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Em Portugal compensa ser licenciado | ||
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Expresso, 29 de Outubro de 2005 | ||
Ensino artístico é fundamental, António Damásio | ||
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Ensino artístico é fundamental 2006/03/06 | 13:04 E não deve ser secundarizado face à Matemática e outras ciências, diz António Damásio O neurocientista António Damásio considerou hoje que o ensino artístico é fundamental para o desenvolvimento de bons cidadãos e que o seu papel não deve ser secundarizado nas escolas face à Matemática e outras ciências exactas, noticia a agência Lusa. O investigador radicado nos Estados Unidos, falava na Conferência Mundial de Educação Artística, que hoje se iniciou no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, onde durante quatro dias cerca de 700 participantes de 150 países vão estar reunidos para debater a educação artística a convite da UNESCO. «O teatro, a literatura, a poesia e outras artes criam emoções inesquecíveis e a sua aprendizagem é muito importante na criatividade, no desenvolvimento de capacidades ligadas à inovação», argumentou o investigador durante a primeira conferência deste encontro. Director do Instituto do Cérebro e da Criartividade da Universidade da Califórnia, António Damásio é professor de psicologia, neurociência e neurologia. Na sua intervenção, intitulada «Cérebro, Arte e Educação», o cientista alertou que, no mundo actual da globalização e grande velocidade de informação, as aptidões cognitivas das novas gerações desenvolvem-se muito mais rapidamente do que as suas capacidades emocionais e estas últimas são essenciais para a formação de cidadãos. «Sabemos hoje que as crianças afectadas nos seus sistemas emocionais não vão conseguir aprender as convenções sociais em adultos», disse, acrescentando que a sociedade não deve subalternizar o plano cognitivo ao plano emocional. António Damásio considerou «preocupante» o desfasamento entre o desenvolvimento do lado cognitivo, normalmente mais valorizado porque é associado à razão, e o lado emocional entre as crianças e jovens nas sociedades actuais e as suas consequências futuras. http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=654294&div_id=291 | ||
Estou profundamente preocupado com a economia portuguesa | ||
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DN Segunda-feira, 11 de Abril de 2005 Entrevista a Miguel Beleza A economia entrou uma fase dita de "reestruturação" com um desfecho ainda incerto. Concorda com esta análise de alguns economistas? Eu gostava de acreditar que as medidas e o programa a apresentar pelo Governo irão ter como resultado a recuperação do crescimento potencial da economia. Mas estou profundamente preocupado. Não estou muito optimista em relação ao futuro. O que faz crescer o País é o sector privado, mas nos últimos anos observamos um comportamento do sector privado que se reflecte num crescimento potencial muito baixo. Não vê dinamismo, entusiasmo, é isso? Tenho dificuldade em ver... Não estou a criticar ninguém, porque acho ridículo criticar os empresários. Agora, de facto, vejo pouca garra... desde há muitos anos que crescemos muito pouco. Mas qual a origem desta situação? Baixos níveis de confiança, formação dos empresários, efeitos da subsidiação estatal? Não é fácil explicar. Existem muitos factores que ajudam a compreender o fenómeno... de entre os quais, com certeza, uma política fiscal e orçamental errada. Uma das explicações podem ainda ser encontradas no enorme boom de consumo e de algum investimento no final dos anos 90, justificadas pelas baixas taxas de juro. Um ciclo que tinha de terminar. Aliás, é o colapso da procura interna a principal razão por que o País entrou em recessão económica. Mas admito que isto explique apenas uma parte da equação... Talvez a insuficiência das reformas estruturais... Não vejo as tais reformas estruturais... Fala-se na necessidade de inovação, formação, educação, mas tudo isto não é para amanhã e a urgência era ontem. Não há prescrições para a economia a curto prazo? Não conheço. Alguns economistas falam dos efeitos nefastos do famoso "discurso da tanga" de Durão Barroso... Não acredito que os agentes económicos vão em histórias, mas de facto vejo pouca "garra". As últimas previsões da Comissão Europeia indicam uma estimativa de crescimento de 1,6% para a zona euro. qual o significado para Portugal? Significa uma má notícia. Para Portugal a revisão em baixa da estimativa do crescimento foi ainda mais drástica. Os principais mercados do País na UE vão crescer pouco e teremos mais um factor negativo a acrescentar, que terão como resultado um fraco crescimento da economia portuguesa... Repercussões nas exportações, turismo... Temos, basicamente, dois problemas. Portugal tem perdido quotas de mercado e competitividade. Em 2004, a economia terá crescido 1,0% e a procura interna cerca de 2,0%. As exportações nem se portaram muito mal, o problema é que as importações aumentaram muito. Isto sugere que um pequeno impulso na procura interna provoca uma enorme repercussão nas importações. Ou seja, as empresas portuguesas são pouco competitivas. Isto, a par da queda do crescimento potencial da economia, é um problema grave. Os dados recentes demonstram que o crescimento potencial da economia está num ponto muito baixo... Neste momento, está à volta de 1,6% do PIB, quando Portugal deveria aspirar a um crescimento potencial bem acima de 3, 4%... Estamos a ter sucessivos crescimentos baixos, e o impulso da procura interna não se repercute no aumento do produto e não tem, naturalmente, repercussões no aumento do emprego. Isto para mim é, neste momento, o maior problema do País. Até quando teremos estas dificuldades? Não é fácil responder... Mas podemos ter este problema durante alguns anos. Posso arriscar mais uns quatro, cinco anos? Talvez nem tanto, mas... dois, três anos. Tenho alguma esperança na recuperação da competitividade e acredito que as reformas estruturais anunciadas pelos últimos governos, e em particular pelo actual, acabem por produzir algum efeito, num prazo razoável. As importações estão a provocar um novo disparo no endividamento externo, após uma redução em 2003. Não existe solução para estancar esta tendência? Enquanto a competitividade não melhorar, teremos esse problema. Preocupa-me que a um crescimento moderado da economia em 2004 reflectiu-se de imediato num aumento muito forte do endividamento externo. É um sintoma do tal crescimento potencial fraco. Mas graças à nossa presença na zona euro, o endividamento externo é um problema solúvel. Como não bastasse, o contínuo aumento dos preços internacionais do barril do petróleo poderá ter graves reflexos na economia portuguesa... Isso é um problema muito sério, mais sério do que prevíamos... Para a economia portuguesa é particularmente difícil, dado o alto grau de dependência do petróleo. Significa o empobrecimento do País... | ||