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Biblioteca Nacional Digital

A Biblioteca Nacional Digital

Pela relevância de que se reveste, no contexto das prioridades estratégica que a Biblioteca Nacional privilegia, a Biblioteca Nacional Digital merece aqui uma referência própria. Valendo como sua apresentação, o que se segue caracteriza, com o pormenor que neste momento é possível adiantar, os diversos componentes e valências de um projecto que representa também um passo decisivo no sentido da modernização da Biblioteca Nacional e dos serviços que presta, como instituição de vocação patrimonial.

Conceito e alcance

A Biblioteca Nacional Digital é um projecto lançado pela Biblioteca Nacional, no sentido de estruturar um conjunto de instrumentos e de operações facultadas pelas chamadas tecnologias da informação e da comunicação. Recorrendo a edições digitais e a documentos digitalizados, a Biblioteca Nacional Digital procura cumprir, de forma complementar, as funções legais e institucionais próprias de uma biblioteca nacional, enquanto instituição patrimonial; nesse sentido, a Biblioteca Nacional Digital contemplará documentos de diversa natureza: livros, manuscritos, mapas, gravuras, etc. Excluem-se do horizonte de trabalho da Biblioteca Nacional Digital as acções que não correspondam às funções patrimoniais contempladas na Lei Orgânica da Biblioteca Nacional.

Enquanto acção em desenvolvimento, sujeita também pela sua natureza, à evolução de tecnologias e de metodologias, a Biblioteca Nacional Digital é postulada como projecto em construção, sujeito, como tal, a regulares ampliações e reajustamentos funcionais.

A Biblioteca Nacional Digital é entendida como entidade de funcionamento transversal. Assim, para além dos serviços que directamente intervêm na sua dinamização (tipicamente os da Direcção de Serviços de Inovação e Desenvolvimento), a Biblioteca Nacional Digital acolhe e solicita a intervenção de praticamente todos os restantes serviços e actividades: das exposições à preservação, das colecções às aquisições, dos reservados ao periódicos, etc.

Dimensão e conteúdos

Constituindo um projecto de dimensão aberta, a Biblioteca Nacional Digital contemplará, em primeira instância, conteúdos previsível e usualmente procurados pela comunidade dos leitores de uma biblioteca nacional. Tais conteúdos responderão, assim, a expectativas de acesso, privilegiando-se sobretudo as chamadas fontes documentais.

Em segunda instância, a Biblioteca Nacional Digital estruturará uma parte daqueles conteúdos num conjunto coerente e orientado, com a designação "Memória". Os elementos que integrarão esse conjunto hão-de traduzir a identidade da Biblioteca Nacional e das suas colecções mais significativas e ilustrarão, em simultâneo, os domínios mais representativos da memória cultural e histórica portuguesa.

Em terceira instância, a Biblioteca Nacional Digital procurará cumprir funções de extensão cultural, designadamente divulgando exposições virtuais, como contributo para a difusão e valorização dos fundos documentais da Biblioteca Nacional.

Uma outra valência (ou conjunto de valências) da Biblioteca Nacional Digital, merecedora de reflexão e de directivas autónomas, é a que permite a sua articulação com a chamada Biblioteca Nacional a distância, entendida esta como procedimento funcional e não com entidade com densidade própria. Neste caso, estará em causa sobretudo, através do Portal em construção, a prestação de serviços e de informações relativas ao funcionamento e à orgânica da Biblioteca Nacional.

Funcionamento e público alvo

O público-alvo da Biblioteca Nacional Digital é sensivelmente o mesmo que procura a Biblioteca Nacional propriamente dita. Ainda assim, o potencial informativo e comunicativo que a Biblioteca Nacional Digital encerra permitirá alargar quantitativamente esse público; ao mesmo tempo, de será estimulado a cultivar atitudes de acesso que, graças à intermediação do suporte electrónico, indirectamente contribuem para a preservação das espécies, entendida assim como colateral efeito positivo deste projecto. É possível pensar que daqui resultarão consequências importantes, do ponto de vista técnico e metodológico, para acções de preservação propriamente ditas.

No seu funcionamento corrente, a Biblioteca Nacional Digital recorrerá aos equipamentos e às linguagens que permitem produzir e aceder a edições digitais e a documentos digitalizados. (ver informações técnicas)

Do ponto de vista do acesso, esse funcionamento processar-se-á em dois patamares distintos, convocando opções técnicas adequadas: em regime aberto, através da Internet e do Portal da BN, com critérios de acesso estabelecidos quer em função de razões patrimoniais, quer em função de razões ético-jurídicas; em regime presencial, nas instalações da BN (designadamente na Sala Multimédia), previsivelmente cultivando-se aí acessos menos condicionados, de acordo com regimes a estabelecer. É de prever, contudo, que esses regimes sejam homólogos dos que presentemente vigoram na Biblioteca Nacional, bem como, de forma decorrente e ajustada, dos que regulam a reprodução de documentos. (ver direito de autor)

Tendo em atenção a sua natureza e os procedimentos que requer, do ponto de vista do utilizador, a Biblioteca Nacional Digital terá como preocupação constante cultivar uma pedagogia do digital. Em sectores próprios do Portal (e.g., num «Átrio» ou «Acolhimento Virtual»), a Biblioteca Nacional Digital orientará os seus utilizadores, tendo em vista pesquisas que se antecipa possam ocorrer tanto a partir de bases de dados, como em browsing ou através de motores de busca. Os diferentes recursos de pesquisa irão sendo incorporados e desenvolvidos, à medida que tal se revelar necessário e tecnicamente viável. Em todo o caso, as soluções propostas aos utilizadores reger-se-ão por princípios de clareza e de simplicidade, sem desnecessária complexidade técnica; o mesmo acontecerá no que toca à descrição dos documentos.

Recursos e parcerias

A criação, desenvolvimento e manutenção da Biblioteca Nacional Digital é uma iniciativa da Biblioteca Nacional. Pressupõe-se, assim, não só a existência de fundos documentais que devem integrar a Biblioteca Nacional Digital, mas também a competência técnico-científica necessária para o lançamento e aprofundamento do projecto.

A Biblioteca Nacional Digital contará, como contributo decisivo para o seu lançamento, com trabalhos já realizados ou em realização pela Biblioteca Nacional, na área do digital: sites temáticos, exposições virtuais, digitalização de séries bibliográficas temáticas, etc. Para além disso, a Biblioteca Nacional Digital requer, de modo sistemático e continuado, o desenvolvimento de um programa de digitalização especificamente orientado para este fim. Significa isto inequivocamente que a parte mais substancial dos investimentos a realizar, em matéria de digitalização, será, a partir de agora, direccionada no sentido de se dotar a Biblioteca Nacional Digital de conteúdos compatíveis com as funções que há-de desempenhar; o acolhimento a dar a projectos autónomos, no âmbito do digital, dependerá do seu potencial de integração, no todo ou em parte, na Biblioteca Nacional Digital.

Ao mesmo tempo, a Biblioteca Nacional Digital recorrerá ao apoio, mediante solicitação específica, da comunidade científica, no sentido de se apurarem critérios de escolha que dêem a atenção devida a fundos documentais com relevância científica ou cultural. Daqui podem deduzir-se parcerias formalmente constituídas, no sentido de se assegurar continuidade e coerência às interacções assim previstas.

No âmbito do Ministério da Ciência e Tecnologia, será procurada a integração em programas de apoio e financiamento para iniciativas da natureza da Biblioteca Nacional Digital. De natureza diferente e em condições a fixar será a articulação da Biblioteca Nacional Digital com iniciativas congéneres, como a Biblioteca Digital Iberoamericana y Caribeña.


Bibliotecas Digitais

Bibliotecas Digitais em todo o Mundo

American Memory
Documentos, fotografias, filmes, e sons digitalizados que contam a história da América. O melhor sítio na internet para apresentações multimédia sobre a história da América. Útil a investigadores de todos os níveis.

Bibliotheca Universalis
Um projecto de cooperação entre as bibliotecas nacionais de França, Japão, EUA, Canadá, Italia, Alemanha, Reino Unido, Bélgica, República Checa, Holanda, Portugal, e Suiça.

Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes

California Digital Library
Uma biblioteca digital que agrega todas as referências de todas as bibliotecas dos campus da Universidade da Califórnia.

ClassicBookshelf.com
Textos literários em domínio público. Uma vantagem deste sítio é o facto de este guardar informação entre visitas, assim quando volta ao local pode recomeçar a leitura do ponto onde deixou.

The Cold War International History Project

Centro Documentação 25 de Abril - Arquivo Electrónico da Democracia Portuguesa

Digital Asia Library
Um catálogo que inclui uma larga colecção de recursos nas áreas de economia e negócios, educação, ciência política, sociologia, ambiente, relações internacionais. Os recursos listados provêem de sítios tão variados como o governo, instituições académicas, instituições comerciais, organizações não governamentais, indústria. Em inglês.

DISA - Digital Imaging Project of South Africa
Um projecto virado para investigadores e professores que visa a publicação de materiais de natureza socio-política ligados ao tema do apartheid.

EnrichUK
Uma colecção de 150 sítios na internet sobre temas como a cultura, história, desenvolvimento económico, ciência, e arte.

GALLICA

Les classiques des sciences sociales (Francês)
Uma larga colecção de textos clássicos nas áreas de sociologia, historia, ciências politicas, crítica e filosofia.

New York Public Library Digital Collection

The Online Books Page

Project Gutenberg

O projecto Gutenberg reune uma colecção imensa de livros e textos electrónicos.

Projecto Vercial
O Projecto Vercial é a maior base de dados na Internet sobre literatura portuguesa, sendo a página mais acedida do género a nível nacional.

Stanford Digital Libraries Project

University of California Press Electronic Editions: Books

University of Virginia - Electronic Text Center

University of Washington Digital Collections


Bibliotecas Escolares

pensativoO papel das Bibliotecas Escolares na difusão da informação na Sociedade actual. Um tema que me desperta a vontade de mudar a imagem das nossas bibliotecas escolares e apresentar uma nova tendência de mudança e acima de tudo de inovação. Educar com a tecnologia dentro da quantidade organizada da informação, é sem dúvida o grande slogan e a razão de ser deste espaço.

Bibliotecas Públicas e os desafios da Sociedade da Informação

Editorial: As bibliotecas públicas portuguesas face aos desafios da sociedade da informação

José António Calixto
"Universidade de Sheffield, Departamento de Estudos de Informação"


Resumo


São apresentadas sumariamente as grandes transformações ocorridas nas bibliotecas públicas portuguesas nos últimos dez anos, no que diz respeito à utilização de Tecnologias de Informação e Comunicação. Faz-se referência à participação em projectos europeus e destaca-se a importância da cooperação, bem como o papel da PORBASE e da RILP.
São sublinhados novos papéis e novos serviços relacionados com as TIC, nomeadamente os serviços de informação ao cidadão e aprendizagem ao longo da vida.
São sublinhados os papéis sociais que as bibliotecas públicas desempenham, nomeadamente o combate à info-exclusão, e a sua importância acrescida face aos desenvolvimentos tecnológicos.

Quando há dez anos acabei o curso de Ciências Documentais o meu contacto mais próximo com um CD-ROM tinha sido através de uma fotocópia de uma qualquer revista estrangeira. Nós, os alunos daquela época, sobre a Internet tínhamos lido algumas coisas e tivemos a sorte de ter pesquisado bases de dados on-line, cortesia do Centro de Documentação Científica e Técnica. De qualquer modo, se bem me lembro, o sentimento generalizado entre nós era que isso das "novas tecnologias", como então eram conhecidas, era coisa para bibliotecas especializadas, isto é, as bem equipadas, universitárias, e centros de documentação especializados, embora pouco conhecimento tivéssemos dessa realidade.
A nossa perícia técnica em informática, adquirida através de laboriosas e árduas horas de leitura e explicações teóricas - mitigadas com algumas timoratas aproximações à máquina propriamente dita - consistia basicamente em dominar o essencial do MS-DOS, de um processador de texto Wordstar, do Lotus 123, e quanto a bases de dados, do Dbase 3 Plus. Falava-se então com insistência na introdução da Porbase, mas recordo que esse era um tema não muito querido entre mestres e estudantes, até por causa daquela coisa do UNIMARC. Na verdade, a grande novidade das bibliotecas públicas era então o empréstimo domiciliário, a animação, os serviços para crianças e os sectores audio-visuais.
Se recordo esses tempos (dez anos é muito tempo...) é para constatar os passos de gigante que as nossas bibliotecas públicas, e não só, felizmente deram. Deve dizer-se que alguns destes passos talvez tenham sido um tanto atabalhoados, como é natural em quem, andando, está a aprender a andar. Mas as tecnologias em dez anos passaram de "novas" a TI, e de TI passaram a TIC. Para os menos familiarizados com siglas, estamos a falar de Tecnologias de Informação a que depois se acrescentou a Comunicação.
As tecnologias evoluíram, obviamente. Há dez anos Bill Gates ainda não era o Senhor do Universo e as nossas prioridades centravam-se na construção das infra-estruturas de base, ou seja das bibliotecas. Posteriormente, os Projectos Europeus, nos quais várias bibliotecas portuguesas participaram, foram uma janela aberta para o mundo, puseram-nos em contacto com outra matriz - essencialmente britânica e nórdica - que não era o nosso molde original, vincadamente francês. Obrigaram-nos também a, internamente, contactar com outros parceiros tecnológicos e com bibliotecas de outro tipo. Paralelamente a RILP, Rede Informática de Leitura Pública, começou a avançar no terreno, em 1992. Já vai na RILP 2, e anunciam-se novos desenvolvimentos no campo da generalização das TIC nas bibliotecas públicas. A barreira da PORBASE, que por vezes nos pareceu intransponível, foi felizmente ultrapassada. 
Por outro lado, quer os nossos fornecedores quer os nossos clientes de informação, cada vez mais nos foram alertando para a necessidade de alargar a nossa noção de recurso de informação, empurrando-nos para o multimédia.
Das nossas preocupações iniciais de informatizar as rotinas - basicamente automatizar a catalogação e controlar os empréstimos - rapidamente passámos a ver as Tecnologias como um meio para o próprio fornecimento de informação, e novas possibilidades, novos papéis e novos serviços começaram a desenhar-se. Conceitos estranhos num primeiro momento, ou no mínimo vagos - como o serviço de informação à comunidade, aprendizagem aberta, aprendizagem ao longo da vida, apoio às empresas, acesso à Internet, correio electrónico - entraram nas nossas preocupações quotidianas. Ultrapassámos mesmo o velho pesadelo de encontrar espaço nos nossos acanhados depósitos para esse monstro em crescimento diário que era o "Diário da República" em papel. E começámos a perceber que podemos ser um ponto de acesso às tecnologias, e também de aprendizagem das tecnologias, muito importante para grandes sectores das nossas comunidades, precisamente os económica e socialmente mais frágeis.
As tecnologias invadiram o nosso quotidiano profissional e pessoal, e hoje não há dúvidas de que entrámos definitivamente na Sociedade da Informação. As nossas discussões hoje já não são sobre como usar a informática num contexto mais administrativo do que biblioteconómico, mas sim sobre a melhor forma de a utilizarmos para melhor cumprirmos os nossos papéis que, também por causa das tecnologias, não cessam de se alargar. Interrogamo-nos sobre as tecnologias mais apropriadas para as diversas comunidades em que as bibliotecas estão inseridas. Preocupamo-nos com o muito que temos de aprender para melhor as sabermos utilizar em proveito dessas comunidades. Passamos das rotinas aos serviços e do campo de simples intermediários de informação ao papel bem mais complexo de produtores de conteúdos digitais. São afinal as três questões essenciais levantadas pelo relatório do governo britânico "New Library: The People's Network": infra-estrutura técnica, formação profissional e criação de conteúdos (1997). Também nós temos de encontrar para a nossa realidade as respostas a estas questões.
As bibliotecas públicas têm desde o seu nascimento uma matriz democrática. Era já uma preocupação democrática a de D. António da Costa quando criou as bibliotecas populares em 1870. As diversas versões do Manifesto da UNESCO têm sucessivamente reafirmado esta sua missão de contribuir para uma sociedade democrática. E não é por acaso que o seu (re)nascimento, em que temos tido a felicidade de participar nos últimos quinze anos, está intimamente ligado a uma das maiores conquistas do 25 de Abril: o Poder Local Democrático.
A democracia implica a existência de cidadãos informados, com espírito crítico, habituados a procurar a informação e ideias, a escolher umas e a rejeitar outras, a falar, a expressar-se e a discutir. Implica ainda um fácil acesso à Administração Pública e um controle permanente dos cidadãos sobre aqueles que mandataram para os governar. Isto é, cidadãos instruídos, educados e curiosos, capazes de se manterem em aprendizagem permanente ao longo da sua vida. Implica igualmente mecanismos sociais reguladores das desigualdades sociais: mecanismos económicos, mecanismos sociais, mecanismos culturais e educacionais. Ora a biblioteca pública é precisamente um desses mecanismos.
Investigação levada a cabo tanto em Portugal como no estrangeiro vem demonstrando inequivocamente o quão as bibliotecas públicas são importantes para as comunidades locais terem acesso à informação, ao conhecimento e às ideias, de uma forma livre e sem discriminação originada por diferenças económicas. Igualmente há indícios claros do papel que têm tido em termos de combate à exclusão social, na luta contra as desigualdades no acesso a bens culturais, informativos e de lazer. O seu papel tem sido também essencial na manutenção da identidade local das comunidades, numa sociedade cada vez com maior mobilidade social e maiores desenraizamentos.
A generalização das TIC vem acentuar ainda mais a importância destes papéis sociais. Como sabemos o acesso à informação digital implica a utilização de meios informáticos ainda inexistentes na maior parte dos lares portugueses. As habilidades necessárias para lidar com eles e o apoio à sua utilização não se encontram disponíveis de forma gratuita em muitos espaços para além da biblioteca pública. Por outro lado é na biblioteca pública que se encontram os suportes não digitais, sejam impressos, sejam sob a forma de registos audiovisuais. Pensamos por isso, e nisto estamos bem acompanhados, que a biblioteca pública está numa posição privilegiada no combate à info-exclusão, como é aliás preconizado no "Livro Verde para a Sociedade da Informação em Portugal", da responsabilidade do Ministério da Ciência e Tecnologia (1997). Também o relatório "Public Libraries in the Information Society"(1997) defende uma ideia chave que vai nesta linha: a sociedade de informação precisa de bibliotecas públicas.