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0 Equívoco do Genoma

A compreensão do homem está muito para além da própria genética. O homem define-se e justifica-se pelo seu papel como actor, num espaço que questiona e que ajusta à medida da sua existência.


A

A informação em dose certa

 Nem Muito Nem Pouco. A informação em dose certa.

Autor: Dr.ª Clara Macedo

Resumo:

Que informação é recuperável nos múltiplos instrumentos de pesquisa disponibilizados num mundo de tecnologia? Que informação queremos, o que recuperamos e o que perdemos são problemas centrais quando nos vimos invadidos por aquilo que podemos chamar de googlemania. Para uma pesquisa eficaz que devolva uma informação pertinente e relevante é necessário que os produtos colocados no mercado disponham de um leque de ferramentas eficazes que permitam ao utilizador alargar ou restringir a pesquisa tendo a certeza que vai recuperar aquilo que realmente procura e quer encontrar. É ainda da maior urgência que os produtores dos sistemas de informação cheguem a um acordo que conduza à uniformidade de tratamento dos campos pesquisáveis e à utilização do mesmo tipo de operadores e limitadores para uma pesquisa transversal ou federada realmente válida e orientadora. Mas para que tudo isto seja possível o profissional da informação tem que adquirir o know-how necessário que lhe permita analisar e testar a estrutura lógica dos produtos existentes no mercado, construir estratégias conjugadas de pesquisa e formar utilizadores autónomos que consigam recuperar a informação em dose certa.

in II Encontro de Ciências e Tecnologias da  Documentação e Informação

A Questão Tecnológica

A tecnologia apresenta-se como um fenómeno dominante e dominador face à sua ubiquidade. Representa uma força intemporal, política e profundamente social, que permite manipular a necessidade.


A Rede de Conhecimento das Bibliotecas Públicas

OBJECTIVOS

A Rede de Conhecimento das Bibliotecas Públicas (RCBP) é uma iniciativa de âmbito nacional que marcará o início da criação de uma rede electrónica de bibliotecas municipais, com base numa plataforma tecnológica comum, constituindo-se em porta electrónica de acesso à informação e ao conhecimento na era digital.

Objectivos Gerais

Objectivos Específicos
Benefícios
Objectivos Gerais
A Rede de Conhecimento das Bibliotecas Públicas (RCBP) é uma iniciativa de âmbito nacional que marcará o início da criação de uma rede electrónica de bibliotecas municipais, com base numa plataforma tecnológica comum, constituindo-se em porta electrónica de acesso à informação e ao conhecimento na era digital.

A RCBP propõe-se atingir os seguintes objectivos gerais:

Impulsionar os processos de transformação social, cultural e económica, através da difusão das novas tecnologias de informação e comunicação, nomeadamente a massificação do acesso gratuito à Internet, da disponibilização de informações relevantes e da prestação de serviços com conveniência e qualidade para os cidadãos;

Consolidar o actual posicionamento da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas, reforçando a especificidade dos seus recursos nas áreas da Cultura, Educação e da Informação, a nível local e regional;

Contribuir para a melhoria da qualidade de vida, do ensino, do acesso à cultura e ao conhecimento, bem como da construção de competências e respectivo aumento de competitividade da sociedade portuguesa em geral.

Promover o acesso público gratuito em banda larga nas bibliotecas municipais da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas;

Criar serviços interactivos e novos canais de comunicação para estimular a leitura, atrair novos públicos e melhorar a qualidade dos serviços prestados aos utilizadores actuais;

Disponibilizar ferramentas de gestão para as bibliotecas municipais e para a RCBP, modernizando e racionalizando a gestão das bibliotecas;

Criar uma infra-estrutura tecnológica comum que permita a partilha de serviços, de conteúdos, e das principais funcionalidades dos serviços bibliotecários;

Definir e adoptar políticas de rede;

Promover o Livro, a Leitura e o acesso à Informação e ao conhecimento;

Aumentar a participação dos utilizadores e profissionais, disponibilizando novos canais de comunicação.

Objectivos Específicos
Constituindo-se como uma porta electrónica de acesso à informação e ao conhecimento, a RCBP visa promover uma maior acessibilidade às bibliotecas públicas, seus recursos e serviços. Actuando em três vertentes distintas, acesso público em banda larga, novos canais de comunicação e de ferramentas de gestão para as bibliotecas municipais, esta Rede propõe-se atingir os seguintes objectivos específicos:

Acesso público gratuito em banda larga

Criar uma infra-estrutura de acesso em banda larga em 150 bibliotecas públicas da rede;

Disponibilizar mais dois computadores em 150 bibliotecas públicas da rede;

Estabelecer um ponto de ligação à Internet em banda larga, com conectividade através da rede fixa e de um ambiente sem fios (Hot Spot Wi-Fi) em 150 bibliotecas públicas da rede.
Novos canais de comunicação

Disponibilizar um conjunto de serviços interactivos através da Internet;

Criar serviços modulares, disponibilizados no sítio Internet da RCBP ou personalizados nos sítios das próprias bibliotecas;

Aumentar a conveniência e a eficácia do atendimento das bibliotecas;

Fidelizar os utilizadores actuais;

Atrair novos públicos;

Promover o livro e a leitura;
Difundir o acesso à informação;

Aumentar a participação dos utilizadores e profissionais

Ferramentas de Gestão para as Bibliotecas Municipais

Disponibilizar uma plataforma colaborativa para a criação e a gestão de um catálogo virtual a nível nacional e de ferramentas para aquisições, empréstimos, gestão de periódicos, estatísticas de utilização e partilha de registos bibliográficos;

Disponibilizar uma arquitectura aberta e flexível, capaz de integrar a diversidade de realidades existentes nas bibliotecas aderentes, quer em termos de dimensão, quer em termos de tecnologia;

Possibilitar às bibliotecas, com soluções próprias, integrarem a rede e usufruírem de serviços comuns;

Reduzir custos operacionais;

Melhorar o serviço prestado ao utilizador;

Partilhar uma infra-estrutura tecnológica com as principais funcionalidades dos serviços bibliotecários;

Definir e adoptar políticas de rede;

Promover o trabalho cooperativo entre bibliotecas;

Dinamizar a comunidade profissional.

Benefícios
A RCBP e as bibliotecas participantes serão os promotores de uma rede de comunidades de interesse e de prática, que com a participação activa dos leitores e do público em geral, irá aumentar o impacto das políticas públicas para melhorar o nível médio de literacia dos portugueses.

Com o recurso às novas tecnologias de informação e comunicação, e com a criação de sinergias entre as várias bibliotecas a nível local, regional e nacional, este projecto é a grande

oportunidade para aumentar a eficácia dos processos administrativos e de gestão da informação, reduzir os custos operacionais e melhorar o serviço prestado ao utilizador.
Dando uma maior visibilidade ao papel da biblioteca pública na concretização da Sociedade da Informação e do Conhecimento, com a RCBP esperamos obter múltiplos benefícios:

Criar sinergias entre as várias bibliotecas, a nível local, regional e, principalmente, a nível nacional;

Articular a Rede de Conhecimento das Bibliotecas Públicas e outras iniciativas desenvolvidas no âmbito da Sociedade de Informação, como, por exemplo, o Portal da Cultura, Pontos de Acesso em Banda Larga e as Cidades e Regiões Digitais;

Disponibilizar acessos em banda larga nos espaços das bibliotecas e de serviços interactivos para os utilizadores;

Criar uma rede de conhecimento para aumentar a eficiência e a eficácia dos fluxos de trabalho das bibliotecas públicas;
Reduzir significativamente os custos de investimentos e de operação;

Desenvolver um mapa tecnológico comum entre as várias bibliotecas públicas;

Disponibilizar ao cidadão, através da rede, o acesso a um conjunto de serviços e de conteúdos de qualidade excepcional, no fim do projecto, em Dezembro de 2006.


As Bibliotecas Públicas e a Sociedade da Infornação

[O potencial das tecnologias da informação para bibliotecas. De facto, as bibliotecas públicas mais dinâmicas da Europa já convenceram localmente os cidadãos ...]

As Bibliotecas Públicas
e a Sociedade da Informação

1. Contexto, objectivos: a Sociedade da Informação necessita de bibliotecas
spacer.gif 1.1 A biblioteca actualizada
2. O estado da arte: As bibliotecas públicas europeias estão a desenvolver-se a
diferentes velocidades

3. Visão prospectiva: a biblioteca pública como peça fundamental na implementação
local da Sociedade da Informação
4. Papéis fundamentais da biblioteca pública
5. Obstáculos: insuficiente sensibilização política, financiamento inadequado, falta
de formação profissional e atitudes que não evoluem
6. Conclusões e recomendações - que deve ser feito?
spacer.gif6.1 Recomendações gerais - em especial para o desenvolvimento a nível nacional
ou regional
spacer.gif6.1.1 Políticas e estratégias
spacer.gif6.1.2 Melhorar aptidões: necessidade urgente de programas actualizados de
formação
spacer.gif6.2 Recomendações específicas a serem implementadas a nível europeu
spacer.gif6.2.1 Acções concertadas, estudos sobre políticas e planeamento,
implementação de novos serviços
spacer.gif6.2.2 Desenvolvimento ou apoio à educação e formação contínua
spacer.gif6.2.3 Estudos e projectos de desenvolvimento de novas ferramentas e novos
serviços
spacer.gif6.2.4 Estimular o mercado de produtos telemáticos

J. Thorhauge (auth.), G. Larsen (comp.), H.-P. Thun (comp.), H. Albrechtesen (comp.), M. Segbert (ed.).
1. Contexto, objectivos: a Sociedade da Informação necessita de bibliotecas

O conhecimento é o factor competitivo crucial na sociedade da informação. A forma como lidamos com a informação será, portanto, cada vez mais importante à medida que a revolução digital vai afectando os nossos empregos e a nossa vida quotidiana.

Teremos de encarar estas alterações da melhor forma possível por razões económicas, democráticas e sociais. A Sociedade da Informação proporcionará novas oportunidades de progresso e permitirá aos cidadãos uma participação mais activa. No entanto, uma disparidade cada vez maior entre os info-ricos e os info-pobres poderá resultar em tensão social.

- Por isso, é necessário adoptar algumas estratégias;
- Providenciar o acesso democrático a toda a informação publicada;
- Oferecer oportunidades de aprendizagem ao longo da vida;
- Garantir que os cidadãos saibam trabalhar com computadores e que
tenham acesso ao equipamento e aos sistemas de que precisam;
- Salvaguardar a identidade cultural num mundo em rápida mutação.

As bibliotecas públicas, tradicionalmente, têm sabido dar resposta. E são mais de 40.000 em toda a União Europeia. Mas estarão elas preparadas para estes novos desafios? A seu favor, temos:

- Os seus utilizadores que, em alguns países, somam mais de metade
da população,
- A sua forte tradição como centros locais de informação, e
- O potencial das tecnologias da informação para bibliotecas.

De facto, as bibliotecas públicas mais dinâmicas da Europa já convenceram localmente os cidadãos e os políticos de que podem oferecer serviços eficientes em resposta às exigências da sociedade da informação.

No entanto, a maioria das bibliotecas públicas continuam desactualizadas. Para assumir o desafio, têm de redefinir o seu papel e estabelecer estratégias para exigências sempre em mutação.

O principal objectivo, no contexto da sociedade da informação, é o de providenciar, a qualquer pessoa, o acesso a qualquer tipo de informação, a qualquer momento e em qualquer lugar. A tecnologia já tem a capacidade de proporcionar as respostas, mas é necessário ultrapassar a dependência generalizada dos meios de comunicação tradicionais. Teremos, pois, de alargar as possibilidades oferecidas pelas bibliotecas em rede.

Mesmo que, durante muitos anos ainda, o livro permaneça o mais importante veículo da informação, as bibliotecas limitadas a material impresso descobrirão que estão cada vez mais atrasadas em relação àquelas que providenciam serviços modernos em rede, muitas vezes com um êxito impressionante.

1.1 A biblioteca actualizada

Neste estudo, o termo biblioteca actualizada é utilizado para descrever bibliotecas públicas que acompanham os serviços tradicionais, com novos serviços e tecnologias - tal como faz a maioria das bibliotecas Europeias.

Tem como base onze estudos nacionais, seis estudos de caso que descrevem exemplos inspiradores de boas bibliotecas e de cooperação regional e a pesquisa documental.

Os objectivos são a análise do que as bibliotecas públicas devem fazer para adaptar os seus serviços tradicionais e oferecer novos serviços, de forma a satisfazer as necessidades dos seus utilizadores no contexto da Sociedade da Informação.

2. O estado da arte: As bibliotecas públicas europeias estão a desenvolver-se a diferentes velocidades

Consideram-se três estágios:
1
. Automatização das rotinas internas, no sentido de proporcionar o acesso público ao catálogo em linha, como pré-requisito da próxima fase,
2
. Acesso a bases de dados em linha para o pessoal e utilizadores, incluindo o acesso à Internet, conduzindo a
3
. Disponibilizar serviços através da página Internet da biblioteca, que é acessível à distância.

Entre os Estados Membros, existe uma considerável diversidade no que respeita à 1ª fase, variando entre 20% e 100% as bibliotecas já informatizadas. Em alguns países, onde até metade das bibliotecas têm algum tipo de acesso à Internet, pode observar-se um claro movimento no sentido da 2ª fase. Noutros, isto é excepcional, assim como o acesso a CD-ROM. A nível europeu, uma pequena minoria de bibliotecas públicas oferece acesso à distância aos seus catálogos. Da mesma forma, são muito poucas aquelas que disponibilizam documentos electronicamente. Para acelerar a mudança neste domínio, o estudo descreve uma perspectiva baseada em exemplos inspiradores de bibliotecas públicas que se modernizaram.

3. Visão prospectiva: a biblioteca pública como peça fundamental na implementação local da Sociedade da Informação

- A biblioteca pública actualizada oferece:
- Acesso ao conhecimento humano, independentemente da forma sob a
qual foi registado;
- Uma colecção de material impresso e multimédia para empréstimo;
- Acesso a redes e apoio à navegação em rede e à pesquisa de
informação;
- Postos de trabalho para utilizadores;
- Oportunidades de formação e aprendizagem aberta;
- Um espaço físico, proporcionando oportunidades de encontro;
- Serviços de disponibilização electrónica de documentos.

A biblioteca pública actualizada:

- Terá acesso a catálogos colectivos para empréstimo interbibliotecas e, a seu
tempo;
- Fará parte de uma rede mundial de bibliotecas;
- Cooperará de perto com outras instituições de arquivo, com escolas e outros
estabelecimentos de ensino;
- Será um fornecedor de informação à comunidade;
- Oferecerá serviços especiais a grupos-alvo diversificados - desde informação
comercial a serviços para minorias étnicas e deficientes visuais.

A biblioteca pública desenvolver-se-á de acordo com as necessidades locais. Dentro de uma determinada região, co-existirão diferentes bibliotecas, as quais - se houver coordenação entre elas - estarão aptas a fornecer uma grande variedade de serviços de biblioteca na respectiva zona.

4. Papéis fundamentais da biblioteca pública

Trata-se, pois, de perspectivar, de forma mais abrangente, a biblioteca pública como uma instituição que desempenha uma variedade de papéis fundamentais na implementação da sociedade da informação, a nível local, como:

- Um parceiro activo na salvaguarda da democracia, providenciando um acesso sem
restrições a todo o material publicado,

- Um suporte da educação e da aprendizagem a todos os níveis, disponibilizando a
matéria-prima do conhecimento, e relativamente aos anteriores,

- Um centro local de tecnologias da informação, providenciando o acesso a
equipamento, sistemas e redes, dando aos cidadãos uma oportunidade para
utilizar uma tecnologia nova e completamente muito disseminável,

- Uma instituição cultural.

Se a importância da biblioteca pública actualizada é assim tão fundamental, por que razão não tem sido ela implementada mais amplamente? Quais são os constrangimentos? Como poderão ser ultrapassados?

5. Obstáculos: insuficiente sensibilização política, financiamento inadequado, falta de formação profissional e atitudes que não evoluem

As barreiras entre a situação existente e esta perspectiva são de dois tipos. De um ponto de vista externo, existe uma falta de consciencialização política ou de confiança no potencial da biblioteca pública para se orientar no sentido da Sociedade da Informação. Existe uma diferença evidente em termos de eficiência e de extensão dos serviços que oferecem desenvolvimento tecnológico, entre as bibliotecas públicas em países ou regiões com poder político e em regiões que o não têm. Da mesma forma, poderá haver falta de planos concretos para a interconexão de redes, falta de financiamento e de assistência técnica adequada para implementar novas tecnologias.

Internamente, os obstáculos estão relacionadas com o desenvolvimento profissional. As aptidões são inadequadas em resultado da formação obsoleta ou da falta de educação contínua e de oportunidades de aperfeiçoamento. Exige-se, assim, uma estratégia profissional para o desenvolvimento a nível nacional, regional e institucional. Por vezes, esta estratégia não existe como consequência de uma gestão inadequada, da relutância em adoptar os novos media, do receio da mudança e de um índice muito baixo de recrutamento para as bibliotecas de pessoal devidamente habilitado em tecnologias de informação.

6. Conclusões e recomendações - que deve ser feito?

Para utilizar adequadamente o seu potencial, cada biblioteca pública deve, portanto, definir planos estratégicos para estabelecer novas aptidões e para a modificação de atitudes, assim como colocar novos e melhorados serviços ao dispor do cidadão. Há também necessidade de disponibilizar um apoio considerável em termos de formação, educação e desenvolvimento.

6.1 - Recomendações gerais - em especial para o desenvolvimento a nível nacional ou regional
Recomendamos acções em duas áreas:

6.1.1 - Políticas e estratégias
- Cada país deve formular uma política nacional de bibliotecas públicas,
em áreas fundamentais, como o empréstimo interbibliotecas e de
interconexão em rede.
- A política nacional de informação deve garantir o reconhecimento do
papel das bibliotecas públicas.
- Devem desenvolver-se estratégias locais, regionais e nacionais para
implementação de novos serviços e de assistência técnica.

6.1.2 - Melhorar aptidões: necessidade urgente de programas actualizados de formação
- Deve assegurar-se a disponibilidade e aproveitamento de uma
variedade apropriada de possibilidades de educação e formação
profissional continuadas;
- Deve encorajar-se, de forma veemente, uma cooperação mais
estreita entre bibliotecas de diferentes tipos - sobretudo entre
bibliotecas públicas e universitárias - e com outras instituições.

6.2 - Recomendações específicas a serem implementadas a nível europeu
A responsabilidade da biblioteca pública local situa-se ao nível da respectiva comunidade. A nível europeu, serão úteis as iniciativas que apoiem as políticas nacionais, regionais e locais. Recomendamos acções em quatro diferentes domínios: acções concertadas e estudos sobre políticas e planeamento, iniciativas para melhorar conhecimentos e competências; estudos e projectos de desenvolvimento de novas ferramentas.

6.2.1 - Acções concertadas, estudos sobre políticas e planeamento, implementação de novos serviços

Recomendamos acções nas seguintes áreas:

- Acções concertadas para desenvolver planos de alteração das
prioridades políticas, desenvolver políticas nacionais e, como
consequência, atrair maior financiamento, de modo a que todas
as bibliotecas possam começar a atingir níveis adequados de
desenvolvimento telemático;
- Estudos de caso inspiradores em termos de desenvolvimento,
desde a perspectiva de definição de políticas à criação de novos
serviços;
- Estudos ou projectos sobre a relação entre a nova tecnologia,
os novos serviços e a mudança de padrões organizativos e de
estruturas administrativas;
- Estudo sobre o impacto da biblioteca pública nas suas diversas
funções e papéis;
- Iniciação de projectos-pilotos referentes a novos serviços;
- Difusão de conhecimentos sobre os desenvolvimentos das novas
tecnologias.

6.2.2 Desenvolvimento ou apoio à educação e formação contínua

- Programas de ensino à distância;
- Programas de auto-aprendizagem;
- Formação de formadores a nível europeu;
- Um centro europeu de formação.

6.2.3 Estudos e projectos de desenvolvimento de novas ferramentas e novos serviços

- Um estudo sobre o desenvolvimento contínuo das estruturas
administrativas e organizativas;
- Um estudo sobre custos;
- Um estudo sobre os níveis adequados de serviços a fornecer
pelos diversos tipos de bibliotecas públicas;
- Projectos de novos modelos baseados em serviços em rede para
pequenas bibliotecas públicas;
- Projectos para desenvolver novas ferramentas e serviços a
implementar de acordo com as necessidades locais: ferramentas
para formação de utilizadores, para consulta de informação, para
promoção baseada nas novas tecnologias;
- Concepção universalista que proporcione o acesso a diferentes
tipos de utilizadores;
- Acção prioritária do bibliotecário - organização e apresentação de
informação multimédia para as redes.

6.2.4 Estimular o mercado de produtos telemáticos

- Estabelecimento de uma acção concertada como apoio a uma
plataforma de fortalecimento do diálogo entre as bibliotecas públicas
e os fornecedores de sistemas.

A estas sugestões concretas, acrescentamos a necessidade de financiamento. Uma fonte europeia de financiamento é altamente desejável e seria muito útil para acelerar a mudança nas bibliotecas públicas.

Para mais informações sobre este assunto contactar

European Commission
DGXIII-E/4
Concha FERNÁNDEZ DE LA PUENTE
EUFO 1276
L-2920 Luxemburg
Fax: +352-4301.333530
e-mail:

http://www.echo.lu/libraries/en/libraries


B

Biblioteca Nacional Digital

A Biblioteca Nacional Digital

Pela relevância de que se reveste, no contexto das prioridades estratégica que a Biblioteca Nacional privilegia, a Biblioteca Nacional Digital merece aqui uma referência própria. Valendo como sua apresentação, o que se segue caracteriza, com o pormenor que neste momento é possível adiantar, os diversos componentes e valências de um projecto que representa também um passo decisivo no sentido da modernização da Biblioteca Nacional e dos serviços que presta, como instituição de vocação patrimonial.

Conceito e alcance

A Biblioteca Nacional Digital é um projecto lançado pela Biblioteca Nacional, no sentido de estruturar um conjunto de instrumentos e de operações facultadas pelas chamadas tecnologias da informação e da comunicação. Recorrendo a edições digitais e a documentos digitalizados, a Biblioteca Nacional Digital procura cumprir, de forma complementar, as funções legais e institucionais próprias de uma biblioteca nacional, enquanto instituição patrimonial; nesse sentido, a Biblioteca Nacional Digital contemplará documentos de diversa natureza: livros, manuscritos, mapas, gravuras, etc. Excluem-se do horizonte de trabalho da Biblioteca Nacional Digital as acções que não correspondam às funções patrimoniais contempladas na Lei Orgânica da Biblioteca Nacional.

Enquanto acção em desenvolvimento, sujeita também pela sua natureza, à evolução de tecnologias e de metodologias, a Biblioteca Nacional Digital é postulada como projecto em construção, sujeito, como tal, a regulares ampliações e reajustamentos funcionais.

A Biblioteca Nacional Digital é entendida como entidade de funcionamento transversal. Assim, para além dos serviços que directamente intervêm na sua dinamização (tipicamente os da Direcção de Serviços de Inovação e Desenvolvimento), a Biblioteca Nacional Digital acolhe e solicita a intervenção de praticamente todos os restantes serviços e actividades: das exposições à preservação, das colecções às aquisições, dos reservados ao periódicos, etc.

Dimensão e conteúdos

Constituindo um projecto de dimensão aberta, a Biblioteca Nacional Digital contemplará, em primeira instância, conteúdos previsível e usualmente procurados pela comunidade dos leitores de uma biblioteca nacional. Tais conteúdos responderão, assim, a expectativas de acesso, privilegiando-se sobretudo as chamadas fontes documentais.

Em segunda instância, a Biblioteca Nacional Digital estruturará uma parte daqueles conteúdos num conjunto coerente e orientado, com a designação "Memória". Os elementos que integrarão esse conjunto hão-de traduzir a identidade da Biblioteca Nacional e das suas colecções mais significativas e ilustrarão, em simultâneo, os domínios mais representativos da memória cultural e histórica portuguesa.

Em terceira instância, a Biblioteca Nacional Digital procurará cumprir funções de extensão cultural, designadamente divulgando exposições virtuais, como contributo para a difusão e valorização dos fundos documentais da Biblioteca Nacional.

Uma outra valência (ou conjunto de valências) da Biblioteca Nacional Digital, merecedora de reflexão e de directivas autónomas, é a que permite a sua articulação com a chamada Biblioteca Nacional a distância, entendida esta como procedimento funcional e não com entidade com densidade própria. Neste caso, estará em causa sobretudo, através do Portal em construção, a prestação de serviços e de informações relativas ao funcionamento e à orgânica da Biblioteca Nacional.

Funcionamento e público alvo

O público-alvo da Biblioteca Nacional Digital é sensivelmente o mesmo que procura a Biblioteca Nacional propriamente dita. Ainda assim, o potencial informativo e comunicativo que a Biblioteca Nacional Digital encerra permitirá alargar quantitativamente esse público; ao mesmo tempo, de será estimulado a cultivar atitudes de acesso que, graças à intermediação do suporte electrónico, indirectamente contribuem para a preservação das espécies, entendida assim como colateral efeito positivo deste projecto. É possível pensar que daqui resultarão consequências importantes, do ponto de vista técnico e metodológico, para acções de preservação propriamente ditas.

No seu funcionamento corrente, a Biblioteca Nacional Digital recorrerá aos equipamentos e às linguagens que permitem produzir e aceder a edições digitais e a documentos digitalizados. (ver informações técnicas)

Do ponto de vista do acesso, esse funcionamento processar-se-á em dois patamares distintos, convocando opções técnicas adequadas: em regime aberto, através da Internet e do Portal da BN, com critérios de acesso estabelecidos quer em função de razões patrimoniais, quer em função de razões ético-jurídicas; em regime presencial, nas instalações da BN (designadamente na Sala Multimédia), previsivelmente cultivando-se aí acessos menos condicionados, de acordo com regimes a estabelecer. É de prever, contudo, que esses regimes sejam homólogos dos que presentemente vigoram na Biblioteca Nacional, bem como, de forma decorrente e ajustada, dos que regulam a reprodução de documentos. (ver direito de autor)

Tendo em atenção a sua natureza e os procedimentos que requer, do ponto de vista do utilizador, a Biblioteca Nacional Digital terá como preocupação constante cultivar uma pedagogia do digital. Em sectores próprios do Portal (e.g., num «Átrio» ou «Acolhimento Virtual»), a Biblioteca Nacional Digital orientará os seus utilizadores, tendo em vista pesquisas que se antecipa possam ocorrer tanto a partir de bases de dados, como em browsing ou através de motores de busca. Os diferentes recursos de pesquisa irão sendo incorporados e desenvolvidos, à medida que tal se revelar necessário e tecnicamente viável. Em todo o caso, as soluções propostas aos utilizadores reger-se-ão por princípios de clareza e de simplicidade, sem desnecessária complexidade técnica; o mesmo acontecerá no que toca à descrição dos documentos.

Recursos e parcerias

A criação, desenvolvimento e manutenção da Biblioteca Nacional Digital é uma iniciativa da Biblioteca Nacional. Pressupõe-se, assim, não só a existência de fundos documentais que devem integrar a Biblioteca Nacional Digital, mas também a competência técnico-científica necessária para o lançamento e aprofundamento do projecto.

A Biblioteca Nacional Digital contará, como contributo decisivo para o seu lançamento, com trabalhos já realizados ou em realização pela Biblioteca Nacional, na área do digital: sites temáticos, exposições virtuais, digitalização de séries bibliográficas temáticas, etc. Para além disso, a Biblioteca Nacional Digital requer, de modo sistemático e continuado, o desenvolvimento de um programa de digitalização especificamente orientado para este fim. Significa isto inequivocamente que a parte mais substancial dos investimentos a realizar, em matéria de digitalização, será, a partir de agora, direccionada no sentido de se dotar a Biblioteca Nacional Digital de conteúdos compatíveis com as funções que há-de desempenhar; o acolhimento a dar a projectos autónomos, no âmbito do digital, dependerá do seu potencial de integração, no todo ou em parte, na Biblioteca Nacional Digital.

Ao mesmo tempo, a Biblioteca Nacional Digital recorrerá ao apoio, mediante solicitação específica, da comunidade científica, no sentido de se apurarem critérios de escolha que dêem a atenção devida a fundos documentais com relevância científica ou cultural. Daqui podem deduzir-se parcerias formalmente constituídas, no sentido de se assegurar continuidade e coerência às interacções assim previstas.

No âmbito do Ministério da Ciência e Tecnologia, será procurada a integração em programas de apoio e financiamento para iniciativas da natureza da Biblioteca Nacional Digital. De natureza diferente e em condições a fixar será a articulação da Biblioteca Nacional Digital com iniciativas congéneres, como a Biblioteca Digital Iberoamericana y Caribeña.


Bibliotecas Digitais

Bibliotecas Digitais em todo o Mundo

American Memory
Documentos, fotografias, filmes, e sons digitalizados que contam a história da América. O melhor sítio na internet para apresentações multimédia sobre a história da América. Útil a investigadores de todos os níveis.

Bibliotheca Universalis
Um projecto de cooperação entre as bibliotecas nacionais de França, Japão, EUA, Canadá, Italia, Alemanha, Reino Unido, Bélgica, República Checa, Holanda, Portugal, e Suiça.

Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes

California Digital Library
Uma biblioteca digital que agrega todas as referências de todas as bibliotecas dos campus da Universidade da Califórnia.

ClassicBookshelf.com
Textos literários em domínio público. Uma vantagem deste sítio é o facto de este guardar informação entre visitas, assim quando volta ao local pode recomeçar a leitura do ponto onde deixou.

The Cold War International History Project

Centro Documentação 25 de Abril - Arquivo Electrónico da Democracia Portuguesa

Digital Asia Library
Um catálogo que inclui uma larga colecção de recursos nas áreas de economia e negócios, educação, ciência política, sociologia, ambiente, relações internacionais. Os recursos listados provêem de sítios tão variados como o governo, instituições académicas, instituições comerciais, organizações não governamentais, indústria. Em inglês.

DISA - Digital Imaging Project of South Africa
Um projecto virado para investigadores e professores que visa a publicação de materiais de natureza socio-política ligados ao tema do apartheid.

EnrichUK
Uma colecção de 150 sítios na internet sobre temas como a cultura, história, desenvolvimento económico, ciência, e arte.

GALLICA

Les classiques des sciences sociales (Francês)
Uma larga colecção de textos clássicos nas áreas de sociologia, historia, ciências politicas, crítica e filosofia.

New York Public Library Digital Collection

The Online Books Page

Project Gutenberg

O projecto Gutenberg reune uma colecção imensa de livros e textos electrónicos.

Projecto Vercial
O Projecto Vercial é a maior base de dados na Internet sobre literatura portuguesa, sendo a página mais acedida do género a nível nacional.

Stanford Digital Libraries Project

University of California Press Electronic Editions: Books

University of Virginia - Electronic Text Center

University of Washington Digital Collections


Bibliotecas Escolares

pensativoO papel das Bibliotecas Escolares na difusão da informação na Sociedade actual. Um tema que me desperta a vontade de mudar a imagem das nossas bibliotecas escolares e apresentar uma nova tendência de mudança e acima de tudo de inovação. Educar com a tecnologia dentro da quantidade organizada da informação, é sem dúvida o grande slogan e a razão de ser deste espaço.

Bibliotecas Públicas e os desafios da Sociedade da Informação

Editorial: As bibliotecas públicas portuguesas face aos desafios da sociedade da informação

José António Calixto
"Universidade de Sheffield, Departamento de Estudos de Informação"


Resumo


São apresentadas sumariamente as grandes transformações ocorridas nas bibliotecas públicas portuguesas nos últimos dez anos, no que diz respeito à utilização de Tecnologias de Informação e Comunicação. Faz-se referência à participação em projectos europeus e destaca-se a importância da cooperação, bem como o papel da PORBASE e da RILP.
São sublinhados novos papéis e novos serviços relacionados com as TIC, nomeadamente os serviços de informação ao cidadão e aprendizagem ao longo da vida.
São sublinhados os papéis sociais que as bibliotecas públicas desempenham, nomeadamente o combate à info-exclusão, e a sua importância acrescida face aos desenvolvimentos tecnológicos.

Quando há dez anos acabei o curso de Ciências Documentais o meu contacto mais próximo com um CD-ROM tinha sido através de uma fotocópia de uma qualquer revista estrangeira. Nós, os alunos daquela época, sobre a Internet tínhamos lido algumas coisas e tivemos a sorte de ter pesquisado bases de dados on-line, cortesia do Centro de Documentação Científica e Técnica. De qualquer modo, se bem me lembro, o sentimento generalizado entre nós era que isso das "novas tecnologias", como então eram conhecidas, era coisa para bibliotecas especializadas, isto é, as bem equipadas, universitárias, e centros de documentação especializados, embora pouco conhecimento tivéssemos dessa realidade.
A nossa perícia técnica em informática, adquirida através de laboriosas e árduas horas de leitura e explicações teóricas - mitigadas com algumas timoratas aproximações à máquina propriamente dita - consistia basicamente em dominar o essencial do MS-DOS, de um processador de texto Wordstar, do Lotus 123, e quanto a bases de dados, do Dbase 3 Plus. Falava-se então com insistência na introdução da Porbase, mas recordo que esse era um tema não muito querido entre mestres e estudantes, até por causa daquela coisa do UNIMARC. Na verdade, a grande novidade das bibliotecas públicas era então o empréstimo domiciliário, a animação, os serviços para crianças e os sectores audio-visuais.
Se recordo esses tempos (dez anos é muito tempo...) é para constatar os passos de gigante que as nossas bibliotecas públicas, e não só, felizmente deram. Deve dizer-se que alguns destes passos talvez tenham sido um tanto atabalhoados, como é natural em quem, andando, está a aprender a andar. Mas as tecnologias em dez anos passaram de "novas" a TI, e de TI passaram a TIC. Para os menos familiarizados com siglas, estamos a falar de Tecnologias de Informação a que depois se acrescentou a Comunicação.
As tecnologias evoluíram, obviamente. Há dez anos Bill Gates ainda não era o Senhor do Universo e as nossas prioridades centravam-se na construção das infra-estruturas de base, ou seja das bibliotecas. Posteriormente, os Projectos Europeus, nos quais várias bibliotecas portuguesas participaram, foram uma janela aberta para o mundo, puseram-nos em contacto com outra matriz - essencialmente britânica e nórdica - que não era o nosso molde original, vincadamente francês. Obrigaram-nos também a, internamente, contactar com outros parceiros tecnológicos e com bibliotecas de outro tipo. Paralelamente a RILP, Rede Informática de Leitura Pública, começou a avançar no terreno, em 1992. Já vai na RILP 2, e anunciam-se novos desenvolvimentos no campo da generalização das TIC nas bibliotecas públicas. A barreira da PORBASE, que por vezes nos pareceu intransponível, foi felizmente ultrapassada. 
Por outro lado, quer os nossos fornecedores quer os nossos clientes de informação, cada vez mais nos foram alertando para a necessidade de alargar a nossa noção de recurso de informação, empurrando-nos para o multimédia.
Das nossas preocupações iniciais de informatizar as rotinas - basicamente automatizar a catalogação e controlar os empréstimos - rapidamente passámos a ver as Tecnologias como um meio para o próprio fornecimento de informação, e novas possibilidades, novos papéis e novos serviços começaram a desenhar-se. Conceitos estranhos num primeiro momento, ou no mínimo vagos - como o serviço de informação à comunidade, aprendizagem aberta, aprendizagem ao longo da vida, apoio às empresas, acesso à Internet, correio electrónico - entraram nas nossas preocupações quotidianas. Ultrapassámos mesmo o velho pesadelo de encontrar espaço nos nossos acanhados depósitos para esse monstro em crescimento diário que era o "Diário da República" em papel. E começámos a perceber que podemos ser um ponto de acesso às tecnologias, e também de aprendizagem das tecnologias, muito importante para grandes sectores das nossas comunidades, precisamente os económica e socialmente mais frágeis.
As tecnologias invadiram o nosso quotidiano profissional e pessoal, e hoje não há dúvidas de que entrámos definitivamente na Sociedade da Informação. As nossas discussões hoje já não são sobre como usar a informática num contexto mais administrativo do que biblioteconómico, mas sim sobre a melhor forma de a utilizarmos para melhor cumprirmos os nossos papéis que, também por causa das tecnologias, não cessam de se alargar. Interrogamo-nos sobre as tecnologias mais apropriadas para as diversas comunidades em que as bibliotecas estão inseridas. Preocupamo-nos com o muito que temos de aprender para melhor as sabermos utilizar em proveito dessas comunidades. Passamos das rotinas aos serviços e do campo de simples intermediários de informação ao papel bem mais complexo de produtores de conteúdos digitais. São afinal as três questões essenciais levantadas pelo relatório do governo britânico "New Library: The People's Network": infra-estrutura técnica, formação profissional e criação de conteúdos (1997). Também nós temos de encontrar para a nossa realidade as respostas a estas questões.
As bibliotecas públicas têm desde o seu nascimento uma matriz democrática. Era já uma preocupação democrática a de D. António da Costa quando criou as bibliotecas populares em 1870. As diversas versões do Manifesto da UNESCO têm sucessivamente reafirmado esta sua missão de contribuir para uma sociedade democrática. E não é por acaso que o seu (re)nascimento, em que temos tido a felicidade de participar nos últimos quinze anos, está intimamente ligado a uma das maiores conquistas do 25 de Abril: o Poder Local Democrático.
A democracia implica a existência de cidadãos informados, com espírito crítico, habituados a procurar a informação e ideias, a escolher umas e a rejeitar outras, a falar, a expressar-se e a discutir. Implica ainda um fácil acesso à Administração Pública e um controle permanente dos cidadãos sobre aqueles que mandataram para os governar. Isto é, cidadãos instruídos, educados e curiosos, capazes de se manterem em aprendizagem permanente ao longo da sua vida. Implica igualmente mecanismos sociais reguladores das desigualdades sociais: mecanismos económicos, mecanismos sociais, mecanismos culturais e educacionais. Ora a biblioteca pública é precisamente um desses mecanismos.
Investigação levada a cabo tanto em Portugal como no estrangeiro vem demonstrando inequivocamente o quão as bibliotecas públicas são importantes para as comunidades locais terem acesso à informação, ao conhecimento e às ideias, de uma forma livre e sem discriminação originada por diferenças económicas. Igualmente há indícios claros do papel que têm tido em termos de combate à exclusão social, na luta contra as desigualdades no acesso a bens culturais, informativos e de lazer. O seu papel tem sido também essencial na manutenção da identidade local das comunidades, numa sociedade cada vez com maior mobilidade social e maiores desenraizamentos.
A generalização das TIC vem acentuar ainda mais a importância destes papéis sociais. Como sabemos o acesso à informação digital implica a utilização de meios informáticos ainda inexistentes na maior parte dos lares portugueses. As habilidades necessárias para lidar com eles e o apoio à sua utilização não se encontram disponíveis de forma gratuita em muitos espaços para além da biblioteca pública. Por outro lado é na biblioteca pública que se encontram os suportes não digitais, sejam impressos, sejam sob a forma de registos audiovisuais. Pensamos por isso, e nisto estamos bem acompanhados, que a biblioteca pública está numa posição privilegiada no combate à info-exclusão, como é aliás preconizado no "Livro Verde para a Sociedade da Informação em Portugal", da responsabilidade do Ministério da Ciência e Tecnologia (1997). Também o relatório "Public Libraries in the Information Society"(1997) defende uma ideia chave que vai nesta linha: a sociedade de informação precisa de bibliotecas públicas.


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Cenários de Evolução

Cenários de Evolução dos Arquivos de Televisão na Sociedade de Informação

Autor: Prof. Doutor Artur Pimenta Alves

Resumo:

O património cultural existente nos arquivos de televisão é enorme. A sua exploração e conservação tem estado ao cuidado dos seus produtores, únicas entidades capazes de dispor dos meios técnicos e humanos requeridos para a conservação e que o fazem pois daí retiram conteúdos para exibição nos seus canais generalistas ou temáticos. A chegada da sociedade da informação traz novas possibilidades de acesso que, para poderem ser exploradas, exigem a resolução de uma grande quantidade de desafios tecnológicos, financeiros e até legais. Abordam-se de forma sumária alguns destes desafios, destacando-se a necessidade de preparar os arquivos de forma a que seja possível utilizar motores de busca eficazes, à semelhança do que sucede noutros tipos de documentos acessíveis pela Internet. Esta evolução terá certamente também muitas vantagens para a utilização estrita dos arquivos no âmbito das empresas de televisão mas estas vantagens não têm sido suficiente valorizadas para estimular o arranque do processo, pois os investimentos requeridos são muito elevados e os benefícios transcendem o seu negócio. Apontam-se por isso alguns dos cenários de evolução possíveis, por forma a reflectir sobre as medidas que será possível tomar se pretendermos acelerar esta evolução e assim colocar na net um grande manancial de conteúdos de banda larga.

in II Encontro de Ciências e Tecnologias Documentais e da informação


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