts give different reasons for the discrepancy between state and federal test results. A Standard & Poor's report this fall listed many reasons for such differences, among them that the National Assessment is a no-stakes test, while low scores on state tests lead to sanctions against schools.

The report noted that the National Assessment is given to a sampling of students, whereas schools administer state tests to nearly all students. The tests serve different purposes, with the federal one giving policy makers a snapshot of student performance across the nation, while state tests provide data about individual performance. Because of these differences, some state officials say it is unfair to compare the test results.

But the report by Standard & Poor's, which has a division that analyzes educational data, also noted some states' tests are just easier.

G. Gage Kingsbury, director of research at the Northwest Evaluation Association, a nonprofit group that administers tests in 1,500 districts nationwide, said states that set their proficiency standards before No Child Left Behind became law had tended to set them high.

"The idea back then was that we needed to be competitive with nations like Hong Kong and Singapore," he said. "But our research shows that since N.C.L.B. took effect, states have set lower standards."

Not all have a low bar. In South Carolina, Missouri, Wyoming and Maine, state results tracked closely with the federal exam.

South Carolina is a state that set world-class standards, Mr. Kingsbury said. The math tests there are so difficult that only 23 percent of eighth graders scored at or above the proficiency level this year, compared with 30 percent on the federal math test. South Carolina officials now fear that such rigor is coming back to haunt them.

"We set very high standards for our tests, and unfortunately it's put us at a great disadvantage," said Inez M. Tenenbaum, the state superintendent of education. "We thought other states would be high-minded too, but we were mistaken."

South Carolina's tough exams make it harder for schools there to show the annual testing gains demanded by the federal law.

This year less than half of the state's 1,109 schools met the federal law's benchmark for the percentage of students showing proficiency, a challenge that will get tougher each year. As a result, legislators are pushing to lower the state's proficiency standard, Ms. Tenenbaum said, an idea she opposes.

Because of the discrepancies, several prominent educators are now calling for a system of national testing that counts, like those at the heart of educational systems in England, France and Japan.

"We need national standards and national tests," said Diane Ravitch, a professor at New York University who is a former member of the National Assessment's board. "I conclude that states are just looking to make everybody feel good."

Ms. Tenenbaum too says the differences among states have convinced her of the need for a national test. "I think we should all just take the NAEP," she said. "Get it out of the states' hands."

But Representative John A. Boehner, chairman of the House Committee on Education and the Work Force, defended states' rights to define proficiency as they see fit and said that over time comparisons with the federal test would force them to draw up better tests.

"The bright lights of accountability are going to shine on the states who are kidding themselves," said Mr. Boehner, Republican of Ohio.

The battle lines have long been sharp in the testing debate. Most corporate leaders favor national testing, said Susan Traiman, a director at the Business Roundtable, a group that represents corporate executives.

Opponents include liberal groups that dislike all standardized testing; the testing industry itself, which has found lucrative profits in writing new exams for all 50 states; and political conservatives who fiercely resist any intrusion on states' rights to control curricula and tests.

Margaret Spellings, the secretary of education, says that the comparison of state and federal tests provides useful information. "It allows us to shine a light," she said. "This is a truth-in-advertising type deal."

But Ms. Spellings has declined to criticize states whose tests appear to overstate the percentage of their students who are proficient. The law leaves it to states to calibrate their accountability systems, including how difficult they make their exams, she said. "We're not going to sit up in Washington and look at all those moving parts," Ms. Spellings said.

The National Assessment uses three performance levels to classify student results: advanced, which denotes superior performance; proficient, which indicates that students have "demonstrated competency" and basic, which indicates students have attained only "partial mastery of prerequisite knowledge and skills." Many students also score below basic, which the National Assessment's governing board does not classify as an achievement level.

On Oct. 19, the day the federal results were released, Ms. Spellings urged reporters to compare the percentage of students performing at the proficiency level on state tests with the percentage of students performing at the basic level on the federal test.

Many state officials said they also preferred that comparison, which greatly softens the discrepancies. In Tennessee, for instance, the 66-point gap between the federal and state results in eighth-grade math shrinks to just 26 points if the state results are compared with the federal measure of basic skills.

"NAEP's basic is comparable to our proficient," said Kim Karesh, a spokeswoman for the Tennessee Department of Education. "Now whether Tennessee's test is stringent enough is something that we're reviewing constantly. Nobody here would say we have a perfect test."

Officials in many other states whose scores differed sharply from those of the National Assessment cried foul over the very idea of comparing the results.

"The comparison to NAEP is not fair," said Mitch Edwards, a spokesman for the Department of Education in Alabama, where 83 percent of fourth-grade students scored at or above proficient on the state's reading test while only 22 percent demonstrated proficiency on the federal reading test. "Making comparisons to the NAEP becomes very difficult without giving the impression that some states are not measuring up to others or to the nation."

In Georgia, 83 percent of eighth graders scored at or above proficient on state reading tests, compared with just 24 percent on the federal test. "Kids know the federal test doesn't really count," said Dana Tofig, a spokesman for the State Department of Education. "So it's not a fair comparison; it's not apples to apples."

T

Tecnologia como cultura

(Última edição: terça-feira, 29 de novembro de 2005 às 22:29)
Tecnologia como cultura
Público, 29 de Novembro de 2005
FERNANDO ILHARCO

O baixo individualismo e a alta aversão ao risco são dos
principais problemas da cultura portuguesa. Assim se
percebe que apesar de na União Europeia, em termos
percentuais, sermos um dos países com menos licenciados,
que um quinto deles vá trabalhar para o estrangeiro

entendimento da tecnologia como
cultura, ou seja, a prática quotidiana
possibilitada e contextualizada
pela tecnologia como um determinado
tipo de cultura contemporânea, que é o
que no mais essencial é assumido no plano
tecnológico, constitui um alinhar de esforços,
de práticas e de ambições com o perfume dos
tempos correntes. Claro que os planos são uma
coisa, acontecem no domínio da reflexão, e as
medidas enumeradas são uma outra coisa, que
acontecem ou não num outro domínio, o da
acção concreta que corta o tempo, separando
o passado do futuro. Em boa medida, o que se
passa entre um e outro domínio, também no
caso do plano tecnológico, depende de uma
forma importante da nossa cultura enquanto
comunidade. Não do grau em que a tecnologia
seja já parte da nossa cultura, mas da nossa
cultura nacional, pré-tecnologia, como ela
mesma nos nossos símbolos, valores, práticas,
rotinas e padrões comportamentais,
se tem manifestado e se manifesta hoje,
mantendo-nos para nós mesmos como nós
próprios somos.

A tecnologia tem vindo a ser estudada e
investigada de variadíssimas formas. Desde
uma prática sistemática, um tipo de arte, ou
a aplicação prática da ciência, à ordenação
eficiente dos recursos, à com-posição monumental
que revela o mundo, muitas têm sido
as perspectivas de entendimento de um dos
fenómenos mais marcantes da história da
humanidade. Mesmo que uma boa parte das
interpretações deste quadro escape à visão instrumental,
algo ingénua, do fenómeno, em todas
elas a tecnologia nos surge com algum grau
de manipulabilidade; como uma possibilidade
de manipulação superior à da cultura. Pelo
menos nas suas camadas superficiais, talvez
a tecnologia possa ser
entendida como a área
mais trabalhável e por
isso mais alterável da
própria cultura. A
cultura, por seu lado,
percebida não apenas
como os valores, as
rotinas, as práticas,
etc., que temos, mas
antes como aquilo
que genuinamente
somos, é então não
apenas uma espécie
de lente para ver e ler
o mundo mas antes é
os nossos verdadeiros
olhos, mente e sistema
nervoso. Assim, hoje,
entender a tecnologia
como cultura é uma
parte importante
do processo de nos
integrarmos na reordenação
do poder
mundial.
Não deixando
de constituir uma
perspectiva correcta,
porque consequente
e útil no ambiente
contemporâneo, o
entendimento da tecnologia
como cultura
pressupõe de alguma
maneira, mais, sugere
como futuro, o
entendimento da cultura
como tecnologia.
Partir da tecnologia
como cultura levarnos-
á sempre à cultura
como tecnologia. Por
isso, um dos grandes
desafios, não apenas
nosso, é o de pensar
e possibilitar um quadro
global em que cada
cultura, da Europa à
África, da América à
Ásia, do Norte ao Sul
e do Leste ao Oeste, tenha possibilidades equitativas
de bem-estar, de paz e de futuro.
Cultura nenhuma é estática, é certo. A
cultura pode mesmo ser entendida como
a dinâmicas como os diferentes grupos e
comunidades se transformam e sobrevivem
no tempo. No entanto, o quadro global actual,
sobretudo porque global, impõe um grau de
homogeneização que, longe de ser claro, está
também longe de ser aceite por aqueles a quem
ele toca. O problema é o de que a nova ordem
global, dos mercados aos produtos culturais
passando pela saúde, pela indústria e alimentação,
foi desenhada ou simplesmente surgiu,
beneficiando objectivamente determinadas
comunidades nacionais e sociais. As culturas
nacionais mais beneficiadas na nova ordem
globalizada são aquelas onde são fortes os
traços do individualismo e a disponibilidade
para arriscar, bem como onde é menor o peso
da hierarquia e o peso das divisões sociais e
profissionais; todos aspectos onde a cultura
portuguesa não é particularmente forte. Aliás
o individualismo, no sentido de assentar no
indivíduo, singular, a perspectiva primária
da actividade da sociedade, mais do que a
educação formal dos portugueses é o nosso
verdadeiro problema. Temos uma população
com uma das menores taxas de formação
secundária e universitária entre os países
da União Europeia, mas cerca de um quinto
dos nossos licenciados vai procurar trabalho
no estrangeiro O que aqui não bate é certo
é não existirem, porque não são criadas nem
pelos privados nem pelo Estado, oportunidades
suficientes para os comparativamente
poucos profissionais qualificados que todos
os anos chegam ao mercado de trabalho. É um
problema de iniciativa, de individualismo, de
resultados e de recompensa, por um lado; pelo
outro lado, é obviamente a velha questão das
corporações, dos mercados fechados, do poder
da mediocridade, das invejas, dos tráficos de
influências.
A não exposição generalizada do país à
concorrência internacional permite que em
muitas hierarquias continuem a subir não
os mais competentes mas os que melhor manobram
nos corredores das influências e dos
enganos. É por isso que, a prazo, uma das mais
importantes medidas do plano tecnológico é a
generalização do ensino do inglês no primeiro
ciclo do ensino básico. Por muitas e variadas
razões, o inglês é hoje a língua da comunidade
global; a prazo, o domínio do inglês poderá
fazer mais pela iniciativa individual e pela
capacidade de arriscar do que todos os cursos
nacionais de empreendedorismo juntos. E
dessa forma, quando a concorrência passar a
ser intensa, deixa de ser opção não contratar
os melhores.
Cada sociedade é definida pela linguagem
que a estrutura e desenvolve. A comunidade
global assenta no inglês; num novo inglês,
num novo latim. Não quer isto dizer, obviamente,
que se deva tomar essa plataforma
linguística como única. Esta questão vai mais
longe quando colocada no domínio da cultura.
A cultura é-nos dada, transmitida no tempo
e espaço, pelos nossos antepassados e não a
podemos mudar de um dia para o outro, nem
de forma substancial numa geração. Se hoje
os países anglo-saxónicos, com uma língua
sem tu nem você, são beneficiados pelo
quadro global marcado pelas redes, pela pouca
relevância da hierarquia, pelo individualismo,
noutros tempos outros tipos de culturas
foram as beneficiadas. No entanto, numa
época obcecada pelo correcto, correcto parece
dever ser que, tal como não é aceitável que o
género, a raça ou a religião constituam bases
de discriminação, também nenhuma cultura,
menos individualista ou menos avessa à incerteza,
possa ser prejudicada pelo simples facto
de ser o que é. Trata-se de algo imensamente
difícil de resolver, evidentemente. Trata-se de
reflectir e em ultima análise de influenciar o
processo da constituição ontológica da sociedade
global. ■ Professor Universitário
www.ilharco.com



The computer and I

(Última edição: sexta-feira, 23 de dezembro de 2005 às 10:32)

The computer and I

http://www.helpusgettobett.com/?p=25#more-25

Archived Entry

  • Post Date :
  • Friday, Sep 9th, 2005 at 12:26 am
  • Category :
  • Using Moodle


Hi,
Im Jim Robertson, from Provo, Utah, USA. Not exactly in the UK, sorry about that. Allow me to introduce myelf in this blog. Then I will make some comments about Moodle in another.

General Introduction: grew up in California (LA then bay area), oldest of 6 children. Family moved to Phoenix, Arizona (parents still there), went to Brigham Young University in Provo, Utah still here. Married, wife Judy from very small town (300) in Nevada. Have 9 children, 7 married, youngest started college this week. No empty nest proxmity to BYU (10 minutes) and large extended family guarantees someone always living in basement while attending BYU (right now is niece & husband & 3 children). Enjoy hiking, biking, swimming, cooking, reading (especially aloud to anyone wholl listen), discussing ideas, listening to music (but more on that elsewhere). I dont really like gardening, but I live on 1 acre and I like grape juice, peaches, apples, apricots, various berries and other fresh produce, so I maintain a large garden. Used to be one of 3 properties between 2 large orchards, had chickens, neighbors had sheep & goats (even pigs once). All but us & one neighbor sold & developed during last 2 years into posh neighborhood, wonder what they think about the two remaining eye sores in the middle. We sometimes feel a little like the couple in the old Good Neighbors sitcom.

CAI-relevant Introduction: First introduced to personal computing in 1961 when G.E. tried experiment with remote terminals in 100 local employees homes, used Basic and 8-bit punch tape. Didnt think it took at the time, but have never been far from it since. While a grad student at BYU (c. 1980) I became involved in volunteer work at our gradeschool, teaching computer skills to children in an early-moring program. We used PET computers (5K!) and BASIC, which proved to be a great tool for building problem solving skills and encouraging creativity. It didnt really strike me then that teaching 3rd-6th graders how to make the computer do something by programming it was rather innovative, but some of them have since told me it was something of a turning point.

I had also met some professors involved in early CAI projects and instructional design. Some of them helped start Wicat, a company for developing computer-assisted teaching. Wicat produced what was probably the first comprehensive K-12 computer-based curriculum, delivered from a mini mainframe to 30 workstations. I started working for Wicat and soon found that while I had been hired to develop a set of ability tests (Ph.D. in experimental psychology), I had a knack for programming and was increasingly involved in software design and coding. A reorganization sent me from the Education Division to the relatively small Training Division, where I did front-end analysis and design on CBT for aircraft pilot training. Not exactly the revolution in education, but still a great place for involvement with computer aided instruction. I became interested in making training program development more consistent and automating it as much as possible, so I again found myself increasingly doing programming tasks.

A common limitation in CBT was that practice segments were pretty much lock-step, whereas most tasks being trained could be accomplished through many differenct sequences. In the early 90s we began developing avionics simulations for the new glass cockpit airframes that were coming into service. These were delivered on desktop PCs and were intended to become part of an expert system training program (guided practice). Unfortunately, we could sell simulations better than educational concepts, and by 2000 we had been purchased by Faros (a French company) and had moved entirely to the simulation business, producing full-cockpit Flight Training Devices.

Airplanes are fun, no getting around it. But my interest in simulation had been as part of training software, not as a separate self-contained component. I spoke with some of my educational contacts about moving my career back towards education, but nothing came of it. Meanwhile, the troubled airline business caused further cutbacks; finally in March of this year Faros terminated Wicat operation, and I found myself looking for work.

On to Moodle: My next door neighbors own a small school, a medical-dental technical college. The husband runs the business aspects, the wife is the educational director. They suggested I might have a look at what they called some IT problems at their school, which might serve as employment while I looked for employment, or even become a long-term position. After two days of reviewing their computer and records systems, I concluded that what was needed was more than a patch, but a thorough-going systematic approach. I had heard of Blackboard and WebCT, but hadnt heard much good about them and their cost was prohibitive (the school has 20 full-time employees). Still, those represented a systematic approach. During the next few days an associate of the school introduced me to Moodle. By the end of the week I was sure I had found the solution.

One thing has led to another. We are a long way from the overall implementation envisioned, but have made a lot of progress. I dont know where this will lead (anyone got an opening for someone who is equal parts educator, programmer, psychologist, simulations designerand loves Moodle?), but for now I feel that Moodle represents the coming-of-age of computer-assisted teaching. I will describe this more fully in the following blog on Moodle.

The Pope's Contradictions

(Última edição: domingo, 17 de abril de 2005 às 20:00)

March 26, 2005

 


CRISIS IN THE CATHOLIC CHURCH

The Pope's Contradictions

By Hans Küng

Outwardly Pope John Paul II, who has been actively involved in battling war and suppression, is a beacon of hope for those who long for freedom. Internally, however, his anti-reformist tenure has plunged the Roman Catholic church into an epochal credibility crisis.

The Catholic church is in dire straits. The pope is deathly ill and deserves every bit of sympathy he can get. But the church must live on, and in light of the selection of a new pope, it will need a diagnosis, an unadorned insider analysis. The therapy will be discussed later.

Many marvel at the staying power of this highly fragile, partially paralyzed head of the Roman Catholic church, a man who, despite all medications, is barely able to speak. He is treated with a sort of reverence that would never be extended to an American president or a German chancellor in a similar state. Others feel put off by a man they see as an obstinate office bearer who, instead of accepting the Christian path to his own eternity, is using all means at his disposal to hold on to power in a largely undemocratic system.

Even for many Catholics, this pope at the end of his physical strength, refusing to relinquish his power, is the symbol of a fraudulent church that has calcified and become senile behind its glittering façade.

The festive mood that prevailed during the Second Vatican Council (1962 to 1965), or Vatican II, has disappeared. Vatican II's outlook of renewal, ecumenical understanding and a general opening of the world now seems overcast and the future gloomy. Many have resigned themselves or even turned away out of frustration from this self-absorbed hierarchy. As a result, many people are confronted with an impossible set of alternatives: "play the game or leave the church." New hope will only begin to take root when church officials in Rome and in the episcopacy reorient themselves toward the compass of the Gospel.

Hans Kung

Hans Kung is one of today's leading Catholic theologians. Küng, a Swiss national living in the southern German city of Tübingen, has been embroiled in an ongoing feud with church authorities for decades. As a result of his critical inquiries on the papacy, the Vatican withdrew his church authority to teach in 1979. Nevertheless, Küng, 75, is still a priest and, until his retirement in 1995, taught ecumenical theology at the University of Tübingen. As president of the Global Ethic Foundation, Küng is also an advisor to the United Nations.

CONTINUE

One of the few glimmers of hope has been the pope's stance against the Iraq war and war in general. The role the Polish pope played in helping bring about the collapse of the Soviet empire is also emphasized, and rightly so. But it's also heavily exaggerated by papal propagandists. After all, the Soviet regime did not fail because of the pope (before the arrival of Gorbachev, the pope was achieving about as little as he is now achieving in China), but instead imploded because of the Soviet system's inherent economic and social contradictions.

In my view, Karol Wojtyla is not the greatest, but certainly the most contradictory, pope of the 20th century. A pope of many great gifts and many wrong decisions! To summarize his tenure and reduce it to a common denominator: His "foreign policy" demands conversion, reform and dialogue from the rest of the world. But this is sharply contradicted by his "domestic policy," which is oriented toward the restoration of the pre-council status quo, obstructing reform, denying dialogue within the church, and absolute Roman dominance. This inconsistency is evident in many areas. While expressly acknowledging the positive sides of this pontificate, which, incidentally, have received plenty of official emphasis, I would like to focus on the nine most glaring contradictions:

HUMAN RIGHTS: Outwardly, John Paul II supports human rights, while inwardly withholding them from bishops, theologians and especially women.

The Vatican -- once a resolute foe of human rights, but nowadays all too willing to become involved in European politics -- has yet to sign the European Council's Declaration of Human Rights. Far too many canons of the absolutist Roman church law of the Middle Ages would have to be amended first. The concept of separation of powers, the bedrock of all modern legal practice, is unknown in the Roman Catholic church. Due process is an unknown entity in the church. In disputes, one and the same Vatican agency functions as lawmaker, prosecutor and judge.

Consequences: A servile episcopate and intolerable legal conditions. Any pastor, theologian or layperson who enters into a legal dispute with the higher church courts has virtually no prospects of prevailing.

THE ROLE OF WOMEN: The great worshiper of the Virgin Mary preaches a noble concept of womanhood, but at the same time forbids women from practicing birth control and bars them from ordination.

Consequences: There is a rift between external conformism and internal autonomy of conscience. This results in bishops who lean towards Rome, alienating themselves from women, as was the case in the dispute surrounding the issue of abortion counseling (in 1999, the Pope ordered German bishops to close counseling centers that issued certificates to women that could later be used to get an abortion). This in turn leads to a growing exodus among those women who have so far remained faithful to the church.

SEXUAL MORALS: This pope, while preaching against mass poverty and suffering in the world, makes himself partially responsible for this suffering as a result of his attitudes toward birth control and explosive population growth.

During his many trips and in a speech to the 1994 United Nations Conference on Population and Development in Cairo, John Paul II declared his opposition to the pill and condoms. As a result, the pope, more than any other statesman, can be held partly responsible for uncontrolled population growth in some countries and the spread of AIDS in Africa.

Consequences: Even in traditionally Catholic countries like Ireland, Spain and Portugal, the pope's and the Roman Catholic church's rigorous sexual morals are openly or tacitly rejected.

CELIBACY AMONG PRIESTS: By propagating the traditional image of the celibate male priest, Karol Wojtyla bears the principal responsibility for the catastrophic dearth of priests, the collapse of spiritual welfare in many countries, and the many pedophilia scandals the church is no longer able to cover up.

Marriage is still forbidden to men who have agreed to devote their lives to the priesthood. This is only one example of how this pope, like others before him, is ignoring the teachings of the bible and the great Catholic tradition of the first millennium, which did not require office bearers to take a vow of celibacy. If someone, by virtue of his office, is forced to spend his life without a wife and children, there is a great risk that healthy integration of sexuality will fail, which can lead to pedophilic acts, for example.

Consequences: The ranks have been thinned and there is a lack of new blood in the Catholic church. Soon almost two-thirds of parishes, both in German-speaking countries and elsewhere, will be without an ordained pastor and regular celebrations of the Eucharist. It's a deficiency that even the declining influx of priests from other countries (1,400 of Germany's priests are from Poland, India and Africa) and the combining of parishes into "spiritual welfare units," a highly unpopular trend among the faithful, can no longer hide. The number of newly ordained priests in Germany dropped from 366 in 1990 to 161 in 2003, and the average age of active priests today is now above 60.

ECUMENICAL MOVEMENT: The pope likes to be seen as a spokesman for the ecumenical movement. At the same time, however, he has weighed heavily on the Vatican's relations with orthodox and reform churches, and has refused to recognize their ecclesiastical offices and Communion services.

The pope could heed the advice of several ecumenical study commissions and follow the practice of many local pastors by recognizing the offices and Communion services of non-Catholic churches and permitting Eucharistic hospitality. He could also tone down the Vatican's excessive, medieval claim to power, in terms of doctrine and church leadership, vis-à-vis eastern European churches and reform churches, and could do away with the Vatican's policy of sending Roman-Catholic bishops to regions dominated by the Russian Orthodox church.

The pope could do these things, but John Paul II doesn't want to. Instead, he wants to preserve and even expand the Roman power system. For this reason, he resorts to a pious two-facedness: Rome's politics of power and prestige are veiled by ecumenical soapbox speeches and empty gestures.

Consequences: Ecumenical understanding was blocked after the council, and relations with the Orthodox and Protestant churches were burdened to an appalling extent. The papacy, like its predecessors in the 11th and 16th centuries, is proving to be the greatest obstacle to unity among Christian churches in freedom and diversity.

PERSONNEL POLICY: As a suffragan bishop and later as archbishop of Krakow, Karol Wojtyla took part in the Second Vatican Council. But as pope, he disregarded the collegiality which had been agreed to there and instead celebrated the triumph of his papacy at the cost of the bishops.

With his "internal policies," this Pope betrayed the council numerous times. Instead of using the conciliatory program words "Aggiornamento - Dialogue and Collegiality -- ecumenical," what's valid now in doctrine and practice is "restoration, lectureship, obedience and re-Romanization." The criteria for the appointment of a bishop is not the spirit of the gospel or pastoral open-mindedness, but rather to be absolutely loyal to the party line in Rome. Before their appointment, their fundamental conformity is tested based on a curial catalog of questions and they are sacrally sealed through a personal and unlimited pledge of obedience to the Pope that is tantamount to an oath to the "Fuehrer."

The Pope's friends among the German-speaking bishops include Cologne's Cardinal Joachim Meisner, the Bishop of Fulda Johannes Dyba, who died in 2000, Hans Hermann Groer, who resigned from his post as Vienna's cardinal in 1995 following allegations that he had sexually abused pupils years before and the Bishop of St. Poeltin, Kurt Krenn, who just lost his post after a sex scandal emerged in his priests' seminary. Those are just the most spectacular mistakes of these pastorally devastating personnel policies, which have allowed the moral, intellectual and pastoral level of the episcopate to dangerously slip.

Consequences: A largely mediocre, ultra-conservative and servile episcopate is possibly the most serious burden of this overly long pontificate. The masses of cheering Catholics at the best-staged Pope manifestations should not deceive: Millions have left the church under this pontificate or they have withdrawn from religious life in opposition.

CLERICALISM: The Polish pope comes across as a deeply religious representative of a Christian Europe, but his triumphant appearances and his reactionary policies unintentionally promote hostility to the church and even an aversion to Christianity.

In the papal campaign of evangelization, which centers on a sexual morality that is out of step with the times, women, in particular, who do not share the Vatican's position on controversial issues like birth control, abortion, divorce and artificial insemination are disparaged as promoters of a "culture of death." As a result of its interventions -- in Germany, for example, where it sought to influence politicians and the episcopacy in the dispute surrounding the issue of abortion counseling -- the Roman Curia creates the impression that it has little respect for the legal separation of church and state. Indeed, the Vatican (using the European People's Party as its mouthpiece) is also trying to exert pressure on the European Parliament by calling for the appointment of experts, in issues relating to abortion legislation, for example, who are especially loyal to Rome. Instead of entering the social mainstream everywhere by supporting reasonable solutions, the Roman Curia, through its proclamations and secret agitation (through nuntiatures, bishops' conferences and "friends"), is in fact fueling the polarization between the pro-life and pro-choice movements, between moralists and libertines.

Consequences: Rome's clericalist policy merely strengthens the position of dogmatic anti-clericalists and fundamentalist atheists. It also creates suspicion among believers that religion could be being misused for political ends.

NEW BLOOD IN THE CHURCH: As a charismatic communicator and media star, this pope is especially effective among young people, even as he grows older. But he achieves this by drawing in large part on the conservative "new movements" of Italian origin, the "Opus Dei" movement that originated in Spain, and an uncritical public loyal to the pope. All of this is symptomatic of the pope's approach to dealing with the lay public and his inability to converse with his critics.

The major regional and international youth events sponsored by the new lay movements (Focolare, Comunione e Liberazione, St. Egidio, Regnum Christi) and supervised by the church hierarchy attract hundreds of thousands of young people, many of them well-meaning but far too many uncritical. In times when they lack convincing leadership figures, these young people are most impressed by a shared "event." The personal magnetism of "John Paul Superstar" is usually more important than the content of the pope's speeches, while their effects on parish life are minimal.

In keeping with his ideal of a uniform and obedient church, the pope sees the future of the church almost exclusively in these easily controlled, conservative lay movements. This includes the Vatican's distancing itself from the Jesuit order, which is oriented toward the tenets of the council. Preferred by earlier popes, the Jesuits, because of their intellectual qualities, critical theology and liberal theological options, are now perceived as spanners in the works of the papal restoration policy.

Instead, Karol Wojtyla, even during his tenure as archbishop of Krakow, placed his full confidence in the financially powerful and influential, but undemocratic and secretive Opus Dei movement, a group linked to fascist regimes in the past and now especially active in the world of finance, politics and journalism. In fact, by granting Opus Dei special legal status, the pope even made the organization exempt from supervision by the church's bishops.

Consequences: Young people from church groups and congregations (with the exception of alter servers), and especially the non-organized "average Catholics," usually stay away from major youth get-togethers. Catholic youth organizations at odds with the Vatican are disciplined and starved when local bishops, at Rome's behest, withhold their funding. The growing role of the archconservative and non-transparent Opus Dei movement in many institutions has created a climate of uncertainty and suspicion. Once-critical bishops have cozied up to Opus Dei, while laypeople who were once involved in the church have withdrawn in resignation.

SINS OF THE PAST: Despite the fact that in 2000 he forced himself through a public confession of the church's historical transgressions, John Paul II has drawn almost no practical consequences from it.

The baroque and bombastic confession of the church's transgressions, staged with cardinals in St. Peter's Cathedral, remained vague, non-specific and ambiguous. The pope only asked for forgiveness for the transgressions of the "sons and daughters" of the church, but not for those of the "Holy Fathers," those of the "church itself" and those of the hierarchies present at the event.

The pope never commented on the Curia's dealings with the Mafia, and in fact contributed more to covering up than uncovering scandals and criminal behavior. The Vatican has also been extremely slow to prosecute pedophilia scandals involving Catholic clergy.

Consequences: The half-hearted papal confession remained without consequences, producing neither reversals nor action, only words.

For the Catholic church, this pontificate, despite its positive aspects, has on the whole proven to be a great disappointment and, ultimately, a disaster. As a result of his contradictions, this pope has deeply polarized the church, alienated it from countless people and plunged it into an epochal crisis -- a structural crisis that, after a quarter century, is now revealing fatal deficits in terms of development and a tremendous need for reform.

Contrary to all intentions conveyed in the Second Vatican Council, the medieval Roman system, a power apparatus with totalitarian features, was restored through clever and ruthless personnel and academic policies. Bishops were brought into line, pastors overloaded, theologians muzzled, the laity deprived of their rights, women discriminated against, national synods and churchgoers' requests ignored, along with sex scandals, prohibitions on discussion, liturgical spoon-feeding, a ban on sermons by lay theologians, incitement to denunciation, prevention of Holy Communion -- "the world" can hardly be blamed for all of this!!

The upshot is that the Catholic church has completely lost the enormous credibility it once enjoyed under the papacy of John XXIII and in the wake of the Second Vatican Council.

If the next pope were to continue the policies of this pontificate, he would only reinforce an enormous backup of problems and turn the Catholic church's current structural crisis into a hopeless situation. Instead, a new pope must decide in favor of a change in course and inspire the church to embark on new paths -- in the spirit of John XXIII and in keeping with the impetus for reform brought about by the Second Vatican Council.




© DER SPIEGEL 13/2005
All Rights Reserved
Reproduction only allowed with the permission of SPIEGELnet GmbH

 

 

 


 

Tiro ao crucifixo

(Última edição: sexta-feira, 2 de dezembro de 2005 às 21:39)
DN, 2 de Dezembro de 2005


Tiro ao crucifixo



José Carlos Fernandes
807577.jpg
Eu só quero que me expliquem isto porque é que ter um crucifixo pendurado na parede de uma escola é uma ofensa à laicidade do Estado e um atentado à Constituição, e já não é uma ofensa à laicidade do Estado nem um atentado à Constituição o país inteiro prestar homenagem, através de um dia feriado, ao nascimento de Jesus (Natal), à morte de Jesus (Sexta-feira Santa), à ressurreição de Jesus (Páscoa), à celebração da Eucaristia (Corpo de Deus), aos santos e mártires da Igreja (Dia de Todos os Santos), à subida ao céu de Maria (Assunção de Nossa Senhora), e até ao facto de a mãe de Jesus, através de uma cunha de Deus, ter-se safado do pecado original no momento em que os seus pais a conceberam (Imaculada Conceição). Na próxima quinta-feira, dia 8 de Dezembro, o Estado português vai curvar-se alegremente diante de um dogma de alcofa inventado no século XIX por uma Igreja acossada pela secularização, mas até lá entretém- -se a subir ao escadote para remover cruzes de madeira, esses malvados instrumentos que instigam à conversão religiosa. Em Portugal, já se sabe, a lógica é uma batata.

Por mim, podem limpar as escolas de todos os crucifixos, e, já agora, que se aproxima essa perigosa quadra para o laicismo do Estado chamada Natal, podem proibir também os presépios e até a apanha de musgo. A única coisa que me incomoda neste pequeno psicodrama é que o Ministério da Educação perca o seu tempo a expelir circulares muito legais, muito constitucionais e muito burras. O senhor que está pendurado nos crucifixos não é apenas um símbolo religioso - é também um símbolo civilizacional, que atravessa todo o Ocidente através da pintura, da literatura, da música, da arquitectura, do teatro, do cinema. Mais do que propaganda católica, o crucifixo faz parte da nossa identidade e é uma chave para compreender os últimos 21 séculos de História. Não tem a ver com fé. Não tem a ver com Deus. Tem a ver connosco.
João Miguel Tavares

jmtavares@dn.pt
U

Um ano de desafios

(Última edição: sexta-feira, 21 de outubro de 2005 às 15:56)
2005-09-18 - 00:00:00, Correio da Manhã

Opinião


Um ano de desafios

A Sociedade evolui e por isso a formação a ministrar não pode deixar de lado preocupações de cidadania, de conhecimento, de cultura, de desporto, enfim, da plenitude de uma intervenção cívica que bem alicerce a razão de ser do cidadão de pleno direito.
O início de cada ano lectivo é marcado pela expectativa que todos os que nele se vêm envolvidos colocam, quer sob o ponto de vista do ensino propriamente dito, quer sob o ponto de vista do conjunto das condições que asseguram a sua normalidade.

Este ano, àquelas expectativas acrescem as alterações consagradas na nova Lei de Bases, que acarretarão para o Ensino Superior o colocar de novas hipóteses de trabalho abrangendo a implementação de novas metodologias, novos curricula, novas atitudes face aos processos de ensino e de aprendizagem e, principalmente, as que decorrem do designado Processo de Bolonha.

Na realidade, o Processo de Bolonha traz consigo a exigência de uma maior participação dos professores na vida dos estudantes e, simultaneamente, exige dos estudantes uma nova atitude perante os professores e o ensino, pressupondo uma posição activa e permanente na assimilação dos conhecimentos, com consequente rejeição da passividade apenas alterada pela urgência requerida pela ameaça dos exames.

Daqui decorre também a importância de uma reflexão que tem de ser feita por todos, quer quanto à duração dos ciclos previstos no referido Processo de Bolonha, quer quanto à nova organização de mestrados e ainda ao combate ao insucesso escolar, à boa aceitação dos perfis académicos face às solicitações do mercado de trabalho e, naturalmente, à plena realização pessoal e profissional.

A este novo mundo de desafios deverá corresponder uma atitude positiva por parte da universidade, sabendo bem receber os que a procuram e a ela se acolhem, e que nela confiam, não esquecendo que o seu papel não pode resumir-se ao de mero transmissor de conhecimentos e esgotar a sua capacidade na apresentação de um saber adquirido e consolidado.

A sociedade evolui e por isso a formação a ministrar não pode deixar de lado preocupações de cidadania, de conhecimento, de cultura, de desporto, enfim, da plenitude de uma intervenção cívica que bem alicerce a razão de ser do cidadão de pleno direito.

Dir-se-á que é exigir muito e que, com tanta solicitação, o estudante tem pela frente uma tarefa intransponível.

Mas não pode ser essa a atitude. Há que confiar nas capacidades e nas vontades. E há, acima de tudo, que encontrar o método que permita conciliar os diferentes deveres para os canalizar para o resultado final pretendido: o sucesso. Os alunos não podem ser, hoje, meros espectadores: têm de ser interventivos, participantes e activos.

É com este espírito que temos de partir para o novo ano: a universidade é um local de trabalho em que todos têm de tomar parte, transmitindo saberes já adquiridos, construindo novos mundos de conhecimento, buscando o enriquecimento cultural e científico, com abertura de espírito às inovações dos processos, tendo por meta final o bem-estar da sociedade.

José Lopes da Silva, Presidente do Conselho dos Reitores das Universidades Portuguesas

Um ano de desafios, José Lopes da Silva

(Última edição: domingo, 18 de setembro de 2005 às 15:31)
2005-09-18 - 00:00:00, Correio da Manhã

Opinião


Um ano de desafios

A Sociedade evolui e por isso a formação a ministrar não pode deixar de lado preocupações de cidadania, de conhecimento, de cultura, de desporto, enfim, da plenitude de uma intervenção cívica que bem alicerce a razão de ser do cidadão de pleno direito.

O início de cada ano lectivo é marcado pela expectativa que todos os que nele se vêm envolvidos colocam, quer sob o ponto de vista do ensino propriamente dito, quer sob o ponto de vista do conjunto das condições que asseguram a sua normalidade.

Este ano, àquelas expectativas acrescem as alterações consagradas na nova Lei de Bases, que acarretarão para o Ensino Superior o colocar de novas hipóteses de trabalho abrangendo a implementação de novas metodologias, novos curricula, novas atitudes face aos processos de ensino e de aprendizagem e, principalmente, as que decorrem do designado Processo de Bolonha.

Na realidade, o Processo de Bolonha traz consigo a exigência de uma maior participação dos professores na vida dos estudantes e, simultaneamente, exige dos estudantes uma nova atitude perante os professores e o ensino, pressupondo uma posição activa e permanente na assimilação dos conhecimentos, com consequente rejeição da passividade apenas alterada pela urgência requerida pela ameaça dos exames.

Daqui decorre também a importância de uma reflexão que tem de ser feita por todos, quer quanto à duração dos ciclos previstos no referido Processo de Bolonha, quer quanto à nova organização de mestrados e ainda ao combate ao insucesso escolar, à boa aceitação dos perfis académicos face às solicitações do mercado de trabalho e, naturalmente, à plena realização pessoal e profissional.

A este novo mundo de desafios deverá corresponder uma atitude positiva por parte da universidade, sabendo bem receber os que a procuram e a ela se acolhem, e que nela confiam, não esquecendo que o seu papel não pode resumir-se ao de mero transmissor de conhecimentos e esgotar a sua capacidade na apresentação de um saber adquirido e consolidado.

A sociedade evolui e por isso a formação a ministrar não pode deixar de lado preocupações de cidadania, de conhecimento, de cultura, de desporto, enfim, da plenitude de uma intervenção cívica que bem alicerce a razão de ser do cidadão de pleno direito.

Dir-se-á que é exigir muito e que, com tanta solicitação, o estudante tem pela frente uma tarefa intransponível.

Mas não pode ser essa a atitude. Há que confiar nas capacidades e nas vontades. E há, acima de tudo, que encontrar o método que permita conciliar os diferentes deveres para os canalizar para o resultado final pretendido: o sucesso. Os alunos não podem ser, hoje, meros espectadores: têm de ser interventivos, participantes e activos.

É com este espírito que temos de partir para o novo ano: a universidade é um local de trabalho em que todos têm de tomar parte, transmitindo saberes já adquiridos, construindo novos mundos de conhecimento, buscando o enriquecimento cultural e científico, com abertura de espírito às inovações dos processos, tendo por meta final o bem-estar da sociedade.
José Lopes da Silva, Presidente do Conselho dos Reitores das Universidades Portuguesas

Uma comissão de avaliação de manuais

(Última edição: sábado, 3 de dezembro de 2005 às 22:34)
http://www.criticanarede.com/ed104.html

Uma comissão de avaliação de manuais
Richard Feynman

Nessa altura eu estava a dar uma série de aulas de Iniciação de Física e, depois de uma delas, Tom Harvey, que me ajudava a preparar as demonstrações, disse: "Devia ver o que se passa com a Matemática nos livros escolares! A minha filha chega a casa com uma data de disparates!"

Não prestei muita atenção ao que ele disse.

Mas no dia seguinte recebi um telefonema de um advogado bastante famoso de Pasadena, o Sr. Norris, que nessa altura pertencia à Junta Estadual de Educação. Pediu-me que fizesse parte da Comissão Curricular Estadual, que devia escolher os novos manuais para o estado da Califórnia. Sabem, o estado tem uma lei segundo a qual todos os manuais usados por todos os miúdos em todas as escolas oficiais têm de ser escolhidos pela Junta Estadual de Educação, pelo que formam uma comissão para ver os livros e aconselhar que livros eles devem escolher.

[...] Por esta altura, eu devia ter um sentimento de culpa por não cooperar com o Governo, dado que aceitei fazer parte da Comissão.

Comecei imediatamente a receber cartas e telefonemas dos editores. Diziam coisas como: "Ficámos muito satisfeitos ao saber que o senhor pertence à comissão porque queríamos realmente um homem de ciência..." e "É maravilhoso ter um cientista na comissão, porque os nossos livros têm uma orientação científica...". Mas também diziam coisas como: "Gostaríamos de lhe explicar a intenção do nosso livro..." e "Teremos muito gosto em o ajudar no que pudermos a avaliar os nossos livros...". Aquilo afigurava-se-me um disparate. Sou um cientista objectivo e parecia-me que, como a única coisa que os miúdos iam receber na escola eram os livros (e os professores recebiam o manual do professor, que eu também receberia), qualquer explicação extra seria uma distorção. Por isso não quis falar com nenhum dos editores e respondi sempre: "Não precisam de explicar; estou certo de que os livros falarão por si".

[...] A Sr.ª Whitehouse começou por me falar nas coisas que iam debater na próxima reunião (já tinham tido uma reunião; eu fora nomeado mais tarde). "Vão falar sobre os números de contar". Eu não sabia o que aquilo era, mas afinal era o que eu costumo chamar números inteiros. Tinham nomes diferentes para tudo, pelo que tive imensos problemas logo de início.

Ela contou-me como os membros da Comissão avaliavam os novos livros escolares. Arranjavam um número relativamente grande de exemplares de cada livro e davam-nos a vários professores e administradores do seu distrito. Depois recebiam relatórios do que essas pessoas pensavam sobre os livros. Como não conheço uma data de professores ou administradores, e como achava que, lendo os livros sozinho, podia formar uma opinião sobre o que me pareciam, resolvi ler os livros todos sozinho.

[...] Então fui à primeira reunião. Os outros membros tinham atribuído uma espécie de pontuação a alguns livros e perguntaram-me quais eram as minhas pontuações. Muitas vezes a minha pontuação era diferente da deles e eles perguntavam: "Por que deu uma pontuação tão baixa a esse livro?"

Eu dizia que o problema daquele livro era isto e aquilo na página tal tinha os meus apontamentos.

Descobriram que eu era uma espécie de mina de ouro: dizia-lhes, em detalhe, o que havia de bom e de mau em todos os livros; tinha uma razão para cada pontuação.

Perguntava-lhes por que tinham dado uma pontuação tão alta a determinado livro e eles diziam: "Diga-nos o que pensou do livro tal". Eu nunca descobria porque é que eles tinham pontuado uma coisa de determinada maneira. Em vez disso, estavam sempre a perguntar-me o que eu pensava.

Chegámos a um certo livro que fazia parte de um conjunto de três livros suplementares publicados pela mesma editora e perguntaram-me o que pensava dele.

Eu disse: "O depósito de livros não me mandou esse livro, mas os outros dois eram bons".

Alguém tentou repetir a pergunta: "O que pensa do livro?"

"Já disse que não me mandaram esse, pelo que não tenho opinião sobre ele".

O homem do depósito de livros estava lá e disse: "Desculpem; posso explicar isso. Não lho mandei porque esse livro ainda não estava completo. Há uma regra segundo a qual as entradas têm de ser todas até uma certa altura e o editor atrasou-se uns dias. Por isso nos foi enviado apenas com as capas e o interior em branco. Da companhia mandaram-me uma nota pedindo desculpa e dizendo esperar que pudessem considerar o conjunto dos três livros, apesar de o terceiro vir atrasado".

Verificou-se que o livro em branco tinha pontuação de alguns dos outros membros! Não acreditavam que estivesse em branco porque tinham uma pontuação. Na realidade, a pontuação para o livro que faltava era um pouco mais alta do que para os outros dois. O facto de não haver nada no livro não tinha nada a ver com a pontuação.

Creio que a razão de tudo isto é o sistema funcionar deste modo: quando enchemos as pessoas de livros, elas ficam ocupadas, ficam descuidadas e pensam: "Bem, há muita gente a ler estes livros, pelo que não faz diferença". E põem um número qualquer algumas, pelo menos; não todas, mas algumas.

[...] Esta questão de tentar descobrir se um livro é bom ou mau lendo-o cuidadosamente ou recebendo os relatórios de uma quantidade de pessoas que o lêem descuidadamente é como este famoso problema antigo: ninguém podia ver o imperador da China e a pergunta era: qual o comprimento do nariz do imperador da China? Para o descobrir, percorremos todo o país, perguntando às pessoas que comprimento julgam ter o nariz do imperador da China e calculamos a média. E o cálculo seria muito "preciso" porque considerámos muitas pessoas. Mas esta não é a maneira de descobrir seja o que for.


W

Windows Is So Slow, but Why?

(Última edição: segunda-feira, 27 de março de 2006 às 17:35)
The New York Times
spacer.gifPrinter Friendly Format Sponsored Bytyfs_nytimes_logo_88x31.jpg
01

March 27, 2006

Windows Is So Slow, but Why? />

/>

Back in 1998, the federal government declared that its landmark antitrust suit against the Microsoft Corporation was not merely a matter of law enforcement, but a defense of innovation. The concern was that the company was wielding its market power and its strategy of bundling more and more features into its dominant Windows desktop operating system to thwart competition and stifle innovation.

Eight years later, long after Microsoft lost and then settled the antitrust case, it turns out that Windows is indeed stifling innovation at Microsoft.

The company's marathon effort to come up with the a new version of its desktop operating system, called Windows Vista, has repeatedly stalled. Last week, in the latest setback, Microsoft conceded that Vista would not be ready for consumers until January, missing the holiday sales season, to the chagrin of personal computer makers and electronics retailers and those computer users eager to move up from Windows XP, a five-year-old product.

In those five years, Apple Computer has turned out four new versions of its Macintosh operating system, beating Microsoft to market with features that will be in Vista, like desktop search, advanced 3-D graphics and "widgets," an array of small, single-purpose programs like news tickers, traffic reports and weather maps.

So what's wrong with Microsoft? There is, after all, no shortage of smart software engineers working at the corporate campus in Redmond, Wash. The problem, it seems, is largely that Microsoft's past success and its bundling strategy have become a weakness.

Windows runs on 330 million personal computers worldwide. Three hundred PC manufacturers around the world install Windows on their machines; thousands of devices like printers, scanners and music players plug into Windows computers; and tens of thousands of third-party software applications run on Windows. And a crucial reason Microsoft holds more than 90 percent of the PC operating system market is that the company strains to make sure software and hardware that ran on previous versions of Windows will also work on the new one compatibility, in computing terms.

As a result, each new version of Windows carries the baggage of its past. As Windows has grown, the technical challenge has become increasingly daunting. Several thousand engineers have labored to build and test Windows Vista, a sprawling, complex software construction project with 50 million lines of code, or more than 40 percent larger than Windows XP.

"Windows is now so big and onerous because of the size of its code base, the size of its ecosystem and its insistence on compatibility with the legacy hardware and software, that it just slows everything down," observed David B. Yoffie, a professor at the Harvard Business School. "That's why a company like Apple has such an easier time of innovation."

Microsoft certainly understands the problem, the need to change and the potential long-term threat to its business from rivals like Apple, the free Linux operating system, and from companies like Google that distribute software as a service over the Internet.

In an internal memo last October, Ray Ozzie, chief technical officer, who joined Microsoft last year, wrote, "Complexity kills. It sucks the life out of developers, it makes products difficult to plan, build and test, it introduces security challenges and it causes end-user and administrator frustration."

Last Monday afternoon, James Allchin, the longtime engineering executive who leads the Vista team, held a meeting with 75 Windows managers and senior engineers to discuss the status of Vista. On Tuesday morning, Mr. Allchin met with a handful of his lieutenants and told them of the decision to push back the consumer introduction, a move that was announced publicly later that day, after the close of the stock market.

Brad Goldberg, a general manager of Windows program management, who attended the Tuesday morning meeting, said he was not surprised, because he had been involved in the decision. "But it's a different place than Microsoft a few years ago would have wound up," he said.

Like other Microsoft executives, Mr. Goldberg bristles at the notion that little innovative work has come out of the Windows group since XP. In the last five years, he said, Microsoft has released two versions of the Windows Tablet PC software intended for pen-based notebook computers, and four versions of Windows Media Center. To combat viruses plaguing Windows, much of the engineering team focused for 18 months on fixing security flaws for a downloadable "service pack" in 2004.

"The perception that nothing new has come out of the Windows group since XP is just so far from the truth," Mr. Goldberg said.

But last Thursday, Microsoft reorganized the management of its Windows division. Steven Sinofsky, 40, a senior vice president, was placed in charge of product planning and engineering for Windows and Windows Live, a new Web service that lets consumers manage their e-mail accounts, instant messaging, blogs, photos and podcasts in one site.

Mr. Sinofsky, a former technical assistant to Bill Gates, the Microsoft chairman, was one of the early people in the company to recognize the importance of the Internet in the 1990's. He comes to the Windows job from heading Microsoft's big Office division, where he was known for bringing out new versions of the Office suite Word, Excel, PowerPoint, Outlook and other offerings on schedule every two or three years.

The move is seen as an effort to bring greater discipline to the Windows group. "But this doesn't seem to do anything to address the core Windows problem; Windows is too big and too complex," said Michael A. Cusumano, a professor at the Sloan School of Management at the Massachusetts Institute of Technology.

The Vista delay, Microsoft executives said, was only a matter of a few more weeks to improve quality further, not attributable to any single flaw and done to make sure all its industry partners were ready when the product was introduced. Vista will be ready for large corporate customers in November, while the consumer rollout is being pushed back to January 2007.

Mr. Allchin conceded in an interview that the decision was "a bit painful," but he insisted it was the "right thing." Mr. Allchin, 54, will continue to work on Vista until it ships and then retire, as he said he would last year.

Microsoft will not say so, but antitrust considerations may have played a role in the decision that Mr. Allchin called the right thing to do. As part of its antitrust settlement, Microsoft vowed to treat PC makers even-handedly, after evidence in the trial that Microsoft had rewarded some PC makers with better pricing or more marketing help in exchange for giving Microsoft products an edge over competing software.

In the last few weeks, Microsoft met with major PC makers and retailers to discuss Vista. Hewlett-Packard, the second-largest PC maker after Dell, is a leader in the consumer market. Yet unlike Dell, Hewlett-Packard sells extensively through retailers, whose orders must be taken and shelves stocked. That takes time.

Hewlett-Packard, according to a person close to the company who asked not to be identified because he was told the information confidentially, informed Microsoft that unless Vista was locked down and ready by August, Hewlett-Packard would be at a disadvantage in the year-end sales season.

Vista was also held up because the project was restarted in the summer of 2004. By then, it became clear to Mr. Allchin and others inside Microsoft that the way they were trying to build the new version of Windows, then called Longhorn, would not work. Two years' worth of work was scrapped, and some planned features were dropped, like an intelligent data storage system called WinFS.

The new work, Microsoft decided, would take a new approach. Vista was built more in small modules that then fit together like Lego blocks, making development and testing easier to manage.

"They did the right thing in deciding that the Longhorn code was a tangled, hopeless mess, and starting over," said Mr. Cusumano of M.I.T. "But Vista is still an enormous, complex structure."

Skeptics like Mr. Cusumano say that fixing the Windows problem will take a more radical approach, a willingness to walk away from its legacy. One instructive example, they say, is what happened at Apple.

Remember that Steven P. Jobs came back to Apple because the company's effort to develop an ambitious new operating system, codenamed Copland, had failed. Mr. Jobs convinced Apple to buy his company Next Inc. for $400 million in December 1996 for its operating system.

It took Mr. Jobs and his team years to retool and tailor the Next operating system into what became Macintosh OS X. When it arrived in 2001, the new system essentially walked away from Apple's previous operating system, OS 9. Software applications written for OS 9 would run on an OS X machine, but only by firing up the old operating system separately.

The approach was somewhat ungainly, but it allowed Apple to move to a new technology, a more stable, elegantly designed operating system. The one sacrifice was that OS X would not be compatible with old Macintosh programs, a step Microsoft has always refused to take with Windows.

"Microsoft feels it can't get away with breaking compatibility," said Mendel Rosenblum, a Stanford University computer scientist. "All of their applications must continue to run, and from an architectural point of view that's a very painful thing."

It is also costly in terms of time, money and manpower. Where Microsoft has thousands of engineers on its Windows team, Apple has a lean development group of roughly 350 programmers and fewer than 100 software testers, according to two Apple employees who spoke on the condition that they not be identified.

And Apple had the advantage of building on software from university laboratories, an experimental version of the Unix operating system developed at Carnegie Mellon University and a free variant of Unix from the University of California, Berkeley. That helps explain why a small team at Apple has been able to build an operating system rich in features with nearly as many lines of code as Microsoft's Windows.

And Apple, which makes operating systems that run only on its own computers, does not have to work with the massive business ecosystem of Microsoft, with its hundreds of PC makers and thousands of third-party software companies.

That ballast is also Microsoft's great strength, and a reason industry partners and computer users stick with Windows, even if its size and strategy slow innovation. Unless Microsoft can pick up the pace, "consumers may simply end up with a more and more inferior operating system over time, which is sad," said Mr. Yoffie of the Harvard Business School.

/>