A Sociedade
evolui e por isso a formação a ministrar não pode deixar de lado preocupações de
cidadania, de conhecimento, de cultura, de desporto, enfim, da plenitude de uma
intervenção cívica que bem alicerce a razão de ser do cidadão de pleno
direito. O início de cada ano lectivo é marcado pela expectativa que todos os que
nele se vêm envolvidos colocam, quer sob o ponto de vista do ensino propriamente
dito, quer sob o ponto de vista do conjunto das condições que asseguram a sua
normalidade.
Este ano, àquelas expectativas acrescem as alterações
consagradas na nova Lei de Bases, que acarretarão para o Ensino Superior o
colocar de novas hipóteses de trabalho abrangendo a implementação de novas
metodologias, novos curricula, novas atitudes face aos processos de ensino e
de aprendizagem e, principalmente, as que decorrem do designado Processo de
Bolonha.
Na realidade, o Processo de Bolonha traz consigo a exigência de
uma maior participação dos professores na vida dos estudantes e,
simultaneamente, exige dos estudantes uma nova atitude perante os professores e
o ensino, pressupondo uma posição activa e permanente na assimilação dos
conhecimentos, com consequente rejeição da passividade apenas alterada pela
urgência requerida pela ameaça dos exames.
Daqui decorre também a
importância de uma reflexão que tem de ser feita por todos, quer quanto à
duração dos ciclos previstos no referido Processo de Bolonha, quer quanto à nova
organização de mestrados e ainda ao combate ao insucesso escolar, à boa
aceitação dos perfis académicos face às solicitações do mercado de trabalho e,
naturalmente, à plena realização pessoal e profissional.
A este novo
mundo de desafios deverá corresponder uma atitude positiva por parte da
universidade, sabendo bem receber os que a procuram e a ela se acolhem, e que
nela confiam, não esquecendo que o seu papel não pode resumir-se ao de mero
transmissor de conhecimentos e esgotar a sua capacidade na apresentação de um
saber adquirido e consolidado.
A sociedade evolui e por isso a formação a
ministrar não pode deixar de lado preocupações de cidadania, de conhecimento, de
cultura, de desporto, enfim, da plenitude de uma intervenção cívica que bem
alicerce a razão de ser do cidadão de pleno direito.
Dir-se-á que é
exigir muito e que, com tanta solicitação, o estudante tem pela frente uma
tarefa intransponível.
Mas não pode ser essa a atitude. Há que confiar
nas capacidades e nas vontades. E há, acima de tudo, que encontrar o método que
permita conciliar os diferentes deveres para os canalizar para o resultado final
pretendido: o sucesso. Os alunos não podem ser, hoje, meros espectadores: têm de
ser interventivos, participantes e activos.
É com este espírito que temos
de partir para o novo ano: a universidade é um local de trabalho em que todos
têm de tomar parte, transmitindo saberes já adquiridos, construindo novos mundos
de conhecimento, buscando o enriquecimento cultural e científico, com abertura
de espírito às inovações dos processos, tendo por meta final o bem-estar da
sociedade.
José Lopes da Silva, Presidente do
Conselho dos Reitores das Universidades
Portuguesas