José Sócrates confirma demissão do coordenador do Plano Tecnológico
17.11.2005 - 19h23 Lusa, PUBLICO.PT
O primeiro-ministro, José Sócrates, confirmou hoje a demissão
de José Tavares da coordenação do Plano Tecnológico, mas escusou-se a
adiantar as razões que levaram à sua saída.
"O ministro da Economia comunicou-me que o coordenador do plano
tecnológico apresentou hoje a demissão. Agora, o ministro vai nomear
novo coordenador", declarou o primeiro-ministro.
Esta manhã, o
Diário Económico noticiou que José Tavares, responsável da Unidade de
Coordenação do Plano Tecnológico, apresentou a demissão por discordar
com a forma como o processo tem sido conduzido pelo Governo. Segundo o
diário, o coordenador, nomeado em Junho pelo ministro da Economia,
mostrou-se descontente com a indefinição do Executivo quanto às medidas
a incluir no plano, que deveria ter sido formalmente apresentado no
final de Outubro.
Sem adiantar as razões que ditaram a demissão
do coordenador, José Sócrates sublinhou que o "importante é que o plano
tecnológico está em marcha há muito meses. Não esperámos por um
documento" para avançar, afirmou o primeiro-ministro, lembrando a
introdução do ensino de inglês no 1º ciclo, o programa de novas
oportunidades ou os incentivos fiscais às empresas que apostem na
inovação.
Ainda de acordo com o Diário Económico, José Tavares
estaria também desagradado com a gestão do processo por parte do
ministro da Ciência e Ensino Superior, Mariano Gago, que coordena
algumas das principais medidas que fazem parte do plano, como é o caso
da expansão da banda larga e a qualificação profissional.
Numa
primeira reacção, o ministro da Presidência desmentiu qualquer conflito
de competências no seio do Governo, garantindo que o Plano
Tecnológico, que continuará sedeado no Ministério da Economia e
Inovação.
Oposição lembra uma das principais bandeiras do Governo
O
argumento não calou as críticas da oposição, que esta tarde exigiram no
Parlamento explicações do ministro da Economia, Manuel Pinho, lembrando
que o plano tecnológico foi uma das principais bandeiras do Governo.
Para
Luís Marques Guedes, líder parlamentar do PSD, a demissão de José
Tavares constitui "um rombo grande no relançamento da economia", que
considera estar "completamente ausente" da política governativa.
Usando
os mesmos argumentos, o CDS-PP apresentou um requerimento para ouvir,
na Comissão de Economia e Finanças, José Tavares, bem como os dois
ministros envolvidos no processo.
Já para o deputado comunista
António Filipe "o plano tecnológico começa mal, porque nem sequer
começa", sustentando que a política económica do Governo não faz
menções a esse plano.
Por seu lado, o Bloco de Esquerda,
Francisco Louçã, acusou o Governo de se "atrapalhar a si próprio" neste
domínio e desafiou o primeiro-ministro a assumir a coordenação desta
pasta.
A direcção do grupo parlamentar do PS escusou-se a fazer qualquer comentário sobre este assunto.