Bolonha e as implicações nos Cursos

por Factus FCT - quinta-feira, 19 de outubro de 2006 às 15:01
 
O Processo de Bolonha está aí à porta, estamos a menos de um semestre dele entrar em vigor e ele vai trazer uma maneira diferente de enfrentar o Ensino Superior da que estamos habituados a ver na FCT.
Vai trazer os cursos em formato 3+2, Licenciatura+Mestrado e em alguns casos Mestrados Integrados (5+0).
Antes consideravam-se os Bacharelato uma saída rápida de um curso, agora as Licenciaturas vão ser equivalentes aos Bacharelatos e as actuais Licenciaturas vão passar a chamar-se Mestrados, vamos passar a ter cursos mais especializados quando se se fizer os dois ciclos e Licenciaturas com mais formação de base, vamos ter que pensar novamente se queremos continuar a estudar depois do primeiro ciclo, vamos ter direito a preocupar-nos com médias de entrada no 2º ciclo, vamos ter direito a propinas no 2º ciclo não subsidiadas pelo Estado, ou seja vamos ter um segundo ciclo no Ensino Público, mais ou menos como uma visita ao Ensino Privado, mas vamos ter direito a fazer o 2º ciclo onde quiseremos e pudermos pagar.
Mas nem tudo são más noticias, existem muitos casos em que as alterações de Bolonha vão favorecer os estudantes mas tudo varia de pessoa para pessoa, há casos em que é suficiente uma Licenciatura de 3 anos, outros casos em que não suficiente, há estudantes que com Bolonha vão ter uma hipótese de sair da faculdade com uma licenciatura em 3 anos, há muita coisa em aberto em relação ao tema Bolonha, coisas que só irão ter resposta no futuro, por isso o necessário é que os actuais alunos não sejam prejudicados com a transição e que tenham mais hipóteses de ter sucesso no mercado de trabalho.
E a melhor maneira de um estudante ter sucesso é ter conhecimento da sua situação, por esse motivo o FaCTus tentou falar com todas as comissões pedagógicas de licenciatura que existem na faculdade, os mais atentos vão constatar que não foi possível falar com todas elas, com algumas não foi possível contactar os membros, noutros casos os outros cursos pura e simplesmente não têm comissões pedagógicas.
Temos que esclarecer umas coisas relativamente a estas entrevistas, elas foram feitas antes de se conhecer os planos de transição das licenciaturas, no entanto pela altura em que lerem estas linhas as vossas comissões de curso já devem ter informações sobre os mesmos, este artigo foi elaborado com o intuito de incitar os estudantes menos atentos a analisar a sua situação e verificarem se ela não traz complicações durante o plano de transição, não com o intuito de dizer tudo o que há para dizer sobre a implementação de Bolonha num curso especifico.
Se tu fores um desses casos complicados o que deves fazer em primeiro lugar é falar com a tua  Comissão Pedagógica ou com o teu Coordenador de Licenciatura, qualquer um deles poder-te-á informar melhor sobre o que se vai passar no teu curso e no teu caso especifico.
Uma das grandes fontes de informação sobre o Processo de Bolonha na F.C.T. é a página que Professor Lampreia mantêm em http://bolonha.fct.unl.pt/.

Licenciatura em Química Aplicada

Da conversa com a Rui Pinto e Vanessa Nascimento, da CPLQA, soubemos que o curso irá ser reestruturado de 5 para 3 anos, sob a forma de 1º ciclo e o 2º ciclo terá 2 anos, em que surge uma grande diversidade de mestrados.
Como consequência da reestruturação do curso para 3 anos, houve a extinção de várias cadeiras, principalmente cadeiras de 4º e 5º ano da licenciatura antiga. Inicia-se agora a discussão para definir o plano de transição, cujo prazo de coexistência entre ambos os planos curriculares deverá ser, de acordo com a lei em vigor, de um ano lectivo.
Para já os alunos estão na expectativa, mas pessimistas quanto ao futuro, receando sair prejudicados.
A Comissão Pedagógica, em conjunto com os Professores membros, tem tentado encontrar soluções que satisfaçam as expectativas dos alunos e os objectivos do próprio processo de Bolonha. Tem tentado promover o debate entre todos os agentes envolvidos, facilitando e mediando, muitas vezes, o diálogo entre professores e alunos.
Choca-lhes o silêncio negligente perpetuado pela associação de estudantes, que não tem mobilizado, informado nem unificado a voz dos estudantes, que assim perdem representatividade e força para serem agente dinâmico no decorrer deste Processo. Por outro lado, consideram que houve uma grande precipitação por parte dos órgãos dirigentes, demonstrando falta de sensibilidade e de respeito para com os problemas dos alunos.
Esperam que a entrada em vigor no processo de Bolonha seja atrasada por um ano lectivo, com data de início para 2007/2008, para que haja um período interno (embora não formal) de dois anos de transição, e que permita aos alunos inscreverem-se no ano lectivo de 2006/2007 de acordo com as cadeiras dos novos planos curriculares, evitando assim, o atraso de um ano, situação muito comum aos alunos de 3ºano da licenciatura em Química Aplicada.

Licenciatura em Ciências da Natureza

O FaCTus foi à conversa com Pedro Castro e Rui Inácio, da comissão pedagógica de LCN, e ficámos a saber que Ciências da Natureza é um curso que se encontra com as inscrições anuais fechadas, devido ao número reduzido de inscrições há dois anos. Sendo assim, não está prevista qualquer reestruturação, sendo que os alunos que voltarem a entrar no curso, quando forem reabertas vagas, entrarão para um novo plano curricular, cuja comissão não sabe qual é. Sabem apenas que será dividido pelos dois ciclos, 3 + 2 anos.
Os professores demonstram alguma apatia sobre o processo, tal como os alunos, visto lhes terem garantido que não seriam afectados por nada e que quem entrou para o currículo actual, assim continuará.

Licenciatura em Conservação e Restauro

Falámos também com a Micaela Viegas e a Maria Gomes, da CPLCR, que nos informaram que o curso também será reestruturado em dois ciclos, de duração 3+2 anos, mas que não sofrerá grandes alterações nas cadeiras leccionadas, portanto encontra-se tudo preparado para que  quando Bolonha entrar em vigor no próximo ano lectivo, não aconteçam grandes sobressaltos. Os Professores também se encontram sem opinião sobre o processo e, do lado dos alunos, não há grande informação. Na opinião das nossas colegas, Bolonha não traz nada de novo ao curso, exceptuando um acréscimo de gastos com o curso, no que toca ao financiamento do 2º ciclo e um Estágio opcional no 7º semestre.

Licenciatura em Engenharia Civil

À conversa com Lígia Carvalho, da CPLEC, soubemos que o curso se manterá sem grandes alterações ao currículo, exceptuando a existência dos dois ciclos, 3+2 anos. Só os alunos até ao 3º ano é que serão afectados, sendo que está tudo preparado para entrar para o ano. Os professores não mostram ter grande opinião . Não ocorreu grande discussão com os alunos.

Licenciatura em Engenharia Informática

Falámos com Bruno Areal, Ricardo Silva e Luís Teixeira da CPLEI, sobre as mudanças em Informática com a introdução de Bolonha, o que descobrimos foi talvez um dos poucos cursos pensados de raíz para o sistema 3+2,  em que se tentou cumprir com os propostos do tratado de Bolonha e tentando manter ao mesmo tempo as bases necessárias recomendadas pelo ACM/IEEE, prevê-se uma transição tranquila em que os alunos não sairão nem beneficiados nem prejudicados, quanto ao segundo ciclo ainda não há novidades, pelo simples motivo que ainda não está pronto, mas sabe-se que vai entrar em vigor em 2007/2008.
As opiniões dos alunos tal como em todos os cursos não foram levadas muito em conta no novo curso, mas na elaboração do plano de transição as opiniões e sugestões já têm conseguido alguma coisa.
No final a ideia que passa é que se tentou aproveitar as vantagens de Bolonha, tentando também descartar-se das coisas menos boas, com isso obteve-se um curso mais especializado, mas não necessariamente pior.

Licenciatura em Engenharia Química

Relativamente a LEQ falámos com a Marta Sofia que nos disse que a reestruturação já está completa, vai ficar Mestrado Integrado em Engenharia Química e Bioquímica, no entanto relativamente ao plano de transição ainda não tinha informações.
O sentimento do estudantes relativamente à transição para Bolonha é que vão sair como mestres, o que é uma vantagem, fora isso como o novo curso é um mestrado integrado, não deve haver muito mais vantagens, há algumas questões quanto a alteração para um curso com mais bases de bioquímica, o que para alguns será positivo mas outros alunos mais antigos acham que se perde um pouco o sentimento de Engenharia Química.
Vão-se efectuar sessões de esclarecimento com os alunos os informar sobre as questões da transição, no entanto a opinião é que os professores do departamento estão a fazer um bom trabalho, há no  entanto alguma ambivalência em relação a Bolonha, alguns professores estão a favor, outros tem uma opinião mais reservada.
Uma das preocupações com a transição para o processo de Bolonha, são as propinas do 2º ciclo outra é os alunos terem que fazer cadeiras a mais com a transição.
Soubemos também que a haver envolvimento da comissão pedagógica será na transição, porque na elaboração do novo curso não houve muita interacção.

Licenciatura em Engenharia Física

Sobre Engenharia Física pedimos a colaboração do David Faria da CPLEF para responder às nossas perguntas, ficámos a saber que o curso reestruturado é muito similar ao curso antigo, já que agora é Mestrado Integrado em Engenharia Física.
O curso ficou ligeiramente alargado, tendo em conta que a duração do curso é a mesma, ficou mais mestrado do que licenciatura.
Sabe-se que como previsto os dois ciclos vão entrar em funcionamento no próximo ano lectivo, quanto ao plano de transição a decorrer no próximo ano lectivo, plano esse onde vai haver interacção entre a CP e os professores, não se prevêem situações complicadas, já que os planos curriculares são mais ou menos equivalentes, existem algumas situações pontuais mas vão ser vistas caso a caso.
Os professores da licenciatura estão no geral a favor da implementação de Bolonha, no entanto alguns pensam que foi tudo feito muito á pressa.
 
Licenciatura em Bioquímica

Da Comissão Pedagógica da Licenciatura em Bioquímica contámos com a presença de Miguel Mondragão e Diana Garcia que nos responderam a algumas perguntas.
Relativamente à licenciatura, ela entrou em funcionamento há dois anos, e já foi criada na altura com Bolonha em vista, por isso as alterações no curso vão ser praticamente minímas, até porque os alunos mais velhos do curso estão no 2º ano, tendo por isso uma transição para Bolonha facilitada.
O 2º ciclo de Bioquímica parece já estar feito, no entanto pelos motivos acima referidos o 2º ciclo não deve entrar em vigor para os alunos actuais antes de 2007/08.
No geral a transição para Bolonha de Bioquímica pelo que nos foi dito parece relativamente fácil e indolor.
Os professores de Bioquímica tal como tantos outros também estão no seu geral a favor de Bolonha, com alguns a ter algumas opiniões mais reservadas.

Licenciatura em Engenharia Geológica

Engenharia Geológica vai passar a ser um curso 3+2, com duas vertentes no 2º Ciclo, Geotecnia e Georrecursos, falámos com o Pedro Gonçalves da CPLEG sobre Bolonha, e na altura ele não tinha muitas informações para nos dar, no entanto pode nos indicar que a transição para Bolonha irá ser complicada, já que existem alunos um bocado espalhados pelo curso.
Demonstrou-se preocupação com a questão das propinas no 2º Ciclo, mas também se vê a possibilidade de sair da Faculdade com Licenciatura ao fim de 3 anos possa beneficiar aqueles alunos que estejam com mais dificuldades em acabar o curso.

Licenciatura em Engenharia do Ambiente

Falámos com João Martins da CPLEA sobre Bolonha e Ambiente, como já todas as pessoas sabem, Ambiente é um curso que de há dois anos para cá gosta de inovar, ter ideias novas e criar o caos nos alunos do curso.
Ambiente inicialmente foi reestruturado a pensar no 4+1, no entanto isto foi o ano passado, este ano com as mudanças que houve, foi necessário rever essa reestruturação para 3+2, sabe-se que esta orientação vai ser implementada com base no Mestrado Integrado, dando a formação base nos 3 anos iniciais e oferecendo 4 Mestrados no 2º Ciclo, sendo que houve algumas fusões de cadeiras que passaram a funcionar por módulos, organizou-se também algumas cadeiras o que resultou na despromoção de anos de algumas delas, por exemplo algumas cadeiras de 4º ano passaram para o 3º ano ou ainda alterações de semestres de cadeiras.
Estas constantes mexidas no curso, deixou os alunos com os cabelos em pé, quanto aos professores da licenciatura, alguns são abertamente contra o Processo de Bolonha, outros nem por isso, mas muitos disseram que houve precipitação em fazer e falta de informação.
O papel da CPLEA no processo, tem sido de ajudar a esclarecer os alunos do que se vai passar, tendo já feito um plenário de esclarecimento.

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